GOTAS DE REFLEXÃO - EVANGELHO DOMINICAL
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15.11.2009
33º Domingo do Tempo Comum- Ano B - Verde
__ “O último capítulo da História...” __
Comentário: Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!
Jesus nos revela que em sua vinda gloriosa todo o poder de Deus resplandecerá sobre a Terra e seu amor será eterno para todos os que seguiram suas leis. Precisamos estar preparados para a vinda do Reino dos Céus que tanto pedimos em nossa orações.
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PRIMEIRA LEITURA (Dn 12,1-3): - "Os que tiverem ensinado a muitos homens os caminhos da virtude, brilharão como as estrelas, por toda a eternidade"
SALMO RESPONSORIAL Sl 15: - "Guardai-me, ó Deus, porque em vós me refugio!"
SEGUNDA LEITURA (Hb 10,11-14.18): - "Ora, onde existe o perdão, já não se faz oferenda pelo pecado."
EVANGELHO (Mc 13,24-32): - "Então vereis o Filho do Homem vindo nas nuvens com grande poder e glória."
- "O ÚLTIMO CAPÍTULO DA HISTÓRIA..."
(por Diácono José da Cruz)
Novamente recorro á imaginação para fazer algumas perguntas ao texto, como ensinou um dos meus professores de Teologia, só que de maneira mais ousada, abordei o próprio autor do evangelho, que é o nosso conhecidíssimo São Marcos. Disse a ele que, alguém menos desavisado, ou que fizer uma leitura fundamentalista, por certo vai entrar em pânico com as palavras que Jesus diz logo no início do evangelho desse Domingo, “depois de uma tribulação o sol vai escurecer, a lua não dará o seu resplendor ( acho que naquele tempo ainda não sabiam que a lua é um satélite, sem luz própria), os astros que estão no céu despencarão cá prá baixo e as potestades serão abaladas ”Convenhamos que é um cenário terrível, uma catástrofe igual aquele filme do Armagedon. Com uma narrativa dessas, os cardíacos e os que têm problemas emocionais, , vão morrer na véspera, de susto!
Ainda no meu imaginário, Marcos esboça um sorriso e balança a cabeça explicando-me que esse é um modo de dizer as coisas, e que os estudiosos chamam de linguagem literária, e nesse caso é denominado de “Apocalíptica” e interpretá-la literalmente seria grande idiotice, porque então, o nosso Deus Criador, rico de amor e misericórdia por todos os séculos, em um determinado momento da história, vai estar mal humorado, e como um garotinho temperamental, destruirá a Obra da criação, que ele fez com tanto gosto e amor?Para quem conhece bem o nosso Deus, revelado em Jesus Cristo, basta fazer essa pergunta, cuja resposta desfaz qualquer mal entendido. Mas então, o ser humano nunca será cobrado pelos seus atos de maldade, vai ficar assim, elas por elas? Claro que não!
Todo homem, após a morte, terá um juízo particular diante de Deus, na linguagem futebolística, vai ficar no “mano a mano” com o Onipotente, Poderoso, Onipresente e Onisciente e depois de conhecer a sua sorte, irá aguardar pelo último dia, como ensina a Doutrina da Santa Igreja. Para dizer isso, e chamar a atenção dos seus ouvintes, os Mestres no tempo de Jesus, costumavam usar um estilo de comunicação, que causava impacto, obrigando seus ouvintes a refletirem e voltarem-se para Deus. É um alerta, um aviso, de que a Vida que Deus nos deu, não é só o que vemos, apontando-nos assim para uma realidade escatológica ( final dos tempos) . Infelizmente nos dias de hoje, certos pregadores de “araque” usam essa literatura apocalíptica, também presente n o A.T, para fazerem o chamado “terrorismo religioso”.
Prestemos atenção no versículo que se segue a catástrofe anunciada “Então verão o Filho do Homem voltar sobre as nuvens com grande poder e glória... A chegada de alguém poderoso e importante é sempre anunciada de maneira solene e ruidosa, batidas da lança no chão, toque de trombeta, rufar de tambores, aliás, dia desses ouvi um anúncio em um carro de som, sobre um evento, e o sujeito dizia que “O chão vai tremer”, e nem por isso alguém entrou em pânico por causa disso, mas quando de trata da palavra de Deus revelada, esquecemos o gênero literário e interpretamos literalmente, essa literatura tem este modo próprio de dizer que no final da História da Humanidade, algo de grandioso irá ocorrer e para os que crêem, é exatamente o que esperam, afinal há em todos nós uma interrogativa sempre presente: Até quando o mal vai imperar?
Para o nosso Deus presente em Jesus, com todo o seu resplendor e glória, Senhor absoluto de todas as coisas e todas as criaturas, a gente não ia querer que no dia da sua volta, ele caísse de pára-quedas na humanidade e dissesse, “Olha aí meu povo, eu voltei viu, vim para confirmar tudo o que ensinei lá no início, aos meus discípulos que depois formaram a minha igreja. O Evangelho não fala de um momento qualquer na história da humanidade, mas tenta narrar como será este segundo julgamento, quando o Reino de Deus, desacreditado por muitos, se tornará visível e real, para sempre e toda a humanidade, do passado, desde os primórdios da história, estará diante de Jesus, para o capítulo final.
Para quem apostou suas fichas nas forças do mal, contrárias a Jesus e seu Reino, claro que esse dia será terrível, mas não é esta a mensagem principal do nosso evangelho, Marcos não quer que a comunidade entre em pânico, ao contrário, diante de discípulos abatidos e desanimados, é como se Jesus estivesse falando “Olha meus irmãos, no final tudo vai dar certo, e a glória do Pai envolverá a todos os homens, no início de um tempo novo, de uma nova realidade de alegria e felicidade plena na comunhão com o Pai”.
Claro que nem toda humanidade irá desfrutar desse tempo novo, os anjos irão pelos quatro cantos da terra para reunir os escolhidos. Que critério Deus usa para essa escolha? O amor, que respeita o Livre Arbítrio de cada homem, criado á sua imagem e semelhança, que toma decisões e faz escolhas todo dia, na liberdade que Jesus concedeu. Essas decisões e escolhas que se faz a todo dia e a cada momento, não deverá prescindir dos sinais do reino, presente em nosso meio, são sinais que pertencem a uma ordem - sobrenatural e que, portanto supõe um testemunho de Fé, pois todos eles convergem para Jesus e a sua igreja, esse Jesus que nos visitou com o mistério da encarnação, mostrou-nos o caminho, a verdade e a vida, que é ele próprio.
Ele é nosso Deus e Único Senhor, edificou o seu Reino em nosso meio e no momento oportuno, que só o Pai sabe, voltará para a grande festa e nesse dia, o mal enraizado no coração do homem, será arrancado com raiz e tudo, e o Bem Supremo reinará para sempre, soberano e majestoso em Jesus Cristo, e todos os que fizeram a opção por ele, nesta vida terrena, diante de quem tudo é transitório e passageiro, até o céu e a terra... (33º. Domingo do Tempo Comum)
José da Cruz é
diácono permanente
da Paróquia Nossa S. Consolata-Votorantim
e-mail:cruzsm@uol.com.br
Comentário Exegético – XXXIII Domingo do Tempo Comum (Ano B)
Segunda Leitura - EPÍSTOLA Hb 10, 11-14.18
(Pe. Ignácio, dos padres escolápios)
INTRODUÇÃO: O trecho é um contraste entre o AT e seus sacerdotes e o NT e o único sacerdote Cristo Jesus.A eficácia absoluta do sacrifício único de Cristo é posta em relevo contra a prática de inutilidade dos sacrifícios antigos. Contra a diária atuação dos holocaustos que indicam não perdoar totalmente o pecado, precisamente por sua repetição, está o único sacrifício pessoal de Cristo que não precisa estar de pé continuamente como oficiante, diante do santuário e que agora só espera a consumação com a vitória contra os inimigos que não o admitem como seu Senhor. A remissão do pecado foi obtida; logo só falta a derrota dos inimigos como o ato final do drama humano entre o bem e o mal.
O SACERDÓCIO ANTIGO: Pois todo sacerdote estava estabelecido [estëken<2476>=praesto est] todo dia como ministro e a oferecer muitas vezes [pollakis<4178>=cotidie] os mesmos sacrifícios [thusias<2378>=hostias] os quais em modo algum [oudepote<3763>=numquam] podem remover [perielein<4014>=auferre] pecados (11). Et omnis quidem sacerdos praesto est cotidie ministrans et easdem saepe offerens hostias quae numquam possunt auferre peccata. ESTABELECIDO: O verbo histëmi <2746>pode ser usado como simples estar. Ou estar presente. Assim os fariseus gostavam de estar diante da assembleia e rezar nas sinagogas (Mt 6, 5). Um outro significado é colocar, designar, como em Mt 25, 33: o rei colocará as ovelhas à sua direita e as cabras à esquerda. Neste sentido de colocar ou estabelecer, está Mc 9, 36: Tomando uma criança a colocou diante deles. No sentido de estabelecer temos a passagem de Hb 10, 9:Com isto abriga o primeiro e estabelece o segundo; argumentação que emprega o autor para anular sacrifícios e sacerdócio antigo e substituí-los pelo único sacerdote e sacrifício do NT: Cristo Jesus. Esta passagem é, pois, paralela ao do versículo que estamos interpretando e nos dá o sentido próprio do verbo histemi: estabelecer. MUITAS VEZES: Não se entende a tradução latina cotidie [todos os dias] a não ser que o copista, levado pelo costume, tenha interpretado o grego muitas vezes pelo quotidiano do uso do sacerdócio em tempos de Jesus. O Kohan [sacerdote] oferece Korbanot [sacrifícios ou oferendas]. Os rabinos afirmam que esta palavra provém de uma raiz que significa aproximar-se de Deus, objeto principal da oferenda. Os rituais realizavam-se somente no templo de Jerusalém e eram exclusivos dos sacerdotes [kohanim]. No conceito de Korban [ofertas] existem três diferentes acepções: dar, substituir e acercar. Um korban exige a renúncia de alguma coisa que forma parte da pessoa que oferece. Por isso, a oferenda de animais selvagens, sem dono, era inválida. Assim também as ofendas de viandas deviam ser em forma de produtos elaborados: farinha ou vinho. A segunda condição é o elemento de substituição: a oferenda substitui a pessoa e a oferta é castigada [consumida] no lugar da pessoa. É interessante observar que quando o tema de korbanot é abordado na Torah, o nome de Deus tem 4 letras que são símbolo da misericórdia de Deus. A última condição é a de atrair a pessoa mais perto de Deus, como quem é satisfeito pela adoração e a dádiva do súdito. Dentre os ritos do sacrifício cruento, como expiação, a imposição das mãos [semija] sobre a vítima era o essencial. Se o sacrifício era oferecido por toda a comunidade, eram os anciãos que realizavam a imposição das mãos (Lv 4, 15), cerimônia que era precedida pela confissão dos pecados [como nas missas católicas] (Lv 16, 21; 5. 5) e que, segundo a tradição rabínica, era confissão verbal. A imolação era sempre feita por sacerdotes quando o sacrifício era oferecido por todo o povo (II Cr 29, 22). Logo se procedia a aspersão com o sangue, realizada só por sacerdotes. Um outro ministério próprio dos sacerdotes era a bênção sacerdotal ou Birkat Kohanim (Nm 6). Como nota curiosa, devido ao fato de que os sacerdotes eram uma casta especial e que só entre eles existia uma espécie de endogamia, hoje se fala do gene sacerdotal, ou cromossoma kohen, comum ao 70% dos que hoje se consideram filhos de sacerdotes e que também existe na tribu Lemba [África do Sul], que constitui o grupo dos chamados judeus negros africanos, com costumes igualmente semelhantes aos determinados pela Halaká [leis faladas], como a circuncisão, o descanso semanal e a proibição de comer carne de porco. Dizem ter sua origem em Senna, Yemen, e o gen sacerdotal é comum a um dos 12 clãs dos Lemba [12 tribos de Israel], o clã Buba. Nenhum outro grupo judeu ou lemba, tem este gene em proporção maior de 5%. Sabemos que 45% dos sacerdotes [dos que se dizem descendentes de sacerdotes] Askenazis [orientais] e 50% dos Sefardies [de origem hispânica] têm esse gene ou fator kohen. Tudo indica que os sacerdotes eram uma classe escolhida e ordenada ao culto: a oferecer sacrifícios, mais propriamente holocaustos, dos quais fala a carta. O holocausto era chamado de ascendente [olah] porque a vítima completa, exceto a pele e o músculo da cadeira ascende ao céu em forma de fumo e vapor. O objetivo é expressar total submissão do homem a Deus. O olah era um sacrifício contínuo, sendo oferecido duas vezes no dia: de manhã e ao anoitecer (Êx 29, 38 s). Era o sacrifício de adoração por excelência, que incluía todas as formas de sacrifício. Ele estava acompanhado da queima do incenso no altar de ouro. Enquanto subia o incenso do altar de ouro, as orações dos israelitas ascendiam com ele para Deus (Apocalipse 8: 3 e 4), rogando por si mesmos e por sua nação em diária consagração. Neste serviço, o sacerdote oficiante implorava o perdão dos pecados de Israel e rogava pela vinda do Messias. Algumas vezes estava acompanhado por oferendas de farinha, ou óleo aos quais se acrescentava sal e incenso e que recebiam o nome de Minjah [oferenda]. O pão devia ser sem levedura, pois esta representava o pecado, o orgulho que infla o ego, sendo queimada uma parte sobre o altar e a outra entregue para reparti-la entre os sacerdotes. A Minjah pública mais importante era o pão da Presença colocado na mesa do Santo, que permanecia toda a semana em presença de Deus até ser consumido pelos sacerdotes. Eram os doze pães oferecidos no sábado de manhã no momento de retirar os oferecidos no sábado anterior, significando o pacto entre Deus e seu povo (Lv 24, 8). Para melhor compreender a Eucaristia como sacrifício pacífico, este, entre os judeus, era constituído por três formas de sacrifício: louvor, por um voto, e oferenda voluntária.
REMOVER PECADOS: O holocausto pelos pecados [Hattat] era para pedir a absolvição, segundo o pensamento da época de que a oferta era castigada no lugar do oferente, vemos que a remoção dos pecados pelo hattat era frequente, de modo a se realizarem duas vezes, todos os dias. Isso indicava que o pecado não era totalmente removido, entendendo por pecado o débito que o povo tinha para com Deus por sua conduta imprópria. Esse pecado essencial é o retirado pelo Cordeiro de Deus segundo o Batista (Jo 1, 29) e precisamente por sua imolação na hora do hattat vespertino, hora sexta ( Jo 19, 13), ou três da tarde (Mc 15, 34).
CRISTO SACERDOTE: Porque ele, uma vez [mian<3391>=unam], oferecendo sacrifício pelos pecados, para sempre [diënekes <1336>=sempiternum] sentou-se à destra [dexia<1188>=dextera] de(o) Deus (12). hic autem unam pro peccatis offerens hostiam in sempiternum sedit in dextera Dei. UMA VEZ: O autor, compara o sacerdócio de Cristo com o dos antigos sacerdotes hebreus e além do tempo, encontra o efeito como diferentes circunstâncias a favor do primeiro. Bastou uma única vez no lugar da frequência que a Vulgata traduz impropriamente enquanto ao léxico, mas exatamente do ponto de vista real como diária [cotidie]. Porém, o mais importante é que este novo sacerdote está como que exercendo continuamente seu ministério porque agora tem o poder que lhe concede seu estado de dispensador da economia divina: SENTADO À DIREITA: Afrase sai 5 vezes nesta epístola a começar pelo primeiro capítulo no versículo 3 em que o autor afirma ser Cristo o verdadeiro Filho de Deus a quem constituiu herdeiro de todas as coisas e, como tal, está sentado à direita da Majestade nos céus. E esse seu assento é como Sumo- sacerdote (Hb 8,1), porque ofereceu um sacrifício pelos pecados (10, 12), precisamente por ter desprezado a glória [humana] e sofrido a dureza da cruz (12, 2). A direita de Deus é a que esmaga os reis em sua cólera (Sl 110, 5). E é ela a que, como sombra, se transforma em guardiã de seus seguidores (Sl 121, 5). Zorobabel era como o sinete na mão direita (Si 49, 11). Por isso, o sentido do salmo dirigindo-se ao Messias, Palavra do Senhor ao meu Senhor: Senta-te à minha direita até que faça de teus inimigos o escabelo de teus pés (Sl 110, 1)Hb 1, 3 como sentado no alto à direita da Majestade significa que sua posição está acima de todos os anjos que não estão sentados, mas voam ao seu redor, como servidores. Estar sentado é tomar uma posse e um estado e ministério, que tinha como resultado a execução dos planos e da vontade de Deus. Vontade que principalmente consistia no uso da misericórdia divina: ou seja, o perdão do pecado e a remissão da culpa. Por esta razão, a Igreja canta no início da Eucaristia: Tu que estás sentado à direita do Pai, tem piedade de nós. (Glória).
ATUAÇÃO DESSE SACERDÓCIO: Em adiante [to loipon<3063>=de cetero], aguardando [ekdechomenos <1551>=expectans] até que sejam postos [tethösin<5087>=ponantur] os inimigos dele como estrado [upopodion<5286>=scabillum] dos pés (13). De cetero expectans donec ponantur inimici eius scabillum pedum eius. EM ADIANTE: To loipon é uma frase adverbial que significa o resto do tempo, ou seja, de agora em diante. A frase sai em Mt 26, 45 e Mc 14,41 quando Jesus encontra os discípulos dormindo no horto e lhes disse: de agora em diante [to loipon] descansai e dormi, pois, vem agora e o Filho do Homem será entregue nas mãos dos pecadores. O sentido do versículo é uma continuação do anterior: Está sentado à direita de Deus, e desde esse momento só está à espera de que seus inimigos sejam derrotados. Porque a frase de pôr os inimigos como escabelo está tomado do costume da época, seguido após uma vitória. Vamos explicar este último conceito. Estrado: era um tablado pouco acima do chão para nele colocar uma mesa ou uma cadeira, como podia ser um trono (2 Rs 11, 14). Assim o rei aparecia como ser superior ao povo comum. A Arca da Aliança é precisamente o estrado dos pés do Senhor (1 Cr 28, 2), ante o qual deve se ajoelhar o povo (Sl 99, 5). Em Mt 5, 35 é a terra que é o estrado dos pés do Senhor, enquanto os céus são seu trono. Quando o estrado era pequeno, unicamente para descansar os pés, então recebe o nome de escabelo. Nas batalhas, quando o inimigo era batido para reduzi-lo ao estado de escravo, acostumavam os vencedores prostrar na terra os vencidos e passar sobre seus corpos, assim humilhados. A este fato de estar sob os pés do vencedor como um escabelo, refere-se tanto o Salmo 110, como as passagens que o citam no NT. Em Hebreus, temos a citação do salmo 110 duas vezes: 1, 13 e 10, 13. Nesta última citação, a vitória está ainda por vir e estamos no momento de uma expectante confiança.
A PERFEIÇÃO: Já que com uma só oferta [prosföra<4376>=oblatione] tem levado à perfeição [teteleiöken <5048> =consumavit] para sempre [diëvekes<1336>=in sempiternum] os santificados [agiazomenos <37> =sanctificatos](14). Una enim oblatione consummavit in sempiternum sanctificatos. O autor, prossegue em seu argumento de afirmar que uma só ação bastava para cumprir o seu sacerdócio e que agora é só esperar até que a consumação do mesmo se efetue no tempo. Por isso, só fala de uma única oferta [mia gar prosföra] e da perfeição que ela conseguiu totalmente a todos os que por meio dela foram consagrados ou santificados em termos modernos. Devemos distinguir entre o perdão, como um absoluto divino concedido ao gênero humano [o Cordeiro que tira o pecado do mundo] e o perdão em particular, que em última instância depende da vontade de cada um. O mistério da divina graça [o dom gratuito oferecido gratuitamente] e da liberdade humana é um dos grandes problemas da Teologia que não tem solução aparente neste mundo. Só diremos uma coisa: se o mal se encerrar em si mesmo, de modo que dele não possa resultar bem algum, então teríamos um mundo cruel, impróprio de um Deus que fez tudo bem.Mas se do mal se pode extrair um bem maior, bendito seja o mal passageiro, porque então poderemos exclamar com S. Paulo: onde abundou o pecado sobreabundou a graça (Rm 5, 20). UMA SÓ OFERTA: Foi a oferta na cruz de sua vida de modo a derramar seu sangue [a vida] até a última gota como narra João em 19, 34. LEVADO À PERFEIÇÃO: o verbo Teleioö significa realizar, cumprir, finalizar, lograr, e também chegar à perfeição, chegar à maturidade. Como exemplos: Quando se completaram os dias (Lc 2, 24); e para que eles sejam perfeitos na unidade (Jo 17, 23). Este verbo sai 9 vezes em Hebreus e temos : para trazer muitos filhos à glória, para fazer o chefe de sua salvação perfeito através de sofrimentos (2,10). Esse mesmo que tendo ficado perfeito, tornou-se o autor da salvação para todos os que lhe obedecem (5, 9). De modo que o sofrimento [paixão e morte de Cristo] tornou perfeito o agente da salvação e ao mesmo tempo essa sua imolação aperfeiçoa os que a ele são consagrados [agiazomenoi], ou como diz 5,9 os que lhe obedecem.
REMISSÃO TOTAL DO PECADO: Onde, portanto, (há) remissão [afesis<859>=remissio] de tais, em modo algum [ouketi<3765>=iam non](há) oferta [prosfora<4376>=oblatio] por pecados (18). Ubi autem horum remissio iam non oblatio pro peccato. O autor continua na mesma base dialética. É provável que seus interlocutores fossem judeus que estavam nostálgicos do templo e dos sacrifícios nele oferecidos. Por que não existiam no cristianismo? E a razão é dada neste trecho: Uma única vez foi oferecido esse sacrifício e foi tão perfeito, que tirou todo pecado, de modo que, não existindo pecado, tornam-se inúteis os sacrifícios pelo mesmo.
Evangelho
2ª VINDA DE CRISTO (Lugares paralelos: Mt 24, 29-31 e Lc 21, 25-28)
INTRODUÇÃO: O evangelho de hoje é parte do discurso, chamado escatológico, de Jesus. Ele está frente a Jerusalém olhando o templo e responde à admiração dos discípulos diante da magnífica visão do templo. Tudo será destruído – disse-lhes Jesus. Como é natural, os discípulos pedem a hora e os sinais. Jesus fala então da abominação da desolação[, bdélygma tës eremöseös, abominatio desolatiónis].
EXCURSUS:
ABOMINAÇÃO DA DESOLAÇÃO.- Que significa isso? A primeira vez que encontramos a tal frase é em Daniel. O texto de Daniel (9, 27) fala originalmente de shikutsim meshimim, que deriva de duas palavras: shikuts<08251>, abominável e shamem<08074>, devastar, de onde se deriva meshimaim, que os peritos em hebraico dizem ser um particípio de piel [modo repetitivo do verbo] e significaria devastador e não devastante. A tradução hebraica direta em inglês é: upon the wing of detestable things shall be that which causeth appalment; and that until the extermination wholly determined be poured out upon that which causeth appalment.’ [sobre a asa de coisas detestáveis estará aquilo que causou horror; e isso até que a devastação totalmente determinada seja derramada sobre aquilo que causou horror]. A frase é traduzida ao grego dos setenta por bdélygma tön erëmöseön, que podemos traduzir por abominação das devastações ( em plural) e ao latim por abominatio desolationis.Segundo, pois, os LXX teremos: No meio da semana serão tirados meu sacrifício e libação, e sobre o lugar sagrado (estará) a abominação das devastações. E até a conclusão do tempo oportuno, o fim será dado sobre a devastação. A vulgata traduz: In dimidio ebdomadis deficiet hostia et sacrificium et in templo erit abominatio desolationis et usque ad consummationem et finem perseverabit desolatio. A tradução, dada pelo comentário da BAC de professores de Salamanca, é: E sobre a asa, horrores, devastações até que a consumação decretada se derrame sobre o desolador Nácar Colunga Traduz: Em la mitad de la semana cesará el sacrifício y la oblación y habrá en el santuario una abominación desoladora, hasta que la ruina decretada venga sobre el devastador. [Em nota diz que os sacrifícios pagãos no templo duraram três anos; mas antes de sua inauguração tinha transcorrido meio ano (metade da semana)] . A Bíblia de Jerusalém: Sobre a asa será a abominação até o fim, até o término designado ao desolador. Finalmente a tradução moderna espanhola diz: a la mitad de la semana pondrá fin a los sacrificios y a las ofrendas. Y en el templo se cometerá un sacrilégio horrible, hasta que la ruina decretada caiga sobre o devastador. Bastam estes exemplos para ver que o texto é de difícil interpretação. Mas, qual era a abominação das devastações? Segundo os intérpretes, a última semana se abre com a morte de um ungido [o sumo-sacerdote Onias III]e se encerra com a morte de um príncipe perseguidor [o rei Antíoco Epífanes]. A obra perseguidora deste príncipe [Antíoco IV Epífanes] terminou com a profanação do santuário, colocando sobre o altar do templo [asa?] a estátua de Júpiter Olimpo, que será a abominação desoladora ou do semitismo abominação das desolações (LXX). Esta situação durará até que seja aniquilado o devastador. Segundo o Pe. Abel, haveria uma inscrição dedicatória: Baal Shamayim [Senhor dos céus] que faria jogo com Shomem [devastar]. A frase abominação desoladora aparece também em Dn 11, 31 e 12, 11. Nestes dois últimos textos aparece mais claro que essa abominação desoladora é a estátua de Júpiter Olimpo com o qual Antíoco chegou a igualar-se. Uma outra vez aparece a mesma expressão em 1 Mc 54 só que aqui eremoseos está em singular. E evidentemente se trata da estátua de Júpiter Olimpo, um ídolo pagão que transformou o templo num lugar devastado para o culto de Jahweh. Era o deserto, pois Jahweh não habitava no templo do qual tinha sido expulso para no seu lugar colocar um ídolo pagão. É o que a tradução espanhola moderna diz com a expressão: en el templo se cometerá un sacrilegiohorrible, ou um ídolo repugnante. Por isso Marcos (13, 14) e Mateus (24, 15) dão como sinal da destruição de Israel a abominação da desolação anotada pelo profeta Daniel. Na realidade, não houve nenhum ídolo colocado no templo de Herodes. Segundo S. Efrem, foi uma estátua com cabeça de porco que Pilatos introduziu sub-repticiamente no templo; uma imagem do César, segundo outros; finalmente, as profanações dos zelotas, ou o exército romano e seus estandartes. O fato mais próximo é o decreto de Calígula no ano 40 de colocar sua própria estátua no templo de Jerusalém. A ordem não foi executada, mas desde aquele decreto fatal, nunca cessou a ansiedade de que outro César mandasse a mesma coisa. Outros pensam que o sinal de Daniel foi a tremenda profanação do ano 69 em que os zelotas de Simão bar Giora assassinaram no templo a Eleazar ben Simão, um moderado que se opunha tanto a Simão [que tinha às suas ordens 10 mil homens], como a João de Gíscala, com 6 mil homens à sua disposição. Efetivamente, na Páscoa do ano 70, o povo que tinha se reunido no Templo para purificar-se e oferecer sacrifícios, foi atacada pelos partidários de João de Gíscala os quais assassinaram a Eliezer. Tito tinha chegado e começava o sítio da cidade. Já Lucas aponta ao cerco das tropas romanas (21, 20) como sinal da abominação. O fato é que os cristãos fugiram de Jerusalém e se refugiaram no outro lado do Jordão. Começado o ataque, Tito, diante do primeiro fracasso das máquinas de assalto, decidiu tomar a cidade pela fome. E construiu um muro de circunvalação para evitar que seus habitantes tivessem ajuda exterior. Os romanos talaram, pois, e destruíram tudo ao redor da cidade, num círculo de 18 km de raio, deixando a rocha pura e nua, coisa que hoje é possível conhecer por estudos arqueológicos. Assim se apoderou da torre Antônia e da esplanada do templo. O templo caiu entre julho-agosto e a cidade alta um mês mais tarde. A conquista de Jerusalém demorou de 3 a 4 meses.
ESTILO APOCALÍPTICO
SINAIS CÓSMICOS: Porém nesses dias após a tribulação essa, o sol escurecer-se-á e a lua não dará sua luz (24). E os astros do céu serão cadentese as forças, as dos céus, serão sacudidas (25).Sed in illis diebus post tribulationem illam sol contenebrabitur et luna non dabit splendorem suum. Et erunt stellae caeli decidentes et virtutes quae sunt in caelis movebuntur.
SINAIS APOCALÍPTICOS:Derivada, esta palavra, de APOCALIPSE que significa revelação, de tal modo que é com este título que os evangélicos denominam o último dos livros da Bíblia. A palavra é utilizada para designar a revelação dos desígnios mais profundos de Deus (Dn 2,23 no AT e Ap 1,1 no NT), e principalmente para manifestar a gloriosa presença e vitória de Deus e de seu enviado, Jesus Cristo, ao termo de um período da História Humana (Rm 2,5 e I Cor 1, 7). Como os livros dessa revelação foram escritos em tempos de perseguição, daí o estilo simbólico e metafórico para evitar serem compreendidos pela polícia profana que os perseguia (Mc 13,14) e daí também as exagerações e hipérboles próprias do mesmo (estilo apocalíptico). O castigo, as catástrofes tanto naturais, como típicas da guerra, os sinais celestes que precedem e acompanham as mesmas, são próprios de tal estilo. Acreditavam os antigos que a História humana estava antes descrita nos fenômenos celestes. Daí a Astrologia, que é admitida pela Bíblia (Mt 2,2). Entre estes fenômenos, devemos destacar os eclipses de Sol (se escurecerá), de lua (aparecerá vermelha, como no último eclipse total, vista na TV porque a luz do sol se difunde ao atravessar a atmosfera terrestre, ou se apagará) e as estrelas cadentes (os anjos cairão) (Mt 24, 29 e Mc 13,24-25). Por isso, Lucas fala só de que haverá “sinais” no sol, na lua e nas estrelas (21,25). As forças, ou poderes do céu que mantinham o firmamento, [a cúpula sólida que separava o primeiro do segundo céu] serão agitados (as colunas da terra serão abaladas), as enchentes (água transformada em sangue), erupções vulcânicas (o fogo) junto às tempestades violentas (o mar alvorotado) (Lc 21, 25-27). Tudo sem distinção de lugar e tempo definidos, como se o mundo estivesse todo centrado em Jerusalém e sua vizinhança, de modo que a terra global pequenininha, que vemos hoje pela TV a centenas de kilômetros de altura, estivesse presente na mente do profeta de forma que a terra, todo o mar e todos os céus fossem comovidos num único instante que está próximo e numa única região da qual o centro fosse Jerusalém. Um exemplo deste estilo no AT está na profecia sobre a destruição de Babilônia (Is 13,10 e 13). Uma pergunta: A que se refere o evangelista quando fala das forças dynameis<1411>, ou poderes do céu, como sendo abaladas? Com as mesmas palavras Mateus (24, 29) e Lucas (Lc 21, 26) se referem aos mesmos fenômenos. Além do exposto anteriormente sobre as colunas do céu [as colunas de Hércules no fim do mundo conhecido é um paradigma] devemos também unir essas forças com as diversas funções de anjos. Paulo em Rm 8, 38 fala de anjos, principados e potestades [dynameis]. A palavra dynamis significa força e, em termos bíblicos, capacidade de realizar uma coisa, bem por possibilidade física [virtus], bem por autoridade moral [potestas]; em 1 Cor 15, 24, Paulo dá uma lista parcial dos poderes celestes: principados, potestades e poderes, aos quais em Efésios 1,21 acrescenta senhorios, kyriotetos<2963>. São diversas categorias de anjos, usadas na angeologia judaica da época, sem excluir os anjos maus. São nomeados, não pelo nome, mas pelo poder de governo a eles atribuído. Não podemos excluir esta última interpretação, embora seja a primeira a que melhor combina com nossa maneira de pensar atual.Nesse caso, as forças celestes que dominam as terrestres, são abaladas antes, de modo que o desastre na terra é uma consequência do que anteriormente passava no céu; pois como diz Lucas, os homens ficarão cheios de temor pelas coisas que sobrevirão ao universo pois as forças do céu serão sacudidas (Lc 21, 26). A linguagem bíblica que introduz desse modo as potências celestes indica que o próprio Deus está implicado diretamente nos sucessos relatados.
A PARUSIA: E então verão o Filho do Homem vindo nas nuvens com muito poder e glória(26). Et tunc videbunt Filium hominis venientem in nubibus cum virtute multa et gloria. PARUSIA: Derivada do verbo pareimi [estar perto], significa vinda gloriosa de Jesus no fim da História Humana. A primeira comunidade não distinguiu bem entre proximidade teológica e proximidade cronológica, pela qual, durante algum tempo, se pensou que fosse iminente esta última. “Já é hora de despertar do sono, porque agora está mais perto de nós a salvação que quando abraçamos a fé. A noite está avançada e o dia está perto, portanto deixemos de lado as obras das trevas e revistamo-nos das armas da luz”(Rm 13,11-12). Os primeiros cristãos não entendiam o atraso da Parusia. Em 2Pd 2, 8-10 temos uma explicação desta demora: “Ló, no meio de gente dissoluta, se afligia diariamente à espera do dia do julgamento”. O Senhor sabe livrar os piedosos da tentação e reservar os criminosos para serem castigados no dia do julgamento. Existem duas interpretações sobre estas palavras de Jesus no versículo 26: 1ª) A que tem como base a história final da humanidade. Tal foi o último capítulo da Didaqué que fala expressamente de éschatos kairós [o tempo final] e que S. Irineu aceita, aplicando junto com Hilário, ao Anti-Cristo as palavras abominação da desolação. Porém tem uma dificuldade nos textos que podemos chamar judaicos como são: Mc 13, 30, Mt 24,16 e 24, 20 e Lc 21, 28, donde o tempo é próximo, antes de acabar a geração presente. 2ª) Baseada na História da época, defendida por S João Crisóstomo e seus seguidores. Não se trata da consummatio orbis [mundo], mas da consummatio urbis [Jerusalém]. Em seu favor temos as palavras de Jesus: Não passará esta geração sem que tudo isso aconteça (30). Pelo estilo apocalíptico podemos explicar os exageros de forma, que encontramos na redação. Nesta segunda interpretação podemos admitir que o fim do mundo será semelhante ao fim de Jerusalém, pois a História é cíclica e repete sempre suas circunstâncias extremas.
FILHO DO HOMEM: É uma expressão semita, que significa uma pessoa humana, sobretudo como ser frágil e mortal em oposição ao ser divino (Is 51,12). A passagem do AT, da qual é tomada esta imagem, é Dn 7, 13: Notei vindo das nuvens do céu um como filho do homem [bar nashá em aramaico e ben adam em hebraico]. No livro de Daniel descreve-se o quinto reino, posterior ao de Antíoco Epífanes, como tendo a figura de um homem, ou Filho do Homem, provindo das nuvens do céu (Dn 7, 13-14). Inicialmente, esse Filho do Homem significa o povo escolhido dos santos (Dn 7,18; 22 e 27). Porém como o reino era identificado com o seu rei, daí que a expressão Filho do Homem tenha também um valor individual, glorioso e transcendente. É o que vemos na literatura intertestamentária, especialmente no apócrifo de Henoc. Com este sentido, Jesus o admite para si como único título messiânico, dentre as setenta vezes que aparece nos evangelhos. Assim aparece umas vezes, para sublinhar seu poder e condição transcendente (Mt 9, 6 e 12, 8); outras, para destacar o momento de sua paixão e ressurreição (Mc 8,3); outras, para aludir ao fato de seu triunfo e sua parusia (Mc 8, 38) e finalmente, ao se referir a si mesmo, como substituto de “a gente” [eu humilde] em português (Mt 8, 20 e 16, 13). De novo estamos dentro de uma forma literária que é poética e apocalíptica, em que a imagem substitui a realidade. Surge daí uma forma nova de interpretar o que se tem chamado ESCATOLOGIA: O termo é de origem grega e significa discurso ou tratado sobre as coisas últimas e definitivas que devem suceder ao homem e ao mundo. Somente o adjetivo, Eskhatós (=último) se encontra na Bíblia para evocar a irrupção definitiva do reino e os acontecimentos que a acompanham. Estes acontecimentos, e a irrupção final, foram anunciados pelos profetas, sem distinguir entre o tempo de Cristo, como tempo último, posterior à aliança mosaica, e o tempo da consumação final (Ez 38-39 e especialmente 39,23). Daí que temos distinguido entre escatologia teológica e escatologia cronológica. O NT distingue os dois tempos, com o Cristo inaugurando dentro do tempo último ou escatológico, um que podemos chamar teológico (Hb 1,2), mas ainda esperando o fim, a consumação definitiva e última; e outro, o tempo cronológico, quando submetidos todos os inimigos ao Cristo, este vence o último de todos, a morte, e entrega o Reino ao Pai (I Cor 15,25-28). Assim, os modernos distinguem entre o reino de Cristo, que se inicia com a sua ressurreição e tem um impacto forte quando da destruição de Jerusalém, e o Reino do Pai que se inicia definitivamente com o julgamento do dia final (Mt 25, 34-46). O texto será interpretado por Ap 1, 7: Eis que vem com as nuvens e todo olho o verá, até quantos o traspassaram. E todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Podemos dizer que reina como Jahweh, entronizado sobre as nuvens (Sl 104, 3), que não necessariamente devem aparecer, mas são símbolos da origem de seu poder e glória.
A SEPARAÇÃO : E então enviará seus mensageiros e congregará seus escolhidos dos quatro ventos do limite da terra até o último extremo do céu (27). Et tunc mittet angelos suos et congregabit electos suos a quattuor ventis a summo terrae usque ad summum caeli. Mateus acrescenta que a reunião será conhecida pelo toque da trombeta e a grande voz. Uma outra divergência é que parece que os escolhidos para Mateus, são seres que estão no céu, pois Mateus diz que os reunirá desde os quatro ventos,[quatro ângulos] a começar dos últimos céus até os limites dos mesmos (Mt 24, 31). Temos traduzido akron [o último confim, o extremo, e em referência ao céu, o horizonte] por limite ou final. Os leitores ficam em espera de qual seria o propósito dessa reunião. O evangelista nada diz. E logicamente isso dá lugar a diversas interpretações. Sobre os escolhidos, há quem os reduza a termos judaicos do tempo de Jesus, segundo a segunda das interpretações, ou seja, a cronologicamente histórica sobre o fim de Jerusalém. Acreditamos que aqui encontramos a diferença essencial com os desígnios divinos do AT: contrariamente ao povo de Israel e aos levitas e sacerdotes, filhos de Levi, escolhidos de uma única etnia. O NT escolhe seus eleitos [o novo povo de Cristo] de todos os cantos da terra: dos quatro ventos da terra até o confim do horizonte [o último extremo do céu]. Este versículo não indica, pois, o final mas, o início de uma nova era ou eón. É o mistério que Paulo diz lhe foi revelado: os gentios são co-herdeiros, membros do mesmo corpo e co-participantes da Promessa em Cristo Jesus, por meio do evangelho (Ef 2, 6). Também em Paulo encontramos esta explicação, que indica ser essa vinda um triunfo do cristianismo contra seus inimigos: Quando se revelar o Senhor Jesus, vindo do céu, com os anjos do seu poder, no meio de uma chama ardente [o sinal do Filho do Homem, semelhante ao de Jahweh no Sinai(?)], para vingar-se daqueles que não conhecem a Deus e que não obedecem ao evangelho do Senhor Jesus (2 Ts 1, 7-8). Porém, se queremos uma explicação sobre o eschaton, o fim dos tempos, a encontramos em 1 Ts 4, 16-18: os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; em seguida, nós, os vivos que estivermos lá, seremos arrebatados com eles nas nuvens para o encontro com o Senhor, nos ares. E assim estaremos para sempre com o Senhor. Porque Paulo dá a entender em 1Cor 15, 51-52: Eis que vos dou a conhecer um mistério: nem todos morreremos, mas todos seremos transformados, num instante, num abrir e fechar de olhos, ao som da trombeta final; sim, a trombeta tocará, e os mortos ressurgirão incorruptos, e nós seremos transformados. A trombeta, desde o Sinai, faz parte do simbolismo das manifestações divinas (ver Mt 24, 31). Ela assinala o ritmo das etapas do desígnio final de Deus (ver as sete trombetas do Apocalipse, cap 8). Talvez estes textos, não incluídos em Marcos ou Lucas, mas que vemos em Mateus 24, 31, serviram para transformar uma profecia sobre a destruição de Jerusalém [consummatio urbis], ou melhor, do templo e da Antiga Aliança, em profecia escatológica [consummatio orbis]. De fato, em Lucas, temos uma referência que indica ser esse dia e hora – desconhecidos pelo Filho enquanto homem – um triunfo de Jesus sobre seus inimigos, pois pede aos discípulos para se levantarem e alçarem a cabeça, não como derrotados, submissos e com a cabeça em terra, pois esse é o dia de sua libertação.
EXEMPLO DA FIQUEIRA
A PARÁBOLA: Por isso, aprendei da figueira o exemplo: quando na hora em que o galho se tenha tornado tenro e tenham germinado as folhas, conheceis que o verão está próximo (28). Assim também vós, quando estas coisas tenhais visto que acontecem, sabei que está perto, às portas (29). A ficu autem discite parabolam cum iam ramus eius tener fuerit et nata fuerint folia cognoscitis quia in proximo sit aestas. Sic et vos cum videritis haec fieri scitote quod in proximo sit in ostiis. Com estas palavras, Jesus anuncia duas coisas: que os ouvintes estarão presentes quando os sinais anunciadores aparecerem; e segundo, que eles conhecerão perfeitamente o tempo do evento final, ou seja, o tempo do triunfo de Jesus. O mundo do templo, muito mais do que o mundo de Jerusalém, seria destruído e chegaria o verão, o tempo da colheita, em que os bons serão separados dos maus (Mt 13, 30). Logicamente os bons são os israelitas que acreditaram no evangelho. A figueira é uma das poucas árvores que perdem suas folhas no inverno palestino e começa a se revestir de folhas em abril, quando não há que temer as inclemências do frio invernal. Na época só se distinguiam na Palestina duas estações: inverno e verão. Os rabinos calculavam entre 80 e 100 dias desde a aparição das folhas até a aparição dos primeiros frutos. Daí a figura clássica da figueira que prognostica a época da colheita, colheita que seria a aparição do triunfo de Jesus como Cristo, o Ungido único do Senhor, o único Messias dado ao povo de Israel, que não deveria esperar um outro, pois o templo ficaria devastado definitivamente, indicando a dissolução do pacto divino. Sabei que está perto: Marcos não diz que coisa está para se cumprir. Mas dados os sinais anteriores, dos quais a figueira é um paradigma, temos que recorrer ao versículo primeiro, fonte do discurso: está perto: Não ficará pedra sobre pedra que não seja demolida (Mc 13, 2).
ANTES DO TÉRMINO DESTA GERAÇÃO: Amém (verdadeiramente) digo-lhes, que de maneira nenhuma estará concluida esta geração até que todas estas coisas tenham sucedido(30 O céu e a terra perecerão mas as minhas palavra jamais serão mudadas (31).). Amen dico vobis quoniam non transiet generatio haec donec omnia ista fiant. Caelum et terra transibunt verba autem mea non transibunt. O amém é uma confirmação de que toda a força da verdade está na afirmação a seguir. Jesus afirma que tudo estará cumprido antes da geração ter acabado. As afirmações estão em sentido negativo e forte, empregando dois termos gregos [ou e më] que podemos traduzir por jamais ou nunca, muito melhor que por um simples não. O tempo de uma geração era de 30 anos, segundo Plutarco, mas o verbo usado, parelthe<3928>, indica preferentemente o tempo de uma vida humana, ou seja, que ainda haveria pessoas, atualmente presentes, vivas no triunfo de Jesus. Todas estas coisas, que significa? Os sinais, a abominação, o triunfo? Cremos que Jesus responde à pergunta: dize-nos quando será isso e qual o sinal de que todas estas coisas estarão para acontecer? A pergunta foi uma interrogação sobre a destruição do templo, predita por Jesus e com ela o pacto com o antigo Israel: Não ficará pedra sobre pedra (Mc 13, 2). Esta deve ser a reposta interpretativa, essencial, das palavras de Jesus. Realmente, do templo não ficou nada e unicamente hoje temos um trecho do muro oeste, que podemos afirmar que formava parte do fundamento do templo e que ainda está conservado. Da época temos ruínas dos diversos templos, mas do templo de Jerusalém só podemos ver os fundamentos e alguns túneis subterrâneos, agora descobertos. O triunfo de Jesus será indicado pela destruição do templo de modo que agora os olhos da esperança messiânica só poderão enxergar o traspassado e não haverá um outro templo (Jo 19, 37).
O DIA E A HORA: Mas a respeito daquele dia e da hora ninguém tem visto; nem os anjos no céu, nem o Filho, senão o Pai (32). De die autem illo vel hora nemo scit neque angeli in caelo neque Filius nisi Pater. Com o dia e hora pretende Jesus que ninguém podia saber, nesse momento em que falava, o instante exato do evento. Os anjos são citados, pois acreditava-se que eles conheciam muitos dos secretos ou mistérios de Deus. Num processo crescente, como se ele, Jesus, tivesse conhecimento superior ao dos próprios anjos, também se declara ignorante desse detalhe. O Filho está em substituição de Filho de Deus, não de filho do homem, pois nunca [‘uios <5207>, filho] sozinho, é usado como equivalente ao título de Filho do homem e sim como abreviação de Filho de Deus. A palavra Pai inclui toda a Trindade, pois em toda ela se dá uma única essentia , voluntas et notitia [essência,vontade e saber]. A solução é que a natureza divina de Jesus conhecia o momento, mas a natureza humana não, porque aquele que assumiu todos os elementos da fraqueza humana, também assumiu o saber e a ignorância que aumentam ou diminuem com o tempo. O vere homo [verdadeiramente homem] sempre foi subordinado ao vere Deus [verdadeiramente Deus], e este versículo pode ser interpretado como parte da solidariedade de Jesus com a impotência humana. Jesus confessa que como homem não tem uma ciência total. E como os fatos anteriores são da grande tribulação com respeito a Jerusalém, o que significa sofrimentos e morte, de forma que, se os dias não fossem abreviados, ninguém se salvaria (13,2), Jesus pede além da vigilância, a oração.
PISTAS: 1) Talvez seja esta a página mais sombria de um evangelho que se traduz como boa nova. Mas devemos pensar que as tintas negras são para um povo que, vendo em primeira mão a luz não quis enxergar, e ouvindo diretamente as palavras da salvação, se obstinou em não escutá-las (Lc 8, 10). Por isso a nossa oração deve ser como a do cego de Jericó: Senhor, que eu veja!(Mc 10,51).
2)Não devemos temer o encontro com Jesus no dia final de nossa vida (a nossa parusia em particular) se temos o costume de encontrá-lo cada dia como Mestre e Senhor, porque as palavras que ouviremos nesse dia serão sem dúvida: Muito bem, servo bom e fiel. Vem alegrar-te com teu senhor! (Mt 25,21).
3) A centralização de nossa vivência religiosa em Cristo como homem, pois a sua presença já está viva entre nós. O Reino lhe pertence, já tem chegado, e seu anúncio é uma convocação universal da qual somos partes e arautos, especialmente os consagrados a ele ou ordenados como seus ministros (anjos).
4) Toda religião que promete um tempo imediato de parusia é falsa. Porque a parusia já está atuando desde a ruína do templo. Haverá momentos em que essa parusia (presença) se manifesta mais claramente como na queda do muro de Berlim, para citar um exemplo moderno. Mas Jesus está sempre presente e atuando na história. Assim como os judeus acreditavam na presença de Jahvé no templo, porque ele se manifestou no deserto, também temos o direito de ver Jesus na história, máxime quando sua presença é real na Eucaristia e Ele a promete profeticamente: Eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos (Mt 28,20).
08.11.2009
32º Domingo do Tempo Comum- Ano B - Verde
__ “QUEM NADA TINHA, DEU TUDO...” __
Comentário: Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!
Jesus é a revelação da presença humilde de Deus entre nós, em contato com as multidões, fazendo-se igual a todos em tudo que há de bom, justo e verdadeiro, para nos comunicar sua vida divina e eterna pela vivência do amor e da misericórdia.
(coloque o cursor sobre os textos
em azul abaixo para ler o trecho da Bíblia)
PRIMEIRA LEITURA (1Rs 17,10-16): - "A vasilha de farinha não acabará e a jarra de azeite não diminuirá, até ao dia em que o Senhor enviar a chuva sobre a face da terra"
SALMO RESPONSORIAL Sl 145: - "Bendize, minh’alma, bendize ao Senhor!"
SEGUNDA LEITURA (Hebreus 9,24-28): - "Cristo não entrou num santuário feito por mão humana, imagem do verdadeiro, mas no próprio céu, a fim de comparecer, agora, na presença de Deus, em nosso favo"
EVANGELHO (Mc 12,38-44): - "Todos deram do que tinham de sobra, enquanto ela, na sua pobreza, ofereceu tudo aquilo que possuía para viver."
- "QUEM NADA TINHA, DEU TUDO..."
(por Diácono José da Cruz)
Li umas várias vezes o evangelho desse domingo, e em pensamento queixei-me com o seu autor, o Evangelista São Marcos, pois á primeira impressão que se tem, é que Jesus estava falando de um assunto, no caso, da ostentação dos escribas, e de repente mudou, como se diz “de saco prá mala”, abordando a oferta da viúva pobre. Parece que encerrou uma conversa e iniciou outra, assim, a abordagem fica meio complicada.
Achei melhor pedir socorro á primeira leitura, que compõe a liturgia e que não está ali só de enfeite: Na casa de uma viúva pobre, o profeta Elias, primeiro pede-lhe água para beber, depois, o profeta meio folgado pediu também um pedaço de pão, o que colocou a pobre mulher em pânico, pois o restinho de farinha que possuía, só dava para fazer um pãozinho que seria a última refeição para ela e o filho.
Aqui dá para perceber algo em comum entre essas duas viúvas, as duas moedinhas de cinco centavos, e o punhadinho de farinha, que sobrou no fundo da despensa, era tudo o que as duas tinham. Como dar para alguém algo que é essencial para nós? Tirar da própria boca para sustentar o outro, não é arriscar passar fome por causa daquilo que se deu? Há uma perda material, isso é indiscutível, entretanto o Profeta garante que aquela pobre viúva não ficará desassistida, não lhe faltará aquilo que é essencial para a sobrevivência, a farinha e o óleo, até o dia em que Deus mandar a chuva, que fertilizará a terra, acabando com a miséria daquela região. O amor ágape é sempre um mistério, quanto mais se ama e se doa, mais se tem! Aqui começa a ganhar corpo uma idéia bonita, a do amor que se doa por inteiro, que não dá ao outro as migalhas, ou o que está sobrando e não vai lhe fazer falta.
O amor verdadeiro nos faz perder algo, pelo menos na lógica humana, isso é mesmo uma grande verdade, quem se dedica a um enfermo dia e noite, cuidando dele com paciência e carinho, quem se dedica aos filhos, ou ao esposo ou a esposa, com igual dedicação, Quem se dedica aos trabalhos da igreja, ou a família, se o fizer de forma autêntica, estará perdendo algo precioso: o seu tempo, por exemplo, que poderia ser melhor aproveitado, quem sabe, dedicando-se ao lazer, a algum negócio rendoso, esse tempo que foi dedicado a alguém em especial, ou á comunidade, não voltará jamais, ficou perdido. Parece que amar é perder sempre algo que nos é essencial.
Deus não nos deu o que lhe sobrava, e que não ia lhe fazer falta, mas o que tinha de mais precioso e valioso, seu amado Filho Jesus, que por sua vez, vivendo a fidelidade da missão, chegou à encruzilhada Getesâmani, “Beber o cálice de amargura, que significaria abrir mão de sua vida, pela salvação de todos, ou encontrar outra forma de amar, que não significasse uma perda total”. Afastar-se do cálice ou aceitá-lo? Sendo Deus, só podia mesmo nos amar com o amor de Deus, que olha a miséria humana com misericórdia e compaixão, e entrega a sua vida, na juventude dos 33 anos, com um amor sem limites. Aceita o sacrifício vicário, morrer em lugar de todos, para que todos pudessem se salvar. Ele não poderia morrer somente para os bons, os que fossem corresponder ao seu grande amor, ontem, hoje e no futuro, mas sua morte resgatou, e continuará a resgatar muitos ímpios.
E com a ajuda preciosa das duas primeiras leituras, agora sim, dá para entender o porquê do seu elogio aquela pobre viúva, ele não olhou para o valor que estava sendo ofertado, mas sim para a disposição interior daquela mulher que com certeza pensava “Ao meu Deus, que me deu tudo, também ofereço este pouco, que é meu tudo”. Pelo que diz o santo evangelho, os escribas gostavam de ser notados, por tudo o que faziam, impondo admiração e respeito, conquistando assim os lugares de maior importância. Aparentemente estavam se doando a Deus e aos irmãos, mas na verdade, cobravam, pela sua doação, um alto preço, o prestígio, a fama, o poder e o domínio sobre os demais. Mas havia também nas comunidades de Marcos, como há nas nossas, uma gente que se doa totalmente, e nem aparece, são discretos no servir, dão o melhor de si, talvez não exerçam um trabalho importante, mas tem no coração o carisma do amor sem medidas e sem reservas, que se doa com humildade e alegria. Uma gente que espalha alegria e o doce perfume de Cristo por onde anda.
Não nos deixemos enganar pelo falso brilho dos escribas, o poder e o brilho que ostentam, é efêmero! Busquemos no anonimato da assembléia, aqueles e aquelas que refletem no rosto o Cristo Servidor, são esses que fazem a nossa Igreja caminhar, e que a sustenta com uma oração sincera e um coração repleto de amor a Cristo e aos irmãos. ...(32º. Domingo do Tempo Comum – Mc 12, 38-44)
José da Cruz é
diácono permanente
da Paróquia Nossa S. Consolata-Votorantim
e-mail:jotacruz3051@gmail.com
Comentário Exegético – XXXII Domingo do Tempo Comum (Ano B)
Segunda Leitura - Epístola aos Hebreus 9, 24-28
CRISTO, SUMO-SACERDOTE
(Pe Ignácio, dos padres escolápios)
INTRODUÇÃO: Dois rasgos característicos do sacerdócio de Cristo encontramos nesta epístola: O primeiro, foi sua atuação como Sumo- Sacerdote no momento de sua morte. Com seu próprio sangue fez a propriação pelos pecados do mundo. Foi um ato de expiação. O segundo, é a propriação constante diante do trono divino por aqueles que nele esperam a salvação. É um ato de intercessão. Somente no fim da História, o eschaton dos tempos, é que sua figura se transformará em Juiz para os que não o quiseram receber como Salvador. Porém será motivo de salvação e alegria para os que nele depuseram suas esperanças. O VERDADEIRO TEMPLO: Pois não entrou o Cristo em templos [agia=sanctis] fabricados por mãos [cheiropoiëta=manufactis], figuras [antitupa=exemplaria] dos verdadeiros [alëthinön=verorum], mas no próprio céu, para agora estar presente [emfanisthënai=appareat] para nós, diante da face [prosöpö=vultui] de (o) Deus(24) .Non enim in manufactis sanctis Iesus introiit exemplaria verorum sed in ipsum caelum ut appareat nunc vultui Dei pro nobis Hebrews. TEMPLOS: Agion, neutro se refere ao lugar sagrado com o to [artigo determinante] ou seja, to agion. A palavra sai pela primeira vez nesta carta em 8, 2, tendo como ministro [leitourgos] dos lugares sagrados [tön agiön] e do tabernáculo, Cristo. Pelo que vemos, agia [plural de agion] significa o santo dos santos [Kodesh ha-Kodashim hebraico] que a Setenta traduz por to agion tön agiön (Êx 26, 36).A tradução correta seria: não entrou em lugar santíssimo fabricado por homens…
FIGURA: Antitupos é modelo, reflexo, semelhança. Só saitambém em 1 Pd 3, 21, onde a arca se transforma na figura do batismo. O templo e o santuário eram, pois, figuras dos verdadeiros lugares sacros que estavam realmente habitados pela presença omnímoda divina: os céus, onde seu Reino não tinha opositor, nem podia existir outra vontade contrária: Faça-se a tua vontade assim na terra como è feita nos céus, mandou Jesus que recitássemos (Mt 6,10). ESTAR PRESENTE: O verbo Emfanizö significainformar, manifestar, aparecer e, em sua forma passiva, ou melhor reflexiva, seu significado é manifestar-se, revelar-se, dar-se a conhecer, que é traduzido na TEB por comparecer e que temos traduzido por estar presente em nosso favor, como testemunha de equidade, por assim dizer, diante da face [prosöpö] do próprio Deus. O autor da carta compara Jesus com o ministério dos antigos Sumos-Sacerdotes que compareciam, uma vez ao ano, diante da arca em cujo trono, formado por dois querubins, se supunha estava assentado Jahveh como presidindo o santuário no meio de seu povo (Sl 80,2 e 99, 1).Logicamente não para julgar a terra, mas para interceder, como sumo-sacerdote, pelos pecados do povo. A isso aponta o uper ëmön, em favor nosso [pro nobis latino] do texto.
MODELO DO AT: Nem para se oferecer [prosferë=offerat] muitas vezes [pollakis=saepe], ao modo como o Sumo sacerdote entra nos santuários cada ano, com sangue alheio [allotriö=alieno] (25). Neque ut saepe offerat semet ipsum quemadmodum pontifex intrat in sancta per singulos annos in sanguine alieno. O verbo Prosferö significa oferecer um presente como os Magos em Mt 2, 11 ou apresentar alguém, como foi feito ao trazer os doentes em Mt 4, 24 e especialmente das ofertas no templo (Mt 5, 23 e 24 ). Fora dos evangelhos só sai 2 vezes em At (8, 18 e 21, 26).No primeiro caso, quando Simão ofereceu dinheiro para comprar os dons do Espírito e no segundo, quando Paulo ofereceu sua oferta para se purificar. Nesta carta, sai 18 vezes como termo técnico correspondente ao sacerdote que apresenta à divindade um sacrifício ou dom. Hebreus aqui traz à memória as vezes [POLLAKIS] em que, no ano, se celebrava a festa do Yom Kippur, ou da Expiação.
NOS SANTUÁRIOS: O plural agia é traduzido por santuário. Na realidade, eram duas as salas em que só entravam os sacerdotes e que formavam o naos propriamente dito: o santo e o santíssimo. O naós clássico era a nave onde estava a imagem do deus e que se distinguia do resto do templo chamado de ‘ieron. Precisamente naós deriva de naiö [habitar] e era o cubículo em que se encontrava a imagem do ídolo. Também recebia o nome de domos [casa] e sëkos [recinto], palavras que não se encontram na Escritura. Esta distinção está clara na bíblia em Mt 23, 16 sobre o naós e 4, 5 sobre o ‘ieron. Ela também dá uma força que inutilmente podemos encontrar na Vulgata ou nas traduções vernáculas:o templo [naós] de Deus, que sois vós, é sagrado (1Cor 3, 17). A tradução latina templum como a das línguas vernáculas, está aquém do significado de naós que deve ser santuário, ou tabernáculo, onde realmente habitava o deus pertinente. Em 9, 3 o nosso autor dirá que detrás do segundo véu [katapetasma] estava o tabernáculo [skënë] o chamado santo dos santos [agia agiön], sendo skene feminino. COM SANGUE ALHEIO: A carta recorda o rito do AT em que um dos bodes era sacrificado e com seu sangue era aspergido o propiciatório (Lv 16, 14) após ter coberto o mesmo com a nuvem do incenso para evitar a sua morte (idem 16, 13). Esse rito realizava-se cada ano, no dia da Expiação [yom Kippur]
O SACRIFÍCIO DE CRISTO:Visto que [epei=alioquin] convinha [edei=oportebat] que ele padecesse muitas vezes desde a fundação [katabolës=origine] do mundo, agora pelo contrário [apax=semel], .uma única vez, no fim dos tempos [sunteleia=consumatione], para extinção [athetësin=destitutionem] do pecado, se manifestou pelo seu próprio sacrifício [thusias=hostiam] (26). Alioquin oportebat eum frequenter pati ab origine mundi nunc autem semel in consummatione saeculorum ad destitutionem peccatiper hostiam suam apparuit. CONVINHA: O edei grego é imperfeito do verbo deö atar, colocar sob a obrigação, como em Mt 16, 21: Jesus disse que deveria ir a Jerusalém e sofrer etc. O sentido da frase é que assim como o Sumo sacerdote entrava muitas vezes no tabernáculo com sangue alheio, o Cristo com seu sangue deveria sofrer muitas vezes; e isto desde a fundação do mundo, pois dessa época foi constituído como Sumo sacerdote. Porém, o caso foi único [apax] e no fim dos tempos [sunteleia] cujo significado é conclusão, consumação, fim. Em Mt 13, 39 Jesus diz que a ceifa é o tempo do fim dos tempos. Ou como em Mt 28, 20 até a conclusão da época (atual). EXTINÇÃO: Poderíamos dizer abolição [do pecado]. Por isso foi chamado do cordeiro que tira o pecado do mundo (Jo 1, 29). SACRIFÍCIO: Em grego Thusia em quea oferenda era uma vítima que deveria ser morta, como indica o verbo Thuö que indica oferecer sacrifícios, primariamente do fumo de incenso [thumos], obtido através de ser queimado, como eram as vítimas dos sacrifícios cruentos.
A SEGUNDA VINDA: E assim como está estabelecido [apokeitai=statutum est] aos homens morrer uma vez [apax=semel] e, logo, o julgamento [krisis=iudicium] (27), assim o Cristo, uma vez oferecido [prosenextheis=oblatus] para carregar [anenegkein=exhaurienda] os pecados de muitos, pela segunda vez, sem pecado, aparecerá [ofthësetai=apparebit] aos que o esperam [apekdechomenois=expectantibus] para salvação [söterian=salutem] (28). Et quemadmodum statutum est hominibus semel mori post hoc autem iudicium, sic et Christus semel oblatus ad multorum exhaurienda peccata secundo sine peccato apparebit expectantibus se in salutem. ESTABELECIDO: Do verbo apokeimai, que significa deitar, estar em depósito, estar separado ou reservado. Exemplos: eis minha mina aqui está guardada num lenço (Lc 19, 20). Ou melhor: por causa da esperança que vos está preservada (Cl 1, 5). A tradução é, pois, está ordenado ou estipulado. É uma norma da qual nenhum homem foi dispensado. JULGAMENTO: Krisis grego significa separação, quebra, divisão e ao mesmo tempo julgamento, seleção, processo judicial, sentença, decisão judicial. Encontramos em Jo 8, 16: Se eu julgo [krinö] -dirá Jesus- o meu juízo [krisis] é verdadeiro.O julgamento final está claro em Mt 10, 15 onde no dia do julgamento [en emera kriseös] haverá menos rigor com Sodoma e Gomorra do que com aquela cidade, como repete Mc 6, 11. Que seja a última e definitiva sentença vemos em Jd 1,15: para fazer julgamento [krisin] contra todos e convencer todos os ímpios acerca de todas as suas obras ímpias. Que seja o último é claro como vemos em Mc 3, 23 em que a blasfêmia contra o Espírito, o Santo, não tem perdão porque é réu de um julgamento [kriseös] eterno. João no capítulo V dirá: que o julgamento [krisin] foi dado a ele pelo Pai e que quem ouve sua palavra terá a vida eterna e não entrará no juízo [krisin] (v 22 e 24). João no versículo 29 distingue entre os que fizeram o bem que ressuscitarão para a vida eterna e os que praticaram o mal para a ressurreição do julgamento [eis anastasin kriseös]. O Catecismo da Igreja Católica fala do tempo histórico e do além do mesmo que deve atravessar por um juízo escatológico. O Reino não se realizará por um triunfo histórico da Igreja, mas por uma vitória de Deus sobre o último brote e estalhido do mal, tomando a forma de um juízo final.Veremos no exemplo, como devemos interpretar as palavras divinas referentes ao mundo do além. CARREGAR OS PECADOS: Lemos em Isaías 53, 12 como o servo de Jahveh, contado entre os transgressores, contudo, levou sobre si o pecado de muitos [amartias pollön avëneken=peccatum multorum] e pelos transgressores intercedeu. DE MUITOS: Não é o oposto a todos, mas a poucos. Quer dizer que a salvação será de muitos e não de uns poucos. Mt 29, 28 abunda na mesma ideia: entregar sua vida como resgate para muitos [anti pollön=pro multis], que outros traduzem pela multidão. APARECERÁ: Melhor, será visto sem pecado, isto é, sem as debilidades e sofrimentos que o pecado, como assumido, acarretou à paixão de Cristo. AOS QUE OS ESPERAM: O mundo todo estava na expectação de forma ansiosa [apokaradokia=expectatio] pela revelação dos filhos de Deus (Rm 8, 19) e esperando [apekdechomenous=expectantibus] também a revelação do Senhor Jesus Cristo (1 Cor 1,7). Esta espera ansiosa era sobre a salvação. SALVAÇÃO: Há na Escritura 4 formas de salvação do pecado e suas consequências: da culpa, do poder, da presença e do prazer. A salvação será completa quando também o corpo ver-se-á livre da corrupção. Assim em Fp 3, 20: Paulo fala da nossa pátria que está nos céus de onde também expectamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo. O ministério profético [em nome de Deus] de Cristotem três etapas diferentes: Mestre e profeta, durante sua vida pública. Vítima e Sacerdote, desde a paixão até os tempos escatológicos. Finalmente, juiz e Rei, desde sua segunda vinda, onde seu triunfo será total e visível.
Evangelho
XXXII DOMINGO DO TEMPO COMUM (MARCOS 12, 38-44)
Lugares paralelos Mt 23, 1-36 e Lc 20, 45-47
Denúncia contra os escribas. O óbulo da viúva
INTRODUÇÃO: Desde o capítulo 11 [entrada em Jerusalém] o antagonismo entre Jesus e os fariseus é evidente: começa com a expulsão dos mercadores do templo, e uma série de discussões sobre questões apresentadas pelos legistas que resolve Jesus magistralmente. O imposto a César, a ressurreição dos mortos, o primeiro mandato. Como conclusão, Jesus declara que os escribas [os intelectuais entre os fariseus] não mereciam o respeito e admiração com o qual o povo os distinguia. Este é o momento do evangelho de hoje, em que Jesus apresenta o chamado fermento dos fariseus (Mt 16, 6) e o desmascara de forma absoluta e total. São dois os episódios a comentar: a ambição de poder e honra dos escribas e a pobreza, como consequência de seus atos.
DENÚNCIA DOS ESCRIBAS
(Mt 23, 1-36 e Lc 20, 45-47)
A LIÇÃO: Então dizia-lhes em seu ensino: olhai contra os escribas, os que desejam em longos vestidos [estolas, ou vestes talares] deambular e saudações nas praças (38). Et dicebat eis in doctrina sua cavete a scribis qui volunt in stolis ambulare et salutari in foro. Mateus, em lugar paralelo, fala de escribas [grammateis] e fariseus. Na realidade, os escribas pertenciam, na sua maior parte, ao grupo dos fariseus, já que grande parte de sua erudição provinha da tradição que não era admitida pelos saduceus como Lei. Por isso, Jesus podia afirmar que na cátedra de Moisés se assentaram os escribas e fariseus (Mt 23, 2). Lucas copia exatamente com as mesmas palavras a advertência de Jesus narrada por Marcos (Lc 20, 46); unicamente substitui o verbo olhai por estai atentos contra. De fato, olhai contra é traduzido por cavete em latim, ou seja, guardai, tomai cuidado. Vamos explicar os vestidos longos, ou talares. A stola latina deriva da stolë grega. Era uma vestidura ampla e longa que gregos e romanos levavam sobre a camisa [ou roupa interna junto a pele] e se diferenciava da túnica comum porque esta só chegava até a meia perna e aquela até o calcanhar e estava também adornada com uma franja que cingia a cintura e caia por detrás até o chão. Daí deriva a veste talar, longa até os calcanhares e própria dos clérigos na idade média. A palavra talar vem do latim talus osso do calcanhar, dai o adjetivo talaris, e o nome talaria, as asas que, segundo os poetas, tinha o deus Mercúrio nos calcanhares para voar como correio dos deuses, espalhando as notícias entre os mesmos. No mundo romano, usava-se uma faixa longa e estreita usada pelos sacerdotes nas funções litúrgicas que foi logo usada pelos bispos, presbíteros e diáconos no culto católico, pendurada no pescoço e caindo à frente, cuja cor dependia das celebrações em ato. Era um vestido de distinção à semelhança da toga romana, que hoje usam os magistrados e catedráticos como veste cerimonial. Logicamente com semelhante vestimenta [o vestido talar] os escribas se distinguiam das pessoas comuns cujos vestidos não iam além de meia perna. Mateus acrescenta que alongavam os filactérios e ampliavam as fímbrias de seus mantos. Também amavam ser saudados nas praças públicas. Os filactérios, do grego que significa forte e amuleto ou talismã, e que em aramaico são chamadas de tefillim, eram as duas caixinhas de couro que continham os versículos dos 4 trechos do Pentateuco: Êx. 13:1-10, 11-16; Dt. 6:4 – 9; 11:13-21. A razão de seu uso está contida literalmente nestas palavras da Escritura entre outras: Te será como um sinal na mão e como um memorial diante de teus olhos para que a lei de Jahweh esteja em tua boca, porquanto Ele te tirou do Egito com mão forte (Êx 13, 16) . As palavras que deviam ser recordadas são, em especial, as da Shemá, que serão colocadas na frente ou penduradas do braço esquerdo por meio de tiras de couro; assim se cumpria materialmente o texto bíblico, que além do citado está em Êx 13, 9; Dt 13, 16 e Dt 13, 18. Segundo a Mishná (Shebu 3,8,e 11) se exige que todo varão de 13 anos [após a cerimônia do barmitzwá=filho da lei] use cada dia os tefillim; As mulheres estão explicitamente isentas desta obrigação religiosa, pois eram comparadas aos escravos que não tinham vontade própria. O filactério da cabeça consiste em 4 compartimentos, cada um contendo uma seção da Escritura, enquanto a da mão esquerda tem um só compartimento que contem as 4 passagens num só pergaminho. As caixas dos filactérios devem ser feitas de um animal Kosher [ de uma raiz que significa próprio, correto] para descrever objetos e comidas que se conformam às leis rituais do culto e da comida. O contrário é Treyf [significando rasgado, dividido, no sentido de ter sido assim por outro animal e, portanto, impedido como comida por ter sido comida de um animal antes]. O filactério da cabeça leva impressa duas vezes a letra Shin [j], início da palavra _¢~_£~Yyj [shemá, ouve], uma do lado direto e outra do lado esquerdo. A shin do lado direito tem 4 dentes no lugar dos 3 habituais, como recordação das 4 passagens contidas nas caixinhas (Menah 35ª). Cada caixa é costurada a uma base grossa de couro com doze pontadas, cada uma por uma das 12 tribos de Israel. Os filactérios não são de uso noturno, nem festivo, nem sabático. O filactério da mão é o que primeiro se coloca no lado interno do braço, na parte superior do mesmo, e a correia se enrola ao redor do braço. O filactério da cabeça se coloca no meio da fronte com os dois extremos da correia pendurando sobre os ombros. A colocação de cada filactério é acompanhada por algumas bênçãos. Colocam-se durante as orações da manhã e são retirados em ordem inversa em que se colocaram. Parece que o costume dos filactérios data pelo menos de 159 aC, pois a carta de Aristeas menciona o filactério da mão. Descobriram-se restos de filactérios nas covas de Murabba’at, ocupadas por refugiados na revolta de Bar Kokhba (135 dC) e nas covas de Qumrã. Três das 4 passagens escritas na caixinha da cabeça ainda estavam nos seus receptáculos originais. A forma das caixinhas, o material usado para o pergaminho e as fitas concordam com as especificações do Talmud. Os filactérios de Qumrã continham o decálogo. Mas logo foi proibida esta quinta seção [Mishná, Sanh 11, 3), porque, segundo os intérpretes o decálogo foi dado unicamente a Moisés. Se as de Qumrã tinham o decálogo e as de Murabba’at não, é que a reforma foi feita ao redor do ano 135 dC. Parece que o uso dos filactérios era o critério para distinguir um Haver [membro da sociedade rabínica] de um ‘am haares [não observante dos costumes rabínicos] ou povo comum. Segundo Flávio Josefo havia no tempo da guerra (66-70 dC) 6 mil fariseus e o número total de judeus 2 milhões contados entre a Palestina e a diáspora. A palavra tefillim em hebraico é gamea’ e em grego phylacterion todas com o significado de amuleto. É possível que as massas as considerassem como possuidoras de poderes mágicos similares às gameas, escritos em pergaminho por um escriba profissional e que se levavam sobre o corpo. A eleição do termo tefillim como plural de oração era para substituir a natureza profiláctica supersticiosa, por uma visão litúrgica mais legítima e religiosa. As fímbrias [franjas ou orlas] eram os tzitzit e são as do Talit. O talit é um acessório religioso judaico em forma de um xale de seda, lã, ou linho, tendo em suas extremidades as tzitziot [plural feminino de Tzitzit]. O talit é usado como uma cobertura [a modo do véu das mulheres] na hora das preces judaicas, principalmente no momento da oração de Shacharit [oração da aurora] e na sinagoga. O talit isola o que está orando do mundo a sua volta e facilita-o na sua concentração durante a oração. O talit cria um ambiente de igualdade entre os que estão orando na sinagoga, tendo uma cobertura homogênea sobre as roupas que estavam usando as pessoas que poderiam mostrar o estado econômico de quem ora. Existe um outro tipo de Talit denominado Talit Katan [talit pequeno] também conhecido por Tzitzit , que é utilizado durante o dia inteiro por baixo da roupa a fim de cumprir o mandamento durante todo o dia. A bandeira do Estado de Israel é baseada em um Talit (as duas faixas que a compõem), tendo uma estrela de Davi no centro dela. O mandamento de Tzitzit encontra-se em duas passagens da Torá: Que façam para eles tzitzit [franjas] sobre as bordas de suas vestes, pelas suas gerações; e porão sobre os tzitzit da borda um cordão azul celeste. E será para vós Tzitzit [valor numérico de suas letras=613, ou seja, número total dos preceitos da Torah] e vereis e lembrareis todos os mandamentos de Deus e os cumprireis e não errareis indo atrás do vosso coração e atrás dos vossos olhos, atrás dos quais vós andais errando; para que vos lembreis e cumprais todos os meus mandamentos e sejais santos para com vosso Deus (Nm 15, 38-41). A outra passagem é: Franjas farás para ti e as porás nos quatro cantos de tua vestimenta com que te cobrires (Dt 12, 12). Hoje os judeus rabínicos usam apenas tzitzit brancas, já que creem não ser possível obter a cor azul obrigatória do mandamento e por isso não pode ser utilizado, pois este azul era obtido de uma criatura marinha chamada chilazon, cuja identificação era incerta. Citamos uma sentença de Rabi Shimon bar Johai: Quando o homem levanta de manhã e coloca os tefillim e tzitzit , a Shekiná [glória divina] paira sobre ele e proclama: Tu és meu servo, Israel, através do qual serei Glorificado. Para mais informações ver presbiteros.com.br exegese número 111.
OS PRIMEIROS: E as primeiras cadeiras nas sinagogas e os primeiros divãs nas ceias (39). Et in primis cathedris sedere in synagogis et primos discubitus in cenis. Brigavam também em sua ostentação por estarem nos primeiros lugares tanto nas sinagogas como nos banquetes celebrados à noite, como era o costume greco-romano. Tudo era para aparecer e obter os aplausos e reverência dos demais homens ou convivas.
ROUBO DAS VIÚVAS: Os que devoram as casas das viúvas e, com a escusa, oram longas (preces); estes receberão uma condenação mais severa(40). Qui devorant domos viduarum sub obtentu prolixae orationis hii accipient prolixius iudicium. A tradução latinadiz os quais devoram as casas das viúvas, sob pretexto de uma oração mais ampla e a tradução RA (revista atualizada) diz os quais devoram as casas das viúvas e, para os justificarem, fazem longas orações. Vejamos outras traduções a espanhola: devoran los bienes de las viudas pretextando hacer largas oraciones. A italiana: divorano le case delle vedove e fanno finta [fingimento] di pregare a lungo. A King James: Which devour widows houses and for a pretence [pretexto] make long prayers. No lugar exatamente paralelo de Mateus 23, 14 a RA traduz: e para os justificarem, fazeis longas orações. O texto não está claro e podemos dizer que enquanto devoram as casas das viúvas [como depois explicaremos] ficam com a consciência tranquila e assim aparecem como justos, por rezarem muitíssimo. DEVORAM AS CASAS DAS VIÚVAS: Existem duas interpretações: 1ª) Marcos alude à prática da administração feita pelos escribas das propriedades das viúvas. Como as mulheres não podiam ter direito legal para administrar os bens de seus falecidos maridos; assim, confiavam nos fariseus, que através de suas longas orações públicas apareciam como honestos e conquistavam por sua piedade a confiabilidade para em suas mãos deixar a administração dos bens patrimoniais. Porém, de fato, ganhavam uma percentagem sobre os bens administrados e era notória a prática do desvio do dinheiro e dos abusos. O caso era comparável ao do Korban de Marcos 7, 9-13. Por isso os escribas eram ricos e as viúvas cada vez mais pobres. 2ª) A explicação, dizem outros, está na oposição entre oração e fraude. A sede da oração dos escribas estava no templo e as despesas deste estavam por cima das necessidades das viúvas. Por isso, Jesus narrará o caso da viúva pobre que é capaz de dar todo seu sustento em oposição aos ricos [fariseus] que ostentam seus opulentos óbolos. Neste caso, poderíamos traduzir no lugar de pretexto, compensação e por isso oferecem longas orações. A palavra fariseu deriva do hebraico Perishut, que significa abstinência e separação. O plural perishim é traduzido como farishim . Aparecem pela primeira vez como opositores a Alexandre Janeu (103-76 aC) opostos à política militar de quem era sumo-Sacerdote e rei de Israel. No ano 90, por ocasião da festa dos Tabernáculos, a multidão em sua maioria simpatizante dos fariseus, acometeu contra ele com uma saraivada de limões quando ele se preparava para oferecer um sacrifício no templo. Injuriaram-no e o declararam indigno de realizar este ato sagrado. Tal reação foi brutalmente reprimida. Janeu matou mais de 6 mil pessoas. Janeu, no seu testamento, quis se reconciliar com os fariseus. Sua viúva, Alexandra, mulher piedosa, afastou do poder os que se tomavam liberdades em relação às leis religiosas. E os fariseus praticamente tiveram o poder em suas mãos até a morte da rainha em 67. Segundo Josefo, a seita dos fariseus tinha a reputação de fornecer os intérpretes mais rigorosos das leis; eles representavam a seita superior; atribuíam tudo ao destino e a Deus. Fazer o bem ou o mal depende essencialmente do homem, mas também para ambos intervém o destino. Aceitavam que todas as almas são imortais, mas que somente as almas dos justos passam para outros corpos, sofrendo as almas dos celerados um castigo eterno. Os fariseus têm afeição uns pelos outros e vivem harmoniosamente visando o bem comum. Segundo este mesmo historiador, os fariseus se opuseram à Herodes o Magno e recusaram o juramento em número de 6 mil [a população da palestina era de 70 mil habitantes o que dá a ideia de que quase um de cada dez habitantes era fariseu]. Sua influência notava-se especialmente nas classes médias e pobres da sociedade. A CONDENA: Implicitamente Jesus afirma que existe um julgamento e que nele há uma condena dependente dos atos maus feitos em vida; mas que todas as condenações não são iguais. E entre os que serão mais estritamente julgados e condenados estão os que se aproveitam dos próximos necessitados e impossibilitados de se defenderem, como eram órfãos e viúvas. Estas precisamente esquecidas por juízes que não se ajustavam à justiça, mas aos interesses pessoais (Lc cap 18). Donde está a fé sem obras de Lutero? Será que Jesus se equivoca ou quem erra é o frade das 95 teses?
O ÓBOLO DA VIÚVA
(Lugar paralelo Lucas 21, 1-4)
JESUS OBSERVA: Então, tendo-se assentado em frente do Gazofilácio, contemplava como o povo lançava o cobre dentro do Gazofilácio e muitos ricos lançavam muita (sic) (41). Et sedens Iesus contra gazofilacium aspiciebat quomodo turba iactaret aes in gazofilacium et multi divites iactabant multa. GAZOFILÁCIO: é uma palavra de origem grega, que é mantida no latim da Vulgata e nas traduções hispânicas, mas que, no King James é traduzida por tesouro. A palavra grega é um vocábulo composto de duas raízes Gaza [tesouro] e Filaké [guardião]. Seria, pois,v a caixa forte do templo, onde existiam 13 caixas que eram como bocas de trombetas que davam ao pátio das mulheres e dentro das quais eram jogadas as moedas, geralmente de cobre [o chalkon grego] para pagar pelos serviços do templo e para suporte dos pobres. As trombetas eram marcadas para indicar qual seria o destino das ofertas. Depois da divisão das 12 tribos, as 48 cidades especialmente designadas para servir de habitação aos levitas não mais funcionavam como cidades levitas durante o período dos juízes, segundo sugere 2 Cr 31, 2-12. Nos tempos de Neemias os levitas traziam os dízimos à casa do nosso Deus, às câmaras da casa do tesouro. Porque àquelas câmaras os filhos de Israel e os filhos de Levi devem trazer ofertas do cereal, do vinho e do azeite (Ne. 10:38,39). Segundo Lucas, Jesus, de modo especial, observava as ofertas dos ricos (Lc 21, 1).
A VIÚVA: Como chegasse uma viúva pobre depositou dois leptons o que é um quadrante (42). Cum venisset autem una vidua pauper misit duo minuta quod est quadrans. Já temos falado sobre a sorte das viúvas no tempo de Jesus, especialmente as pobres. O termo hebraico ‘almanah denota uma ideia de solidão, abandono e incapacidade de se proteger. Marcos fala que era ptöchë [literalmente mendiga] Lucas, melhor versado na língua grega, fala de penichra [pobre mas não mendicante, paupercula latino] . A sua contribuição eram dois leptons. A moeda era a menor de todas as existentes na época. Era uma moeda de cobre [0.8 g do mesmo metal] (Lc 12, 59 e 21, 2) e equivalia ½ quadrante romano (Mc 12, 42), também de cobre, valor deste último ¼ de asse, moeda de prata de 0,25 g (Mt 10, 29) que por sua vez era 1/16 do denário de valor real 4 g de prata (Mt 18, 28 e Lc 10, 35) um pouco superior ao dracma grego de 3.6 g de prata (Lc 10, 58) e que equivalia ao salário de um dia (Mt 20,2). Modernamente usa-se o lepton para indicar as menores partículas dentro do átomo, formando parte dos fermions [de Fermi, Enrico, que foi o primeiro a experimentar um reator nuclear] junto com os bossons dos quais se distinguem pelo spin. O mais conhecido é o elétron. Como moeda, os gregos chamam de lepton aos quais os outros europeus denominam de centavo, ou seja, um lepton é um centavo de euro. O Quadrante era a menor moeda romana em circulação assim como o lepton era a menor moeda judaica circulante, que equivalia a 2% do valor do denário. O lepton era o pagamento de 15 minutos de trabalho. O nome deriva do termo grego leptos que significa despojado da própria pele, desnudo, delgado, fino, delicado, leve, derivado do verbo lepo, pelar, descascar, desnudar. Sendo uma moeda de cobre ou bronze e extremamente fina, era pequeno demais para ter valor prático. Por isso, dois deles, formando um quadrante, era o mínimo para uma subsistência: toda a renda que uma viúva pobre podia oferecer. A menor soma, porém, tudo o que possuía. Para se ter uma ideia do valor real, o asse romano equivalente a 4 quadrantes [ou assarions gregos, ou 8 leptons judaicos], e era usado pelos gregos e romanos como símbolo daquilo que não tem valor algum. Disso tudo, deduzimos que Jesus quis comparar o mínimo óbolo com a máxima doação, que não depende da quantidade, mas da necessidade de quem doa.
A APRECIAÇÃO: Então tendo convocado seus discípulos, diz-lhes: Amém digo-lhes que a viúva esta, a mendiga, tem depositado mais que todos os que depositaram dentro do gazofilácio (43). Pois todos depositaram do que lhes sobra, mas ela, de sua indigência, tudo quanto tinha depositou, a totalidade de sua vida(44). Et convocans discipulos suos ait illis amen dico vobis quoniam vidua haec pauper plus omnibus misit qui miserunt in gazofilacium. Omnes enim ex eo quod abundabat illis miserunt haec vero de penuria sua omnia quae habuit misit totum victum suum. O Amém de Marcos é traduzido por em verdade por Lucas (21, 3). Agora, também em Lucas, a viúva é ptöchë e não pobrezinha como no versículo anterior. O paradoxo será explicado por Jesus no seguinte parágrafo. Como conheceu Jesus que era viúva? Desde tempos de Jacó e seus filhos as viúvas vestiam de modo especial como vemos em Gn 38, 14 e 19. Vestiam-se de saco, e de um manto especial, não se penteavam, nem ungiam o rosto (Jt 10,3-4 e 16,8). Tudo isso confirma a ideia de que uma viúva era conhecida à vista por seus modos de vestir, especialmente por ir descalça e sem nenhum adorno, anel, bracelete ou pulseira, como parece foi o caso de Judite. Jesus, na base de sua apreciação, publicamente julga o valor verdadeiro e intrínseco das ofertas, observadas durante o tempo de seu escrutínio. A totalidade dos juízos de seus contemporâneos seria favorável às ofertas mais vultosas. Porém, Jesus descarta a exterioridade e fixa seu olhar na intenção dos contribuintes. Os ricos demonstram sua ostentação, querem ser vistos e louvados por sua magnificência. O depositado é o supérfluo, desnecessário. Já a viúva põe na balança a sua vida, o necessário sustento para a mesma como outros traduzem. E isto faz com que o mínimo se transforme num todo ou total. O importante não é a ação externa, mas a intenção e a entrega interior. Quem mais dá é quem mais generosamente entrega, quem menos se reserva.
PISTAS: 1) Na base destes dois relatos está o verdadeiro mérito, aquele que é visto pelos olhos de Deus, o único juiz verídico. E como tal, o intrínseco valor de uma vida; pois no fim da sua história, só a verdade será premiada.
2) Os que vivem para serem aplaudidos pelos circunstantes, já receberam seu prêmio e não devem esperar de Deus outro galardão que não seja uma condenação formal de seu proceder. A quem desejamos servir? A nós mesmos, procurando a aclamação dos homens, ou visando os juízos de Deus, eternos e verdadeiros? (Jo 12, 43). Por isso, a justiça do reino deve superar a dos escribas (Mt 5, 20).
3) O caso dos escribas é verdadeiramente ilustrativo, por serem eles os dirigentes que lideravam o povo. A sua verdade estava escondida na sua ambição. Como poderiam eles se tornarem os verdadeiros arautos de Deus se só buscavam sua própria auto promoção? (Jo 5, 44).
4) A exibição dos escribas era mais importante do que a verdade de seu ensino. Isso constituía o fermento dos fariseus (Mt 16, 6), do qual Jesus adverte seus discípulos. Submeter a verdade à sua própria ambição da qual era um sinal sua cobiça material, que não se importava em se aproveitar da pobreza das viúvas, era o grave pecado que cegava suas mentes (Mt 15, 14).
5) Uma grande lição é dada ao ver como os homens se comportam diante de Deus ao oferecerem seu óbolo, parte [ou o todo] de sua vida como esforço ou como herança. Na realidade, damos o excedente, o que não é importante, o mínimo em esforço e importância. No lugar de Deus, estamos nós como princípio de nossas atuações e participação. A totalidade da vida que devia ser oferecida a Deus como fez a viúva, e como manda o primeiro mandamento, é substituída por um punhado de moedas na oferenda da coleta dominical. Os santos são aqueles que não entorpecem a ação de Deus em suas vidas. Ou seja, santo é quem não antepõe nada à obra de Deus.
02.11.2009
Solenidade dos Fiéis Defuntos - Ano B - Roxo
__ “Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados!” __
Comentário: Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!
Uma vez plantada na terra, a cepa dá fruto a seu tempo. Da mesma forma, o grão de trigo, depois de ter caído à terra e de se ter dissolvido nela (Jo 12, 24), ressurge multiplicado pelo Espírito de Deus que tudo mantém. Depois, graças a um trabalho competente, esses frutos tornam-se utilizáveis pelos homens; seguidamente, recebendo a Palavra de Deus, tornam-se Eucaristia, quer dizer, corpo e sangue de Cristo. Da mesma forma, os nossos corpos, alimentados por essa Eucaristia, após deitados à terra e nela dissolvidos, ressuscitarão a seu tempo quando o Verbo de Deus lhes conceder a graça da ressurreição «para glória de Deus Pai» (Fil 2, 11). Porque Ele obterá a imortalidade para o que é mortal e a incorruptibilidade para o que é corruptível (1Cor 15, 53), porque a força de Deus manifesta-se na fraqueza (2Cor 12, 9).
(coloque o cursor sobre os textos
em azul abaixo para ler o trecho da Bíblia)
SALMO RESPONSORIAL Sl 22: - "O Senhor é o pastor que me conduz, não me falta coisa alguma!"
SEGUNDA LEITURA (Romanos 5,5-11): - "A esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações."
EVANGELHO (Mateus 11,25-30): - "Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso de vossos fardos!"
- "Como o grão de trigo"
Comentário ao Evangelho do dia feito por Santo Ireneu de Lião (c. 130-c. 208), bispo, teólogo e mártir Contra as Heresias V, 2, 3
(a partir da trad. de SC 153, pp. 37ss. rev.) - Colaboração Especial de Jorge Roberto Valim
Uma vez plantada na terra, a cepa dá fruto a seu tempo. Da mesma forma, o grão de trigo, depois de ter caído à terra e de se ter dissolvido nela (Jo 12, 24), ressurge multiplicado pelo Espírito de Deus que tudo mantém. Depois, graças a um trabalho competente, esses frutos tornam-se utilizáveis pelos homens; seguidamente, recebendo a Palavra de Deus, tornam-se Eucaristia, quer dizer, corpo e sangue de Cristo.
Da mesma forma, os nossos corpos, alimentados por essa Eucaristia, após deitados à terra e nela dissolvidos, ressuscitarão a seu tempo quando o Verbo de Deus lhes conceder a graça da ressurreição «para glória de Deus Pai» (Fil 2, 11). Porque Ele obterá a imortalidade para o que é mortal e a incorruptibilidade para o que é corruptível (1Cor 15, 53), porque a força de Deus manifesta-se na fraqueza (2Cor 12, 9).
Sendo assim, acautelar-nos-emos de nos inflarmos de orgulho – como se fosse de nós mesmos que obtivéssemos a vida – e de nos levantarmos contra Deus, mantendo pensamentos de ingratidão. Pelo contrário, sabendo por experiência que é exclusivamente através Dele que recebemos o dom de viver eternamente, nunca nos afastaremos dos pensamentos verazes sobre Deus e sobre nós mesmos. Conheceremos o poder de Deus e quantos benefícios Dele recebe o homem. Não nos equivocaremos a respeito da verdadeira concepção que é necessário ter de Deus e do homem. Aliás, se Deus permitiu a nossa decomposição na terra, não será precisamente para que, sabendo tudo isso, estivéssemos doravante atentos a tudo, de forma a não menosprezarmos nem a nós mesmos, nem Deus? Se o cálice e o pão, pela Palavra de Deus, se tornam Eucaristia, como pretender que a carne é incapaz de receber a vida eterna?
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agradecimento a Nossa Senhora Aparecida pela sagrada intercessão
em nossas vidas!
QUE DEUS ABENÇOE
A TODOS NÓS!
Oh! meu Jesus, perdoai-nos,
livrai-nos do fogo do inferno,
levai as almas todas para o céu e socorrei principalmente
as que mais precisarem!
Graças e louvores
se dê a todo momento:
ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento!
Mensagem:
"O Senhor é meu pastor, nada me faltará!"
"O bem mais precioso que temos é o dia de hoje!
Este é o dia que nos fez o Senhor Deus!
Regozijemo-nos e alegremo-nos nele!".
( Salmos )
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