| GOTAS DE REFLEXÃO - EVANGELHO DOMINICAL
 16.01.20112º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO A
 __ "JESUS TIRA OS PECADOS DO MUNDO" __
 Ambientação:Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs! A expressão "Cordeiro de Deus" lembra aos ouvintes hebreus duas imagens distintas, mas no fundo, convergentes: a imagem do Servo de Javé que aparece como cordeiro levado ao matadouro, como ovelha muda diante dos tosquiadores, e a imagem do cordeiro do sacrifício pascal. Em outras palavras Jesus, o Cristo, é o cordeiro da nova páscoa que, com sua morte, inaugura e ratifica a libertação do povo de Deus.  Entoemos cânticos ao Senhor!
 
               (coloque o cursor sobre os textos 
                em azul abaixo para ler o trecho da Bíblia) 
 PRIMEIRA LEITURA (Is 49,   3.5-6):   - "Tu és o meu servo, Israel, em quem serei glorificado!" SALMO RESPONSORIAL 39(40):    - "Eu disse: Eis que venho Senhor! Com prazer faço a vossa vontade!" SEGUNDA LEITURA (1Cor 1, 1-3):    - "Para vós, graça e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo." EVANGELHO (Jo 1,   29-34):   - "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo." 
 
 Homilia do Diácono José da Cruz – 2º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO A "O FRÁGIL CORDEIRO DE DEUS..." Houve  um tempo na minha infância, em que os Reis do Ringue influenciava nossas  brincadeiras e disputava-se em duplas, fazendo do campinho de final de rua,  nosso ringue improvisado. Havia um garoto novo, mas muito encorpado, e além do  mais com uma agilidade incrível para lutar, quem lutava ao seu lado, saia-se  vencedor. Nós éramos franzinos e ele era sempre o destaque, considerado forte,  sempre com pose de campeão. Quando  as lutas eram com algum menino de outro bairro, para intimidar o adversário,  o apontávamos como o grande campeão e vencedor  nato, e assim, por muito tempo foi considerado o melhor lutador da região,  ninguém ousava enfrentá-lo. João  Batista aponta aos discípulos e demais seguidores, o grande Messias, o esperado  por todos, o Ungido de Deus e revestido de todo poder, mas o título que lhe  confere deve ter provocado risos em alguns mais céticos: Cordeiro de Deus ! Poderia  utilizar-se de um título mais condizente com o poder do Messias, quem sabe Leão  ou até mesmo Urso, animal forte e poderoso entre os demais, com força  descomunal. Mas  Cordeiro era motivo até para chacota, pois o cordeiro é frágil, indefeso,  incapaz de qualquer reação diante dos que atentam contra sua vida. Quanto á sua  ação de “tirar o pecado do mundo”, esperava-se alguém que acabasse  definitivamente com os maus, premiasse os bons e eliminasse todas as forças do  mal, não muito diferente de hoje, quando diante do quadro triste de um mundo  marcado por tanto pecado, muitos nutrem no coração, a falsa esperança de que  Jesus venha nas nuvens para desmascarar o Mal e fazer triunfar o Bem. Seria  assim a vingança dos bons e justos, ver os maus serem esmagados e aniquilados  por Jesus triunfante e glorioso. Acredita-se que o traidor Judas, no fundo  pensava em uma “virada” na situação e por isso entregou Jesus aos seus  inimigos, para deliciar-se ao ver a reação der Jesus na hora “H”. Esse  pensamento equivocado prevaleceu até na hora derradeira quando entre outros  insultos se dizia “Se és de fato o Messias, desce da cruz agora...” Não  é errado pensarmos desse modo, diante do Poder e Perfeição de Deus, e de nossas  fragilidades,  até João Batista tinha uma  compreensão messiânica rigorosa e severa, vivia falando em fogo que devora, em  palha que iria ser queimada quando o Reino se instalasse, para que os maus  tremessem na base e se convertessem. Mas  no evangelho de hoje, parece que “caiu a ficha” de João, duas vezes ele declara  que não conhecia Jesus, e que chegou a esse conhecimento porque Aquele que o  tinha enviado para Batizar, o revelara. Não  se compreende as coisas de Deus, o seu pensamento e seu agir, a partir da  lógica humana, mas pode-se ver os sinais que ele realiza, e João VIU ,  logicamente esse Ver Teológico, transcende a nossa limitada visão carnal, ver  os sinais que Deus realiza, só é possível com os olhos da Fé, em outras  palavras, quem vive na Fé, começa a ver os acontecimentos e as pessoas com um  olhar diferente e o quadro inverte-se: aquilo que é Forte e poderoso se tornará  em ruína, aquilo que é fraco, indefeso, insignificante, irá realizar a salvação  completa, não só dos Israelitas, mas de toda humanidade. Na  primeira Leitura o Profeta, que é a Boca de Deus, já havia dito sobre o Servo  de Javé, que ele seria a Luz das Nações, e aqui, o servo de Javé é aplicado ao  povo, que estava cativo na Babilônia, totalmente derrotado e massacrado, sem  pátria e sem identidade, aliás, nas duas leituras, não é homem que se sente  forte e preparado, para algo grandioso, mas é Deus que chama através da  Vocação, o apóstolo Paulo apresenta-se desse modo á comunidade, e Deus nunca  chama os arrogantes, os prepotentes, os mais fortes, e que tem panca de  vencedor, como o meu amigo de infância, a quem me referi no início e que nós  chamávamos de “Homem Montanha”, ao contrário, Deus se alia aos pobres, fracos,  desprezados, por isso o título “Cordeiro de Deus” evoca realmente quem é Jesus,  o Deus Todo Poderoso encarnado na fragilidade humana para vencer em definitivo  as forças do mal e tirar o pecado do mundo. O  Cordeiro de Deus, o Deus imortal, Criador de todas as coisas, Onipotente,  Onipresente e Onisciente, vem como Cordeiro indefeso diante da violência  humana, vai para o matadouro mudo, sem reclamar, sem praguejar contra o Pai,  sem maldizer a própria sorte. Porque somente assim realizará sua Missão de  Salvar os homens, só o amor salva, e só DEUS É AMOR. Aprofundar  no conhecimento de Deus e poder dar testemunho como João Batista, requer de  cada cristão esse VER constante no dia a dia, os atos de mais puro amor que  Deus vai realizando, mas é sempre preciso ter em mente esse modo de agir Divino,  que sempre engana os homens que se julgam sábios e espertalhões. Olhemos para a  Eucaristia, ponto convergente da Igreja e cume da Liturgia, o Sacerdote ergue  uma hóstia frágil, que cabe na palma da nossa mão, e que até um ventilador  ligado pode fazê-la sair voando... Entretanto, ali está escondido e oculto aos olhos dos  que não crêem o maior e mais valioso de todos os tesouros da terra. A graça de  Deus em forma de pão que alimenta e restaura as nossas forças, ajudando-nos a  atravessar o deserto da Vida terrena, como aquele Maná descido do céu ajudou o  povo na travessia do deserto, milhares de vezes ao dia esse gesto se repete, a  hóstia é apresentada repetindo-se as palavras de João: Eis o Cordeiro de Deus,  aquele que tira o pecado do mundo....Como diz São Paulo, Jesus Cristo é o mesmo  ontem, Hoje e sempre, e ainda prefere ocultar todo o seu Poder, graça, Glória e  Salvação, em algo frágil. Que a exemplo de João Batista, possamos também VER ,  e dar testemunho de que naquele pedacinho de pão está o Filho de Deus, Cristo  Jesus, nosso Deus e Senhor, aquele que criou o céu e a terra, e salva e  santifica a todos os que Nele crêem, em meio a toda humanidade. José da Cruz é Diácono da Paróquia Nossa
              Senhora Consolata – Votorantim – SP
 E-mail  jotacruz3051@gmail.com
 
 Homilia do Padre Françoá Rodrigues Costa – 2º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO A“Banquete sacrifical” “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29). Essas   palavras soam aos nossos ouvidos em cada Santa Missa ao aproximar-se um dos   momentos mais sublimes do sacrifício eucarístico, a comunhão. E nós respondemos:   “Senhor, eu não sou digno (…)”. Jesus Cristo vem a nós em cada celebração   eucarística. Não nos esqueçamos, no entanto, de que a graça da comunicação de   Deus conosco passa pelo sacrifício do seu filho, Cordeiro oferecido ao Pai que,   com a sua obediência e com o seu amor, tira o pecado do mundo. De fato, essas   palavras do Evangelho segundo S. João aludem ao sacrifício redentor de Jesus   Cristo. A Missa é sacrifício, ou seja, uma realidade sagrada oferecida a Deus. Não se   pode negar essa verdade de fé divina e católica, quem assim o fizesse cairia na   heresia. O sacrifício está presente em toda a Sagrada Escritura; também o está nas   diversas religiões. O ser humano sempre sentiu o desejo de oferecer dons a Deus.   A universalidade desse fato nos mostra que é uma tendência natural do ser humano   dirigir-se à divindade ofertando-lhe algo. Nas pessoas há tendências universais,   independentemente da cultura na qual estejam integradas: a consciência de   limitação e de culpa; a intuição de que existe um ser que está por encima de   todos, criador e providente (= Deus); essa inclinação a oferecer a Deus dons,   queira para agradá-lo queira para aplacá-lo; o desejo de não morrer etc. Foi Deus quem colocou essas tendências universais no coração do homem. Assim   como os projetos do homem passam primeiro pela sua mente, depois vão ao papel e   chegam à realidade; de maneira semelhante, os projetos de Deus passaram pelo seu   coração, foram prefigurados de diversas maneiras nas multiformes culturas e,   finalmente, chegaram à sua cima em Jesus Cristo. Santo Irineu de Lyon gostava de   dizer que Deus foi acostumando, durante séculos, o ser humano à sua maneira de   atuar. O homem foi se acostumando com a maneira de Deus trabalhar no mundo e na   sua vida. Em relação aos sacrifícios se vê essa mesma “pedagogia” de Deus. Começando pela rudimentariedade dos sacrifícios antigos, passando pelo primor   das cerimônias do povo de Israel e chegando, finalmente, à perfeição do   sacrifício de Cristo na cruz, se vê uma línea constante na maneira de atuar de   Deus. Cristo ofereceu a si mesmo, o seu amor e a sua obediência, como oblação   pura ao Pai. Ele é sacerdote, vítima e altar. O sacrifício de Cristo, que   consiste essencialmente no seu amor e na sua obediência, teve manifestações   externas que chegaram ao cume do sofrimento humano. A Igreja Católica sempre teve essa convicção: a Missa, toda Missa, é   verdadeiro e próprio sacrifício. Essa verdade de fé foi reafirmada e dogmatizada   solenemente pelo Concilio de Trento. Em cada celebração eucarística se oferece,   verdadeiramente, Jesus Cristo ao Pai pela ação do Espírito Santo; em cada Santa   Missa há um sacrifício no sentido próprio e real que essa palavra tem:   sacrifício é oferecimento de um dom sagrado à divindade. É muito importante que   compreendamos a palavra sacrifício como oferta. Seria um absurdo, em efeito,   pensar, segundo o modelo dos antigos sacrifícios, que em cada Missa o padre mata   a Cristo e o oferece ao Pai. Isso seria um horrível sacrilégio! Cristo “apareceu uma só vez ao final dos tempos para destruição do pecado   pelo sacrifício de si mesmo” (Hb 9,26). Jesus morreu uma só vez, ofereceu   perfeitissimamente ao Pai o seu amor e a sua obediência, as suas chagas e os seu   sangue derramado para a nossa salvação. Conseguida essa salvação, “Cristo   entrou, não em santuários feito por mãos de homens, que fosse apenas figura do   santuário verdadeiro, mas no próprio céu, para agora se apresentar intercessor   nosso ante a face de Deus” (Hb 9,24). Mas, de que maneira Cristo intercede por   nós no céu? De várias maneiras, mas todas elas se resumem no seu sacrifício. A   vida santíssima, redentora e santificadora de Jesus Cristo teve o seu momento   mais alto e reunificador no Mistério Pascoal, isto é, na sua Morte, Paixão e   Glorificação. Cristo nos salvou apresentando-se ao Pai e continua salvando-nos   apresentando-se ao Pai. Ele é o nosso único Mediador. Jesus entrou no céu com todos os méritos conseguidos na sua vida terrenal.   Esses méritos são infinitos porque são os méritos do Filho de Deus, que é Deus.   Apresentando-se ao Pai com o seu Mistério Pascoal, Jesus envia desde o santuário   celeste esse mesmo Mistério, a sua Páscoa, à humanidade. Como? Através da Missa,   que é a atualização dos Mistérios de Cristo, cujo central é a Cruz gloriosa,   isto é, a sua Morte e Ressurreição, que mereceu também o envio do Espírito   Santo. Em cada Missa, faz-se presente, atual, o Mistério da Cruz gloriosa e, ao   entrarmos nesses raios divino-humanos da Eucaristia, somos redimidos, salvados,   santificados e glorificados antecipadamente. Há um livro belíssimo, escrito por um santo, que vale a pena ler para   aumentar a piedade eucarística: “As excelências da Santa Missa” de S. Leonardo   do Porto Mauricio pode ser uma grande ajuda para adentar mais nesse Mistério,   para viver a Santa Missa. Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa 
 Comentário Exegético – 2º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO A(Pe. Ignácio, dos padres escolápios)
 EPÍSTOLA (1 Cor 1, 1-3) SAUDAÇÃO: Paulo, eleito apóstolo de Jesus Cristo por vontade de Deus e   Sóstenes, o irmão (1). Paulus vocatus apostolus Christi Iesu per voluntatem Dei   et Sosthenes frater. A epístola de hoje forma parte da saudação particular de   Paulo aos fieis de Corinto desde Éfeso para corrigir abusos e firmar a doutrina   da fé. A Eucaristia, a unidade da Igreja, a ressurreição, a sabedoria da cruz e   a castidade cristã são objeto de sua preocupação. Sua autoridade é afirmada   desde o princípio como apóstolo, especialmente escolhido pelo Senhor para   anunciar o evangelho aos gentios. Deus mesmo o escolheu por boca dos profetas e   Jesus o confirmou aparecendo a Paulo e confortando-o como vemos em At 18, 9-10:   Disse o Senhor em visão a Paulo: Não temas e não te cales. Porque eu sou contigo   e ninguém lançará mão de ti para te fazer o mal, pois tenho muito povo nesta   cidade. Era o início do ano 51.  SÓSTENES: de origem grega e de significado   forte ou preservador da força, era o chefe da sinagoga de Corinto quando os   judeus acusaram Paulo frente ao procônsul Gálio que se desinteressou do caso e   então os judeus feriram Sóstenes diante do tribunal, provavelmente por ter feito   um papel péssimo como acusador. Parece que se converteu após esse incidente.   Conforme tradição posterior Sóstene era um dos 70, o que parece impróprio. De   todos os modos, é provável que Sóstenes fosse o amanuense de Paulo, que redatava   a  epístola, e que Sóstenes a escrevia no pergaminho ao ditado do apóstolo.   IRMÃO [adelfos<80>=frater]  em termos clássicos era o filho da mesma mãe   ou pai. Entre os judeus, o parentesco do irmão se estendia aos tios, primos etc.   e correspondia ao AH hebraico. Em termos bíblicos do NT era o título que recebia   o cristão, pois como disse Jesus um só é vosso Mestre, e vós todos sois irmãos   (Mt 23, 8). E a frase tem um sentido próprio, pois os rabinos [mestres] eram   chamados pais, como vemos  no versículo seguinte (9) no mesmo escrito. Era   costume entre os discípulos de Jesus esse apelativo como vemos em Jo 21, 23: Se   tornou corrente entre os irmãos o dito de que aquele discípulo não morreria.   Sóstenes, pois, era além de amanuense um cristão conhecido pelos de Corinto. ENDEREÇO:  À igreja do Deus a que está em Corinto, aos consagrados em Cristo   Jesus, escolhidos santos com todos os invocantes do nome do Senhor nosso Jesus   Cristo em todo lugar tanto deles como nosso (2). Ecclesiae Dei quae est Corinthi   sanctificatis in Christo Iesu vocatis sanctis cum omnibus qui invocant nomen   Domini nostri Iesu Christi in omni loco ipsorum et nostro. Explicado no primeiro   versículo o remetente, agora temos o círculo dos que recebem a carta. É o   conjunto dos fieis de Corinto, aos que Paulo chama de  A IGREJA DE DEUS  é o   primeiro dos atributos ou apostos com os quais Paulo se dirige aos fieis de   Corinto. Essa expressão, como sinagoga de Deus [sinagogë tou Kyriou] aparece na   tradução da Setenta em passagens como Nm 16, 3. Também em At 20, 28, o rebanho   que Cristo comprou com seu sangue, contrária à sinagoga de Satanás (Ap 3, 9).   Era a Igreja que Paulo perseguiu na Palestina (1 Cor 15, 9). Em termos profanos,   IGREJA [ekklësia<11577>=ecclesia] era uma reunião dos cidadãos de uma   cidade grega, para tratar de problemas comuns. Para os judeus, era o povo de   Israel, como uma assembleia religiosa dedicada a Jahveh. Entre os cristãos, era   a comunidade dos fieis que os unia a Cristo pela fé. EM CORINTO: Era uma das   grandes cidades do mundo antigo e a sua comunidade era próspera e famosa por sua   reputação como sedenta de prazeres com um templo dedicado a Afrodita no qual   habitavam mil Hierodulas, ou prostitutas sagradas. O termo Corintiathomai era   conhecido no mundo greco-romano como viver uma vida licenciosa. O museu de   Asclépio hoje nos mostra uma parede cheia de penes genitais aparentemente   ex-votos por cura de doenças venéreas. Por isso, Corinto é descrito como   intelectualmente alerta, materialmente próspera, mas moralmente corrupta. A   bebida era outra característica dos excessos dos corintianos. Um autor da época   dizia que se um corintiano aparecesse nas tabuas do teatro ele estaria bêbado   (Aelian). Era Corinto o centro de desportos [jogos do istmo dedicados a   Poseidon], do governo, de uma guarnição militar e do comércio [famoso era o   bronze corintiano, mistura de ouro, prata e cobre]. Em aposição temos também as   duas expressões: Consagrados em Cristo Jesus e escolhidos santos. CONSAGRADOS   [ëgiasmenoi<37> = sanctificati]. É o particípio passado do verbo agiazö   que inicialmente indica coisas ou pessoas separadas do âmbito profano para ser   dedicados à divindade. Como tal dedicações deviam ser purificadas e daí a   santidade como atributo devido aos mesmos. Por isso, em termos vernáculos o   agios [substantivo] é traduzido impropriamente por santo. O catecismo  antigo,   ao falar do cristão dizia que era homem dedicado ao serviço de Cristo. Porém   havia muitos problemas  tanto morais, como de doutrina e de governo da Igreja.   ESCOLHIDOS [klëtoi<2822>=vocati] em grego são os chamados, convivas,   chamados a exercerem um ministério, escolhidos e designados para uma missão.   Mateus distingue entre klëtoi [chamados] e eklëtoi [escolhidos] (20, 16) quando   Jesus afirma: muitos são chamados, mas poucos escolhidos. SANTOS    [agioi<40>=sancti] é a tradução do Kadosh[<06918> =sanctus] como em   Êx 19.6: Vós sereis para mim um reino de sacerdotes, uma nação santa. Estas são   as palavras que falarás aos filhos de Israel. Ou seja, mais do que moralmente   sem pecado, significa especialmente dedicados ao serviço de Deus, como foi o   antigo povo de Israel, que unicamente adorava o verdadeiro Deus. Isso mesmo   serão os cristãos dedicados ao serviço de Jesus Cristo no NT, como diz Paulo   neste versículo. TANTO DELES COMO NOSSO: O pensamento de Paulo está em igualar   gregos com judeus; e como eles foram escolhidos em primeiro lugar, por isso   Paulo os cita desse modo. Como nosso Paulo se une espiritualmente aos gentios,   considerando-se um entre eles, pois fala aos de Corinto que na sua maioria eram   de origem grega. UMA BÊNÇÃO: Graça a vós e paz de parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus   Cristo (3). Gratia vobis et pax a Deo Patre nostro et Domino Iesu Christo. Paulo   termina a saudação da carta com uma doxologia que é ao mesmo tempo uma oração e   um desejo. GRAÇA [charis<5485>=gratia] sem correspondência no AT é usada   com o significado de favor, benevolência, que Nossa Senhora encontrou segundo as   palavras de Gabriel: Achaste graça diante de Deus (Lc 1, 30). Por isso, ela   exaltou esse Deus benfeitor, quando pronunciou: porque contemplou a   insignificância de sua escrava. É a benignidade com que Deus olha o necessitado   que a Ele recorre como mendigo. Paulo pede que Deus Pai e o Senhor Jesus olhem   para os de Corinto do mesmo modo que Maria foi contemplada por Deus como filha   do Pai, mãe do Filho e esposa do Espírito Santo. EIRËNË [<1515>=pax] é o   Shalom do AT com o significado de ausência de guerra entre duas nações, ou   harmonia e concórdia entre indivíduos; também corresponde ao hebraico shalom   leka, ou seja, uma bênção em que se desejam os bens messiânicos a uma pessoa, ou   simplesmente bens e felicidade, como é nosso caso. EVANGELHO (Jo 1, 29-34)O TESTEMUNHO DO BATISTA.
 INTRODUÇÃO: No domingo anterior, vimos o testemunho do céu, a Teofania, sobre   o homem que quis ser batizado por João no rio Jordão. A palavra, vinda do alto,   dava legitimidade ao homem Jesus como Filho de Javé, embora esta expressão não   tivesse um significado tão radical como o que hoje lhe atribuímos, uma vez   conhecida a essência trinitária divina. Neste Domingo, que, embora tenha o   título de segundo domingo comum, é o primeiro, após as festividades natalinas, a   Igreja apresenta o melhor testemunho humano sobre Jesus de Nazaré: o de João, o   Batista. Ele é a testemunha oficial [profeta], reconhecido como tal pela imensa   maioria de seus contemporâneos. O povo assim o reconhecia e os dirigentes não se   atreviam a ir contra esta reputação, que incluía seu batismo como sendo de   divina disposição (Mt 21,25-27). Sua vida austera e incomum o colocava entre os   especiais como seres humanos. Para os judeus que não acreditavam em   super-herois, ele era a palavra de Jahweh. E como tal palavra ele se apresenta,   neste domingo, para ser testemunha do maior ato que se pode lembrar com orgulho   a humanidade: Deus se fez carne e habitou entre nós (Jo 1, 14). Porque João veio   como testemunha da luz (8). Sua palavra é uma prova testemunhal indiscutível: As   ações de Jesus, suas palavras, são dirigidas por Deus e são as últimas e   definitivas intervenções de Deus na história humana. NO DIA SEGUINTE: No dia seguinte, vê João a Jesus, vindo para ele, e diz:   vede o cordeiro de(o) Deus o que tira o pecado do mundo (29). Altera die videt   Iohannes Iesum venientem ad se et ait ecce agnus Dei qui tollit peccatum mundi.   EPAURION <1887> [epayrion = manhã seguinte, altera die latino] ou seja, no   dia seguinte ao narrado pelo evangelista nos parágrafos anteriores, que   corresponde à pergunta dos sacerdotes e levitas enviados de Jerusalém: Tu quem   és?  Depois de negar qualquer autoridade como Messias, Elias, ou o profeta, João   afirma ser unicamente a voz no ermo para pregar uma preparação para o Senhor. A   fixação temporal pode ser unicamente um termo de vínculo redacional muito mais   do que temporal e histórico, haja vista que  essa mesma conjunção é usada outras   duas vezes nos versículos 35 e 41, do primeiro capítulo e mais uma vez no   primeiro versículo do segundo capítulo, completando um marco de dias em que   temos as primeiras manifestações de Jesus: a dada pelo Batista (v 29-34), a dos   primeiros discípulos (v 35-39), a de Filipe e Natanael (v 43-51) e, finalmente,   a manifestação em poder, feita em Caná (cap 2, v 1-11). Não podendo unir em   termos temporais essas manifestações, porque se pensava que o batismo de Jesus   se realizara perto de Jericó [distante dois ou três dias de Caná], e não em   Betabara, [a um dia de distância de Caná] daí que os exegetas tomaram a frase no   dia seguinte, que precede todas as manifestações, como um termo conjuntivo   redacional. Mas se o batismo e o encontro com os primeiros discípulos foi em   Betabara, perto de Gádara e Citópolis (ver mapa no comentário do domingo   anterior), a ilação temporal é possível e o nosso evangelista está narrando,   como historiador, fatos ocorridos com a alternância de dias sucessivos. Isso   indicaria uma testemunha ocular dos fatos e daria ao evangelho [o último a ser   escrito] uma autenticidade insuperável. VÊ JOÃO A JESUS: É o encontro realizado   após o batismo, e o jejum no ermo [sertão, diríamos no Brasil] com Jesus que de   novo se aproxima do Batista. JOÃO BATISTA: João: Do hebraico Johanan [Deus,   Jahweh, propício, ou Deus favoreceu]. Nas linguagens semitas o nome era a   essência das pessoas. Em outras línguas o nome identifica a pessoa e a separa   como própria, distinta dos outros homens. No nosso caso, o nome de João o   identifica com o filho nascido de Zacarias, o sacerdote da classe de Abias e sua   mulher Isabel. Por nascimento, João era sacerdote e filho legítimo de dois pais   da descendência de Aarão (Lc 1, 5). Ambos eram justos, isto é: cumpriam   rigorosamente a Torah. De sua adolescência e juventude nada sabemos. Unicamente   o encontramos com maioridade legal [maior de 30 anos] num lugar desabitado   [eremos em grego] ao outro lado do Jordão, mais particularmente em Betânia, ou   melhor, segundo Orígenes, Bethabara [casa do vau] e não casa do deserto [pois   este é arabá e não abará] que pode corresponder com os vaus de Abraão que   estavam no caminho de Gileade. (Ver o número 05679 de Sprong no dicionário em   que temos a tradução crossing place ou vau). Caso seja certo, o lugar estaria   mais perto da Galileia do que da Judeia; pois a cidade oriental cisjordânica é   Citópolis. Por isso, João batizava em Enom perto de Salim (Jo 3, 23). Enom está,   segundo nos afirmam os biblistas, perto de Citópolis. Coincidem assim as duas   narrações dos capítulos 1 e 3. Mais, estando o vau tão perto da Galileia,   entendemos como dentre os discípulos de João encontramos verdadeiros galileus   como André, Filipe e Natanael. Também podemos entender que Bethabara ou Enom   estava no caminho de Jerusalém para a Galileia e, passando Jesus por esse   caminho, João o apontou a seus discípulos como o cordeiro de Deus (Jo 1, 36).   Segundo Lucas, João veio por todos os arredores do Jordão proclamando um batismo   de metânoia (Lc 3, 3). Isto implica que também o lugar de Betabara estava dentro   do percorrido do Batista. Marcos 1, 4 fala de que apareceu João no deserto [em   te eremo] ou ermo, sem dizer que deserto era. Mateus afirma que era o deserto da   Judeia [em te eremo tes joudaios] (Mt 3, 1). Porém é difícil pensar que fosse o   deserto da Judeia, pois este não chegava até Jericó e estava ao sul do mesmo, na   desembocadura do Jordão e este era propriamente o Midbar hebraico, com o   significado de estéril, desolação. O Arabah, com artigo, era o vale do Cedron,   especialmente na sua parte oriental, mais perto do mar Morto. Podemos afirmar   que o eremos grego traduz um lugar inóspito. É uma contradição que o Batista   batizasse no deserto, junto ao Jordão precisamente numa região que é fértil e   bem habitada. Segundo os comentários da bíblia de Jerusalém, o deserto da Judeia   era a região montanhosa que se estendia entre a cadeia central da Palestina e a   depressão do Jordão e do mar Morto. Não havia água suficiente para batizar. A   esse deserto foi levado Jesus pelo Espírito e morava entre feras (Mc 1, 12). É   difícil que houvesse feras no deserto próprio da Judeia, mas sim que existissem   no lugar inabitado perto de Enom. Jesus foi batizado, segundo Lucas, no Jordão e   voltou do Jordão e foi conduzido pelo Espírito Santo ao interior do deserto (4,   14). O deserto foi, sem dúvida, citado pelos evangelistas para que se visse   cumprida a profecia do segundo Isaías, 40, 3, segundo a Setenta: Voz que clama   no deserto. Mas o hebraico diz: Uma voz clama: preparai no deserto o caminho do   Senhor. De Mateus e Marcos não podemos tirar uma conclusão geográfica certa. É   João que nos deve conduzir a uma conclusão certa. Não queremos dar a última   palavra; porém, sim expressar novos pontos de vista, especialmente pelo que diz   respeito ao evangelho de João, aparentemente contraditório com os sinóticos, mas   que histórico e geograficamente está melhor avaliado atualmente. Pode ser que   exista uma via média que compagine tanto a visão de João como as visões   aparentemente contraditórias dos sinóticos. O NOME: Na realidade deveria ser   chamado João bar Zacarias [João filho de Zacarias], mas todos o conhecemos por   João, o Batista. Porque foi em seu ofício de pregar o batismo de penitência que   ele foi famoso, especialmente porque batizou Jesus o Filho de Deus e deu   testemunho de que ele assistiu à Teofania, de modo a ser uma testemunha muito   particular. Se os apóstolos eram testemunhas da vida e da ressurreição de Jesus,   o Batista se tornou testemunha da presença divina na pessoa de Jesus, somente   superada pela Teofania dos três apóstolos no monte Tabor. Esse testemunho do   Batista o torna o maior nascido dentro do âmbito da Antiga Aliança (Lc 7, 28).   Muitas vezes pensamos que a resposta de Jesus aos fariseus que perguntavam com   que autoridade fazes estas coisas, perguntando por sua vez de onde era o batismo   de João, do céu ou da terra, era uma pergunta irônica para sair do passo. Mas,   na realidade era a melhor resposta: Caso fosse do céu, Jesus podia responder:   pois eu faço estas coisas com a autoridade que me deu João, pois ele deu   testemunho de mim (Jo 5, 36). Por isso João é importante: pelo testemunho que   ele deu de Jesus. Também nós somos importantes pelo testemunho de nossa fé: Quem   crê de coração obtém a justiça e quem confessa com a boca, a salvação (Rm 10,   10). O CORDEIRO DE DEUS: Olhai o cordeiro do (sic) Deus. Olhai ou Vede que é   traduzido também por Eis. Isso implica uma presença física de Jesus e um   comparecimento de alguns discípulos de Jesus que assistiam a cena nesse momento.   Cordeiro é a tradução do Amnes. Em Isaías 53, 7 lemos: como um cordeiro foi   conduzido ao matadouro. A tradução dos Setenta do cordeiro é amnós, que na   bíblia grega de Bambas [Londres] é traduzido por arnion. A diferença entre   arnion e amnes é que arnion é um diminutivo de aren cordeiro. A primeira vez que   um cordeiro sai como animal de sacrifício é em Gn 22, 7. Isaac pergunta a seu   pai Abraão onde está o cordeiro para o sacrifício. O hebraico seh <07716>   é traduzido ao grego por probaton <4263> que significa gado, especialmente   menor. Em hebraico a Bíblia usa duas outras palavras significando cordeiro ou   ovelha: Taleh ou Tela e Kebés ou keseb. A primeira é encontrada em Samuel 7, 9 e   Isaías 65, 25 [Is 40, 11] e a segunda é a palavra mais usada para animais de   sacrifício como vemos no livro dos Números nos capítulos 7, 28 e 29. Em Êx 22, 3   o cordeiro que deve ser sacrificado é o probaton nos Setenta, e arnion na versão   de Bambas. Como resultado, podemos afirmar que arnion e amnes podem significar a   mesma coisa e que probaton é a tradução do hebraico seh. Isaías usa este último   termo para apontar o Messias como cordeiro levado ao matadouro que suporta o   sofrimento numa submissão silenciosa. No Apocalipse [5,8 e 13,8] temos que será   o arnion [cordeirinho] a quem os quatro animais [quatro anjos que presidem o   mundo físico] e os vinte quatro anciãos [representantes das 24 classes   sacerdotais] adoram, após ele receber o livro da vida. Do ponto de vista do   quarto evangelista, Jesus era o Cordeiro Pascal de menos de um ano sacrificado e   morto precisamente na hora [nona ou três das tarde] em que eles eram degolados   (Mc 15, 34). João dirá que era meio dia, do dia da preparação da páscoa, em que   tudo que era fermento era destruído (19, 14) quando Pilatos o entregou para ser   crucificado. Por isso o nosso evangelista compara Jesus com o cordeiro pascal do   qual nenhum osso devia ser quebrado (Jo 19, 36). Daí que ele tira O PECADO [em   singular] do mundo. Qual era esse pecado? E a que mundo se referia? Sem entrar   em disquisições sobre se estas eram palavras originais ou interpretação   posterior da primitiva Igreja, podemos afirmar que o pecado era a inimizade   existente desde a origem, que tornou o homem inimigo de Deus e que necessitou da   morte de Cristo como sacrifício para obter a reconciliação (Rm 5, 10). Por isso,   dirá Paulo que se por meio de um homem entrou o pecado no mundo e pelo pecado a   morte, (Rm 5, 12) assim pela obediência de um só [como dirá Paulo até a morte e   morte de cruz (Fp 2, 8)] todos se tornarão justos (idem 19). Ou como diz em 1Cor   5,7 os novos cristãos são sem fermento de malícia de pecado e perversidade, pois   estamos no tempo da Páscoa em que Cristo foi imolado. Finalmente em 1Pd 1, 18-19   temos que fomos resgatados pelo precioso sangue de Cristo como de um cordeiro   sem defeito e sem mácula [tal como devia ser o cordeiro pascal]. Disso tudo   temos suficientes razões para afirmar que ao chamar Jesus  Cordeiro de Deus, o   Batista estava indicando o modo como o Pai entregava o Filho e a maneira como o   Filho expiava o pecado do mundo. O TESTEMUNHO: Este é de quem eu disse: após mim vem um homem que foi gerado   [gegonen] antes de mim porque era anterior [protos] a mim (30). Hic est de quo   dixi post me venit vir qui ante me factus est quia prior me erat. A frase tem   sua dificuldade. A tradução que temos apresentado é a mais fiel já que o verbo   ginomai grego significa vir a existir e, estando no tempo perfeito, significa   veio a existir, ou seja, foi gerado tratando-se de um homem. Porém esta   afirmação está em oposição com a história: Jesus nasceu depois de João. O protos   significa primeiro tanto na ordem do tempo como na ordem de excelência. Teremos,   pois, que encontrar um significado metafórico ou alegórico à expressão do   Batista: Ele é superior; e, portanto, sua existência é anterior à minha, de mais   valor, de modo que eu seja o servidor do mesmo. No versículo 15, imediatamente   após narrar a encarnação do Verbo, o evangelista traz o testemunho do Batista,   afirmando: este é aquele do qual eu disse que passou diante de mim porque   existia antes de mim (tradução da bíblia de Jerusalém). A Vulgata traduz ante me   factum est, quia prior me erat [foi feito {gerado} antes de mim, porque ele era   preferível a mim]. Nesse versículo, o evangelista claramente está apontando à   eterna geração do Verbo, trazendo, como comentarista, o Batista. Está na mesma   linha do próprio Jesus que afirmou: antes que Abraão existisse, EU SOU. (Jo   8,58). O problema é que isso indicaria uma visão trinitária do Batista e uma   revelação especial que mesmo a Mãe de Jesus ignorava (Lc 2, 50). Por isso,   muitos exegetas pensam que a frase é mais um comentário redacional do   evangelista do que uma afirmação do Batista. Seguramente que a frase formal do   Batista foi: ¨Ele é maior do que eu e por isso eu, como seu mais humilde   servidor [ou escravo], nem sou digno de desatar as correias de suas sandálias   para lavar os pés dEle¨ (vs 26-27). Mas, segundo as normas do costume local, só   é maior aquele que nasce primeiro e por isso o evangelista traz esse comentário   sobre a origem de Jesus em lábios do Batista. Um caso especial foi o de Jacó que   colocou Efraim diante de Manassés sendo este último o primogênito (Gn 48,   17-20). Uma solução nova é pensar que o Batista, seguindo o sentimento geral,   pensasse que o Messias se identificava com o profeta Elias que devia vir nos   últimos tempos. Jesus mesmo identifica o Batista com Elias (Mt 17, 12) e os   representantes legais perguntam  se ele, o Batista era Elias (Jo 1, 21). Caso a   ideia do Batista fosse a de que Jesus era Elias, segundo Malaquias  3, 1-2, pois   iria batizar [purificar] com fogo, exatamente como o Batista predizia ser o   trabalho de Jesus (Mt 3, 11), evidentemente ele, Jesus, tinha nascido antes do   testemunhante. O PARÊNTESE: Pois eu não o tinha conhecido, mas para que fosse manifestado a   Israel, por isso vim eu batizando na água (31). Et ego nesciebam eum sed ut   manifestaretur Israhel propterea veni ego in aqua baptizans. O evangelista é um   experto ao oferecer o testemunho do Batista. Em primeiro lugar é um testemunho   indireto: João não conhecia Jesus.  Outra afirmação de João é a de que o seu   batismo tinha como fim principal o de revelar, através do mesmo, quem era o que   devia batizar com o batismo verdadeiro e ser mostrado a Israel como Filho de   Deus (V 32-33). Logo seu testemunho deriva unicamente da revelação, como   profeta, e consequentemente, é verdadeiro. Na sua primeira carta, o nosso   evangelista afirma que é testemunho procedente de Deus, aquele que afirma ser   Jesus o Messias. Quem o negar é o Anticristo, que já está operando no mundo. (1   Jo 4, 2-3). Esta afirmação propõe uma nova visão de quem realmente é  o   Anticristo: não uma pessoa em particular, mas todas as pessoas que se opõem ao   que o evangelista afirma ser o testemunho recebido do céu: Jesus é o Filho de   Deus. SEGUNDO TESTEMUNHO: E testemunhou João dizendo que tenho visto o Espírito,   descendo, como pomba, do céu e pousando sobre ele (32). Et testimonium perhibuit   Iohannes dicens quia vidi Spiritum descendentem quasi columbam de caelo et   mansit super eum. O verdadeiro testemunho é a revelação particular que o Batista   teve e que declara publicamente: era a vista do Espírito descer do céu, como   pomba, e pousar sobre ele. Com isso coincide com os sinóticos. Só que aqui   claramente não é Jesus o que nota a presença do Espírito, como em Marcos e   Mateus, ou em presença de uma pequena multidão, como parece afirmar Lucas. Os   sinóticos nos oferecem a voz do céu. João, muito mais modesto em sua   apresentação, distingue a voz [precedente], do pouso do Espírito que segue a   admoestação. É possível pensar que o quarto evangelista seja mais preciso do   ponto de vista histórico e que seja o verdadeiro relato. A tradição modificou um   pouco –não de modo essencial- mas em suas variantes circunstanciais, o fato de   ser João o depositário da revelação, por meio da voz, e da Teofania, por meio da   visão. Por isso, seu testemunho do pouso do Espírito é validíssimo,   especialmente que isso justificava seu batismo (31) muito mais do que a   finalidade do perdão dos pecados. A este testemunho apela Jesus para reforçar   sua autoridade (Jo 5, 36). De tudo o que temos visto e comentado, é claro que o   autor do quarto evangelho era um discípulo querido do Batista, que seguiu suas   ordens de tomar como prioridade quem vinha depois, mas que era o primeiro. A   forma e o pouso do Espírito já foram explicados no comentário do domingo   anterior. UMA REDUNDÂNCIA: E eu, pessoalmente, não o tinha conhecido, mas o que me   enviou a batizar em água, ele mesmo me disse: sobre aquele que vires descendo o   Espírito e permanecendo sobre ele, esse mesmo é quem batiza em Espírito Santo   (33). Et ego nesciebam eum sed qui misit me baptizare in aqua ille mihi dixit   super quem videris Spiritum descendentem et manentem super eum hic est qui   baptizat in Spiritu Sancto. Além de repetir o fato de que entre os dois não   existia nenhuma relação e, portanto, o conhecimento que João tinha de Jesus não   era humano, mas procedia de outra fonte que era transcendental ou divina, João   afirma que o seu batismo era resultado de um mandato divino, de Javé, que não   nomeia como era costume entre os contemporâneos para citar o Hashem [o Nome].   Pois bem, esse mesmo que lhe mandou batizar é quem lhe disse o modo de conhecer   o verdadeiro Messias: o que batizará em Espírito Sagrado.  Propositadamente   falamos em e não com, porque o batismo era uma submersão completa. Não era um   meio com o qual se realiza um ato, mas uma imersão total em água ou em Espírito.   Que entendia João por Espírito? Com toda certeza ele não sabia nada sobre o   mistério trinitário. Logo o Espírito deve ser o poder divino. Jesus no seu   batismo recebeu, como homem, a plena posse dos carismas que Paulo descreve como   obras do poder do espírito em 1 Cor 2, 4 e que descreve em 12, 28. A missão de   Jesus é a de batizar ou mergulhar o homem no Espírito Santo. É não unicamente   dar ao homem o PODER, mas torná-lo TEMPLO da divindade, como mergulhado nEla.   Possivelmente o Batista não conheceu toda a plenitude desse novo batismo e só   percebeu algum detalhe que o nosso evangelista, conhecido e praticado o batismo   cristão, discerniu em profundidade. POIS EU TENHO VISTO E TENHO TESTEMUNHADO: Já que eu tenho visto e tenho   testemunhado que este é o Filho de (o) Deus (34). Et ego vidi et testimónium   perhíbui, quia hic est Fílius Dei.. Os dois verbos estão em perfeito, ou seja,   implicam um fato que ainda perdura em seus efeitos. O Batista confirma de modo   presente o que ele afirmou no passado. Mas este versículo acrescenta uma ideia   nova àquela de que Jesus era quem batizaria com o Espírito [daí que este   pousasse sobre Ele]. O Batista passa a afirmar que esse mesmo era o Eleito de   Deus. Outros textos como o de Merk e Bambas e a Vulgata trazem Filho de Deus. A   palavra grega é uiós. É a palavra técnica para indicar um filho em sentido   legal. Distingue-se de teknon que significa o filho em termos biológicos.   Logicamente, como homem,  Jesus não pode ser chamado de teknon tou Theou, mas   teknon Mariam. Com esta expressão, filho de Deus, no AT designava-se o povo de   Israel, amado e protegido por Javé (Êx 4, 22-23). Uma segunda versão é a que o   identifica com o rei davídico enquanto representava o poder teocrático divino (2   Sm 7, 14 e Sl 2, 7). No NT é o título aplicado a Jesus pelo Pai, contraposto ao   Filho do Homem que Jesus aplica a si mesmo (Mc 1,1 e 3, 11). Como supremo   representante do novo Reino, o título pertence a Jesus, e como humanidade do   Verbo, o título é próprio dele em sentido estrito. Mas nem todos os códices   antigos coincidem no testemunho de João que atribui o título a Jesus. Somente um   códice uncial traz a palavra Eklektos [eleito]. Com o significado de Filho de   Deus, é possível que ambas as locuções [filho e eleito ou rei] signifiquem a   mesma coisa: Jesus era o Messias esperado. PISTAS: 1) Para os sinóticos a importância recai na Epifania ou Teofania com   a voz vinda do céu. Para o quarto evangelista o testemunho do Batista é a coisa   mais importante porque era a palavra de um profeta, enviado precisamente para   apontar o verdadeiro eleito de Deus. Como dirá Pedro em sua segunda carta 1,   18-19, mais do que a própria experiência, o que vale é a palavra dos profetas.   Por isso, a palavra de João era o testemunho mais autêntico sobre Jesus. 2) Nos tempos em que foi escrito o quarto evangelho existiam três heresias   que João necessitava combater. Os encratitas, que escolhiam uma vida de   ascetismo na qual a abstinência da comida e bebida eram necessárias como base   espiritual e tinham a continência sexual como principal fundamento da vida   cristã. Os ebionitas [pobres] discípulos dos Essênios e de João Batista   aceitavam Jesus, mas só como homem entre os homens e guardava a fé mosaica como   ainda necessária para a salvação, rejeitando Paulo e admitindo só o evangelho de   Mateus. Finalmente os gnósticos que viam em Jesus um dos eons secundários da   evolução do pleroma divino. No Prólogo, o quarto evangelho os rejeita e a   rejeição continua em todo o discurso do Batista. 3) O testemunho de João é mais do que nunca necessário nos tempos modernos. E   qual seria o melhor testemunho? Os milagres? A doutrina? Sem dúvida, o amor.   Teresa de Calcutá foi o melhor testemunho tanto na Índia como no mundo inteiro.   Jesus mesmo o diria quando afirmou a seus discípulos: nisto vos conhecerão como   meus discípulos, se tiverdes amor uns para com os outros (Jo 13, 35). 4) O testemunho que nós recebemos é de que as coisas satisfazem nossas   necessidades e, portanto, completam nossa felicidade. Escutamos os cientistas   como se eles soubessem a verdade última das coisas. Eles são como o menino que   tem um brinquedo e descobrem como funciona, mas não sabem quem foi o inventor do   mecanismo. Sabemos que as palavras dos políticos são enganosas, que as palavras   da imprensa são uma maneira de satisfazer curiosidades muitas vezes mórbidas. O   lucro, em todas as formas possíveis, dirige esses vendedores de mentiras. Qual é   a palavra que diz: é oportuno que eu diminua e que ele cresça? Porque nessa   palavra, que é de João, encontraremos a verdade. 
 
 
 
 09.01.2011FESTA DO BATISMO DO SENHOR – ANO A
 __ "O PAI MANIFESTA A MISSÃO DO FILHO" __
 Ambientação:Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs! À margem do Rio Jordão, João Batista prega a conversão dos pecados como meio para se receber o reino de Deus que está próximo. Jesus entra na água, como todo o povo, para ser batizado. Para os judeus, o batismo era um rito penitencial; por isso, aproximavam-se dele confessando seus pecados. Entretanto, o que Jesus recebe não é só um batismo de penitência; a manifestação, do Pai e do Espírito Santo dão-lhe um significado preciso. Jesus é proclamado "filho bem-amado" e sobre ele desce o Espírito que o investe da missão de profeta (anúncio da mensagem da salvação), sacerdote (o único sacrifício agradável ao Pai) e rei (messias esperado como savlador).  Entoemos cânticos ao Senhor!
 
               (coloque o cursor sobre os textos 
                em azul abaixo para ler o trecho da Bíblia) 
 PRIMEIRA LEITURA (Is 42, 1-4.6-7):   - "Eis o meu servo – eu o recebo; eis o meu eleito – nele se compraz minha alma; pus meu espírito sobre ele, ele promoverá o julgamento das nações." SALMO RESPONSORIAL 28(29):    - "Nas águas do Jordão mergulhado, Cristo recebeu o Espírito Santo." SEGUNDA LEITURA (At 10,   34-38):    - "Deus não faz distinção entre as pessoas. Pelo contrário, ele aceita quem o teme e pratica a justiça, qualquer que seja a nação a que pertença." EVANGELHO (Mt 3,13-17):   - "Este é o meu Filho amado, no qual eu pus o meu agrado" 
 
 Homilia do Diácono José da Cruz – FESTA DO BATISMO  DO SENHOR – ANO A "A GRAÇA QUE NOS TORNA LIVRES..." Já  ouvi muitos debates calorosos, inclusive na aula de teologia, sobre o Batismo  de João, que tinha um caráter penitencial. Claro que se trata de um rito  iniciático, para os que querem mudar de vida, diante da vinda do Reino de Deus,  ou do Messias, como se falava mais por aqueles tempos. Entretanto,  não podemos hoje ignorar o significado desse Batismo penitencial, que até o  próprio Jesus recebeu. O texto de São Mateus, no diálogo entre João e Jesus,  se apressa em dizer que Jesus não tinha necessidade de receber esse Batismo já  que Nele não há pecado e nenhuma imperfeição que precise ser purificada. A  necessidade de uma conversão, colocada por João, como condição para receber o  Batismo, nos faz pensar na situação de pais e padrinhos que levam as crianças  para receberem esse Sacramento. As  discussões em torno dos efeitos da graça de Deus, que o Batismo confere a cada  criança, são sempre acirradas, se entendermos que a Graça por si realiza a  Salvação, corre-se sempre o risco de tirar dos pais, padrinhos e da própria  comunidade o compromisso do testemunho da Fé, imprescindível para o Batismo. Se  por outro lado, jogarmos todo peso da responsabilidade sobre os pais e  padrinhos, exigindo deles uma vida santa e fiel á Palavra de Deus e á Santa  Igreja, estaríamos sendo incoerentes, pois sabemos que a grande maioria de pais  e padrinhos que procuram a igreja, muitos nem tiveram ainda uma experiência  querigmática com Jesus. Conheci padrinhos que logo após o Batismo, deixaram a  Igreja Católica indo para outra, levando consigo os pais e a criança que  recebeu o Santo Batismo. Conheci jovens, que receberam o Batismo, o Crisma e  depois, simplesmente mudaram de igreja, por influência de outras pessoas. Essa  estatística, se levada a sério, é muito relevante e mostra que a nossa  catequese de um modo geral, não desperta nos catequizados esse desejo interior  de ter a vida transformada pelo Santo Evangelho. Claro  que a Graça de Deus supõe a natureza humana, como diz um grande Santo e Teólogo  da Igreja São Tomas de Aquino, isso significa dizer que Deus quer ardentemente  entrar na nossa vida, para viver conosco uma comunhão santificante, processo  que se inicia com o Batismo.  Poderíamos  dizer, que a natureza humana, depois do pecado original, permaneceu íntegra com  relação á sua essência, mas perdeu o seu ordenamento natural ao bem que, quanto  ao seu fim último, é a felicidade humana que consiste em ver Deus face a face,  portanto, a dimensão essencial do ser homem, permanece, mas a dimensão do  operar, que é o agir humano, com relação ao seu fim próprio, foi perdida. Com o  pecado o homem não deixou de ser homem, mas perdeu a capacidade de agir como  homem, segundo o fim para o qual foi criado. O Batismo resgata pela graça esse  “direcionamento” para o bem, e isso, logicamente requer uma atitude interior de  acolhimento, daí a importância  testemunho de vida em família: Como vou convencer meu filho ou afilhado,  ainda em desenvolvimento, que a Graça de Deus e a Vida de Fé, vivida em  comunidade, me faz feliz e transforma a minha vida na relação com as pessoas?  Como posso querer que o meu filho saboreie esse “Manjar” da Santidade de Deus  dada na graça do Batismo, se eu mesmo ainda não experimentei? Como posso  desejar que meu filho saboreie a doce uva da misericórdia e do amor do Pai, se  a minha vida de Pai ou de Mãe, de Padrinho ou de Madrinha, reflete sempre uvas  azedas e amargas, das discórdias, das intrigas, das inimizades, da falta de  amor á família e a comunidade da Igreja? Claro que a criança não vai “engolir”  tudo isso. Há  quem confunda o Batismo com uma espécie de “freio”, ou de submissão forçada á  Leis e Doutrinas da Igreja, com isso acentua-se o sentido negativo, agora que  sou batizado, não posso mais fazer isso ou aquilo, Batismo desse jeito não é  Cristão, porque a primeira ação do amor de Deus em nossa vida é precisamente a  Liberdade.  
              No  Batismo de Jesus, todo homem se torna uma nova criatura, Filho de Deus, senhor  da sua vida e da sua história, livre para trilhar o próprio caminho, sempre  percebendo com os olhos da Fé a Vontade de Deus. Fazer em nossa vida a vontade  de Deus não é ser escravo, mas agir com Ele, a Graça presente em nossa vida  torna isso possível. Mas  há no Batismo de Jesus um elemento novo que o Batismo de João não dava: os  céus se abriram e desceu sobre ele, em forma de pomba, o Espírito de Deus. Por  isso João irá dizer que Jesus irá Batizar no fogo do Espírito, o Batismo de  João é um sinal, uma lavagem exterior, uma ante-sala do que virá depois, o desejo  de conversão e mudança de vida, é uma disposição interior em acolher esse  Espírito de Deus que quer entrar em nós, e que de fato entra, pelo ritual do  Santo Batismo, nos purificando da mancha original, e conferindo-nos a liberdade  de Filhos e Filhas de Deus. Nesse domingo do Batismo do Senhor, lembremo-nos do  nosso Batismo, e renovemos com alegria e fidelidade nossos compromissos  batismais, e o mais importante, que ouçamos em nossas entranhas a voz amorosa  do Pai, dizendo-nos em Jesus “Este é meu Filho muito amado, em quem ponho minha  afeição”. José da Cruz é Diácono da Paróquia Nossa
              Senhora Consolata – Votorantim – SP
 E-mail  jotacruz3051@gmail.com
 
 Homilia do Padre Françoá Rodrigues Costa – FESTA DO BATISMO DO  SENHOR – ANO A“Uma aventura divina” Há tempo comentou-se que “O Senhor dos Anéis”, de J. R. R. Tolkien, é a   melhor literatura inglesa do século XX. Entre nós, na minha lista de boa   literatura é também uma das obras que ocupa um lugar privilegiado. O livro, como   se sabe, está publicado em três partes, cada uma delas bem voluminosas e   tituladas, respectivamente, “a comunidade do anel”, “as duas torres” e “o   retorno do rei”. Frodo tem como missão destruir o anel do poderoso senhor da   escuridão que mora na terra de Mordor. No livro fica bem claro que Frodo, ainda   que seja o escolhido para essa missão, não está obrigado; ele é livre para   realizá-la ou não. A resposta do personagem citado é positiva, ainda que sofra   muito, deixe a comodidade da sua terra e parta com poucas coisas. Mas a sua   missão salvará o seu povoado, Bolsão, cujos habitantes nem sempre são   simpáticos. Muitos deles desconhecerão por completo as façanhas do pequeno   hobbit. Antes de sair do seu povoado, Frodo diz: “tenho que sair de Bolsão, abandonar   a comarca, deixar tudo e ir… Eu gostaria de salvar a minha comarca se pudesse,   ainda que alguma vez eu chegasse a pensar que os habitantes eram tão estúpidos   que um terremoto ou uma invasão de dragões poderia acabar com todos, e seria um   bem para eles. Mas agora eu não sinto a mesma coisa. Ao contrario, sinto que   enquanto a comarca esteja a salvo, em paz e tranquila, as minhas peregrinações   far-se-ão mais suportáveis. Saberei que nalguma parte há algo firme, ainda que   eu nunca volte a pisá-lo”. Mas, o que tem a ver tudo isso com o Batismo do Senhor? Em principio, nada.   No entanto, depois de escutar as palavras de Jesus a João e que dizem que   “convém que cumpramos a justiça completa” (Mt 3,15), a historinha anterior   começa a ser iluminada. A justiça, na Sagrada Escritura, é o cumprimento dos   desígnios de Deus em Jesus Cristo. O plano de Deus para o mundo, para a   humanidade e para cada ser humano em particular é um plano salvador. É   impressionante: ainda que o mundo se posicione contra Deus, que a história   mostre e demonstre que os homens desprezaram os planos de Deus e que nós   pirracemos o Senhor e não o queiramos, Ele não responde aniquilando-nos, mas   amando-nos, buscando-nos e dando-nos o valioso e incalculável presente da   salvação, que é a nossa santificação total. O batismo de Jesus foi útil para   nós: Jesus nos estava salvado enquanto era batizado. O batismo do Senhor foi uma   poderosa epifania, manifestação, do Filho de Deus e o começo da sua vida   pública. E o que tem a ver tudo isso com Frodo e “O Senhor dos anéis”? É simples!   Frodo tinha uma missão a cumprir em favor de um povo que ele mesmo julgava que   nem sempre era grato e simpático. Deus também. E nós também. Não obstante, eu   não gostaria de comparar a Frodo com Jesus, mas conosco. Nós recebemos a missão   e às vezes nos parece tão pesada que por um momento poderíamos pensar que é mais   fácil que venha um terremoto ou alguns dragões para acabar com tudo. Não nos   assustemos, há precedentes. Também os filhos do trovão disseram um dia ao Senhor   em contra dum povoado de samaritanos: “Senhor, queres que mandemos que desça   fogo do céu e os consuma?” (Lc 9,54). Logicamente, Jesus os colocou no seu lugar   e proclamou a salvação que ele veio trazer à terra. A missão tem as suas dificuldades, incompreensões e ingratidões. Contudo, é   tão belo que nós descobrimos a cada momento que vale a pena lutar para destruir   o poder da escuridão com a luz de Cristo que nós irradiamos. Para isso, vamos   pedir que sobre nós, mais uma vez, desça o Espírito Santo e que evangelizemos no   poder do Espírito. No dia de hoje, recordemos também o nosso batismo, demos   graças a Deus por essa santificação poderosíssima que aconteceu no nosso ser:   que cada dia haja uma nova infusão do Espírito Santo em nossa alma. No dia de   hoje, saibamos apreciar a beleza da vida em graça e odiemos cada vez mais o   pecado, amando com o amor de Cristo a todas as pessoas, por mais pecadoras que   pareçam. Olhemos para nós mesmos e supliquemos a misericórdia de Deus porque nem   sempre soubemos corresponder a graça do batismo, nem sempre fomos consequentes   com a nossa vocação à santidade e ao apostolado que deriva do Batismo e nem   sempre fomos fiéis à missão. A justiça tem que ser cumprida, ou seja, todos podem ser salvos. Vale a pena   arriscar tudo nessa aventura salvífica e emocionante. Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa 
 Comentário Exegético – FESTA DO BATISMO DO  SENHOR – ANO A(Pe. Ignácio, dos padres escolápios)
 EVANGELHO (Mt 3, 13-17) SEGUNDA EPIFANIA. Lugares paralelos: Mc 1, 9-11 e Lc 3,   21-22 INTRODUÇÃO: Os outros dois sinóticos trazem este episódio,   em que, pela primeira vez, Jesus é mostrado como Filho de Deus que cumpre seus   planos com perfeição. No AT temos dois versículos que antecipam esta   manifestação ou Epifania. No Sl 2, 7 lemos: Proclamarei o secreto que o   Senhor tem manifestado: Tu és meu filho; eu hoje te gerei. E em Is 42, 1   temos: Eis o meu servo que eu sustento, o meu eleito em quem tenho prazer.   Pus sobre ele o meu espírito: ele trará o julgamento à nações. No primeiro   caso trata-se de um salmo real. No segundo caso a versão grega coloca Jacó como   o servo e transforma uma leitura individual numa glosa coletiva, como se fosse o   povo de Israel o servo apontado pela palavra do profeta. Mas no caso do   evangelho de hoje, é Jesus, o servo  e o filho, antecipado pelos antigos textos   do Velho Testamento. Existem algumas razões para entender como Jesus, que não   tinha pecado, se submete a um batismo para a confissão dos mesmos (Mc 1, 5). A   razão dada por Mateus é para cumprir a vontade divina (=toda justiça ou   retidão). Resumamos as explicações modernas: 1º) Jesus reconhece a missão de   João. 2º) Jesus se mostra solidário com os pecadores que renunciam ao pecado.   3º)Jesus está na mesma linha de salvação proclamada por João: é necessário um   arrependimento e haverá um batismo, como morte ao pecado e ressurreição a uma   vida de santidade.  PARA SER BATIZADO: Nesse tempo, marcha Jesus da Galiléia   para o Jordão, junto a João, para que fosse batizado por ele (13). Tunc   venit Iesus a Galilaea in Iordanen ad Iohannem ut baptizaretur ab eo. NESSE TEMPO: Pouco antes, Mateus e em termos   retóricos, tinha escrito: Naqueles dias apareceu João Batista (3, 15).   E agora se refere a esse início com o Tote grego, indicando uma   continuação temporal, sem determinação de dias ou lapso sequencial algum, a   exceção de que era a época em que João batizava. MARCHA: A Galiléia estava rodeada pelo lago de Genezaret e unicamente   tinha um trecho de 10 a 15 km no sul da mesma, limitando com o rio Jordão e que   alguns mapas atribuem à Decápolis. O resto do rio bordejava a Decápolis e a   Samaria, tendo do outro lado a Peréia (ver mapa). O Batista batizava em Betabara   (Bethany beyond Jordan no mapa) em Enom, perto de Salim [mapa] que era   território da Decápolis. Enom estava na metade do curso do rio Jordão entre o lago ao norte e o mar   Morto. No mapa aparece Salim com ? dentro da   Samaria e no limite com a Decápolis. Betabara pois, estava a poucos quilômetros   de de Gadara e de Citópolis ou Scythopolis no mapa, a antiga Belsan e a   uma distância de 35 km de Cana onde Jesus fez o primeiro de seus signos, muito   mais perto da Galiléia que da Judéia. Lucas dá opção a esta interpretação   geográfica quando afirma que João batizava ao longo do rio Jordão (Lc 3, 3).   Betabara é chamada de Betânia da Transjordânia  [beyond the Jordan] em   certos textos antigos. O quarto evangelho, tremendamente exato em Geografia,   distingue entre Betânia ao outro lado do Jordão (1, 28) onde João batizava e   Betânia, distante de Jerusalém como 15 estádios [três quilômetros] (11,18).   Aliás, os melhores textos gregos falam de Betabara no lugar de Betânia do outro   lado do rio, como vemos na tradução inglesa de JK: in Bethabara beyond   Jordan, where John was baptizing. A solução parece ser a de que,   inicialmente, João batizava pero de Jericó para depois se trasladar a Betabara,   perto da Galiléia onde teve o encontro com Jesus, do qual falamos no evangelho   de hoje. Unicamente temos uma discordância nas palavras de Mateus [que aliás não   é fiável em termos geográficos] quando diz que João pregava no deserto da Judéia   (3, 1). Os outros dois sinóticos falam só do deserto, e João, o evangelista, é   quem faz a distinção entre os dois lugares da pregação e batismo do precursor. É   também este último evangelista quem afirma que Jesus, para evitar a perseguição   dos judeus, retirou-se ao outro lado do Jordão, lugar que foi onde inicialmente   o Batista batizava (10, 40). PARA SER BATIZADO: É o   propósito real da visita de Jesus a seu parente. Jesus quis ser batizado como um   simples judeu que aceita a pregação do Batista. Com este raciocínio, Mateus   derruba a possível tese de que o futuro Messias teve necessidade do batismo de   João; já que foi por livre vontade e escolha e não por necessidade que ele, o   futuro Messias, quis se submeter a um batismo que, no seu caso, não era   necessário. RECUSA DE JOÃO : Porém, João lhe impedia, dizendo: eu   tenho necessidade de ser batizado por ti e tu vens a mim? (14). Iohannes autem prohibebat eum dicens ego a te debeo baptizari et tu   venis ad me. Pelo texto de Mateus parece que João conhecia de antemão quem   era o Messias, antes da Epifania dos versículos 16-17. Poderia ser; pois sendo   parentes (Lc 1, 36) João poderia ter conhecido esse dado sobre   Jesus através de sua mãe, Isabel. João se sabia ser o precursor (Mc 1, 7-8 e Jo   1, 15) e dele [de Jesus] deu testemunho como diz o quarto evangelista (Jo 1,   34). Unicamente Mateus narra o episódio da pequena disputa entre Jesus e João,   resumida neste e no seguinte versículo. Pode ser um recurso redacional,   catequético, dos quais Mateus usa em seu evangelho. Mas também pode ser uma   realidade, tendo em conta o que acabamos de dizer. João conhecia o Messias, mas   não totalmente e essa absoluta informação lhe veio da Epifania que provavelmente   não teria acontecido caso Jesus não recebesse o batismo de mãos de João. Por   outra parte, o batismo de Jesus por João, implicava em submissão daquele a este   último e uma superioridade do Batista. Como explicar semelhante paradoxo? O   versículo 15 é a explicação de semelhante contradição. RESPOSTA DE JESUS: Tendo pois, respondido Jesus,   disse-lhe: deixa por agora, já que assim é conveniente que nós cumpramos toda   legalidade. Então permitiu (15). Respondens autem Iesus dixit ei sine   modo sic enim decet nos implere omnem iustitiam tunc dimisit eum. LEGALIDADE: A palavra   é dikaiosynë,[<1343>= iustitia em   latim] que significa a correta correspondência da conduta humana com os planos   divinos, especialmente declarados nos mandamentos. Em que sentido essa   legalidade, como temos traduzido, foi realizada por Jesus? Existem algumas   razões para entender como Jesus, que não tinha pecado, se submete a um batismo   para confessar os mesmos [não perdoar] (Mt 3, 6). A razão dada por Mateus é para   cumprir a vontade divina [toda justiça, legalidade ou retidão]. Vamos resumir as   explicações modernas: 1º) Porque Jesus reconhece a missão de João como vindo da   parte de Deus e essa foi a melhor maneira de demonstrá-lo. 2º) Jesus se mostra   solidário com os pecadores que renunciam ao pecado, de modo a mostrar o valor   não unicamente da fé, mas também do arrependimento. 3º) Jesus está na mesma   linha de salvação proclamada pelo Batista: é necessário um arrependimento e   haverá um batismo como morte ao pecado e ressurreição a uma vida de santidade.   Quando Jesus veio da Galiléia, seu propósito era ser batizado por João, pois o   caminho para Jerusalém estava fora da rota do lugar onde Batizava o Batista.   Este batizava em Betânia do outro lado do Jordão (Jo 1, 28). O ato de Jesus, foi   pois, propositado. 4º) O batismo de Jesus pode se entender como batismo   expiatório. Ele, entrando na água, a purifica, de modo que possa servir para o   verdadeiro batismo, como diz S. Agostinho: é lavacrum aquae in verbum: Tolle   aquam, non est batismum. Tolle Verbum, non est batismum [lavagem de água na   palavra. Tira a água e não terás batismo. Tira a palavra e não terás batismo].   5º) É um paradigma [exemplo próprio ] do batismo cristão. Na Igreja grega, o dia   da Epifania reunia três elementos num só: Natal, batismo de Jesus e bodas de   Cana. Esse dia, junto com o dia da Páscoa, era escolhido para o batismo dos   neófitos. 6º) Um ato de humildade na linha do que se tem   chamado kenosis ou esvaziamento da sua divindade e poder, para   se assemelhar ao homem comum, que o Batista não entendeu na hora, mas que teve   que aceitar ante a atitude de Jesus. A resposta divina foi uma extraordinária   Epifania, ou como os gregos chamavam Teofania [=manifestação da divindade]. Nem   Marcos, nem Lucas, ou João dizem uma palavra sobre esta discussão entre o   Batista e Jesus. Mas temos indiretamente o testemunho do Batista que afirma que,   aquele que vêm após mim é maior [mais forte]; do qual ele [o Batista] não era   digno de ser seu mais ínfimo escravo: aquele que desata as correias das   sandálias quando o amo chega em casa (Mt 3, 11). Segundo o quarto evangelista, o   Batista não conhecia Jesus. Só após o batismo deste último é que ele teve   conhecimento de quem era o batizado, pois foi então que viu o espírito como uma   pomba descendo do céu e permanecer sobre ele (Jo 1,31-34). A   JUSTIÇA: Segundo Mateus, estas são as primeiras palavras de Jesus,   especialmente escolhidas. A palavra grega dikaiosyne pode ter o   sentido moderno de justiça [ dar a cada um o que lhe   corresponde] (Lc 18, 3); mas geralmente o sentido bíblico é de ordem justa,   segundo o plano de Deus (Mt 6, 33) e, finalmente, no NT, segundo Paulo,   significa justificação ou seja, a ação divina de tornar santo ou justo o homem   através da escolha divina e a fé de quem escolhe Jesus com Senhor (Rm 1,   17).Logicamente aqui é o segundo significado que devemos atribuir às palavras de   Jesus: os planos de Deus devem ser cumpridos. O   adjetivopasa<3956> grego significa que, absolutamente   todo o plano divino deve ser estritamente cumprido. Justiça é em   hebraico Tsadak [correto] ouTsedakah [como   sujeito, correto ; como objeto, justiça; como moral, virtude]. Com isso, o   evangelista tira da cabeça de seus leitores a dúvida de por que Jesus, inocente   e sem pecado, se submete a um batismo que tinha como finalidade o arrependimento   e a preparação para estar atento à voz de quem trazia a salvação. Por que se   submeter á ação subordinada de quem a estava esperando e a preparava com um   batismo que era inferior? Os planos divinos passavam por uma representação   oficial do que deveria acontecer com aqueles que recebessem o batismo de mãos   dos discípulos de Jesus: Sairiam da água justificados, como verdadeiros filhos   de Deus. O Batista seria substituído pelos apóstolos e seus sucessores. E o   fenômeno de Jesus, sendo batizado, repetir-se-ia em cada batizado . Jesus se   humilha e, obediene à vontade do Pai, pasa a ser modelo e exemplo dos cristãos.   Jesus se torna Tapeinós [pequeno] para que João seja   mostrado em sua grandeza. Finalmente temos o   verbo Pleroö, cujo significado é cumprir ou melhor   completar, saciar ou encher. Existem duas maneiras de cumprir a vontade de Deus:   de maneira forçada como fazem a maioria dos homens, ou de modo perfeito, tendo   como plano de vida, o plano de Deus e isso é completar toda justiça. EPIFANIA: Uma vez batizado, Jesus subiu logo da água; e   eis que se abriram a ele os céus e viu o Espírito d(o) Deus descendo   como pomba e vindo sobre ele(16). Baptizatus autem confestim ascendit   de aqua et ecce aperti sunt ei caeli et vidit Spiritum Dei descendentem sicut   columbam venientem super se. BATIZADO:Uma vez   batizado [em latim Jesu baptizato], e estando orando [orante], segundo   Lucas (3, 23), é quando se abriu o céu, ou seja a abóbada ou teto arqueado do   qual pendiam as estrelas e que segurava as águas superiores, separando o   terceiro céu, morada esta do Altíssimo. Segundo os outros dois sinóticos,   aconteceu de imediato, acabado o batismo, quando os céus se abriram. Esta última   versão está mais conforme com o que nos diz o quarto evangelista: tenho   visto o Espírito descendo do céu, como pomba, e pousando sobre ele (Jo 1,   32). Batizado Jesus, saiu imediatamente da água; ou seja, ao se endireitar após   a submersão, eis que se abriram os céus. Esta é a versão de Mateus, Marcos e   João. CÉUS ABERTOS: esse abrir-se indica um relâmpago   (Deus é luz) com o correspondente trovão, como descreve João evangelista a voz   da Epifania aos gregos (Jo 12, 28). Segundo a maneira de  sentir dos judeus,   sobre a cúpula do firmamento que separava as águas superiores, estava o terceiro   céu, o verdadeiro reino de Deus que era o Reino da luz. Essa luz, oposta ao   reino das trevas, no abismo dos mares, era a que se fez visível na abertura dos   mesmos ao ser batizado Jesus. Temos modernamente uma confirmação nos sucessos de   Fátima, quando pouco antes das aparições, um relâmpago anunciava as visões do   anjo ou de Maria. Esse relâmpago, dirá Lúcia, era como uma explosão ofuscante de   luz. A POMBA: Yanah em hebraico, ou peristerá em grego. Era o único volátil permitido como animal de sacrifício. Era   animal doméstico e os pombais eram frequentes na Palestina. No AT era símbolo de   simplicidade, sem a duplicação do hipócrita que se tornava serpente, porque em   seu seio albergava o veneno oculto. Seu vôo rápido e os gemidos do seu arrulho   eram boa imagem da oração atribulada. No Cântico dos Cânticos é o símbolo da   amada; e como símbolo do povo que está sob o tipo da amada, o Israel escolhido   pode ser descrito como uma pomba aos olhos de Javé. No NT Jesus apela à sua   simplicidade (Mt 10, 15) e, com a aparência física do Espírito Santo tomando sua   forma, é provável que queira imitar o Israel novo que nasce do Batismo e que tem   sua representação mais exata em Jesus. Não era propriamente uma pomba, mas   alguma coisa que parecia pousar sobre Jesus como uma pomba pousa sobre seu   ninho. Lucas diz que em forma corporal como [de] pomba. Mateus diz que [Jesus] viu o Espírito de Deus descendo   como pomba e vindo sobre si [Jesus]. Temos também o testemunho dos   assistentes nas aparições de Fátima que viram uma pequena nuvem branca pairando   na pequena árvore onde pousavam os pés da Senhora. O exemplo moderno não só   ilustra mas dá aspectos de certeza ao descrito pelos evangelistas no caso do   batismo de Jesus. Caso não tivéssemos o quarto evangelho, quem foi o sujeito da   revelação seria unicamente Jesus. Mas João deu testemunho de Jesus e esse   testemunho devia ser fundamentado num fato extraordinário: uma manifestação   divina como correspondia a um profeta. As palavras de quem lhe enviou a batizar   eram claras: Sobre aquele que vejas o Espírito descendo e permanecendo, esse   é o Filho de Deus (1, 3). O ESPÍRITO: Em   hebraicoRuah, em grego Pneuma, em   latim Spiritus, de onde temos a   palavra Espírito em português. A palavra espírito designa na Bíblia diversas realidades. Pode ser vento ou sopro (Ex 14, 21 e   Jô 3, 8 como exemplos). Pode ser o alento de vida que Deus infunde no homem (Gn   2,7 e Mt 28, 19). No NT o termo espírito tem já uma dimensão   supramaterial do ser humano (Mt 5, 3 e Mc 2, 8 como exemplos). Mas sobretudo o   termo Espíritoevoca uma realidade divina que o AT descreve como força,   poder, sabedoria, santidade e que em última instância se identifica com a mesma   essência divina (Gn 1, 2 Nm 11, 29 e Sl 51, 12-13). O NT aprofunda estes dados e   nos revela que se trata de uma pessoa da Sma. Trindade que recebe como nome   especial o de Espírito Santo (Mt 1, 18; 20, Lc 1, 15, Jo 1, 33 etc), Espírito de   Deus (Mt 12, 28; Lc 4, 18 etc), Espírito de Cristo, de Jesus, do Senhor (At 8,   39; Rm 8,9) ou simplesmente Espírito (Mt 4, 1; Jo 1, 23 etc ). Essa pessoa   comunica seus dons e carismas à Igreja e seus membros (Jo 14, 26; At 4, 8; Rm 5,   5 etc). é importante que o cristão saiba distinguir quais são as manifestações   do Espírito (1 Jo 4,1 e Cor 12, 1-3). E que os responsáveis da comunidade não   obstaculizem a ação do Espírito (1 Ts 5, 19). Evidentemente aqui o Espírito é a   realidade divina que é descrita como poder, força e santidade de Deus. João viu   esse Espírito e deu testemunho do fato (Jo 1, 32). Mas era pomba ou podia ser   uma nuvem como em Fátima? Ou como [ösei <5616>= sicut latino]   implica certa semelhança, mas não identidade. A semelhança pode ser no pouso, a   sua descida suave, ou também implicando a forma. Caso não tivéssemos a as   palavras de Lucas somatikö eidei [em forma corporal] (Lc 3, 22) os   outros evangelistas falariam do pouso como uma pomba. Também, forçando um pouco   o sentido, podemos admitir que a forma corporal não era propriamente a de uma   pomba, mas referida a sua visibilidade e que era o pouso o motivo da comparação   com o volátil. Santa Teresa de Ávila fala de uma pomba, representante do   Espírito, mas com asas especiais, como de escamas metálicas e de grande tamanho.   A realidade é que não era uma pomba comum, mas tinha alguma semelhança com ela,   ou na forma ou no vôo. A VOZ: E eis uma voz dos céus dizendo: Este é o meu   Filho, o amado, no qual encontrei meu agrado (17). Et ecce vox de   caelis dicens hic est Filius meus dilectus in quo mihi conplacui. DOS CÉUS: Essa voz provinha dos céus (Mt   e Mc) ou do céu (Lc). Segundo a cosmogonia semítica , céus, em plural,   descrevia melhor o domínio divino nas alturas. A VOZ: Ela afirmava: este é meu Filho, o amado. Nele encontrei meu   agrado (Mt). Marcos e Lucas substituem   o este [outós]. Pronome que   pode indicar a presença do Batista como testemunha da Epifania   por tu [su grego], pronome que indica uma revelação   particular a Jesus. O 4º evangelho segue os passos de Marcos e Lucas ao afirmar   que o Batista viu e consequentemente testemunhou ser ele [Jesus] o   filho de Deus (Jo 1, 32). Todos os sinóticos têm o   verbo eudokeio [sentir gozo] em aoristo, ou seja em   passado.FILHO: A palavra grega é uiós. É a palavra técnica par indicar um filho em sentido legal.   Distingue-se de tecnon que significa o filho em termos   biológicos. Logicamente como homem, Jesus não pode ser chamado de tecnon tou   Theou [filho de Deus], mas tecnon Mariam [filho de   Maria]. O AMADO: em grego agapetós, que segundo a maioria dos intérpretes significaria   primogênito [protótokos grego], pois o tal era o amado do pai. É um   dado muito importante: o monogenés responde a um nascimento e   nascimento humano propriamente dito. Não podemos, pois, usar essa palavra   técnica para o Verbo. Por outra parte, agapetós significa também , se   precedido pelo artigo determinante, único, no sentido de não existir um outro.   Como exemplo estão os dois versículos de Mc 12, 6 e de Lc 9, 35 em que o dono da   vinha envia seu filho, o agapetós. Esta palavra é a usda por Marcos e   Mateus na mesma naração do batismo de Jesus. É a mesma palavra usada na Teofania   da nuvem no momento da transfiguração pelos três sinóticos (Mt 17, 5; Mc 9, 7 e   Lc 9, 35). A palavra protótokos [primogênito] é unicamente usada como   temo legal por Mt 1, 25 e Lc 2, 7. Paulo a usará para indicar que Jesus   ressuscitado é o primogênito da nova criação, especialmente como primogênito dos   mortos. Será João, excepcionalmente, quem no prólogo (1, 14 e 18) exalta a   glória do Verbo Encarnado como sendo a do Filho Unigênito [monogenés]   do Pai. Podemos, pois, dizer que agapetós tem em João uma palavra mais   moderna e definida contra os hereges do seu tempo: Monogenés [=   Unigênito]. AS COMPLACÊNCIAS: Podemos traduzir   por: por ti encontrei meu enlevo, tu tens sido minha maravilha, o   desejo cumprido de meus planos. Seria esta a trdução direta do texto   hebraico de Isaías 42, 1: Aqui está o meu servo [ebed hebraico ou pais em grego que também significa   filho] a quem protejo; meu escolhido [bachir hebraico   ou ekletósgrego] em quem minha alma se   agrada. Pus nele meu espíritu [ruah ou pneuma] para que traga a justiça [mishpat =veredicto ou sentença judicial; em   grego Krisis como sentença condenatória] às   nações [pagãs] [os goim ou ethne]. O filho se transforma em servo e essa sua   obediência, que o levará até a morte e morte de cruz, será o maior orgulho do   Pai. Jesus confessa que ele deve morrer como morre o grão de trigo e é, nessa   hora, que pede ser glorificado e a voz do céu responde: eu o glorifiquei e o   glorificarei novamente (Jo 12, 28). Uma outra tradução do eudokeio é: eu o aprovei, eu o tenho retificado como tal. Neste último caso, a Epifania   seria mais externa para fora de Jesus, sendo João o principal vidente da   mesma.  PISTAS: 1) Não indica o batismo de Jesus uma superioridade   do Batista? Por isso Mateus afirma que existe uma vontade superior a ambos os   homens, que deve ser cumprida ou completada. É a vontade de Deus que deve ser   acatada em sua totalidade. 2) Por que o batismo de Jesus entrava nos planos de Deus? Era uma forma de   Jesus tomar o pecado humano como próprio (2 Cor 5, 21), tal e como o faria na   sua agonia na cruz. Era também uma forma de escolher uma vida absolutamente   humana, vestindo-se de tudo o que a carne [a humanidade] exigia, a exceção do   pecado (Fp 2, 7-8). 3) As palavras servo e filho são ambíguas em grego, de modo que o verdadeiro   filho é aquele que serve o Pai de forma completa. Por isso, ele nos deixou como   testamento uma lição de serviço (Jo 13, 3) e um mandato de amor, que é   obediência como diz João em 14, 21. Se isso acontecer, o Filho, e também o Pai   manifestar-se-ão a ele, a todo discípulo que entrega sua vida como serviço (Jo   14,  22-23). 4) Uma interpretação moderna, sem ilação clara com os textos evangélicos ou a   primitiva tradição, é a de que Jesus no batismo se desligou das estruturas de   pecado da sociedade de seu tempo, uma sociedade judaica corrompida pelo poder   elitista e social, subordinado aos dominadores romanos; ou rigorosamente atada a   tradições externas de purificação e limpeza. Ele, no momento de seu batismo, se   tornou totalmente desobrigado dos laços que o atavam à velha ordem. 
 
 
 
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