A MAIOR PONTE LITERÁRIA BRASIL - PORTUGAL
(acesse o link do Portal CEN no final desta página)
"Paixão de Cristo - 02"
Trabalho e pesquisa de: Carlos Leite Ribeiro
Séculos antes do nascimento do Salvador, Deus predisse o lugar em que Jesus nasceria: Belém (Miquéias 5:2). Mas, quando chegou a hora de se cumprir essa predição, havia um problema. Os pais de Jesus moravam em Nazaré, que ficava muito longe de Belém. Era possível que as predições de Deus não acontecessem? O imperador mundial César Augusto decretou um censo de todo o império. Foi exigido que cada família retornasse à sua cidade de origem, e Maria e José eram naturais de Belém. Jesus nasceu quando eles foram dar informações para o censo em Belém. Quando Deus prediz alguma coisa, ela acontece ao pé da letra, mesmo que para isso seja necessário um decreto imperial. Deus é o soberano dos imperadores.
Jesus nasceu na pobreza e na obscuridade. Era mais natural pensar em riquezas e esplendor como um começo mais apropriado para o Rei do universo. Mas "aquilo que é elevado entre homens é abominação diante de Deus" (Lucas 16:15). Embora alguns pastores e, mais tarde, alguns magos tenham vindo ver a Jesus, seu nascimento passou quase totalmente despercebido. Quem poderia pensar que esse nascimento moldaria a História do mundo?
Mas um homem, Herodes, esteve com atenção voltada para Jesus. Herodes, o Grande, rei da Judéia, era um homem muito suspeito. Ele tinha matado uma esposa, três filhos e uma sogra. César sarcasticamente comentou que era mais seguro ser o novilho de Herodes do que ser o filho de Herodes! As suspeitas de Herodes começaram quando ele tomou conhecimento dos rumores de que havia nascido o rei dos judeus. Ele mandou que matassem todos os recém-nascidos em Belém do sexo masculino, a fim de eliminar qualquer possibilidade de um rival do trono. Ironicamente, Herodes morreu dali alguns meses, e Jesus foi protegido por Deus no Egito.
Deus fez com que Cristo nascesse no lugar que ele predisse e da forma que ele determinou. Deus protegeu a Jesus até chegar a sua hora. Quanto mais aprendemos a respeito de Jesus, mais aumenta a nossa fé.
por Gary Fisher
A Paixão de Cristo - Franklin Graham
Do site da Billy Grahm Evangelistic Association, traduzido pelo Portal Evangélico, de Portugal.
A Bíblia diz-nos que há dois modos se olharmos para a cruz: "Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus" (1 Coríntios 1:18).
Qualquer que seja a tua perspectiva, se vires o novo filme de Mel Gibson, "A Paixão de Cristo," nunca olharás para a cruz da mesma forma. Os que estão a perecer sem Cristo terão de se confrontar com a sua própria loucura. E aqueles de nós que já fomos salvos seremos poderosamente desafiados a crescer na nossa fé e a alcançarmos os outros.
O meu pai e eu tivemos a oportunidade de ver "A Paixão de Cristo" de Gibson. Ambos ficámos profundamente comovidos. Embora haja algumas excepções, aquilo a que eu denomino de "liberdades artísticas de Hollywood", o filme é na sua maior parte um retrato bíblico preciso e exacto do sofrimento de Cristo. O filme levar-te-á ao calvário, e tu sentir-te-ás como testemunha da crucificação. Dar-te-ás cara a cara com o sacrifício que Jesus fez por todos nós, com a agonia que Ele suportou e com o amor que Ele nos revelou a ti e a mim.
Porque a cruz é tão brutal, é compreensível que crentes e não crentes discutam igualmente este assunto. Alguns descreveram o filme como anti-semítico. Não concordo. Não foram os Judeus que colocaram Cristo na cruz. Foram os teus e os meus pecados. Todos nós somos culpados da Sua morte na cruz. E sem a morte de Cristo na cruz não haveria nenhum caminho para tu e eu nos reconciliarmos com Deus. A Bíblia diz que todos pecámos e destituídos estamos da glória de Deus (Romanos 3:23). Mas "Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho Unigénito para que todo aquele que n'Ele crê não pereça mas tenha a vida eterna" (João 3:16).
Não é minha intenção endossar ou sancionar um filme comercial. De facto, aconselho-te a seriamente e com oração considerares se estás pronto para veres "A Paixão". A violência classificou o filme com interdição a menores de 13 anos. As emoções são muito fortes. Mas a verdade que retrata é poderosíssima.
"Na Associação Evangelística Billy Graham e na Bolsa do Samaritano, todos os nossos ministérios têm um alvo: Levar as pessoas à cruz de Cristo." Tudo o que fazemos visa ajudar as pessoas a compreenderem o alcance do amor de Jesus e a necessidade delas responderem-Lhe. Como o apóstolo Paulo escreveu, "Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado" (1 Coríntios 2:2).
Independentemente da tua decisão em vê-lo, deves preparar-te para oportunidades únicas para comunicares a tua fé à família, amigos e vizinhos. Aqueles que não conhecem Jesus pessoalmente terão sérias questões para aqueles de nós que O conhecemos. Os Cristãos necessitam de estar preparados para discutirem a cruz, explicarem como todos somos culpados da morte de Jesus e dizermos o que Ele fez pessoalmente por nós. E se és tímido na comunicação da tua fé, esta pode ser a oportunidade da tua vida para falares aos amigos de Jesus Cristo.
A crucificação de Jesus Cristo é o momento determinante da história. O nosso calendário data do nascimento humilde de Jesus. A nossa esperança jaz na Sua ressurreição miraculosa e retorno glorioso. Mas a nossa salvação repousa na Sua morte sacrificial naquela velha e rude cruz, onde Ele expiou os pecados que de outro modo nos separariam de um Deus santo. É por isso que O chamamos de Salvador - e esse é o cerne da Paixão.
Os evangelhos são os “arquivos de Cristo”. Eles são narrativas cuidadosamente escritas sobre o nascimento, a vida, o ministério, a morte e a ressurreição de Jesus de Nazaré. A palavra "evangelho" quer dizer simplesmente “boas novas”. Os evangelhos são as narrativas guardadas na memória popular sobre o que Deus fez por intermédio de Jesus Cristo. Eles foram escritos pelas pessoas menos prováveis na sociedade da época, que não tinham nenhum treinamento formal de seminário. Alguns estiveram com Jesus durante o começo do seu ministério e todos os evangelistas escreveram sobre o que eles viram e ouviram e sobre as suas experiências. Eles escreveram para cada geração, somente compartilhando o que eles sabiam sobre a história de Jesus. Os Evangelhos são chamados “Mateus”, “Marcos”, “Lucas” e “João”. Cada um deles tem perspectivas e personalidades únicas das pessoas que amavam Jesus. Eles estão localizados na parte da Bíblia conhecida como “O Novo Testamento”, mas algumas pessoas se referiam a eles como as “Escrituras Gregas”.
Cada Evangelho é numerado por capítulos e versículos. Os números dos capítulos seguem imediatamente o nome do Evangelho. Este é seguido por dois pontos ( : ) com o número do versículo(s). Mateus é abreviado como “Mt”, Marcos como “Mc, Lucas como “Lc” e João como Jo. Um exemplo é Mt 9:9-13, o que quer dizer que este se trata do capítulo 9 do Evangelho de Mateus, versículos 9-13.
Os Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas especificamente mencionam os ensinamentos de Jesus sobre o Reino de Deus mais de noventa vezes, o que é bastante significativo. O Evangelho de João desenvolve a idéia de “crença” em noventa e nove citações, o que também nos fornece um material para reflexão. É possível ter uma experiência maravilhosa de noventa dias com a leitura diária de um capítulo do Evangelho. Estas histórias possuem um poder de cura admirável e dão esperança e força em tempos difíceis.
Para a Páscoa de Cristo converge todo o anúncio salvador de Deus, como da Páscoa de Cristo, brota todo dinamismo da fé e da vida cristã. A Páscoa cristã é a Festa das festas.
Para melhor compreendermos a riqueza do tempo pascal se faz necessário mergulhar primeiro no significado dos símbolos populares e litúrgicos do tempo pascal. Por exemplo: Qual o significado da tradição popular dos ovos e dos coelhinhos de chocolate? Do ovo brota a vida. Da vida, da paixão, da morte e da ressurreição de Cristo, brota a Vida Nova da graça. Coelho, animal que se reproduz em profusão. Cristo é a fonte da Vida Nova. Chocolate é um alimento nutritivo. Cristo é o nutriente definitivo de nossa fé e da vida da graça de Deus.
Por outro lado, no tempo pascal, a liturgia católica está repleta de símbolos: o cordeiro, a luz, a água, o fogo, a pão e o vinho, o lava pés, a cruz, o círio pascal, etc... Através da história da Bíblia, desde Abel, passando pela libertação do Povo de Deus da escravidão do Egito, até Cristo, a oferta de um cordeiro sempre foi símbolo do que de melhor se poderia oferecer a Deus. Cristo é o novo Cordeiro de Deus que nos liberta da escravidão do pecado. A luz dissipa as trevas. Cristo é a luz para a Vida Nova da humanidade. A água faz germinar toda vida. Cristo é a fonte da água viva que nos faz renascer para a vida de Deus. A cruz de símbolo de contradição se transforma em sinal de vitória na Pessoa de Jesus. O pão e o vinho como alimentos básicos da vida humana se transformam em Cristo em sinais vivos da fraternidade cristã. Cristo é o pão vivo que nos alimenta para a vida eterna. O fogo purifica a matéria. Cristo é o fogo novo que transforma a vida de pecado em vida nova de ressuscitados em Cristo. O Lava-pés, de serviço dos escravos, se transforma em Cristo na expressão máxima do serviço e do amor fraterno cristão. O círio pascal se torna o símbolo do Ressuscitado em nosso meio. Cristo é a luz que ilumina nossa vida para a cada do Pai.
Mas o grande sinal pascal é o próprio Jesus para o qual todos os outros símbolos são simples referências. Cristo é a nossa Páscoa. Na verdade, seria estranho explicarmos o significado de todos os símbolos usados no tempo pascal e não explicarmos o Símbolo dos símbolos, Cristo, a nossa Páscoa definitiva.
Com a celebração do Domingo da Paixão, de Ramos, a Igreja nos recorda a entrada triunfal de Cristo em Jerusalém, para em seguida, vermos Cristo sendo trocado por um dos piores criminosos, Barrabás. Que contradição estranha na vida daquele povo: aclamação e traição ao mesmo tempo! Entretanto, na vida de Jesus, a história de cada um de nós e da humanidade estava sendo interpretada. Na verdade, quantos de nós já não aclamamos publicamente Jesus com nossas palavras, para logo O trocarmos pelo egoísmo de nossos interesses e pecados? Essa é a verdade. Cristo continua sendo aclamado e traído em nossos casamentos, famílias, comunidades, Pátria, na vida de milhões de pessoas abandonadas, como na própria vida da Igreja.
Com a celebração do Tríduo pascal da Semana Santa, deparamo-nos diante do amor maior de Deus em Cristo pela humanidade. Cristo desejou ardentemente viver esta hora. Junto com o mandato do amor, “amai-vos como vos amei”, Jesus nos deu o novo sacerdócio e a dádiva de seu próprio corpo e sangue, a Eucaristia. De tal modo fomos amados por Ele que se tornou escravo, lavando-nos os pés na pessoa dos apóstolos.
O que Cristo poderia fazer a mais para dizer que nos ama? Resta-nos o silêncio, a contemplação e a adoração. Tudo o que se segue em sua vida após este momento: a traição de Judas, o abandono dos discípulos, a negação de Pedro, a humilhação da injusta condenação com os atrozes sofrimentos de sua flagelação, calvário e morte cruel de cruz, fazem parte da loucura de seu infinito amor ao Pai e aos homens. Cristo, o Filho amado do Pai, o maior e o melhor dos homens, o autor da vida, se torna o último dos homens para nos resgatar para o Pai.
Cristo sendo o dono absoluto de tudo, não teve cama para nascer e nem cama para morrer. Ele que tudo podia, não viveu a sós em sua vida, em sua paixão, agonia e morte de cruz. Na verdade, se não formos capazes de perceber que a vida de Jesus se tornou ensinamento. Para celebrarmos dignamente a Páscoa não basta nos emocionarmos com a vida de Cristo. Precisamos ser Cirineus, Verônicas, Marias, no destino e na sorte dos milhões de pessoas que sofrem no corpo e no espírito pelo mundo.
Mas, tudo na vida de Cristo foi caminho para a Ressurreição. No Ressuscitado antevemos nossa ressurreição, nosso futuro, a eternidade.
Uma feliz e abençoada Páscoa do Senhor, a cada um e a todos, bem como a seus familiares.
Pe. Evaristo Debiasi
Assistente Eclesiástico da AIS/Brasil
DOMINGO DE PÁSCOA
HOMILIA DO CARDEAL PATRIARCA DE LISBOA (2002)
"O combate da morte com a Vida"
1. A sequência da Liturgia pascal canta: "a morte e a vida travaram um duelo admirável; o Rei da vida, que tinha sido morto, reina vivo". Um duelo entre a vida e a morte, eis o maior drama da humanidade; é um combate que nenhum homem pode evitar, embora se faça tudo para o retardar. Combate incerto, pois só com as forças humanas, nenhum vencedor está, à partida, garantido. Segundo a nossa fé, a vitória segura da vida só nos é garantida na Páscoa de Jesus e é por isso que ela é a fonte da nossa esperança.
Neste combate a morte é um inimigo ardiloso, pois muda continuamente de fisionomia e de táctica. Começa por debilitar o seu contendor, enfraquecendo-o pelo medo e fazendo-o perder de vista as verdadeiras forças da vida, levando-o, por vezes, a chamar vida àquilo que já são características da morte.
Cristo, o primeiro grande vencedor desse combate, usou como arma nesse combate o nunca perder de vista a verdade da vida, a plenitude da vida, não cedendo as suas armas ao inimigo. Ao fazer-nos participar da Sua Ressurreição, fortalece-nos com essa armadura, fazendo-nos experimentar a verdadeira vida, permitindo-nos não cair em ambiguidades ou confusões nesse combate de vida ou de morte. É a primeira condição para se sair vitorioso desse duelo, nunca perder de vista o que é a vida, a plenitude da vida. Sempre que cedemos na nossa compreensão da exigência e da beleza da verdadeira vida, fornecemos armas ao inimigo.
2. Sem esta graça pascal, em que o Espírito Santo, Espírito de Vida, infunde nos nossos corações a experiência da vida em plenitude, este combate entre a vida e a morte torna-se dramático e tantas vezes se cela com a vitória da morte. E o grande derrotado é sempre o homem, na sua ânsia de plenitude e de felicidade.
A primeira expressão desta derrota é o pecado. Este tem sempre, na sua raiz, a perda do sentido da verdadeira vida, porque o homem procura espontaneamente a vida. Mas se adultera o sentido da verdadeira vida, se chama vida àquilo que não o é, procurando a vida, encontra a morte. Somos libertos desta confusão pelo Espírito de Jesus, como escreve Paulo aos Romanos: "Agora não há condenação para os que estão em Cristo Jesus. Porque a lei do espírito que dá a vida em Cristo Jesus te libertou da lei do pecado e da morte" (Rom. 8,1-2). Verdadeiramente Cristo ressuscitou para nossa libertação.
Ao perder de vista o sentido do mistério da vida, o homem fica enfraquecido neste combate. E são tantas as circunstâncias, na nossa sociedade contemporânea, em que o homem sai derrotado ou desiste mesmo do combate. É que a luta pela vida é exigente, supõe uma visão clara da sua dignidade intocável, o que se transforma em exigência ética e a coragem de renunciar a caminhos, que tantas vezes aparecem como busca de solução para problemas reais, que passem pela violação da vida.
A vida humana é um valor absoluto, que tem a sua origem em Deus, o qual, apesar de no-la dar, não abdica de ser o Seu Senhor. Quando, para procurar solução para dramas reais da existência, se segue o caminho de menosprezar a vida, é sair derrotado deste combate entre a morte e a vida. A agressão violenta contra a vida humana tem de ser um caminho fechado para a busca de soluções para os dramas humanos. É assim com o suicídio, com a eutanásia, com o aborto, com o homicídio, com a guerra como busca de solução para os conflitos.
Todos sabemos que este combate não é fácil e é por isso que a Páscoa de Jesus Cristo se torna decisiva para a humanidade. O Espírito de Jesus ressuscitado não anula a luta, vem fortalecer-nos para a luta, dando-nos possibilidades de vitória. Mas sempre que a morte leva a melhor, aumenta o drama da humanidade. Estão aí a confirmá-lo, mesmo no nosso tempo, os milhões de vítimas inocentes, injustamente sacrificadas no altar do triunfo da violência e da morte.
3. Jesus Cristo foi o primeiro que saiu completamente vitorioso deste combate. A Sua morte foi a expressão máxima do desvio da consciência da humanidade; a Sua ressurreição foi a afirmação derradeira de que Deus é o Senhor da Vida. Ele o Filho, que não conheceu pecado, isto é, que nunca perdeu de vista a verdadeira Vida que Ele experimentava em Deus, sofre a morte como pecado dos outros, afirma a vitória da vida como experiência pessoal que Ele recebe de Deus. Esse é o anúncio do Apóstolo Pedro, porque é a grande novidade de uma humanidade renascida: "Deus ressuscitou-O ao terceiro dia... e constituiu-O Juiz dos vivos e dos mortos". A vida de Cristo ressuscitado passa a ser o critério de discernimento e de juízo de todos os combates entre a vida e a morte.
Participar na ressurreição de Cristo é adoptar um padrão de vida com o horizonte de Deus, que não se esgota nem se identifica com aquilo que conhecemos da vida neste mundo, mas nos projecta para a vida em Deus. Escutámos agora isso na Carta aos Colossenses: "Uma vez que ressuscitastes com Cristo, aspirai às coisas do alto, onde Cristo se encontra, sentado à direita de Deus". E o Apóstolo acrescenta: "Cristo é a nossa vida".
Meus irmãos e irmãs, este é o anúncio pascal. Quanto mais procurarmos o sentido da vida em Cristo ressuscitado, mais fortalecidos ficaremos para o nosso combate pessoal entre a vida e a morte, que temos que continuar a travar, na esperança de uma vitória final, que será a nossa própria ressurreição dos mortos. Então a nossa vida triunfará, com Cristo, na Glória.
Sé Patriarcal, 31 de Março de 2002
Vida de Cristo representada na Queima do Judas em Lalim
Próximo domingo de Páscoa às 17 Horas
A freguesia de Lalim vai voltar a ser palco no próximo Domingo de Páscoa, às 17 horas, de mais uma representação da “Queima do Judas”, a manifestação cultural mais expressiva daquela comunidade. Este ano, o ritual religioso e profano decorre no Parque “Mãe Natureza” estando prevista a deslocação até ao local de milhares de forasteiros que querem ver de perto esta cerimónia de expiação de pecados e purificação da alma que reproduz os acontecimentos mais significativos da vida e morte de Cristo.
Durante esta tradição pascal, 16 bonecos vestidos de papel bastante colorido rebentam, no final da cerimónia, com bombas de fogo de artifício, funcionando como um mito de purificação pelo fogo. Lavam-se os pecados e segue-se a marcha ao longo do ano. Ao rebentar, espalham-se pelo ar pedacinhos de papel que enchem de colorido o Parque Mãe Natureza.
Todo este cerimonial obedece a um conjunto de regras ditadas pelo texto do “Julgamento do Judas”, no qual este ano serão introduzidas algumas inovações, mas na sua essência continuará a ser a descrição das etapas mais significativas da vida e morte de Jesus. Algumas figuras evocam a paixão, a crucifixação e a morte de Cristo.
Enquanto outras, representam motivos dos tempos modernos ou dos jogos tradicionais. O “Testamento do Judas” é feito em quadras simples, com uma rima fácil e compreensível sendo importante o encadeamento da acção.
A Queima do Judas de Lalim é a expressão da mentalidade e da consciência dos lalinenses revelando a sua maneira de ver o mundo, acerca da divisão entre o Bem e o Mal. De um modo simplista o que se observa no final, é o castigo dos maus, prevalecendo o Bem.
A Dra. Otelinda Costa, uma lalinense estudiosa desta tradição, explica que durante a representação existe uma inter-relação entre o lúdico/profano e o sagrado, através do qual é possível compreender a aproximação entre o culto religioso e uma espécie de jogo, em que a criação cultural do homem se mistura com os aspectos sagrados por ele evocados. Em Lalim, a religiosidade fala mais alto.
A Junta de Freguesia de Lalim, entidade organizadora deste evento que já ultrapassou as portas da vila, convida todas as pessoas a partilharem esta vivência e conhecerem de perto esta tradição centenária. Estará à disposição dos visitantes um parque de estacionamento gratuito de modo a evitar eventuais constrangimentos.
A Câmara Municipal de Lamego apoia a realização da Queima do Judas.