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GOTAS DE REFLEXÃO - EVANGELHO DOMINICAL

Colaboração do Diácono José da Cruz

Índice desta página:
. Evangelho de 19/02/2006 - 7° Domingo do Tempo Comum
. Evangelho de 12/02/2006 - 6° Domingo do Tempo Comum
. Evangelho de 05/02/2006 - 5° Domingo do Tempo Comum

Acostume-se a ler a Bíblia! Pegue-a agora para ver os trechos citados.
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19/02/06 – 7° Domingo do Tempo Comum
(coloque o cursor sobre o texto em azul para ler o trecho da Bíblia)

Comentário: A celebração da eucaristia é lugar privilegiado para experimentarmos a compaixão e o perdão divinos. Deus nos reune para partilhar conosco seu amor e sua misericórdia. Neste encontro buscamos a cura de nossas paralisias e a solidariedade que nos torna pessoas acolhedoras dos fracos e sofredores.

Salmo 40/41 - "Curai-me Senhor pois pequei contra vós."

II – Leitura II Coríntios 1, 18-22 - "Pois o Filho de Deus que nós pregamos entre vós, nunca foi 'sim-e-não', mas somente 'sim'."


“EU TE ORDENO: LEVANTA-TE!”

Medicina não é minha área, mas sei que entre as funções que um ser humano executa há uma que merece atenção: é o caminhar, andar, locomover-se, deslocar-se de um lugar a outro vencendo a distância do caminho.      Esse verbo andar, também tem um significado muito forte que é o dom da liberdade.    Não é por acaso que essas duas palavras estão atreladas no enunciado dos direitos da pessoa – Liberdade para ir e vir.

É muito importante essa compreensão inicial do andar e ser livre, para assimilarmos o belo ensinamento do evangelho desse domingo, quando Jesus cura um paralítico.

Quem não pode mais andar, perde sua liberdade de ir e vir, não é mais livre para decidir quando e onde quer ir. É esse o mal que o pecado nos causa, tolhe a nossa liberdade, não nos deixa mais decidir para onde queremos ir, aonde queremos chegar, o homem dominado pelo pecado não enxerga, não caminha, e perde a consciência de todos os valores da vida.

O paralítico que protagoniza esse evangelho tinha tudo para desistir de ser curado, primeiro pela sua própria situação de paralítico, soube que Jesus estava naquele lugar e certamente gritou para o vizinho vir ajuda-lo, não sei bem como a história começou, mas um só não bastava, eram necessários mais três, acho que o vizinho foi bater na porta de outros para pedir ajuda. Geralmente um sentimento de orgulho nos impede de pedir ajuda quando precisamos e no caso do pecador isso também acontece, pois o pecado nos traz um certo desânimo que nos leva ao conformismo.

Também não sei qual foi a distância que os quatro percorreram carregando o paralítico, mas ao chegarem na casa onde estava Jesus, poderiam desistir, se assim o quisessem. A multidão havia invadido a sala, não dava para entrar nem para sair. Era praticamente impossível chegar onde estava Jesus. “Olha sêo Paralítico, não vai dar pra encarar não! Tenho mais coisas para fazer e não vou poder ficar aqui esperando esse povo ir embora...”   Esta seria uma boa desculpa para os quatro abandonarem a missão que haviam assumido.

Mas aqui eles já começam chamar a nossa atenção, até agora só tínhamos olhares para o coitado do paralítico, que queria ser curado, mas agora temos nossa atenção voltada para os quatro que começam a roubar a cena, pois decidem que irão levar aquele paralítico diante de Jesus a qualquer preço e assim o fazem, subindo pela parede até o telhado, tiraram uma parte da cobertura e por um buraco aberto no mesmo desceram o homem e sua cama bem na frente de Jesus.

O que os levou a fazerem esse ato heróico? “E Jesus vendo-lhes a fé, disse ao paralítico...”    Aí está, foi a Fé!   Os quatro tinham a firme convicção de que Jesus de Nazaré curaria aquele homem de sua paralisia. E assim aconteceu.

O que move nossas comunidades é a fé, os irmãos e irmãs engajados em nossas pastorais e movimentos, são os que caminham na fé levando até Jesus tantos e tantos paralíticos. São poucos!  Havia uma multidão rodeando Jesus, mas só quatro arregaçaram as mangas para a missão de transportar o paralítico. Na comunidade os obstáculos e desafios são muitos e então se torna necessária uma fé que suba paredes, que descubra telhados, arranjando um espaço para que alguém se sinta na comunhão com o Cristo, ficando bem pertinho dele.

Há também em nosso tempo os céticos, como os escribas, que não acreditam na força do amor e da misericórdia que o Pai manifestou em Jesus. Eles não crêem na força renovadora do perdão e do alto do poder que ostentam hostilizam Jesus e não vêem nele a imagem do Deus vivo, cheio de amor e de compaixão pelos homens.

O paralítico foi se embora carregando a sua cama e a multidão inteira encheu-se de profunda admiração. O que fazemos em nossa igreja com os paralíticos, que por causa do pecado não caminham? O evangelho nos ensina que devemos carregá-los até o Mestre, movidos pela fé, tendo em nosso coração a firme convicção de que a misericórdia de Jesus irá curá-los.

Diácono José da Cruz
jotacruz3051@gmail.com


12/02/06 – 6° Domingo do Tempo Comum
(coloque o cursor sobre o texto em azul para ler o trecho da Bíblia)

Comentário: Nossa celebração só será autêntica comunhão com a Palavra de Deus e com o Corpo de Cristo se a comunidade estiver aberta aos pobres e marginalizados da sociedade. Jesus não teve medo de se colocar junto daqueles que, por causa de sua doença, eram impedidos de se relacionar com as pessoas.

Salmo 31/32 - "Sois, Senhor, para mim, alegria e refúgio."

II – Leitura I Coríntios 10, 31-11.1 - "A exemplo de Paulo, tudo o que fizermos deve ser para a glória de Deus e para o bem das pessoas."


“A DOR DO LEPROSO”

Encontramos o Senhor!Muito interessante o modo como o leproso se aproxima de Jesus, segundo a narrativa desse evangelho de São Marcos, ajoelhando-se diante dele. Ás vezes em brincadeira dizemos para alguma pessoa que nos pede algo “mas nem que você peça de joelhos, não vou dar”.

Ajoelhar-se é reconhecer a própria miséria e ao mesmo tempo a superioridade e o poder do outro, é atitude de desespero de quem clama pela realização de algo humanamente impossível.

“Senhor, se queres podes purificar-me” – o desespero do leproso não era a doença em si, que ele sabia não ter cura, mas a conseqüência dela: ser declarado impuro e perder o convívio familiar, social e religioso. Fico imaginando que ele talvez fosse casado e deveria estar com saudades da esposa, do carinho dos filhos, da amizade dos parentes e da comunhão de amizade com os irmãos da comunidade.

A doença não tinha cura, o sacerdote apenas dava o diagnóstico e declarava o leproso impuro, não tinha o poder de curar. Por isso aquele leproso, além da dor física, carregava também o peso de uma dor moral que se tornava um tormento por causa do peso religioso pois a lepra era considerada conseqüência do pecado, um castigo de Deus e por isso a exclusão social, como determina o Livro do Levítico na primeira leitura dessa liturgia.

Jesus compadeceu-se dele - essa expressão é muito significativa, pois compaixão é um sentimento atribuído apenas a Deus na Sagrada Escritura, significa sofrer junto, tomar para si as dores do outro, colocar-se em seu lugar. Quando sentimos dó ou pena, admitimos a condição inferior do outro, somos capazes de dizer ou de pensar “Ah se não fosse eu ter pena, coitada dessa pessoa”. Mas compaixão é gesto do mais puro amor, de quem é santo, sofre junto, caminha junto, chora junto e assume as conseqüências junto.

É precisamente este sentimento divino que leva Jesus a fazer um gesto proibido para um judeu: ele estendeu a mão e tocou no leproso e desta maneira, na rígida visão dos sacerdotes, tornou-se também um impuro, ao mesmo tempo em que manifesta a sua vontade “Sim, eu quero, sê puro”. E imediatamente desapareceu do leproso a doença.

A orientação para apresentar-se ao sacerdote, dá margem a uma dupla interpretação, Jesus poderia estar denunciando a ineficiência do sistema religioso, que além de não curar ainda exclui quem foi contaminado pela lepra. Mas o rigor com que fala ao leproso, recomendando que nada dissesse a ninguém, é interpretado como se Jesus tivesse se arrependido de ter feito a cura e tenta amenizar as conseqüências do seu gesto, para não atrair sobre si a atenção dos que ocupavam o poder religioso.

A narrativa evoca a nossa história, por causa dos nossos pecados estávamos privados da amizade de Deus e da sua comunhão, assim como a lepra não tinha cura, nós também estávamos condenados a ficar longe de Deus para sempre, e homem algum poderia, por suas obras, nos reconciliar com Deus e refazer a comunhão com ele e por isso, o toque de Jesus naquele leproso nos remete à sua encarnação, ele tornou-se um de nós, se fez igual a nós e desceu ao último degrau, assumindo a condição de escravo, para fazer a vontade do Pai, que é de que não haja mais separação entre Deus e os homens, pela obra da salvação, o homem excluído é agora incluído na vida de comunhão com Deus, recebendo a sua graça.

Mas o texto também projeta luzes em nossa caminhada fazendo-nos enxergar em nossa sociedade tantos e tantos leprosos, excluídos da família, da sociedade, do mundo trabalho e até da própria igreja. O milagre foi a reintegração social, religiosa e familiar daquele leproso e esse está bem ao nosso alcance. Basta que em nossa relação com todas as pessoas não falte a compaixão, o amor e a misericórdia.

Quem são esses leprosos de hoje, dos quais queremos sempre distância? Cada um faça a sua lista e que ninguém se surpreenda se ela for muito grande e constar nomes de membros da família e até da sua comunidade.

Diácono José da Cruz
jotacruz3051@gmail.com


05/02/06 – 5° Domingo do Tempo Comum
(coloque o cursor sobre o texto em azul para ler o trecho da Bíblia)

Comentário: Jesus cura a sogra de Pedro e ela se põe a servir. Todo dom recebido de Deus deve favorecer o beneficiado e à comunidade. A páscoa de Jesus se realiza quando pomos nossos dons a serviço do bem comum. Deus nos favorece para atendermos também as necessidades dos outros.

Salmo 146/147 - "Louvai a Deus, porque ele é bom e conforta os corações."

II – Leitura I Coríntios 9, 16-19.22-23 - "Paulo reconhece que a pregação do Evangelho não é um meio para obter glória, mas, sim, uma necessidade."


“A VERDADEIRA CURA”

Encontramos o Senhor!A doença é o grande sinal da nossa limitação e fragilidade. Ela não é um castigo divino como alguns imaginam e o avanço da ciência no campo da medicina não conseguirá mudar essa realidade.

Isso também não significa que estamos diante de um Deus retrógrado e masoquista, que se compraz em ver o homem sofrendo como vítima de tantas enfermidades, pois o conhecimento científico na área médica também é um carisma que vem do alto. A verdade é que o nosso organismo, após atingir o seu vigor físico começa a se degenerar, a compreensão e aceitação dessa realidade nasce da atitude madura de quem tem fé e sabe que o nosso corpo, assim como tudo mais nessa vida, é transitório.

“Como um escravo suspira pela sombra, como um assalariado espera pelo seu pagamento”, assim é a nossa vida nesse mundo, afirma o livro de Jó na primeira leitura dessa liturgia, em uma espécie de novela literária inspirada por Deus, e que nos põe diante da questão do sofrimento do povo de Israel, que o ajudou a conhecer melhor a Deus. A narrativa traz um sério questionamento: vale a pena viver nessa terra se somos tão limitados e temos a existência marcada por tanto sofrimento?

O texto em questão não responde diretamente a essa pergunta, mas nos mostra claramente que não há nada nessa vida que possa satisfazer os anseios do homem porque a vida toda é uma busca incessante, uma espera agoniante que está bem além, e que irá tornar plena essa existência.

Jesus é o Senhor da vida e da história, o portador de uma salvação que liberta o homem em sua dimensão mais profunda e que por isso mesmo, não pode ser confundido com um taumaturgo milagreiro, pois isso seria um menosprezo à obra da salvação que ele realizou, para nos manifestar o infinito amor de Deus.

A cura da enfermidade física aparece nesse evangelho como um sinal que manifesta ao povo quem é Jesus e a que ele veio. Ao curar os enfermos Jesus estimula o homem a buscar a plenitude do reino, superando seus limites ainda nessa vida. E o que é que mais impede o homem de caminhar livremente em busca dessa vida nova?

É o egoísmo! Que o impede de amar e colocar-se a serviço, que não o deixa experimentar o amor de Deus apaixonado. Essa proeza de superar o mal só é possível quando o Cristo estendeu a mão à humanidade decaída. A sogra de Pedro, ao ser curada fica em pé, sinal de ressurreição que nos dá vida nova, e se coloca a serviço da comunidade.

A palavra de Jesus tem o poder de libertar e curar, ela restitui ao homem a consciência e a liberdade e é essa liberdade que levou o apóstolo Paulo a se tornar um escravo do evangelho, para servir a Cristo e aos irmãos. É exatamente isso que a obra da salvação realiza em nossa vida, nos torna livres para fazermos a nossa história e construirmos um mundo novo. Isso ocorre quando dentro dessa liberdade nos entregamos a serviço de Deus e dos irmãos. Já o mal torna o homem cativo de si mesmo, dos seus caprichos, instintos e prazeres, e corrompido pelo egoísmo o homem se desumaniza e se distancia de Deus e do seu projeto.

Mas a palavra de Jesus suplanta a do demônio e o faz calar, diferente de Eva que um dia no paraíso deixou-se levar pela palavra do tentador.

A oração é o canal que estreita as nossas relações para com Deus, a força, poder e a sabedoria de Jesus vem do Pai através da oração, que revela também a sua santa vontade. Uma ação pastoral sem uma espiritualidade orante pode nos fazer perder buscando a vanglória e o triunfalismo. Uma multidão busca a Jesus, narra o evangelho desse domingo, e os seus discípulos agem no embalo da sua fama e o procuram com a intenção de levá-lo de volta para que ele possa continuar operando os milagres garantindo o sucesso,a fama e conseqüentemente o poder.

Também na igreja há os ministérios e carismas que atraem multidão. Tentado pela fama, prestígio e poder, o ministro poderá querer enraizar-se em um só lugar para fazer dali o seu império. As pastorais e movimentos, tão ricos e frutuosos em nossa igreja, não pode ter cadeira cativa nos trabalhos de coordenação e por isso, ministros leigos e ordenados, coordenadores e animadores de grupos ou de comunidades, olhemos para o Senhor Jesus, cuja atitude é sempre a do servo, ele está a serviço da Palavra de Deus e quer levar essa Boa Nova a todos os homens: “Vamos as aldeias vizinhas para que eu pregue também lá, pois foi para isso que eu vim..."

Diácono José da Cruz
jotacruz3051@gmail.com



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"O bem mais precioso que temos é o dia de hoje!    Este é o dia que nos fez o Senhor Deus!  Regozijemo-nos e alegremo-nos nele!".

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