COM MEUS BOTÕES...
Criação e colaboração
do Diácono José da Cruz de Votorantim-SP, Contos com
diálogos do sonhador - O Dreamer - com o velho e sábio
botão - O Marechal.
Índice desta página:
. CATA-VENTO
. ESCOLA
. O MESTRE TICO-TICO
. "SÊO DITO" O MELHOR!
. VONTADE
Tomando conhecimento do fato que marcou a eleição
da nova mesa para a câmara municipal, que agora irá
passar a ser dirigida por alguém da oposição,
trazendo prováveis dificuldades no relacionamento do Executivo
com o Legislativo, puxei prosa com o meu Botão:
___Olha Marechal, muitos estão achando
que o que alguns vereadores aprontaram na eleição
da nova mesa, foi uma verdadeira “ursada” para o Senhor
Prefeito, porque as coisas não saíram como ele queria.
O Velho Botão, ainda bocejante pelos “exageros”
do Revellion, sentou-se na beira do bolso e comentou:
___Essa virada de mesa na câmara, não
foi nenhuma tragédia e também tem o seu lado bom...
___Olha meu caro Botão, permita-me discordar!
É muito complicado governar, quando não se tem uma
base política de sustentação no legislativo.
O governante fica em maus lençóis, eu acho, porque
às vezes certos projetos que têm a chancela do executivo,
podem não ser aprovados.
Marechal, após uma breve reflexão,
tirando os óculos, me fez uma de suas perguntas desconcertantes:
___Como é que funciona um Cata-Vento?
___Bom, a força do vento bate em sua hélice
fazendo-a girar – respondi, tentando adivinhar qual seria
a lição que viria pela frente.
Então o Velho Botão sorriu, satisfeito
pela minha resposta, e fez outra indagação:
___E o que é melhor para o cata-vento,
vento a favor, ou vento a contrário, vento bem forte, ou
fraco?
Responde o óbvio, que é o vento
contrário e bem forte, que favorece o funcionamento do mesmo.
___Pois aí está, o vento contrário,
pela própria dinâmica do cata-vento, é transformado
em energia, e quanto mais forte o vento, mais força e movimento
ganha o cata-vento!
___E isso significa o que? - indaguei, ainda com
certa dúvida.
E
já acomodado no fundo do meu bolso, Marechal filosofou, concluindo
a nossa conversa:
___O prefeito com toda certeza, fará uso
da sua habilidade política, agindo com flexibilidade, abrindo
diálogo com os seus adversários para que, à
semelhança do cata-vento, consiga transformar as contrariedades
em energia, impulsionando com mais força, seus atos e decisões,
como executivo, para o bem do povo que nele confiou.
Tarde calma de início de verão, uns
poucos pardais alardeiam no beiral do telhado. No terraço
sobre a garagem, ainda inacabado, faço a limpeza de rotina
e excepcionalmente estava com camiseta sem bolso, e como o Botão
pensador tornou-se meu confidente e conselheiro, coloquei-o sobre
o muro, de onde se tem uma ampla visão de toda a rua.
No pátio da escola em frente, as crianças
dispostas disciplinarmente em frente o pavilhão nacional
e a Bandeira do município, cantavam, apoiadas pelo aparelho
de som, primeiro o hino nacional e depois, o hino da cidade, sendo
que suas vozes infantis, bem compassadas, cantavam com entusiasmo
a letra dos dois hinos, sob o olhar atento das professoras e da
direção da escola.
Eu varria a laje fingindo estar distraído,
mas na verdade estava prestando atenção no que acontecia,
e principalmente na reação do meu Botão, que
com os óculos caídos na ponta do nariz, chamou a minha
atenção:
___ Veja! Coisa mais bela não há,
do que isso que estamos assistindo! --- Interrompendo a tarefa que
fazia, perguntei:
___Está falando das crianças cantando?
O Botão ajeitou os óculos, e marcando
o ritmo com os pés, prosseguiu:
__ Sim! Pois é despertando nas crianças o sentimento
de patriotismo e civismo, que se poderá mudar os rumos de
uma nação. Nada melhor do que o amor a Pátria
e a terra aonde vivem, para inundar esses pequenos corações
de belas virtudes.
____Mas Marechal! Afinal o que é a Pátria?
Seria a instituição que nos governa, ou a porção
de terra enquanto realidade geográfica? Não estaríamos
amando coisas abstratas? -- concluí provocativo.
Olhando
o bando de crianças, que já se dispersava na saída
da escola, em uma alegre algazarra que sufocava até mesmo
o alarde dos pardais, o Botão arrematou:
___Este amor devotado pela Pátria e pela
terra, cultivado com esmero no coração puro dessas
crianças, irá desperta-las para o amor ao próximo,
porque uma nação só se torna grande no amor
de sua gente e de seu povo.
Descansávamos na hora do almoço em
uma sombra da antiga praça da Vila Santa Helena quando o
meu cochilo foi interrompido por um ruidoso chupim, que de bico
aberto ia gritando atrás do pequeno Tico-Tico, que pacientemente
colocava em sua boca pequenos insetos que catava no gramado.
___Está aí algo que sempre ouvi
falar e que só neste momento estou comprovando, o vadio do
Chupinzão que fica explorando o coitado do Tico-Tico! –
comentei com o meu Botão.
O Velho Botão, que também dava a
sua cochiladinha no fundo do bolso, subiu até a beirada e
colocando os óculos prestou atenção na cena
que eu acabara de ver.
___Esse Chupim, mesmo com esse tamanho todo, que
contrasta com o pequeno Tico-Tico, é apenas um filhote e
ele não tem culpa por ser assim.
Um pouco mais desperto, porque já estava
na hora de entrar para a Fábrica, não deixei de sorrir
ao comentar:
___Olha Marechal, não me venha defender esse bichinho, que
ele é preguiçosão mesmo, e faz o coitado do
Tico-tico de bobo, isso sim!
___Você sabe por que essa ave se comporta
desta maneira? ---perguntou-me Marechal.
___Será porque se espelha no mau exemplo
de certas pessoas que só vagabundeiam o dia inteiro e sobrevive
às custas dos outros? --- respondi provocativo.
O Velho Botão deu uma de suas clássicas
pigarreadas discordantes e explicou:
___O Tico-Tico bota três ovinhos em seu ninho, daí
o chupim vem, devora um dos ovinhos e deixa o seu ali no ninho.
O Tico-Tico, que desconhece essa hábil manobra, após
os ovos picarem trata do filhote do Chupim como se fosse o seu,
criando nele essa total dependência para sobreviver.
___Veja só, essa eu não sabia! –
disse encerrando a conversa, enquanto os passarinhos, alvo do nosso
debate, sumiam em um vôo rasante para os lados do pomar.
E
quando já entrávamos portaria adentro, o Velho Botão
arrematou:
___Com isso, o Tico-tico torna-se um mestre para as pessoas, porque
as ensina como ser solidário e conviver de maneira harmoniosa
e pacífica com o “Diferente”, coisa que normalmente
um homem tem dificuldade em fazer, por causa do egoísmo ou
do preconceito.
"SÊO DITO"
O MELHOR!
Enquanto aguardava a esposa que fazia compras no
Ven-Ká, observava o “Sêo Dito”, coletando
papel e papelão nas calçadas e nas portas dos estabelecimentos
comerciais daquela área. O mais interessante é que
esse catador de papel e papelão é diferente dos demais:
___Veja Marechal, o “Sêo Dito”
sai pelas ruas nos “trinques”, roupa social, bem limpa,
sapatos brilhando, sempre asseado e bem apresentável tem
uma clientela bem distinta, além do que, o seu carrinho também
chama a atenção, bem feito, pintura sempre nova, pneus
de bicicleta onde os aros com certeza são limpos com kaol.
O Velho Botão subiu na beira do bolso,
prestou atenção no personagem que eu descrevera, e
que passava naquele momento ajeitando na cabeça um elegante
chapéu de feltro preto.
___Pois é, esse homem ao que tudo indica,
não quer ser apenas mais um catador de papel e papelão,
mas tem uma meta e um objetivo na vida.
___Espere aí Marechal, eu o conheço
de longa data, ele deve ser aposentado e faz esse trabalho apenas
para manter-se ocupado e ganhar uns trocados.
O Velho Botão deu sua clássica tossinha
seca, sinal de discordância, e comentou:
___Não, esse homem tem uma meta e um objetivo, ele não
quer ser apenas mais um coletor de papel , mas quer ser o melhor,
anda com um visual impecável e sempre elegante, o seu carrinho
é o melhor e mais bonito de todos os que já vi rodando
por aí, não usa na cabeça um bonezinho encardido
mas um chapéu de feltro que chama a atenção.
___Minha nossa, Marechal! Não tinha pensado
nisso.
___Pois é, e pode reparar que até
a sua técnica é mais apurada, ele não amontoa
o papelão de qualquer jeito, mas organiza a carga de modo
adequado, assim cabe mais, e ao transitar pelas ruas não
derruba um papelão sequer.
___Puxa vida Marechal, nunca pensei que uma tarefa,
tida até pouco tempo atrás, como insignificante, pudesse
ser tão realçada por alguém.
Marechal
deu uma última olhada no “Sêo Dito”, que
dobrava a esquina empurrando com elegância o carrinho, assoviando
uma moda sertaneja e sendo saudado pelos conhecidos que passavam
por ele, e descendo ao fundo do bolso arrematou:
___Trabalha com alegria todo aquele que quer ser
o melhor naquilo que faz, porque valoriza o que faz e por isso torna-se
uma referência naquilo que faz. Seus clientes, com certeza
o aplaudem de pé.
Fomos a uma festa de casamento e eu comecei a reparar
no brilho de felicidade nos olhos da noiva, todos os convidados
perceberam na cerimônia religiosa, que ela estava emocionada
ao dizer o SIM que iria unir para sempre a sua vida a de seu futuro
marido.
___Ah Marechal! O ser humano não conhece
um sentimento mais sublime que o amor entre um homem e uma mulher.
---comentei com o meu botão, em um momento em que nos retiramos
do salão de festas, para um lugar mais sossegado.
Marechal subiu na beira do bolso e disse muito
sério:
___E quem falou para você que o amor é um sentimento?
___Bom, desde que eu me conheço por gente,
é assim que ele é expresso, um sentimento sim senhor,
tanto é verdade que os casais enamorados se declaram, quando
afirmam que sentem pelo outro um grande amor! --- argumentei com
muita convicção.
Marechal observou em redor o andamento da festa,
a noiva passando entre as amigas dando uma lembrança, o noivo
com alguns amigos, fazendo a brincadeira de se passar à gravata,
um tecladista a um canto interpretando belas canções.
Naquele momento aproximou-se de mim um casal ainda jovem, e após
os cumprimentos e despedidas, Marechal retomou o assunto:
___ O casal que cumprimentou você, por exemplo,
ele não é o marido dela, pois o juramento que um dia
ela fez, diante da Lei dos homens e de Deus, foi quebrado e hoje
ela vive com outro. Percebe que não há solidez na
união, quando o casal conceitua o amor como um sentimento?
Concordei com o Botão, que o amor enquanto
sentimento é algo volúvel que hoje existe e amanhã
pode não ter mais.
___Mas
Botão, então o que é o amor entre um homem
e uma mulher?
___O amor entre um homem e uma mulher, é
uma decisão, ligada à vontade. Eles decidem naquele
dia amar um ao outro, por toda a vida. E em cada manhã essa
decisão e essa vontade devem ser renovadas. Só assim
é possível, permanecer juntos na alegria e na tristeza,
na saúde e na doença, até que a morte os separe!
--- concluiu o Botão, aos acordes do “Hino ao Amor”
tocado pelo tecladista.
ESTA PÁGINA
É DEDICADA A CRIAÇÃO DO DIÁCONO JOSÉ
DA CRUZ.
QUE DEUS ABENÇOE
A TODOS NÓS!
Oh! meu Jesus, perdoai-nos,
livrai-nos do fogo do inferno,
levai as almas todas para o céu e socorrei principalmente
as que mais precisarem!
Graças e louvores
se dê a todo momento:
ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento!
Mensagem:
"O Senhor é meu pastor, nada me faltará!"
"O bem mais precioso que temos é o dia de hoje!
Este é o dia que nos fez o Senhor Deus!
Regozijemo-nos e alegremo-nos nele!".
( Salmos )
|
|