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Índice desta página:
Nota: Cada seção contém Comentário, Leituras, Homilia do Diácono José da Cruz e Homilias e Comentário Exegético (Estudo Bíblico) extraído do site Presbíteros.com
. Evangelho de 06/06/2010 - X Domingo do Tempo Comum
. Evangelho de 30/05/2010 - Solenidade da Santíssima Trindade


Acostume-se a ler a Bíblia! Pegue-a agora para ver os trechos citados. Se você não sabe interpretar os livros, capítulos e versículos, acesse a página "A BÍBLIA COMENTADA" no menu ao lado.

Aqui nesta página, você pode ver as Leituras da Liturgia dos Domingos, colocando o cursor sobre os textos em azul. A Liturgia Diária está na página EVANGELHO DO DIA no menu ao lado.
BOA LEITURA! FIQUE COM DEUS!

06.06.2010
X DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO C

__ “CRISTO QUE VENCE A MORTE É A SALVAÇÃO” __

Ambientação: Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs! O Cristo mediador perfeito de salvação é o Cristo vencedor da morte. Para Lucas, a ressurreição do jovem de Naim (evangelho) é sinal da chegada dos tempos messiânicos. Com esta finalidade constrói sua narrativa calcada sobre o milagre de Elias (1ª leitura), mostrando, por uma série de particularidades, a infinita superioridade de Jesus. Entoemos cânticos ao Senhor!

(coloque o cursor sobre os textos em azul abaixo para ler o trecho da Bíblia)

PRIMEIRA LEITURA (1 Reis 17,17-24): - "Agora vejo que és um homem de Deus e que a palavra de Deus está verdadeiramente em teus lábios."

SALMO RESPONSORIAL (Sl 29/30): - "Eu vos exalto, ó Senhor, pois me livrastes e preservastes minha vida da morte!"

SEGUNDA LEITURA (Gálatas 1,11-19): - "Asseguro-vos, irmãos, que o Evangelho pregado por mim não tem nada de humano."

EVANGELHO (Lucas 7,11-17): - "Disse Jesus: Moço, eu te ordeno, levanta-te."



- “JESUS, SENHOR DA VIDA!”
    Reflexão do Evangelho por Diácono José da Cruz

Lucas nesse evangelho, não narra um fato comum, não é todo dia que alguém pára um enterro durante o percurso ao cemitério, e com um simples toque no caixão diz “Fulano, eu te ordeno, levanta-te”, e o falecido sai andando vivinho da silva e...feliz da vida. Pensar em Jesus de Nazaré, nosso Deus e Senhor, como alguém que tinha como missão ressuscitar mortos, seríamos obrigados a concordar que tal missão foi um fracasso, Jesus ressuscitou Lázaro de Betânia, a filhinha de Jairo, e o Filho da viúva de Naim, fato apresentado nesse evangelho, e mais ninguém...

Com certeza em sua vida desde a infância até a  morte, Jesus viu muita gente morrer, inclusive seu pai José, por que não fez nada? A irmã de Lázaro pensava assim, tanto é, que disse a Jesus, quando ele chegou a sua casa “Senhor, se estivesses aqui, meu irmão não teria morrido”, alguns judeus que pranteavam Lázaro também tinham a mesma opinião, “Por que ele permitiu que Lázaro, seu amigo, morresse?” E essa ladainha de lamentação prossegue hoje e possivelmente até nós, na experiência da morte de algum ente querido, questionamos “Por que,  Senhor?”

A reflexão é muito ampla, mas somos convidados a olhar para nossas comunidades cristãs onde vivemos e celebramos a comunhão com Deus e com os irmãos, fato que acabamos de refletir no Domingo da Santíssima Trindade. Certamente conhecemos  pessoas que, apesar de ser membros da comunidade, parece que não se identificam com ela, são as temperamentais, geniosas, radicais, verdadeiras “Mulas empacadeiras” que nunca mudam a conduta e o comportamento, vivem exigindo que os outros mudem e se convertam, nada está bom, têm sempre uma crítica ou uma queixa contra alguém, criaram uma crosta impenetrável, de tal modo que a Palavra de Deus não consegue atingir-lhes o coração. São os “mortos”, carregados pacientemente pela comunidade. Quando fazem algo, sempre reclamam, se não os deixa fazer, reclama do mesmo jeito, não se sentem valorizados, vivem choramingando pelos cantos e só sabem cantar aquele refrão “Ninguém me ama, ninguém me quer...” Ah Deus Santo, como atrapalham...

Quando não nos abrimos para a Palavra de Deus, quando não cremos no poder da Graça em nossa vida e na vida dos irmãos, a Eucaristia torna-se apenas um rito, e a comunhão com os irmãos, algo pesado e tenebroso, chegando a ser insuportável! Até que desistimos dessas pessoas, e decidimos enterrá-las, para o bem da comunidade. Não a convidamos mais para nenhum trabalho, alardeamos a todos sobre o seu temperamento difícil e não cremos mais que ela vá mudar sua conduta. Enterrar alguém é desistir de amá-la, de conviver com ela, não queremos a ter por perto..

Queremos sempre enterrar nossos “mortos” que atrapalham a caminhada, apesar de os amarmos, como aquela mulher amava seu filho, mas é alguém que para nós está morto, porque não tem mais jeito, não há outra solução senão a de se fazer o enterro. Eis que Jesus nos surpreende, aparecendo no meio da comunidade e demonstrando grande compaixão por aquele que julgamos morto, e que queremos enterrar. Compaixão... Palavra milagrosa que ressuscita mortos, que muda a vida das pessoas, palavra que às vezes faz tanta falta em muitos ambientes, e até em nossas comunidades.

Um leve “toque” da Palavra do Senhor, e uma ordem “Fulano, eu te ordeno: Levanta-te!” . Sentou-se o que estivera morto, começou a falar, e Jesus o entregou para sua Mãe. A Comunidade – Igreja é nossa Mãe, para ela sempre somos entregues quando ele nos ressuscita no dia a dia, das nossas fraquezas e desânimos. Comunidade não é lugar de morte, mas de vida, perto de Jesus ninguém é considerado morto, pois pela sua compaixão e Misericórdia, manifestada em nossos corações, na relação com todos os que caminham conosco, o Milagre da Vida sempre acontece, nossos “mortos” não resistem, um toque de compaixão, imediatamente sentam, começam a falar, mudam de vida, e cheios de admiração e temor, dão glórias a Deus. Que tal mandarmos parar o enterro, e ressuscitar nossos mortos, bem do jeito que Jesus ensinou...?

José da Cruz é diácono permanente da Paróquia Nossa S. Consolata-Votorantim - e-mail:jotacruz3051@gmail.com


Homilia do Padre Françoá Costa - X Domingo do Tempo Comum (Ano C)

Uma vida cheia de sentido

- Quem diria? O filho da viúva está vivo de novo.

- Vivo de novo? Que história é essa? Ele já morreu alguma vez?

- Você não sabe o que aconteceu? Foi incrível! Eu estava lá e vi quando Jesus lhe disse que se levantasse do caixão. Que susto! Eu nunca tinha visto coisa igual.

- Por mais estranho que pareça, o fato é que ele é um jovem fantástico: bem educado, cuida da mãe e é um rapaz trabalhador e serviçal.

Esse tipo de conversa, algum tempo depois da ressurreição do filho da viúva de Naim, seria bastante normal. O diálogo acima poderia ser de duas senhoras que, enquanto lavavam a roupa, comentariam o assunto, pois “a notícia deste fato correu por toda a Judéia e por toda a circunvizinhança” (Lc 7,17). E não é para menos! Um morto que já não está morto! Por outro lado, o que tem de estranho que aquele que se levantaria da região dos mortos na manhã do domingo que seguiria à sua morte na cruz, ressuscite a um jovenzinho?

A surpresa daquelas senhoras seria grande. Deve ter sido impressionante! Imagine se isso acontecesse com você? Num dia que você é incapaz de identificar, você se levanta de um caixão sem saber muito bem o que está acontecendo, tendo por todos os lados uma multidão pasmada, admirada, com medo, boquiaberta. É quase para morrer de susto! Eu acho que aquele jovem não se esqueceria dessa cena por todos os anos que durassem a sua segunda vida.

Logicamente, o rapaz não esperava ser ressuscitado. Jesus, “movido de compaixão” (Lc 7,13) para com a mãe do garoto, a viúva de Naim, foi quem o ressuscitou. Quão doloroso para uma mãe viúva ver sepultada a sua última esperança, o seu filho único! Pobre mulher! O que a esperaria se Jesus não houvesse ressuscitado o seu filho? Solidão, dor, noites entre lágrimas e, talvez, muita fome. O garoto que estava no caixão não era só a consolação daquela pobre mulher, mas também era a possibilidade de que ela levasse uma vida mais ou menos confortável durante os seus últimos anos de vida. Jesus compreende a situação das pessoas e não fica indiferente diante do sofrimento humano. O Senhor fez esse milagre por compaixão. Um amigo meu disse certa vez que Jesus fez esse milagre pensando na sua mãe, Maria, que dentro de pouco tempo estaria só: vendo o futuro da sua mãe sem o seu Filho único, se compadece da viúva de Naim e faz o milagre. Não sei se o meu amigo tem razão, mas é, sem dúvida, uma reflexão inteligente.

Talvez fosse mais confortável para aquele garoto continuar morto, pois ele “descansava em paz”. No entanto, ele era útil para outras pessoas. O Senhor quis que aquele jovem ficasse aqui na terra mais alguns anos. É importante que nós também compreendamos que a nossa vida só tem sentido em relação a Deus e aos demais, que nós não vivemos para nós mesmos. Deus espera que nós trabalhemos na salvação das pessoas. Morreremos somente quando Deus quiser depois de trabalhar muito pela sua glória e pela salvação dos irmãos. Deus espera que cada um de nós seja útil para o próximo, que a nossa vida seja colocada a serviço da humanidade, de cada pessoa que temos à nossa volta.

Anos mais tarde, depois de ajudar a sua mãe e de vê-la morrer em paz, o nosso jovem, que já não seria tão jovem, passaria novamente pela porta da cidade levado pelos outros. Tinha morrido pela segunda vez! Jesus já não apareceria para ressuscitá-lo pela terceira vez. E até hoje o nosso jovem continua esperando a ressurreição dos mortos que acontecerá nos últimos dias.

Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa


Comentário Exegético - X DOMINGO DO TEMPO COMUM - Ano C

(Pe Ignácio, dos padres escolápios)

RESSURREIÇÃO DO FILHO DA VIÚVA DE NAIM

INTRODUÇÃO: Nos livros sagrados temos várias ressurreições de mortos. Entre eles está a do filho da viúva de Sarepta [lugar de fundição] cidade situada na Fenícia entre Tiro e Sidônia, onde foi enviado Elias, que recebeu comida do óleo e farinha da dona da casa para ele, a mulher e seu filho. Este morreu e Elias o ressuscitou após se estender sobre o menino três vezes. (1 Rs 17 +). Uma outra ressurreição é a narrada em 2 Rs 4, 18-36 do filho da Sunamita [de sunem, lugar de repouso] que foi ressuscitado pelo profeta Eliseu. A terceira ressurreição foi a de um morto ao tocar os ossos de Eliseu no seu sepulcro [uma clara prova de que as relíquias são produto válido de intercessão segundo a Bíblia] (2Rs 13, 20-21). No NT Jesus sozinho fez três ressurreições: a filha de Jairo (Mc 5, 35-42), este do filho da viúva de Naim  e finalmente Lázaro, o mais espetacular de todos em que não serve a catalepsia [rigidez muscular com aparências de morte], pois eram já 4 dias após seu óbito (Jo 11,43-44). A diferença entre os milagres dos dois profetas e  Jesus é que eles ressuscitaram os meninos após profunda oração e em nome de Javé.  Jesus os devolve à vida com sua palavra e com seu mandato: Menina, eu te digo (Mc 5, 41); jovem, eu te ordeno (Lc 7, 14) e Lázaro, vem para fora (Jo 11, 43). Ele substitui o poder de Javé e, por isso, a si mesmo se define como Ressurreição e Vida. Para sermos honestos, temos também, dentro dos escritos bíblicos do NT, duas outras restaurações de vida: a de Tabita [gazela] que Pedro reavivou, sem testemunhas, como foram os dois casos dos antigos profetas, após uma profunda oração (At 9, 16-42) e a de Éutico [afortunado] por Paulo em At 20, 9-12. No evangelho de hoje, partimos de uma cura in extremis, como era a do servo do centurião (Lc 7, 1-10) a uma ressurreição, em que é a vida e não uma saúde a que é restituída. Logicamente o poder de Jesus é afiançado, como único, em todas as facetas da existência humana. Ele é quem pode dar vida e não unicamente melhorá-la, mas arrebatar a vida da morte. Senhor absoluto, pois, com poder unicamente devido à divindade. Uma interpretação simbólica, sem referências históricas que a avaliem, olha em Naim o Israel do tempo de Jesus, como sociedade incapaz de dar a vida. A viúva simboliza o Israel infiel que ficou sem seu Deus, o esposo. O filho único era a esperança de Israel que estava morta e a cidade amurada era como o seio materno, seco, sem vida. O que resta são os ritos próprios de uma religião de mortos. No extremo oposto, Jesus, de fora da cidade, se apresenta como outrora Deus se apresentou a seu povo: para dar o alento vital a um povo escravo, em situação precária, sem esperança.

JESUS SE APROXIMA DE NAIM: Sucedeu, pois, no dia seguinte (que) encaminhava-se a uma cidade chamada Naim e acompanhavam-no muitos (de) seus discípulos e multidão numerosa (11). Et factum est deinceps ibat in civitatem quae vocatur Naim et ibant cum illo discipuli eius et turba copiosa. KAI EGENETO [e sucedeu] : é uma frase literária para unir o parágrafo anterior com o seguinte, sem implicar tempo ou circunstâncias. NO DIA SEGUINTE: Jesus acaba de curar em Cafarnaum o servo do centurião. Segundo o programa de Lucas, Jesus está a caminho de Jerusalém, daí o encaminhava-se do texto. Temos traduzido no dia seguinte, palavras que outros traduzem por em seguida. NAIM era uma aldeia a 7 Km ao sul de Nazaré e 40 de Cafarnaum; pareceria que Jesus tomava o caminho de Jerusalém, mas logo o encontramos de novo em Cafarnaum e às margens do lago de Genesaret, para de novo e definitivamente tomar o caminho de Jerusalém no final do capítulo 9.  Ao que parece, este parêntese entre Lc 7, 17 e 9, 51 interrompe a ida única e final, narrada pelo evangelista e que constitui a coluna vertebral de seu evangelho. A companhia dos numerosos discípulos e grande multidão compreende-se melhor se a viagem tinha como destino Jerusalém e como objetivo a festa da Páscoa.

O CORTEJO: Como, pois, se aproximou da porta da cidade, eis que era levado, morto, um filho único de sua mãe e ela era viúva e grande multidão da cidade com ela (12). PORTA DA CIDADE: Não significa que Naim fosse uma cidade fortificada, mas que estava perto das primeiras casas da mesma no caminho que a ela conduzia, como vemos também no caso de Elias ao se aproximar de Sarepta (1 Rs 17, 10). FILHO ÚNICO: O monogenés [nascido único] é uma predileção de Lucas como era a filha de Jairo (8, 42) e o filho epiléptico do Tabor (9,17). À parte da tragédia de ser um filho único, está o fato de ela ser viúva. A morte do filho significava a perda do único meio de sustento da mulher. Numa sociedade altamente machista uma viúva era como um órfão, dos quais o Deus de Israel tinha um cuidado especial: Pai dos órfãos, justiceiro das viúvas, tal é Deus em sua morada santa, cantavam os israelitas no salmo 68, 6. O fato é que Jesus aqui toma o lugar de Deus, adiantando-se ao pedido, e sem exigir a fé do interessado para obrar o milagre. È o mesmo Deus, pai do órfão e justiceiro das viúvas do AT. ERA LEVADO: Segundo a MIshná em Kettubot [contratos matrimoniais] 4,4 diz: Até os mais pobres em Israel devem alugar não menos de duas flautas e uma carpideira. Prévio ao enterro, e, como recordação de costumes antigos, nos quais os familiares rasgavam suas vestes, executando a keriá [ruptura], um corte dado na roupa exterior dos familiares mais próximos. Depois, vem o lavado ritual [tohorá] e é colocado o morto numa mortalha [tajrijin] de tela branca e por vezes se pronuncia um discurso recordatório [hesped]. No cortejo para a tumba o séquito era formado pelos familiares mais próximos, amigos e conhecidos, acompanhados pelos flautistas e carpideiras, estas derivadas do verbo carpir que significa também lamentar-se, murmurar, queixar-se chorar, além de capinar. A carpideira era uma mulher profissional que, mediante pagamento previamente combinado, chorava um defunto alheio, sem nenhum sentimento, grau de parentesco, ou amizade com o defunto. Após fechada a tumba, um familiar próximo, varão, pronunciava o Kadish [consagração]. O Kadish é uma prece na qual eram reiteradas a Santidade de Deus e seu Reino. Era recitado em aramaico com a exceção do último verso, [Ele que produz a paz em seus lugares sagrados (as alturas), traga a paz sobre vós e sobre Israel, e digam Amém] antes de importantes preces nos serviços religiosos e ao terminar uma Parashá [parágrafo ou trecho lido por um leitor] da Torah ou um Massehet [tratado] do Talmud. Porém o Kadish Yatom [kadish dos órfãos] era  especialmente recitado em memória de entes queridos, como uma maneira de demonstração de eterno amor, e rogo necessário para elevar as almas dos defuntos. Por isso, a pessoa, que perdeu um de seus pais, não deverá perder sequer um só Kadish em memória do falecido. A MORTALHA: Temos visto nos dias de hoje como os corpos dos mortos, no Oriente, eram envoltos num lençol de linho, atado em três lugares [pescoço, cintura e pés] e posto sobre uma maca, portada nos ombros de 4 carregadores. A este esquife seguia ou precedia a multidão, que em lugares pequenos era praticamente toda a população do lugar.

A COMPAIXÃO: E tendo-a visto o Senhor se compadeceu dela e disse-lhe: não chores (13). Quam cum vidisset Dominus misericordia motus super ea dixit illi noli flere. TENDO-A VISTO: as viúvas trajavam-se de modo especial, apropriado à sua condição social (Gn 38, 14-19), despojavam-se de seus ornamentos, vestiam-se de saco, tendo um manto especial como viúvas, não se penteavam, nem ungiam o rosto (Jt 10, 3-4 e 16, 8). O SENHOR: É a primeira vez que Lucas usa o título que substituía o nome de Jesus e que praticamente só foi concedido a ele após a ressurreição, quando Tomé o usou como substituto de Javé: meu Senhor e meu Deus (Jo 20, 28). A COMPAIXÃO: Tudo nasce de um sentimento espontâneo do Senhor como homem, mas senhor da vida (At 3, 15). Não é pedido, não exige a fé, é o Senhor que tem compaixão dos órfãos e é o que faz justiça às viúvas. NÃO CHORES: O presente do imperativo indica que deve parar de chorar porque não mais vai existir motivo para esse lamento e dor. É uma palavra de consolação, que prepara uma intervenção, que evitará a causa do pranto.

O MILAGRE: Então tendo-se adiantado, tocou o esquife. Os portadores, pois, pararam e disse: Jovem a ti digo: levanta-te (14). E ergueu-se o morto e começou a falar e (Jesus) o entregou à sua mãe (15). Et accessit et tetigit loculum hii autem qui portabant steterunt et ait adulescens tibi dico surge. Et resedit qui erat mortuus et coepit loqui et dedit illum matri suae. ESQUIFE: a palavra grega soros significa propriamente a urna em que se depositavam os restos de uma pessoa defunta, frequentemente de pedra e na qual eram depositadas as cinzas ou servia de ossário para os ossos. Também podia ser usada no sentido de féretro ou esquife, embora para esta palavra o apropriado era klínë, originalmente leito, ou cama. Não era um féretro ou caixão no sentido atual, mas uma maca sobre a qual estava o morto envolto num lençol, que não podia ser de lã, porque esta era produto animal e implicava, portanto certa impureza legal. O uso do lençol é claro no enterro do Senhor Jesus, como declaram todos os 4 evangelistas. Lençol que foi comprado para a ocasião por José de Arimatéia (Lc 23, 53). Jesus tocou o esquife: era um ato em que se arriscava a ser contaminado de impureza, cujo degrau era máximo quando se tratava de mortos. Daí que os que portavam o cadáver pararam. Sem dúvida que o ato de Jesus era insólito e arriscado. JOVEM: Neaniskos, derivado de neós [novo] era o adolescente ou jovem após a infância, com a idade entre os 14 e 20 anos. LEVANTA-TE: A ordem de Jesus é imperiosa e contundente. O verbo é imperativo passivo, que podemos traduzir por impessoal ou reflexivo. Jesus era senhor dos mortos e estes lhe obedecem assim como as forças da natureza. Quem é este a quem os ventos e o mar obedecem? (Mt 8, 27).  O morto ergueu-se ou incorporou-se. E começou a falar. O alento da vida se expressa de novo por meio da fala. O ENTREGOU: Provavelmente indica que Jesus tomou o jovem pela mão e o levou até a mãe que não podia acreditar o que seus olhos estavam vendo. No ato há uma reminiscência da atitude de Elias quando, ressuscitado o filho, desceu até o andar térreo para entregá-lo à sua mãe viúva. Além de  ser dono dos mortos, Jesus atua como uma cópia de Elias, o antigo profeta, restaurador do verdadeiro culto divino a Javé entre os israelitas. Por isso, a exclamação dos presentes: Um grande profeta há surgido! Deus visitou seu povo!

A ADMIRAÇÃO: Apoderou-se, pois, (o) temor de todos e davam glória a(o) Deus dizendo: porque um grande profeta tem surgido entre nós e porque (o) Deus visitou o seu povo (16). Accepit autem omnes timor et magnificabant Deum dicentes quia propheta magnus surrexit in nobis et quia Deus visitavit plebem suam. O TEMOR: Lucas emprega a palavra temor [fobos] para descrever a reação do povo diante do milagre ou intervenção divina sobrenatural. Algumas vezes se usa o verbo Thaumazo [admirar]. Mas quando o fato é espetacular, usa-se fobos como termo apropriado do estupor suscitado pelo fato extraordinário. É mais do que admiração: é ficar perturbado diante do extraordinário, como vemos nos relatos das aparições nos tempos modernos, fato que é corroborado pela aparição do anjo aos pastores (Lc 2, 9) e em 5, 26 quando da cura do paralítico que foi levado de maca diante do Senhor. O PROFETA: Sem dúvida que o povo pensou no fato de Elias e o filho da viúva de Sarepta quando afirmava que um grande profeta tem surgido entre nós. Outros afirmam que esse profeta era o esperado antes do Messias junto com o Sumo Sacerdote que a tradição da época esperava no seu tempo. De todos os modos, aquele povo que tinha passado dos profetas aos sábios, agora podia afirmar que Deus tinha visitado Israel. Efetivamente, com toda razão, o povo atribui o milagre ao próprio Deus, pois este é o único a dar vida e ressuscitar um morto.

A FAMA: E saiu esta voz sobre Ele por toda a Judéia e por toda a região vizinha (17). Et exiit hic sermo in universam Iudaeam de eo et omnem circa regionem. EXELTHEN: Aoristo de exerchomai que significa sair, partir e que, neste caso, deveríamos traduzir por divulgar-se ou expandir-se. VOZ: É o logos, que, como primária acepção, deve ser traduzido por palavra e que aqui seria melhor traduzir por voz, no sentido de vox populi ou fama. A JUDÉIA: Segundo a maneira de pensar dos greco-romanos, Judéia compreendia a província que estava sob o governo direto do procurador, junto com a Galiléia, que era domínio de Antipas. A região vizinha era a Fenícia e as terras sob o domínio dos nabateus, na Síria e no leste e sul da atual Palestina.

PISTAS: 1) Num mundo como o atual, em que a ausência do Deus criador, entrega ao homem o direito de sua vida e até a faculdade sobre outras vidas sob seu domínio, como no caso dos fetos maternos, é bom refletir sobre este milagre de Jesus. A vida depende de quem a pode dar, não de quem a quer tirar. Destruir é fácil; porém isso não implica direito, mas força; justiça, mas violência. O verdadeiro poder tem como base a construção e o bem, a saúde e a cura. O médico cura, o criminoso mata: aí está a diferença.

2) Jamais Jesus destruiu um inimigo ou ameaçou um rival: Quem soube recriminar discípulos que queriam botar fogo sobre os que não queriam hospedá-los (Lc 9, 54), chorou sobre Jerusalém, prevendo a destruição (Lc 19, 41) e advertiu as mulheres que o compadeciam da sina fatal de seus filhos (Lc 23, 28), sempre usou seu poder e sua autoridade para fazer o bem (At 10, 38). Usou sua autoridade moral para pedir perdão para os inimigos e fazer o bem para os perseguidores (Lc 6, 27). Deriva-se desta conduta uma Teologia que tem como base a revolução e a luta pela justiça, que considera inimigos e opressores os mais favorecidos e oprimidos e com direito à retaliação os mais desprotegidos?

3) No episódio de hoje, vemos como Jesus atua sem ser pedido, unicamente pela sua compaixão, como ser humano. Ter piedade dos que sofrem é um exercício aprovado pela atuação de Jesus até tal ponto que obra um milagre com poderes fora do comum. Quem pode afirmar, pois, que Deus se contradiz a si mesmo ao violar leis naturais com um milagre? E há maior transgressão das mesmas que voltar da morte para a vida? A cura é possível, a morte é irreversível.

4) Dirão muitos que foi catalepsia e não morte. Será que depois de 20 séculos podemos afirmar rotundamente que a morte do jovem foi só aparente? Será que uma simples voz de mando pode reavivar um cataléptico tão subitamente?  Mas vejamos o exemplo do rabi milagroso.


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30.05.2010
Solenidade da Santíssima Trindade - ANO C

__ “DEUS SEMPRE SE DÁ A CONHECER AOS HOMENS” __

Ambientação: Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs! Quando ouvimos falar de alguém como de grande personalidade, temos o desejo de conhecê-lo. A festa da SSma. Trindade desperta em nós este desejo e a ele responde, porque Deus dá sempre o primeiro passo em direção à nós. Neste ano, é acentuado particularmente o fato de que Deus se manifesta, se revela, se nos dá a conhecer e nos oferece um conhecimento "pessoal", quer um face a face com cada um de nós, para que nos abramos todos ao grande face a face de Deus. A "Sabedoria de Deus" é alegria de amar aos homens! Entoemos cânticos ao Senhor!

(coloque o cursor sobre os textos em azul abaixo para ler o trecho da Bíblia)

PRIMEIRA LEITURA (Provérbios 8,22-31): - "O Senhor me criou, como primícia de suas obras, desde o princípio, antes do começo da terra."

SALMO RESPONSORIAL (Sl 8): - "Ó Senhor nosso Deus, como é grande vosso nome por todo o universo!"

SEGUNDA LEITURA (Romanos 5,1-5): - "Justificados, pois, pela fé temos a paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo."

EVANGELHO (João 16,12-15): - "Tudo o que o Pai possui é meu. Por isso, disse: Há de receber do que é meu, e vo-lo anunciará."



- “TRINDADE NOSSA FAMÍLIA”
    Reflexão do Evangelho por Diácono José da Cruz

Chacrinha, o velho Guerreiro, revolucionou a TV com a sua comunicação irreverente nos programas de auditório ao vivo, foi um grande comunicador e há até uma frase sua que marcou o público “eu não vim para explicar, vim para confundir”. Há muita gente que pensa que Deus quis nos confundir ao revelar-se um Deus Trino, uma verdade ilógica, uma aberração matemática, segundo o raciocínio humano, pois 1 nunca será igual a 3, entretanto, é o contrário do que dizem, porque o homem jamais teria condições de penetrar no mistério de Deus, e, as leituras desse domingo, da Festa da Santíssima Trindade, mostram-nos como Deus se revela, permitindo ao homem contemplar toda a beleza desse amor.

Então penso que o maior e verdadeiro comunicador de todos os tempos é o Espírito Santo, chamado por Jesus neste evangelho, de Espírito de Verdade, que nos comunica não só quem é Deus, mas também quem somos. E a pedagogia de Deus é perfeita, sem queimar nenhuma etapa, respeitando os limites do homem na sua dificuldade de compreender, e se revela aos poucos, na medida em que o homem amadurece em sua fé, é, portanto uma revelação pessoal, pois um comunicador de massa nos moldes que a mídia nos coloca, não sabe na verdade quem são as pessoas com quem se comunica, seu jeito de ser, suas dores e angústias, suas dificuldades, além do que, nem sempre o que a mídia nos comunica é verdadeiro, aliás, na maioria das vezes são “verdades” inventadas para se vender uma idéia, um conceito ou um produto. Mas Deus nos dá um tratamento personalizado, pois o Espírito Santo nos conduz à Verdade que é ele próprio.

O homem é muito especial estando sempre no centro do projeto de Deus, basta ver a obra da criação em seus detalhes, feita com grande sabedoria, tudo foi preparado para que o homem fosse feliz, a sabedoria aqui mencionada em Provérbios, é como o amor de uma mãe que prepara com todo carinho o enxoval e o quarto onde o seu filho irá viver após o nascimento, amor que acolhe e que se alegra em ficar junto e a sabedoria de Deus tinha prazer de ficar junto com os filhos dos homens, o belo e perfeito, se apaixonando pelo feio e imperfeito. Nenhum Deus é assim, só o Pai de Jesus!
O nosso Deus nunca foi um enigma que desafia os homens a decifrá-lo, ao contrário, torna-se acessível em Jesus Cristo, no qual pela fé somos justificados, isso não significa que alcançaremos à salvação de maneira passiva, pois a segunda leitura da carta de Paulo aos Romanos, nos propõe o desafio de testemunharmos nossa esperança, que é Jesus Cristo, em meio às tribulações deste mundo.

As palavras de Jesus aos discípulos são consoladoras nesse sentido, porque na verdade eles estão tomados pela tristeza, por causa da idéia de que o senhor irá deixá-los, não haviam se dado conta de que a volta de Jesus ao Pai, iria perpetuar a presença de Jesus junto a eles, através do Espírito Santo. Os pecados e as misérias humanas não conseguem impedir essa comunicação de Deus aos homens, aberta a partir de Jesus Cristo, poderia se dizer que o emissor se comunica perfeitamente bem, mesmo que o receptor não seja muito eficiente, pois Deus nunca desiste do homem e o seu amor é eterno, comprovado em Jesus Cristo, ápice da revelação desse amor, que nos insere na vida de Deus através da comunhão.

Celebrar a Santíssima Trindade não é celebrar um mistério insondável, mas é sentir uma grande alegria, ao saber o quanto Deus nos ama, e se desdobra para nos alcançar e nos manter sempre junto a si. Uma galinha que abre suas asas para proteger e abrigar os pintinhos, uma águia que carrega sobre as asas seus filhotes para que apreendam a voar, são alegorias que aparecem na Bíblia e que facilitam à nossa compreensão a respeito de Deus. Enfim, embora imerecedores, somos todos membros desta Família Do PAI, do FILHO e do ESPÍRITO SANTO. (Festa da Santíssima Trindade)

José da Cruz é diácono permanente da Paróquia Nossa S. Consolata-Votorantim - e-mail:jotacruz3051@gmail.com


CARÍSSIMOS IRMÃOS E IRMÃS,

Em virtude de problemas no servidor do site Presbíteros, não publicaremos nesta semana o Comentário Exegético da Solenidade. Vejam na página EVANGELHO DO DIA a liturgia completa da celebração.

Desejamos a todos uma boa e santa semana!


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CLIQUE AQUI, acenda uma vela virtual, faça seu pedido e agradecimento a Nossa Senhora Aparecida pela sagrada intercessão em nossas vidas!



QUE DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!

Oh! meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno,
levai as almas todas para o céu e socorrei principalmente
as que mais precisarem!

Graças e louvores se dê a todo momento:
ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento!

Mensagem:
"O Senhor é meu pastor, nada me faltará!"
"O bem mais precioso que temos é o dia de hoje! Este é o dia que nos fez o Senhor Deus!  Regozijemo-nos e alegremo-nos nele!".

( Salmos )

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