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Índice desta página:
Nota: Cada seção contém Comentário, Leituras, Homilia do Diácono José da Cruz e Homilias e Comentário Exegético (Estudo Bíblico) extraído do site Presbíteros.com

. Evangelho de 26/12/2010 - SOLENIDADE DA SAGRADA FAMÍLIA
. Evangelho de 19/12/2010 - 4º Domingo do Advento


Acostume-se a ler a Bíblia! Pegue-a agora para ver os trechos citados. Se você não sabe interpretar os livros, capítulos e versículos, acesse a página "A BÍBLIA COMENTADA" no menu ao lado.

Aqui nesta página, você pode ver as Leituras da Liturgia dos Domingos, colocando o cursor sobre os textos em azul. A Liturgia Diária está na página EVANGELHO DO DIA no menu ao lado.
BOA LEITURA! FIQUE COM DEUS!

26.12.2010
SAGRADA FAMÍLIA DE JESUS, MARIA E JOSÉ – ANO A
__ "FAMÍLIA: PEQUENA IGREJA"
__

Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs! As características da família descritas nos trechos do Antigo Testamento, sobre as quais se modelavam as nossa famílias patriarcais, eram: a paz, a abundância de bens materiais, a concórdia e a descendência numerosa - sinais da benção do Senhor; a obediência e o amor eram a lei fundamental; essa obediência não era só sinal e garantia de benção e prosperidade para os filhos, mas também um modo de honar a Deus nos pais. A esse tipo de família o cristianismo trouxe um convite a uma contínua vitória sobre si em vista do Reino: São Paulo pede aos esposos e aos filhos cristãos que vivam a vida familiar como se já vivessem na família do Pai Celeste. Apresentando-nos a experiência de Cristo que entra no contexto de uma família humana concreta, o evangelho traça um quadro realista dos reveses e vicissitudes a que está sujeita a vida de uma família. Nem tudo é idílio, paz e serenidade na família: ela passa pelos sofrimentos e dificuldades do exílio e da perseguição; pelas crises do trabalho, da separação, da emigração, do afastamento dos pais, e outras dificuldades. Na Sagrada Família, como em todas as outras, há alegrias e sofrimentos, desde o nascimento até a infância e a idade adulta; ela amadurece através de acontecimentos alegres e tristes para cada um de seus membros. Entoemos cânticos ao Senhor!

(coloque o cursor sobre os textos em azul abaixo para ler o trecho da Bíblia)


PRIMEIRA LEITURA (Eclo 3,3-7.14-17a): - "Deus honra o pai nos filhos e confirma, sobre eles, a autoridade da mãe. Quem honra o seu pai, alcança o perdão dos pecados; evita cometê-los e será ouvido na oração quotidiana. Quem respeita a sua mãe é como alguém que ajunta tesouros."

SALMO RESPONSORIAL 127(128): - "Felizes os que temem o Senhor * e trilham seus caminhos!"

SEGUNDA LEITURA (Cl, 3,12-21): - "Irmãos, vós sois amados por Deus, sois os seus santos eleitos. Por isso, revesti-vos de sincera misericórdia, bondade, humildade, mansidão e paciência, suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos mutuamente, se um tiver queixa contra o outro."

EVANGELHO (Mt, 2,13-15.19-23): - "Levanta-te, pega o menino e sua mãe e foge para o Egito! Fica lá até que eu te avise! Porque Herodes vai procurar o menino para matá-lo"



Homilia do Padre Françoá Rodrigues Costa – SAGRADA FAMÍLIA DE JESUS, MARIA E JOSÉ – ANO A

A superação das dificuldades familiares

A Sagrada Família – Jesus, Maria e José – é o modelo da família cristã. Esta afirmação é mais que conhecida. A Igreja, nos últimos anos, tem tocado nessa tecla com muita insistência, ao mesmo tempo tem defendido a família enquanto realidade constituída por um homem e uma mulher com os seus filhos. Sinceramente, eu não gosto de chamar a essa realidade de “família tradicional”, pois poderia dar a entender que existe outro tipo de família. A família constituída como Deus quis e como a natureza das coisas pede é, simplesmente, a família.

A família cristã tem o seu modelo na família de Nazaré e, como acabamos de escutar na Missa de hoje, se trata de viver perto de Deus, ao lado de Deus e ao lado dos demais, com muitas alegrias e… com algumas dificuldades! Imagino uma coisa que talvez pareça um absurdo: se S. José não fosse um homem de fé e de fortaleza humana, teria entrado numa grande depressão.

José, jovem e bem vistoso, estaria verdadeiramente enamorado pela jovem Maria, que seria também muito bonita. Desposado com Maria, mas ainda não vivendo juntos, José estaria animado e alegre na preparação do grande dia em que receberia a sua esposa em sua casa. Estando nessas coisas do coração, de repente fica sabendo que Maria estava grávida. Mas, como? Um anjo lhe aparece e lhe explica o mistério: “o que nela foi concebido vem do Espírito Santo” (Mt 1,20), logicamente sem nenhuma cópula carnal. José se submete aos planos de Deus, está contente, mas… pouco tempo depois… uma nova contrariedade! Terá que descer com sua esposa do norte ao sul, de Nazaré a Belém para alistar-se, porque assim tinha determinado César Augusto. Maria estava grávida e a viagem era larga. Muito mais agradável teria sido ficar lá, em Nazaré, e preparar o nascimento do menino por lá mesmo. Nascido Jesus nas condições de pobreza em que se encontravam, as quais devem ter sido uma nova contrariedade para o coração sensível de José, agora… deve fugir. Fugir? Sim, e além do mais para o estrangeiro, para o Egito, o pais da escravidão do povo de Israel. E lá vai José! Ele não fala nada, não protesta e obedece sempre ao querer de Deus.

Nós poderíamos seguir meditando nas contrariedades padecidas por aquele santo guardião de Jesus e de Maria, no entanto já é suficiente para que aumente a nossa consciência de que as contrariedades são uma benção de Deus: nos ajudam a amadurecer, nos fazem mais disponíveis, matam o nosso egoísmo e orgulho e faz crescer a caridade em nós. Tudo isso pode ser real se deixarmos que Deus trabalhe conosco e em nós.

Como é importante que paremos de lamentar: uma vez por que a comida está sem sal; outra, por que a camisa ficou mal passada; naquela outra ocasião, por que riram de mim; noutra ainda, por que não escutaram os meus argumentos. Enfim, o que está claro é que nessas ocasiões fazemos de nós mesmos o centro das atenções, e por isso sofremos. Talvez um dos segredos da felicidade de S. José seja o fato de que ele não ficava pensando nas próprias contrariedades enquanto tais, o que queria aquele homem santo era fazer felizes a Maria e a Jesus, o que o fazia sofrer era ver que os outros poderiam ter um desgosto. Era um homem esquecido de si mesmo. Em toda a Sagrada Escritura não lemos uma só palavra de protestação do justo José. E tinha motivos para lamentar-se, para protestar, para estar estressado. Mas não! Era um homem que amava a vontade de Deus e que estava totalmente ao serviço dos demais. Eis aqui o segredo da felicidade, também da felicidade na família.

Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa


Comentário Exegético — Solenidade da Sagrada Família de Jesus — ANO C
(Extraído do site Presbíteros - Elaborado pelo Pe. Ignácio, dos padres escolápios)

INTRODUÇÃO: Parece que além de dar provas da verdadeira natureza humana de Jesus, o Espírito Santo quis deixar um exemplo para todos os adolescentes de como deveria ser seu comportamento com os pais terrenos e com o Pai dos céus. Este é o ensinamento que deriva de seu exemplo, quando perdido e achado no templo e quando voltando a Nazaré crescia em todas as ordens.

AS FESTAS: E seus pais iam todos os anos a Jerusalém na festa da Páscoa (41). Et ibant parentes eius per omnes annos in Hierusalem in die sollemni paschae. A lei de Moisés obrigava a peregrinação a Jerusalém de todos os maiores de treze anos nas três festas principais: Páscoa, Pentecostes e Tabernáculos (Dt 16, 16). Não parece que tiveram obrigação os galileus e muito menos as mulheres.

DOZE ANOS: Quando, pois, chegou aos doze anos, subindo eles a Jerusalém, segundo o costume da festa (42), e acabados os dias da volta deles, permaneceu Jesus, o menino, em Jerusalém e não souberam seus pais (43). Et cum factus esset annorum duodecim ascendentibus illis in Hierosolymam secundum consuetudinem diei festi consummatisque diebus cum redirent remansit puer Iesus in Hierusalem et non cognoverunt parentes eius. Embora a idade era dos 13 anos após o BAR MITZWA, em que o menino era considerado maior de idade e, portanto, filho do mandato, que é a tradução direta do bar mitzwa. Desde o aniversário dos 13 anos, o menino  estava sujeito aos 613 mandatos da lei e, por outra parte, adquiria o privilégio de ser contado entre os Minyan (literalmente número), que era o número mínimo para formar o culto na sinagoga. Muitas vezes eram pagos porque deviam deixar o trabalho para resolver os assuntos comuns e religiosos que exigiam sua presença. É bem  verdade que a festa, tal e qual a conhecemos, tem uma data inicial tardia, século XV. O primeiro Sábado que segue seu 13o aniversário é o dia de seu Bar Mitzwa. Mas antes disso, o adolescente preparava-se aprendendo as noções fundamentais da história e tradições judaicas, as orações e costumes do povo, estudando os princípios que regem a fé judaica. Nesse sábado da comemoração, o jovem recitava um capítulo da Torah  e um capítulo dos profetas (Haftará) com a melodia tradicional para estes capítulos, baseada numa escala de notas musicais, padronizadas para a leitura em público dos dois capítulos. A cerimônia religiosa era depois acompanhada com uma reunião festiva e familiar. Podemos dizer que era como a primeira comunhão. Escrito o original em aramaico, talvez possamos compreender que 12 e 13 se confundem e que Jesus teria os treze anos. Mas como temos visto aos 12 anos já entrava dentro dos exercícios de preparação e isso talvez seja o que Jesus disse a Maria: Devo ocupar-me das coisas de meu pai (2, 49).

A CARAVANA: Pensando, portanto, que ele estivesse na comitiva, percorreram um caminho de um dia  e o buscavam entre os parentes e os conhecidos (44). Existimantes autem illum esse in comitatu venerunt iter diei et requirebant eum inter cognatos et notos. COMITIVA: O Sinedion grego indica um caminhar juntos, uma caravana (comitatus). Caminhavam dispostos em três seções: Na vanguarda estavam os mais jovens dispostos a repelir os bandidos com bastões e até espadas. No centro mulheres e crianças menores de doze anos e  na cauda, com os mais velhos, os meninos maiores de doze anos. Os menores de doze anos podiam, pois, estar com as mulheres ou com os anciãos. Somente à noite é que os membros de uma mesma família se encontravam. Geralmente acostumavam percorrer 32 km por dia. Mas isso dependia das fontes de água. A primeira jornada era até Beerot a 16 km de Jerusalém, talvez pela dificuldade de encontrar água numa outra parada. No total eram três dias até a Galileia. Foi assim que a ausência de Jesus, só foi notada ao fim da primeira jornada.

A PERDA: E não o tendo encontrado, voltaram a Jerusalém, buscando-o (45). Sucedeu, pois, depois de três dias o encontraram no templo, estando sentado no meio dos doutores, tanto ouvindo-os como perguntando-os (46). Admiravam-se pois, todos os que o ouviam sobre a sua inteligência e as suas respostas (47). Et non invenientes regressi sunt in Hierusalem requirentes eum Et factum est post triduum invenerunt illum in templo sedentem in medio doctorum audientem illos et interrogantem. Stupebant autem omnes qui eum audiebant super prudentia et responsis eius. Durante o descanso noturno, as famílias se reuniram. Jesus não estava em parte nenhuma. Assim os pais, José e Maria, decidiram voltar a Jerusalém. Mais um dia de volta e mais um dia até encontrá-lo no templo. No total os três dias de que fala o evangelista, a não ser que o numeral seja tomado no lugar do indefinido, no lugar de adjetivos que as línguas semitas carecem, como alguns, poucos, vários, etc. de modo que o número três deixa de ser um cardinal para se transformar em plural mais ou menos definido. ENTRE OS MESTRES: A palavra usada por Lucas não é a usual para designar os escribas, (Nomikoi ou Grammateis) mas Didáskaloi com a qual Lucas designa o próprio Jesus (15 vezes) e que as línguas modernas traduzem por doutores. Há quem considere que no templo existia uma sinagoga e que nesta se ensinava a lei aos pequenos como em todas as demais da Palestina. Pode ser. Mas também era costume ensinar aos discípulos entre as colunas do pórtico de Salomão, como Jesus tinha costume de fazer, no templo: “estava sentado ensinando”(Mt 26, 55). Que os discípulos perguntassem era comum. Assim foram as perguntas dos fariseus (Mt 22, 15+), dos saduceus (Mt 22, 23 +)  e do doutor da lei(Mt 22, 41+). A Rabi Hanina se atribui este ditado: “Tenho aprendido muito dos meus mestres e mais dos meus condiscípulos…Porém de meus discípulos mais do que todos”.

POR QUE: E vendo-o, se admiraram; e dirigindo-se a ele sua mãe disse: Filho, Por que nos fizeste assim? Olha, teu pai e eu angustiados te procuramos (48). Et videntes admirati sunt et dixit mater eius ad illum fili quid fecisti nobis sic ecce pater tuus et ego dolentes quaerebamus te. Logicamente, assistimos a uma situação completamente nova na relação filho-pais. Como dirá depois o evangelista, a obediência e submissão de Jesus, era o dia a dia de sua relação com seus pais. Como um filho semelhante, sem pedir licença, podia ser causa de tamanha angústia de seus pais?  

A RESPOSTA: E lhes disse: que (é) isso, por que me buscáveis? Não sabíeis que nas coisas de meu Pai devia estar? (49). Et ait ad illos quid est quod me quaerebatis nesciebatis quia in his quae Patris mei sunt oportet me esse.Na resposta de Jesus, parece que tanto Maria como José deviam estar cientes de que Jesus não lhes pertencia totalmente. Por isso, a frase que temos traduzido como nas coisas de meu Pai tem estas interpretações: a) Na casa do meu Pai. Foi a preferida pelos padres da Igreja contra os gnósticos que rejeitavam o AT e o Deus dos hebreus. Com estas palavras, Jesus declara ser seu Pai o mesmo que habitava o templo de Jerusalém, ou seja, Jahveh (Sl 23,6).- b) Nos assuntos do meu Pai: como a Vulgata traduz o texto grego. -c) Entre os amigos do meu Pai, pois os pais, Maria e José o buscaram inutilmente entre os consanguíneos e conhecidos. A resposta é que não era entre estes últimos, mas entre os que eram amigos e conhecidos do Pai que deveriam ter buscado. O verdadeiramente importante era que Jesus devia amoldar sua vida às exigências de seu Pai, exatamente como o diria com toda claridade em Mt 12, 48 quando o buscam os parentes: quem é minha mãe e quem são meus irmãos? Aos 12 anos, vésperas de sua independência, como filho da lei, Jesus mostra qual é seu caminho e qual a verdadeira vontade que deve dirigir sua vida em obediência.

A PROFECIA: E eles não entenderam a palavra que lhes falou (50). Et ipsi non intellexerunt verbum quod locutus est ad illos.Infelizmente tanto o latim como as línguas vernáculas não tem essa distinção entre logos e rema.Logos é termo geral e rema é o pronunciamento, a sentença e no caso de um homem de Deus a profecia, como aqui. Esse estar sempre atento às coisas do Pai para lhe obedecer era a vida de Jesus que na sua primeira decisão independente, segundo a lei, tomava como atitude total de sua vida; como diz Paulo se fez obediente até a morte e morte de cruz (Fp 2, 8).

FILHO TAMBÉM DOS HOMENS: E desceu com eles e veio a Nazaré. E era submisso a eles. E a mãe dele guardava todas estas palavras em seu coração (51). Et descendit cum eis et venit Nazareth et erat subditus illis et mater eius conservabat omnia verba haec in corde suo. Com estas palavras, Lucas quer deixar claro que Jesus não foi um rebelde, mas um menino obediente e exemplar para com seus pais. Também parece que indiretamente indica qual foi a fonte destas atuações surpreendentes em Jesus, para logo tê-las como verídicas: a memória exata de Maria que nestas angustiosas circunstâncias gravava tudo como se fosse um disco de memória.

O CRESCIMENTO: E Jesus crescia em sabedoria, em idade e em graça diante de Deus e dos homens (52). Et Iesus proficiebat sapientia aetate et gratia apud Deum et homines. É notável ver como Lucas repete em 2,52 o que tinha dito em 2,40: ”O menino crescia e se fortalecia, cheio de sabedoria, e a graça de Deus estava nele”. Tomando como modelo 1 Samuel 2:26: “Mas o jovem Samuel crescia em estatura e no favor do Senhor e dos homens”. O único novo no Jesus de Lucas é o crescimento em sabedoria, sem dúvida, uma clara conclusão de seu contato com os mestres de Israel. Porque a graça de Deus pode ser traduzida pelo “O senhor estava com ele”. Graça aqui significa agrado, pois vemos como Lucas acomoda o dito de Samuel a Jesus. A medida que Jesus crescia ia mostrando com fatos a sua sabedoria e cada vez mais Deus estava com ele e os homens admiravam sua bondade, de modo que mais e mais cada dia era digno da admiração e beneplácito de Deus e dos homens.

UM CONVITE: Levantar ou arrumar uma árvore de Natal é colocar um objeto de adorno dentro de uma residência. Arrumar um presépio é introduzir uma família a mais dentro da nossa. É uma família que pede hospedagem, não material, porque geralmente é colocada no lugar mais importante da casa, mas de tipo espiritual, de sentimento, de fé e de amor. Embora um presépio não fale, devemos prestar atenção às palavras do poeta: “Há palavras que são ditas em silêncio. Há silêncios que valem por muitas palavras. Há fatos que valem por palavras nunca antes pronunciadas. São fatos que convidam ou reprovam, que aplaudem ou recriminam”. Dos tais, é o fato do Natal do menino que Deus assumiu em pessoa como elemento humano do Verbo. Seu nascimento é um convite ao amor e à reflexão. Amor principalmente de como Deus quer ser humano e habitar entre os humanos. Reflexão de como nós humanos queremos viver nossa humanidade já assumida por Deus totalmente num homem chamado Jesus.

Deus teve escolha para nascer do jeito que Ele queria. Podia ser rico e nasceu pobre para que todos pudessem ver nele o modelo de homem novo do seu evangelho. Escolheu uma virgem como mãe, não unicamente para indicar a paternidade verdadeira, mas para demonstrar que o prazer não é a fonte total da vida. Pastores, para demonstrar que sua vida era mais de pastor que cuida do rebanho que do rei que o governa. Uma família para significar que o amor nasce com a vida e esta vincula os homens com laços que devem ser eternos.

Mas seu Natal é também para nós um convite: O amor de Deus exige uma resposta. Queremos aproveitar a lição ou tentaremos buscar nossa felicidade dentro de nosso egoísmo, que será quem finalmente dite nossas respostas? Já sabemos o resultado das mesmas porque o álcool, a droga e o sexo-livre escravizam, dominam e matam. Se queremos viver a vida legítima e verdadeira, Jesus nos mostra o caminho, sua família o ambiente, seu Natal a verdade. O Natal é um convite para que creiamos no Amor, adoremos o Amor e vivamos imitando o Amor.


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19.12.2010
4º DOMINGO DO ADVENTO – ANO A
__ "O EMANUEL: DEUS CONOSCO"
__

Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs! Através da pregação e da liturgia a Igreja continua a repetir ao homem que a verdadeira e definitiva salvação é um dom que o próprio Deus nos traz, vindo a nós. O ponto central da liturgia deste domingo é a revelação desse segredo, desse mistério escondido durante séculos: a manifestação do plano salvífico que Deus preparou e realizou por amor aos homens. Esse desígnio de salvação tem uma história e seus sinais reveladores. Entoemos cânticos ao Senhor!

(coloque o cursor sobre os textos em azul abaixo para ler o trecho da Bíblia)


PRIMEIRA LEITURA (Is 7,10-14): - "O próprio Senhor vos dará um sinal. Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Emanuel."

SALMO RESPONSORIAL 23(24): - "Abre as portas, deixa entrar o rei da glória. É o tempo, ele vem orientar a nossa história!"

SEGUNDA LEITURA (Rm1,1-7): - "Jesus Cristo, nosso Senhor. É por Ele que recebemos a graça da vocação para o apostolado"

EVANGELHO (Mt 1,18-24): - "Ela dará à luz um filho, e tu lhe darás o nome de Jesus, pois ele vai salvar o seu povo dos seus pecados."



Homilia do Diácono José da Cruz – 4º DOMINGO DO ADVENTO – ANO A

"UMA VIRGEM CONCEBERÁ..."

Uma das grandes alegrias na minha adolescência, foi a de ter participado na construção da Igreja São João Batista. Por aqueles tempos eu me juntava com alguns congregados marianos, entre eles meu pai, e íamos aos domingos ou feriados, trabalhar em um mutirão na construção da Igreja de São João Batista em Votorantim, para tirarmos terra do sub solo, onde hoje é  presbitério, em um trabalho de formiguinha, que exigia esforço e paciência de todos os voluntários. Evidentemente, quando olhávamos para toda aquela estrutura de ferragens e vigas de concreto, madeiramento, tijolos e pedras espalhados por todo canto, não conseguíamos vislumbrar a beleza da obra acabada, mesmo assim, no final da jornada de trabalho, não deixávamos de comemorar com um bom gole de vinho que o Sr. Olério providenciava, porém, recordo-me que em 08 de dezembro de 1972, quando ela foi oficialmente inaugurada à noite, eu senti muito orgulho e alegria ao pensar que, mesmo na fragilidade dos meus quinze anos, havia participado do projeto.

O reino de Deus vem sendo edificado no meio dos homens desde os primórdios da humanidade, parece que no Antigo Testamento, que foi o tempo das promessas, Deus sinalizou o que estava por vir, o templo da plenitude com a encarnação do seu Filho Jesus, no qual o projeto chegaria ao ápice: Deus no meio dos homens, falando e caminhando com eles. Poderíamos ainda dizer, que em todo o Antigo Testamento, através dos patriarcas e profetas, Deus foi explicando os pormenores do seu projeto, usando para isso uma linguagem humana, fácil para nossa compreensão, dando uma visibilidade do seu reino nos reinados humanos, para que assim, na fé e na esperança, sendo fiéis à aliança estabelecida, os homens colaborassem e o ajudassem a preparar o coração de toda humanidade para acolher o novo reino que estava por vir.

A primeira leitura desse quarto domingo apresenta-nos a figura do Rei Acaz, um homem aparentemente religioso, com um discurso muito bonito “Não pedirei e nem tentarei o Senhor”, mas com uma prática desastrosa, porque não deu ouvidos ao profeta e preferiu confiar na força e no poder dos Assírios, para vencer seus inimigos, o que não acabou acontecendo. Parece que Acaz não era muito chegado em sinais divinos, que só são perceptíveis à luz da fé.  Uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e lhe porás o nome de Emanuel – Em tempos em que, ser virgem era uma desonra, pois uma das promessas de Deus ao patriarca havia sido a descendência numerosa, uma concepção era sem dúvida um sinal prodigioso, mas o rei Acaz não acreditou que Deus pudesse agir e reverter à dramática situação em que se encontrava o seu reino. Esse rei Acaz é o homem da pós modernidade, que neste terceiro milênio, aposta todas as suas fichas na tecnologia, na ciência que lhe possibilita o poder político e econômico, é como se dissesse “Não precisamos de Deus”, ou então “Olha Deus, fica aí no seu cantinho e vê se não atrapalha o avanço da humanidade”.

Mas no evangelho encontramos José, homem justo diante de Deus, alguém que não se move a partir da lógica humana, mas sim pela fé, alguém que é capaz de desfazer seus planos para aceitar em sua vida a vontade de Deus, tornando-se disponível para colaborar com o reino. O Deus que tudo PODE porque é onipotente, pede ao homem para colaborar com a sua obra e o seu maravilhoso projeto, e o que esse faz é pouco, mas sem a sua participação a obra não chegaria à sua conclusão, ao assumir aquele filho como seu, perante o sistema religioso da época, José tornou possível o cumprimento das promessas de que da descendência de Davi nascesse o Messias, como havia dito o profeta Isaias. Tanto a Acaz como a José, Deus tem uma palavra de encorajamento: Não tenhas medo! E também oferece um mesmo sinal: uma Virgem irá conceber... Revelação que só pode ser acolhida na fé e na humildade, virtudes estas que o rei nunca teve, pois o seu coração, corrompido pelo poder, só sabia confiar nos projetos humanos.

E o desafio de José foi muito maior, a justiça que lhe é atribuída como maior virtude, não era aquela do legalismo religioso, pois se fosse apenas isso, bastava denunciar a noiva, que estava lhe prometida em casamento, e sairia da história fazendo o papel de moço piedoso e zeloso dos bons costumes, e a Maria de Nazaré caberia o triste papel de mulher infiel, adúltera e vulgar, passível de uma morte por apedrejamento. Mas José prefere acreditar no seu sonho que é sonho de Deus. A Fé jamais será uma utopia, mas sim a realização do sonho de Deus, concretizado em seu projeto de salvação, que vai acontecendo na medida em que como José, vamos a ele aderindo, para fazê-lo acontecer. (4º Domingo do Advento)

José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail  jotacruz3051@gmail.com


Homilia do Padre Françoá Rodrigues Costa – 4º DOMINGO DO ADVENTO – ANO A

São José no Advento

Como o Evangelho da Infância segundo São Mateus é escrito desde a perspectiva de José – diferente de Lucas, escrito desde a perspectiva de Maria – vamos pensar hoje, na presença de Deus e à luz do texto evangélico, na figura desse grande homem, São José, no Tempo do Advento.

Uma das primeiras coisas que chama a nossa atenção na vida de José é o grande privilégio que ele teve: morar com Jesus e com Maria, cuidar deles, sustentá-los e ensinar-lhes muitas coisas. De fato, o nome “José” significa “Deus acrescentará”. E como acrescentou! Nós também pedimos a Deus que ele acrescente em nossas vidas a companhia de Jesus e de Maria, e de José. Nunca andemos sozinhos podendo estar tão bem acompanhados.

José é um homem justo (cfr. Mt 1, 19): convencido da inocência de Maria, ele sabe que não pode proceder ao rigoroso cumprimento da lei, que consistia em apedrejar os culpados (cfr. Dt 22,20ss). Maria não era culpada. Por outro lado, como proteger uma criança sob o próprio nome quando não se sabe quem é o pai? Se José fosse um legalista, não pensaria duas vezes: cumprimento da lei tal qual. Mas S. José não ficou somente na letra da Lei. Desde a sua infância meditava a Lei de Deus e a tinha gravada no coração, tinha atingido o espírito da Lei e procurava conhecer realmente a vontade de Deus em cada circunstância concreta. A justiça de José não é “justiça de José”, mas de Deus. Essa justiça está, ademais, banhada pela prudência, pela bondade e por um grande desejo de conhecer e praticar a vontade de Deus, que é bom.

Grande privilégio de S. José: é ele quem dá nome e sobrenome a Jesus. O anjo já tinha dito a José que colocasse o nome de Jesus no menino que nasceria. Além do mais, José, fazendo tudo o que o anjo lhe disse, assumiu Jesus como seu filho adotivo e lhe deu também o sobrenome real: da casa de Davi. Por causa de José, Jesus pode ser chamado também “filho de Davi” e dessa maneira se cumpriu a promessa de que viria um Messias da casa de Davi.

Uma das varias virtudes de S. José foi a disponibilidade. O Espírito Santo deixou escrito que “despertando, José fez como o anjo do Senhor lhe havia mandado” ( Mt 1,24). Deus nos ajude a ser generosos, especialmente nesses últimos dias que faltam para que contemplemos, através da liturgia da Igreja, o nascimento do Senhor. Talvez, um dos aspectos que deveríamos pensar mais nesses dias que faltam para o Natal seja a disponibilidade do nosso tempo para Deus e para os demais. Quanto tempo nós dedicamos à oração? Jesus é uma pessoa. Daí a importância de marcar alguns horários para estar com ele. Pensemos juntos: se tivéssemos que encontrar-nos com um personagem importante – um homem de estado, por exemplo – estaríamos lá no local combinado não só pontualmente, mas talvez até uns minutinhos antes para não correr o perigo de perder o esperado encontro. Por que não usamos semelhante critério para com Deus? É preciso que tenhamos os nossos horários diários de oração e sejamos pontuais. Jesus está nos esperando! Não podemos ser descorteses com o personagem mais importante da história da humanidade e da nossa vida. Além desses horários fixos durante o dia para ler um pouco a Sagrada Escritura, para conversar com Deus meditando os mistérios da vida de Jesus Cristo, para rezar o terço, para participar da Santa Missa, para fazer uma visita a Jesus-Eucaristia, tenhamos presente durante todo o dia ao Deus uno e trino: basta o desejo de estar com o Senhor, uma pequena oração, uma elevação da mente às coisas divinas, pensar em Deus ao passar diante duma igreja, rezar mentalmente pelas pessoas que vamos encontrando pelas ruas, etc. Sejamos criativos à hora de buscar e viver a presença de Deus!

Somos generosos na nossa formação fazendo boas leituras e participando de palestras e conferências que nos ajudam a adquirir cultura católica? Ajudamos os demais a aproximarem-se Deus? Somos generosos no tempo que utilizamos para o apostolado, para a evangelização? Fora todo egoísmo! Dar coisas pode ser importante, mas o mais importante é que nos demos a nós mesmos num serviço alegre e generoso a Deus e, por amor a Deus, aos outros.

Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa


Comentário Exegético – 4º DOMINGO DO ADVENTO – ANO A
(Pe. Ignácio, dos padres escolápios)

EPÍSTOLA (Rm 1, 1-7)

INTRODUÇÃO: Paulo, escravo de Jesus Cristo, chamado como apóstolo, segregado para o evangelho de Deus (1). Paulus servus Christi Iesu vocatus apostolus segregatus in evangelium Dei. Esta epístola é o início da carta aos romanos. Primeiro vem o título de quem a remete e a ocasião de ser o evangelho como motivo da mesma aos que por meio da bondade de Deus estão escolhidos como a ele consagrados. A eles deseja os favores divinos e a paz que constituem a saudação inicial de suas cartas. ESCRAVO [doulos<1491>=servus]. Sendo a escravidão o sistema político-econômico fundamental do império romano, não é de estranhar que existissem diversas palavras na koinë. Vejamos as usadas tanto no NT como no AT grego dos Setenta. THERÁPÖN [<2324>=famulus] é um servo familiar, quase um amigo do dono, como vemos em Hb 3, 5: Moisés era fiel em toda a casa de Deus, como servo, para testemunho das coisas que haviam de ser anunciadas. Seria o escudeiro ou pajem da idade média. Provém do verbo Therapeuö, curar, tomar conta de um enfermo. DOULOS [<1491>=servus] é o escravo próprio, o comprado e vendido como uma máquina ou gado que deve  obedecer sem ter vontade própria ao dono, despotës grego. Como classe social é o oposto ao eleutheros [1658=liberus], homem livre como vemos em 1 Cor 12, 13: em um só Espírito todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos [douloi=servi] quer livres [eleutheroi=liberi]. DIAKONOS [<1249>=servens] independentemente do seu estado civil é primariamente o servidor à mesa como em Jo 2, 5: Maria falou aos serventes [diakonois=ministris]: fazei tudo o que ele vos disser. OIKETËS [<3610>=verna] escravo, mas no sentido de domiciliar e não do campo. É o escravo da casa ou familiar, geralmente melhor considerado que o trabalhador do campo ou das minas. Pode ser o criado embora não livre como classe social. Assim temos 1 Pd 2, 18: Servos [oiketai=servi] sede submissos, com todo temor ao vosso senhor. YPËRETËS [<5257>=minister] é tomado do serviço militar, originalmente um remador, para distingui-lo do soldado de uma galera. Daí passou ao oficial subordinado, como lictor, ou oficial de justiça, como em Mt 5, 25: para que teu adversário não te entregue ao juiz, o juiz ao oficial de justiça [ypëretë=ministro]. Ao se  designar como doulos, Paulo toma para si o ofício mais servil que existia entre os romanos. Verdadeiro escravo do evangelho que em 15, 16 da mesma carta resolve como leitourgos [<3011>= minister], palavra com que se designava o dedicado ao serviço oficial civil ou do templo. Em Ef 3, 7 ele se declara ministro [diakonos] do evangelho, coisa que repete em Cl 1, 23 com o mesmo vocábulo. Paulo toma a atitude do serviço como escravo de Jesus Cristo, exatamente como o Batista afirmava ser, sendo que este último se humilhava até declarar que nem o ofício de levar as sandálias como fazia o mais humilde dos escravos era digno de realizar (Mt 3, 11). Os discípulos de um mestre em Israel eram chamados de filhos (Mt 23, 9) e até de últimos irmãos (elachistoi adelfoi) (Mt 25, 40; 45)  e podiam fazer pelo mestre todo serviço de escravos, a exceção de desatar as correias das sandálias, ofício reservado aos escravos da gentilidade e do qual os escravos judeus estavam dispensados. Este ofício de carregar as sandálias para o banho do senhor é declarado por Marcos (1, 7) e Lucas (3, 16) como sendo o mais baixo, já que para eles não existia a proibição de desatá-las que Mateus, como legista, tinha o dever de respeitar. Paulo, pois, é o servidor de Jesus sem privilégio nenhum, e por isso nunca quis receber salário [misthos] ou benefício como os demais apóstolos, e ao qual tinha direito segundo as normas da Lei (1 Cor 9).

DIGNIDADE DE CRISTO: O qual foi preanunciado por meio de seus profetas em Escrituras Sagradas (2). Quod ante promiserat per prophetas suos in scripturis sanctis. PREANUNCIADO [proepaggellö <4279> = promisere] O grego pode ser traduzido também como prometido anteriormente, pois a palavra de Deus sempre é uma promessa de um bem futuro como profecia de salvação. ESCRITURAS [grafai<1124>=scripturae] SAGRADAS [agiai<40>=sanctae]:em outra ocasião temos descrito o significado de TANAK,[Torah, Nebiim e Ketubim] ou Lei, Profetas e Escritos em que dividiam o que Paulo, em outra ocasião, chama de Sagradas Letras [ierai gramma] (2 Tm 3, 15). Embora o latim traduza como sanctae, não podemos usar o santo como tradução vernácula, pois santo significa sem pecado; e assim usaremos sagrado, ou divino, pertencente a Deus, como indica o grego agios. Com esta afirmação Paulo coincide com Pedro onde lemos (2 Pd 1,19-21): Nos confirmamos mais ainda com a palavra dos profetas …sabendo ….que nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana.

CRISTO COMO HOMEM: Com respeito a seu Filho, o nascido do esperma de Davi, segundo a carne (3). De Filio suo qui factus est ex semine David secundum carnem. SEU FILHO [‘uios<5207>=filius] o grego ‘UIOS é usado praticamente para a prole humana, do gênero masculino, tanto a progênie direta como a de um descendente do tronco comum. Para filhas temos thygatër[<2364>=filia]. Outra palavra é teknon [<5043>=filius]; embora traduzido do mesmo modo em latim seja o filho natural enquanto a preeminência de ‘uios é para o aspecto legal. Temos também pais [<3816>=puer] menino ou criança com parentesco de filho sem ter limites de idade como seria o paidion[<3813>=puer], que é um menino de tenra idade. ‘UIOS é o termo usado em termos metafóricos para os judeus no AT [bené elohim= filhos de Deus] e para os cristãos no NT [‘uioi ‘upsistou= filhos do Altíssimo] com respeito a Deus em sentido de serem filhos adotivos. TEKNON é usado também no lugar de ‘uios: não só pela nação, mas também para reunir os filhos de Deus [tecna tou Theou] dispersos (Jo 11, 52) . Em Lc 1, 35 temos a palavra do anjo: o ser sagrado que há de nascer será chamado Filho [uios] de Deus. E em Mt 11, 27: Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece o Filho [‘uion] senão o Pai; e ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar. À pergunta logo tu és o Filho [uios] de Deus? Ele disse: Vós o dizeis porque [óti] eu sou (Lc 22, 70). E os demônios declaravam: tu és o Filho [uios] de Deus. (Lc 4, 41). Jesus é o Filho em sentido literal, já que sempre diante de filho aparece o artigo determinativo ‘o [=o Filho]. Por isso em João encontramos o monogenës [= unigênito] (Jo 1, 18): o filho único, que está no regaço do Pai nos deu a conhecer. ESPERMA [sperma<4690>=semen] é a semente de uma planta ou o sêmen, esperma de um animal. Tomado em sentido figurado, é a prole ou descendência de um varão. Daí, família, raça, posteridade, descendência. Jesus era, pois, descendente de Davi. SEGUNDO A CARNE [sarkx<4561>=caro] é o corpo material que chamamos de carne. Em hebraico é bashar o oposto ao espírito, pneuma ou nefesh. Também o distinguiam do aima [sangue] donde estava a vida que era psichë. A distinção entre sarkx e söma é que aquele era considerado em oposição a psichë [alma] e söma era o corpo como um conjunto de partes unidas, entre elas ossos, carne, nervos. Literalmente sarkx é a carne distinta de sangue e ossos. Paulo distingue entre o corpo de  Jesus que tem carne e ossos antes da ressurreição [psykikos] e o corpo ressuscitado que ele denomina como corpo espiritual [pneumatikos] (1 Cor  15, 44). Por isso dirá: todos certamente não morreremos, mas todos sermos transformados (1Cor 15, 61). A frase segundo a carne indica a procedência humana de Jesus: era um descendente de Davi. Seu pai era legalmente  José, esposo de Maria da qual nasceu Jesus (Mt 1, 16), e o tal José era da casa de Davi (Lc 1, 27).

. EXALTAÇÃO DE JESUS: Constituído Filho de Deus em poder segundo espírito de divindade por causa da ressurreição dos mortos, Jesus Cristo nosso Senhor (4). Qui praedestinatus est Filius Dei in virtute secundum Spiritum sanctificationis ex resurrectione mortuorum Iesu Christi Domini nostri. CONSTITUÍDO [oristhentos<3724>=praedestinatus] particípio de aoristo do verbo orizö, de significado definido, marcado, nomeado, designado, constituído. EM PODER [en dynamei<1411>=in virtute] esta frase é indício das faculdades extraordinárias de operar milagres acima das leis naturais como quem é o dono das mesmas, ou talvez poder, como exousia, autoridade, como rei do Universo após a sua ressurreição. ESPÍRITO DE DIVINDADE [pneuma <4151>agiösynes<42>=spiritus sanctificationis]. Parece que não é uma referência ao estado anterior de Cristo no seio do Pai como diz João (Jo 1, 1-2), mas Paulo se refere ao triunfo do Cristo ressuscitado e sua atuação através do Espírito que ele enviou e que na primitiva Igreja era chamado Espírito de Jesus. Para entender este versículo Cristo de Deus, devemos partir do suposto de que Paulo fala unicamente de Cristo como homem, ou como o próprio Jesus dizia de si mesmo, do Filho do Homem, que neste caso para Paulo é segundo a carne. (vers 3). Como homem, pois, foi constituído [o latim diz predestinado] Filho de Deus, ou seja, como um representante direito de Deus, como um que tem o poder e o espírito da majestade divina [agiösinë] e isso por causa da ressurreição. É a divinização do homem Jesus de Nazaré. Pois agiösinë significa a majestade, a santidade ou transcendência como hoje se diz, própria só da divindade. Este versículo é, portanto a exaltação do homem Jesus à categoria da divindade por causa da sua ressurreição. Não mais o homem, ou o Mestre Jesus, mas o Senhor ou o Cristo de Deus. E assim ele é o Senhor (At 2,  e 10, 36), como dirá Paulo em Fp 2, 11: Toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor.

MINISTÉRO PAULINO: Pelo qual recebemos mercê e apostolado para obediência da fé em todas as nações sobre seu nome(5). Per quem accepimus gratiam et apostolatum ad oboediendum fidei in omnibus gentibus pro nomine eius. E Paulo continua sob o impulso de sua experiência, declarando que dele [de Cristo] recebeu a graça [charis] ou favor e mercê do apostolado [apostollë <651>=apostolatum=envio] para que todas as nações [ethnë] pudessem receber a fé como obediência à pessoa de Cristo.

VOCAÇÃO DOS ROMANOS: Entre os quais estais também vós chamados de Jesus Cristo(6). In quibus estis et vos vocati Iesu Christi.  Entre essas nações [pagãs] estavam os romanos que também foram chamados, vocacionados ou escolhidos [klëtoi<2822>=vocati] para aceitar como Senhor, Jesus, o Cristo.

SAUDAÇÃO FINAL: A todos os que estais em Roma, amados de Deus, chamados consagrados, graça e paz da parte de Deus, Pai vosso e do Senhor Jesus Cristo (7). Omnibus qui sunt Romae dilectis Dei vocatis sanctis gratia vobis et pax a Deo Patre nosostro et Domino Iesu Christo. Após esse prefácio em que Paulo mostra seus poderes e a transcendência do Senhor a quem serve de anunciador, termina esta primeira parte com a saudação por ele preferida em suas cartas: Graça [charis<5485>= gratia], ou seja, o favor e a mercê abundante por parte de Deus que é Pai e por parte do Senhor que é Jesus, o Messias. Também a paz [eirënë<<1515>=pax] que em lábios de um judeu era um pedido de todas as bênçãos possíveis da parte de Deus. E Paulo não poupa elogios aos cristãos romanos. É a captatio benevolentiae que aqui descobre os dons divinos em abundância entre os romanos: amados [agapëtoi<27>=dilecti] de Deus, e escolhidos como consagrados [agioi<40>=sancti] que geralmente vemos traduzido por santos, mas que originariamente é sagrado ou consagrado; isto é, dedicado à divindade. Na primitiva Igreja os fieis eram agioi, santos como eleitos e pertencentes ou dedicados ao culto divino, acepção primária inclusive do vocábulo latino.

EVANGELHO (Mt 1, 18-24) - A VISÃO DE JOSÉ

INTRODUÇÃO: João inicia seu evangelho, afirmando a eternidade do Verbo em Deus. Sem origem, existia desde o princípio. Essa é a última realidade de Jesus. Mas enquanto homem, qual foi sua origem? Mateus e Lucas descrevem o início do homem Jesus de modo diferente, porém, essencialmente idêntico. Lucas apela ao testemunho da mãe, Maria. Mateus, pelo contrário, descreve a situação do ponto de vista do marido, José. Ambos os relatos convergem para afirmar que o concebido no ventre de Maria não tinha pai humano. Que a concepção foi um ato do poder do Espírito Divino. Esse Espírito, que pairava presente sobre as águas primitivas no início (Gn 1,2), agora paira sobre Maria  para uma realidade que se parece com uma criação. Hoje, vamos estudar o evangelho de Mateus.

CONCEPÇÃO DE JESUS: Enquanto a concepção de Jesus Cristo era (sic) desta maneira: prometida, pois, a sua mãe, Maria, a José, antes da coabitação deles, foi achada tendo em ventre de Espírito Santo (18). Christi autem generatio sic erat cum esset desponsata mater eius Maria Ioseph antequam convenirent inventa est in utero habens de Spiritu Sancto. CONCEPÇÃO: Esta seria a tradução mais acertada e não nascimento de muitas bíblias. A bíblia de Jerusalém traduz origem de duvidoso significado. Com o significado de conceição, damos origem ao que, no mundo oriental ortodoxo, é denominada Conceição Imaculada [de Jesus], ou seja, desde a sua origem, como óvulo, Jesus não teve um sêmen masculino. Assim podemos afirmar que a primeira carne do Filho de Deus foi totalmente Mariana, e totalmente humana, pois não foi uma carne criada, mas gerada. JESUS CRISTO: A palavra aparece duas vezes em Mateus: uma, em 1,1 e ainda em 1, 18; e outras duas vezes, das quais uma, em Mc 1, 11 e outra, em Jo 17, 3, sempre como redação dos evangelistas, não como palavra saída do contexto falado por Jesus ou elaborada pela voz dos conterrâneos. Foi uma composição tardia na qual se uniu o nome Jesus com o fato de ser o Ungido, ou Cristo. A frase seria,  pois: Jesus é Cristo, como primitiva fórmula de fé, porque o verbo ser não era usado nas línguas semíticas.  A TRADUÇÃO: Na tradução latina, o verbo ën=era ou estava em imperfeito, é mantido com o erat. Outra tradução literal é em ventre que em português tem o artigo  e se diz no ventre ou no seu ventre. Tampouco o Espírito tem artigo, contrariamente, quando se fala da terceira pessoa da Trindade que é nomeada como o Espírito, o Santo, sempre com artigo [exemplos: Mt 12, 32; 28, 19 e Mc 1, 10; 3, 29 entre outros]. Sem artigo, significa o poder de Deus. MNESTEUTHEISES: A tradução é prometida. Gynë <1135>, em Mc 6, 17 e Lc 16, 18 é o nome dado a esposa em grego, nos evangelhos. Mnesteutheises é o particípio passivo do aoristo [passado] do verbo mnesteuo, que significa prometer em matrimônio, e como particípio passivo, ser declarada desposada ou noiva formal. Para entender isso, devemos entrar nos costumes judaicos da época de Jesus. O matrimônio era um contrato entre famílias. Contrato que se assemelhava a uma compra. A mulher era praticamente uma escrava, vendida pelo preço de um dote. Esse contrato em hebraico era o Ketubbá [=escrito] que estabelece obrigações assim como uma penalidade monetária no caso de divórcio. Uma mulher virgem valia 200 denários ou 200 dias de trabalho e uma viúva valia uma mina, ou seja, a metade aproximadamente. Uma mulher que tinha o Ketubbá dos esponsais era considerada esposa para todos os efeitos legais. Por exemplo, o sumo sacerdote não podia se casar com uma viúva (Lv 21, 14) e a Mishná afirma que essa viúva é tanto viúva após o casamento quanto  viúva tão só após os esponsais. Para um novo matrimônio, a viúva deve esperar três meses (tempo suficiente para saber se está grávida) sejam já casadas, divorciadas, ou prometidas em esponsais, porque o noivo, na Judeia, tem intimidade com ela. Com isto, fica provado que a prometida por meio do Ketubbá era praticamente uma esposa. Segundo os costumes da época, entre os esponsais e o matrimônio propriamente dito devia passar meio ano. A mulher virgem a se casar, pela primeira vez, teria na época 12 anos e meio. O  grego clássico usa o gameo para indicar matrimônio, e gameté [esposa]. Todavia no NT a palavra usada é gyné [mulher] com o duplo significado de fêmea humana e de esposa. Usa também o NT a palavra nymfe, jovem núbil, também com o significado de nora (Mt 10, 35). Parece claro que Maria estava unicamente prometida com a correspondente Ketubbá. Lucas usa a mesma raiz só que no tempo perfeito mnesteumene. Nas línguas modernas é difícil distinguir entre os dois tempos, aoristo e passado. Esta hipótese é realçada pelo mesmo evangelista quando afirma: antes que coabitassem ou convivessem. TENDO EM VENTRE: É a tradução direta do grego, que em português, devemos usar no ventre. Isto, como temos dito anteriormente, dava-se aos três meses da conceição. DE ESPÍRITO SANTO: A tradução do Espírito Santo não corresponde ao grego. A razão é que quando os evangelistas querem significar a terceira pessoa da Santíssima Trindade usam o artigo repetido : O Espírito, O santo [to pneuma <4151> to agion <40>]. Nas outras circunstâncias, espírito santo significa o poder de Deus: Ele batizará com espírito santo e fogo [en pneumati ágio kai pyri] contraposto a quem fale contra o Espírito o Santo [kata tou pneumatos tou agiou]. No nosso caso, está sem artigo algum e, portanto refere-se ao poder de Deus, exatamente como Lucas 1, 35. Isso não obstante a tradição, que chama Maria esposa do Espírito Santo, reflete a ideia de que foi a terceira pessoa da Trindade que pessoalmente, de modo muito especial, contribuiu para a geração do corpo de Jesus. Esta é uma noção completamente válida, pois a própria Escritura indistintamente fala dos profetas como falando no Espírito o Santo (Mc 18, 36) ou como cheios de espírito santo (Lc 1, 67). É o mesmo tipo de diferença entre o anjo de Javé e a intervenção direta divina no AT. O evangelista, com a frase da parte do Espírito divino [santo], exclui toda intervenção humana masculina na formação do corpo de Jesus. Era na realidade uma partenogênese. Do ponto de vista médico, a partenogênese é possível desde que o nascituro seja do mesmo gênero que a mãe, ou seja, uma mulher [hoje também se pode admitir a partenogênese masculina]. O sêmen masculino do pai era o único que determinava, ou melhor, gerava o novo ser, segundo o pensar da época. A mãe era uma depositária, uma horta onde a semente crescia interiormente alimentada com seu sangue e, depois exteriormente, com seu leite. Por isso o ek [de procedência] grego de Mateus, diz mais do que o nosso de, ou pelo Espírito divino, como geralmente traduzimos. A tradução da vulgata in útero habens de Spirito sancto, confirma  a hipótese que acabamos de formular. Lucas (1, 15),  ante a pergunta de Maria que é uma interrogante para iniciar uma explicação, mais do que uma escusa de sua parte, fala do poder do Altíssimo [equivale ao próprio Deus]. Este ser sagrado será chamado [será verdadeiramente] filho de Deus. Esta é a verdade. O catecismo do Pe. Astete dizia : O Espírito Santo formou do puríssimo sangue de Maria um corpo. No século XVI nada se sabia sobre o óvulo feminino, descoberto no final do século XIX, mas hoje que sabemos como a mulher contribui com seu óvulo, podemos afirmar que um dos óvulos de Maria foi em um primeiro momento o início da vida humana do Verbo. Houve um instante em que o corpo de Jesus era totalmente corpo de Maria. Isso exalta tanto a mãe como o filho. De modo que ela pode ser chamada de Theótokos, a que gerou Deus, ou Mãe de Deus. E como o Filho seria o resultado de uma intervenção divina particular, consequentemente, Maria seria virgem, a aei parthenos [= sempre virgem] grega, em cujos ícones estarão sempre as três estrelas como símbolo de Virgem antes do parto [concepção imaculada], no parto e depois do parto. Obviamente, não temos estátuas, proibidas desde o tempo de Leão o Isauriano, entre os gregos; mas os ícones representam em termos visíveis o que não era possível para a maioria: ler nos textos sagrados, porque era iliterata.

JOSÉ E SUAS DÚVIDAS: Porém, José, o seu homem, sendo honesto e não querendo expô-la publicamente, pensou repudiá-la secretamente (19). Ioseph autem vir eius cum esset iustus et nollet eam traducere voluit occulte dimittere eam. SEU HOMEM: Já temos explicado que, após os esponsais, ambos eram considerados marido e mulher. Não é, pois, estranho que Mateus fale de José como o marido [homem] de Maria. SENDO HONESTO: Existe uma incorreta maneira de traduzir o dikaios [conforme, ou melhor, ajustado com a lei] grego por justo [do latim iustus] que em linguagem moderna tem significado diferente,  como amante da justiça ou imparcial. Na realidade, dikaios era aquele que cumpre escrupulosamente a lei, a Torá antiga. E José se debatia precisamente por cumprir a lei. Qual era a lei neste caso? Uma desposada era considerada exatamente como uma esposa real. Segundo Dt 22, 13-21, quando uma jovem não tem provas de sua virgindade ao casar com um homem a jovem será levada à porta da casa do seu pai e os homens da cidade a apedrejarão até que ela morra, pois ela cometeu uma infâmia em Israel(…) Deste modo extirparás o mal do teu meio. José não queria colocar o caso em público [traducere afirma o latim da vulgata, que num dos seus significados implica expor alguém à vista e como em espetáculo, por vergonha], ou seja, denunciar Maria como adúltera de modo público. Segundo a lei, ele tinha todo o direito de denunciar publicamente Maria. Porém, ele escolheu um método que era também legal: fazer uso do chamado libelo de divórcio antigo (Mishná Git 8, 4). Que é o libelo antigo? Libelo [guet] era o documento em que o varão deixava livre para futuro matrimônio a mulher que até esse momento era sua esposa. Era um escrito em que duas testemunhas corroboravam a fórmula principal: tu ficas livre para casar-te com qualquer homem. Devia estar escrita em hebraico contendo 12 linhas, valor numérico da palavra guet fora das duas meias linhas onde assinavam as testemunhas. No libelo de divórcio antigo o escrito era entregue a sós à mulher, sem testemunhas. Se ela era menor de idade [entre 12 anos e um dia mas sem chegar aos doze anos e meio], podia ser entregue ao pai da jovem prometida (Git 6,2). Cremos que é a este libelo ao qual se refere Mateus quando afirma que quis repudiá-la  secretamente, ou seja, sem testemunhas, como era o caso de libelo de divórcio antigo.

O SONHO: Enquanto, pois, pensava em sua mente estas coisas, eis um anjo do Senhor por meio de um sonho, se manifestou a ele, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher: pois o nela gerado é de espírito divino (20). Haec autem eo cogitante ecce angelus Domini in somnis apparuit ei dicens Ioseph fili David noli timere accipere Mariam coniugem tuam quod enim in ea natum est de Spiritu Sancto est.  O ANJO: Todo fenômeno misterioso, como uma peste, um terremoto, uma epidemia,  especialmente se mortífera, era atribuído ao anjo do Senhor. Como exemplo temos o caso de  Senaquerib e seu exército em 2Rs 19, 35, cuja matança foi produzida, ao que parece, pela poluição das águas. O Mal’ak <4398> significa mensageiro e é usado como mensageiro humano enviado por um rei ou líder para executar uma missão humana. Contudo essa mesma expressão é usada para indicar um ser celeste, um anjo. E será então Malak Adonai [mensageiro do (meu) Senhor]. Na Bíblia há uma referência de uma corte celestial, com Deus como Rei e os anjos como seus servos. Os anjos [Malakim] aparecem sob forma humana como emissários a transmitir as palavras de Deus aos homens e realizarem missões práticas, como a liderança no deserto e a derrota de Senaquerib. O lugar dos anjos é o céu [sonho de Jacó] e que, em seu disfarce humano, nem sempre são reconhecidos pelos mortais. No caso, o Anjo do Senhor traduz o Malak Adonai. Mateus disse que se manifestou [efane] foi visto como luz como um ser luminoso, seria a melhor tradução. A vulgata traduz apparuit [apareceu]. O mesmo anjo apareceu mais duas vezes a José: para pedir-lhe que fosse ao Egito com o menino (Mt 2, 13) e para volver à Judeia uma vez morto Herodes (2, 19).  O SONHO: Em sonho é como aparece o anjo do Senhor. Atualmente os sonhos são produtos do inconsciente. Mas, nos tempos bíblicos, os sonhos eram o meio com o qual a divindade mostrava sua vontade com respeito ao futuro, ou manifestava razões que determinavam uma conduta. Temos o caso de Abimelec, que Deus visitou em sonhos de noite e disse: Vais morrer por causa da mulher, porque é uma mulher casada (Gn 20,3). Jacó teve o sonho da escada (Gn 28, 12). José teve o sonho que o engrandecia sobre seus irmãos (Gn 37,5). São famosos os sonhos de Faraó, que José interpreta corretamente (Gn 41, 1). O Senhor lhes disse: Enquanto houver entre vós um profeta do Senhor, eu me dou a conhecer a ele em visão, e lhe falo em sonhos (Nm 12, 6). Saul consultou o Senhor; mas ele não respondeu nem por sonhos, nem por urim [tipo búzios] nem por profetas (1 Sm 28,2). Finalmente Deus concedeu a aqueles quatro jovens, ciência e inteligência em matéria de escritura e de sabedoria. Daniel, em particular, sabia interpretar toda classe de visões e sonhos (Dn 1, 17), como foi o caso de Nabucodonosor em Dn 2,1. Consequentemente, José acreditou no sonho e no que foi declarado pelo anjo, porque era os sonhos uma maneira explícita da manifestação da vontade de Javé. PALAVRAS DO ANJO: José [= ele, ou seja, Javé acrescenta] filho de Davi. A descendência de Davi por parte de José é destacada pelo anjo. Era um título de respeito, mas ao mesmo tempo é um artifício do evangelista para afirmar que Jesus era também filho de Davi, porque a filiação era, na época, mais legal que biológica. Não temas receber Mariam como tua mulher. A primeira palavra é não temas. Poderíamos dizer que o significado de fobeö, no caso, é não hesites, não deves te preocupar em receber Maria em tua casa,  como tua mulher. Mateus dá o nome de Mariam que parece ser o nome semítico de Nossa Senhora. O anjo imediatamente dá a razão: O gerado nela é coisa do Espírito Divino. Temos traduzido o ágios grego por divino. Na realidade, seria sagrado ou pertencente à divindade. Tendo em  conta de que o varão era o único que intervinha na geração, segundo o pensar da época, a frase anterior significa que o ser gerado no ventre de Maria era um ser divino. Porém, pela gestação, completamente normal, esse ser seria também filho de Maria que dará à luz um varão, seu filho (v 21).

JESUS: Parirá, pois, um filho e chamarás o nome dele Jesus; porque ele próprio salvará o seu povo dos seus pecados (21). Pariet autem filium et vocabis nomen eius Iesum ipse enim salvum faciet populum suum a peccatis eorum. UM FILHO: Com esta frase o anjo chama Maria de mãe de um ser que antes tinha denominado de divino. É a palavra que origina o theótokos do Concílio de Éfeso, ao mesmo tempo em que confirma o sentir dos contemporâneos que a chamam sempre Mãe de Jesus (At 1, 14), ou Mãe do Senhor (Lc 1, 43). JESUS: E chamarás o nome dele, Jesus. Iësous<2424>, que provém do hebraico Ieshua <03091> e que significa Javé salva ou cura. Um pai [e no caso, o filho] só era reconhecido como tal quando aceitava o filho dando a ele um nome, tal como sabemos fez Zacarias com o menino que lhe apresentou Isabel (Lc 1, 63). E Mateus explica que esse nome foi escolhido de modo particular pelo verdadeiro Pai não por José. O motivo era que em si levava o ofício de salvar seu povo dos pecados deles. Jesus ou Jeshua significa Javé é salvação. Os pecados, logicamente, são os pecados pessoais. Daí salvar o povo de seus pecados ou dos pecados deles, e não de seu pecado. Refere-se ao povo de Israel e dentro dele faz uma referência às relações homem/Deus, sendo os pecados a parte que rompe uma amizade que devia existir entre ambos e que o homem, infelizmente, por própria e livre vontade, interrompeu desde a origem de sua existência. O anjo diz claramente o ministério e incumbência do menino que por isso mesmo receberá o nome de Jesus. Não existe outra interpretação: a salvação está unida ao perdão dos pecados, tendo como prioridade o povo escolhido.

A PROFECIA: Porque tudo isto tem sucedido para que se cumprisse o proferido pelo Senhor por meio do profeta, dizendo: (22) Eis que a virgem acolherá no ventre e parirá um filho e chamarão o nome dele Emanuel,  que é  traduzido por Deus conosco (23). Hoc autem totum factum est ut adimplerétur quod dictum est a Dómino per prophétam dicéntem: Ecce virgo in útero habébit et páriet fílium, et vocábunt nomen eius Emmánuel”, quod est interpretátum nobíscum Deus. PARA SE CUMPRIR: Para Mateus como para todo israelita do seu tempo a maior prova de que um fato ou uma pessoa estivesse realmente atinado com a vontade divina era que se ajustava aos planos anunciados pelos seus porta-vozes, os profetas. Javé era dono do Mundo e senhor da História. O PROFETA: As palavras que na continuação cita Mateus, são do profeta por excelência, Isaías 7, 14: Eis a virgem terá no útero e dará à luz um filho e chamarão seu nome Emanuel. É uma tradução direta do grego. O texto hebraico tem uma palavra almah <5959> que se traduz por donzela, jovem solteira, virgem. O grego dos setenta traduziu a palavra por parthenos [=virgem]. Termo que usa Mateus em seu evangelho e que resultava tão contundente contra os judeus que por esta e outras razões eles abandonaram a setenta e fizeram outras duas traduções como são Áquila e Teodocião em que almah é traduzido por veânis [donzela, jovem] que nada tem a ver com virgem, pois se admite que a palavra para virgem em hebraico é bethuwlah <01330>. Porém não é tão exato como parece. Como exemplo em Gn 24, 16 Eliezer, servo de Abraão pensa na moça Almah [puella da vulgata] de formosa aparência, virgem bethuwl [virgo] a quem nenhum homem havia possuído. Em Êx 2, 8 a irmã de Moisés recebe o adjetivo de almah, [puella] porque era uma mocinha. No caso de Isaías 7, 14 existe um sinal [prodígio?] porque uma almah que seria uma jovenzinha conceberá e dará à luz um filho e chamareis seu nome Emanuel. O texto massorético diz que ela o chamará mas o texto grego e a vulgata são unânimes em traduzir parthenos,  virgo e chamareis. Eis o texto da nova Vulgata: virgo concipiet et pariet filium et vocabit nomen eius Emmanuel.  Como vemos aqui, é ela quem dá nome ao filho. Tanto no caso da Vulgata como da nova Vulgata não aparece o artigo determinante [a] por faltar em latim semelhante individualização. O artigo grego a [virgem] determina mais a pessoa feminina como uma particularidade muito especial. O assunto é discutido até hoje. Se não era virgem como pode ser sinal partindo do próprio Deus? Como ela, uma mulher, poderia dar nome a um filho obtido de forma normal, cujo nome sempre pertencia ao pai? Daí que a setenta, à qual segue servilmente a vulgata de Jerônimo, traduz exatamente como vemos em Mateus 1, 23, almah por parthenos e virgo. O nome, que implica um significado de ofício ou desempenho, é Emanu-El, [conosco Deus]. O caso, interpretado por Mateus como sendo o cumprimento da profecia de Isaías, era perfeito para explicar tanto a gravidez de Maria como a atuação do Filho durante sua vida: era ter Deus no meio de seu povo. Que melhor descrição de vida de Jesus?

OBEDIÊNCIA: Tendo, pois, se levantado José depois do sono, fez como lhe ordenou o anjo do Senhor e recebeu sua mulher (24). Exsúrgens autem Ioseph a somno fecit sicut praecépit ei ángelus Dómini et accépit cóniugem suam. José, ao despertar, fez o que lhe fora mandado pelo anjo e recebeu Maria como sua esposa. Isto indica que antes não estavam casados e só prometidos legalmente com o Ketubbá. Daí deduzimos que Maria era uma donzela de 12 anos e mais nove meses, quando entrou a formar parte da casa de José como sua mulher.

PISTAS:

1) Jesus não é um homem qualquer; na sua humanidade existe uma intervenção direta do poder de Deus. Ele tem uma mãe terrena, mas o Pai dele, meu Pai dirá ele, e vosso Pai, é o próprio Deus. Porém essa sua permanência desde a conceição até seu nascimento no seio de Maria o torna semelhante a nós em tudo. Se o primeiro Adão [homem] foi feito espírito vivente pelo sopro [pneuma] divino, o segundo Adão, Cristo, foi feito homem pelo espírito divino que transforma um óvulo humano em ser divino, totalmente dependente da divindade [será chamado Filho de Deus (Lc 1, 35) ou Deus conosco].

2) É admirável a simplicidade da narração. Mas também é apreciável o modo como é efetuada: José conhece o caso pelas palavras do mensageiro de Deus, como num sonho. Este sonho implica uma duplicata da realidade que temos que conhecer, em profundidade, unicamente com os olhos e ouvidos interiores. Por meio de uma fé que depende de um relato humano, mas que unicamente aceitamos porque avaliado pela palavra divina.

3) A dúvida de José era se podia aceitar uma mulher que, em termos legais, era uma idólatra e, portanto, maculava o matrimônio de modo a atingir de forma pecaminosa o esposo, cuja infâmia, portanto,  deve ser extirpada. Aceitá-la era impossível. O meio de recusá-la era a dúvida principal de José. Como temos exposto, escolheu um método que a deixava fora de suspeitas adúlteras, mas que impediria a união matrimonial, porque nesse caso, como marido de uma mulher infiel, comparável a uma idólatra, estaria ele colaborando com o mal. O libelo, ou escrito de repúdio antigo, foi a forma escolhida por José. Não era preciso relatar causas, mas deixar claro que não deviam existir vínculos ulteriores. Tudo estava terminado.

4) A visão em sonhos declara os fatos e inocenta Maria. Mais, a eleva à categoria de especial escolhida por Deus para ser mãe do Salvador esperado. Existe outro aspecto a ser tomado em conta: pede a José que atue como pai. Ninguém saberá o acontecido e todos pensarão numa conceição, gravidez e nascimento comuns.

5) José aceitou o encargo e se tornará pai –todos assim o pensavam – de um menino a quem impõe o nome, Salvador dos pecados de seu povo, não dos inimigos externos ou do poder estrangeiro, mas dessa ruptura essencial do homem com Deus que Cristo inicia a dissolver e da qual sempre será causa de anulação por meio da reconciliação. Era o antigo decreto de morte que acompanhava o afastamento do homem. Agora, por parte de Deus, todos somos filhos em seu Filho. Por parte humana, individual, essa nova realidade é assumida particularmente por meio da fé e a conversão em que não é o homem quem dita a ética vital, mas o Homem Jesus quem a proclama no seu evangelho.


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Oh! meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno,
levai as almas todas para o céu e socorrei principalmente
as que mais precisarem!

Graças e louvores se dê a todo momento:
ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento!

Mensagem:
"O Senhor é meu pastor, nada me faltará!"
"O bem mais precioso que temos é o dia de hoje! Este é o dia que nos fez o Senhor Deus!  Regozijemo-nos e alegremo-nos nele!".

( Salmos )

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