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Índice desta página:
Nota: Cada seção contém Comentário, Leituras, Homilia do Diácono José da Cruz e Homilias e Comentário Exegético (Estudo Bíblico) extraído do site Presbíteros.com

. Evangelho de 13/02/2011 - 6º Domingo do Tempo Comum
. Evangelho de 06/02/2011 - 5º Domingo do Tempo Comum


Acostume-se a ler a Bíblia! Pegue-a agora para ver os trechos citados. Se você não sabe interpretar os livros, capítulos e versículos, acesse a página "A BÍBLIA COMENTADA" no menu ao lado.

Aqui nesta página, você pode ver as Leituras da Liturgia dos Domingos, colocando o cursor sobre os textos em azul. A Liturgia Diária está na página EVANGELHO DO DIA no menu ao lado.
BOA LEITURA! FIQUE COM DEUS!

13.02.2011
6º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO A
__ "A NOVA LEI: FELIZES OS QUE ANDAM NA LEI DO SENHOR" __

Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs! Jesus não veio abolir a lei, mas levá-la à plenitude, dar-lhe algo "mais" que a faz superar como lei e aceitá-la como opção interior. De fato, a justiça do fariseu se limita à observância dos artigos da lei. A justiça do cristão não depende em primeiro lugar da sua observância da lei, mas de se terem realizado em Jesus os últimos tempos, porque ele veio para ser o primeiro a obedecer à lei em comunhão com Deus. Cristo estabelece um novo critério de avaliação moral: a intenção pessoal. Entoemos cânticos ao Senhor!

(coloque o cursor sobre os textos em azul abaixo para ler o trecho da Bíblia)


PRIMEIRA LEITURA (Eclo 15,16-21): - "Se quiseres observar os mandamentos, eles te guardarão; se confias em Deus, tu também viverás."

SALMO RESPONSORIAL (118/119): - "Feliz o homem sem pecado em seu caminho, * que na lei do Senhor Deus vai progredindo!"

SEGUNDA LEITURA (1Cor 2,6-10): - "...o que Deus preparou para os que o amam é algo que os olhos jamais viram nem os ouvidos ouviram nem coração algum jamais pressentiu."

EVANGELHO (Mt 5,17-37): - "Não penseis que vim abolir a lei e os profetas. Não vim para abolir, mas para dar-lhes pleno cumprimento."



Homilia do Diácono José da Cruz – 6º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO A

"Um Cristianismo além da Lei"

Minha equipe de teólogos da comunidade, que são meus colaboradores nas reflexões sobre pó evangelho, andou quebrando a cabeça para compreender esses ensinamentos de Jesus, que com certeza não foram ditos em uma mesma hora, mas ajuntados por alguém, diante de problemas que a comunidade enfrentava. E quando chegou na parte da mutilação dos membros e também arrancar o olho, causador do pecado, a equipe disse em tom de humor, que chegaremos no céu todos mutilados e que vai ser difícil alguém chegar “inteiro”.

Em cada um desses ensinamentos há uma única verdade que Jesus proclama, o desafio de sair da medíocre obediência as Leis, para podermos passar a algo sem medida, e que vai muito além da conduta e do comportamento humano, é um convite para migrarmos do meramente humano para o plenamente Divino, somente possível com a Graça de Deus e a Luz da Fé, que vislumbra uma realidade até então invisível para o homem, presente em Jesus de Nazaré. Sem Jesus, a única referência é o seguimento á Lei de Moisés, atitude que norteava a vida de um homem bom, justo, virtuoso e crente em Deus, claro que a Salvação também tinha um sentido bem restrito, e se conquistava nesta vida. Jesus, ao apresentar o ensinamento desse evangelho, desmonta esse quadro de uma Religião legalista, transformando a relação com Deus em uma realidade transcendente.

Jesus, nascido Judeu e participante do Judaísmo, não é um velho saudosista, preso as lembranças do passado, de tudo aquilo que Deus realizou pelo seu povo, não fica chorando sobre o leite derramado, mas convida os seus discípulos e a todos nós, a olharmos com otimismo para o presente e a fazermos a coisas muito melhores, e como a sua presença entre nós mudou a sorte de toda a humanidade, tem autoridade para dizer, “Eu porém vos digo....”

A Lei de Moisés em sua essência é a Lei de Deus, o seguimento a ela faz a diferença entre a Vida e a morte, entre a bênção e a maldição, o bem ou o mal, diante dessa Lei temos sempre a escolha e o livre arbítrio, o próprio Senhor diz em outro evangelho, que não veio para revogar a Lei, mas para mostrar o seu verdadeiro sentido e aprimoramento, para que a lei atinja a sua plenitude.

Mas só o puro cumprimento da Lei não nos fará feliz e nem realizados, a minha equipe de teólogos da comunidade lembrou-se de um bom exemplo.

“A gente dirige e decide respeitar e obedecer toda sinalização, mas no estresse causado no próprio trãnsito, acaba gritando e ofendendo os outros condutores, as vezes os pedestres, dizemos palavrões em nosso veículo, que o outro não escuta, praguejamos, amaldiçoamos, ficamos enlouquecidos ao volante e perdemos a paciência...Seguimos a lei mas não fomos felizes nessa ação, por que ? Faltou ser amoroso, misericordioso e paciencioso com as pessoas e essa atitude não é Lei escrita na pedra, mas no coração do homem, é a Lei do amor na relação com as pessoas.

Por isso, podemos dizer que um bom Cristão segue a doutrina, as normas da Igreja, pratica os preceitos, mas, um Cristão de Verdade vive no amor e na comunhão com Deus e com as pessoas.. Por isso Jesus apresenta-nos essa proposta de darmos um passo além, não permanecendo na mediocridade do dever cumprido, mas testemunhando um amor sem medidas, que não quer apenas não “matar” o outro, mas respeitar a sua vida e a sua dignidade, ser solidário, ter paciência, uma vez que, podemos matar o outro de muitas maneiras, não só com armas de fogo ou arma branca, mas principalmente com a língua, com a nossa conduta em relação ao outro, uma morte dissimulada na frieza, no desprezo e na indiferença, quantos morrem ao nosso lado, vítimas deste nosso pecado....

Ofertar algo a Deus em algum trabalho da comunidade ou em algum empreendimento da nossa Vida de Fé, é coisa muito boa, mas Deus só aceita esse oferecimento se estivermos de bem com as pessoas, não alimentar no coração ódio e rancor ou qualquer ranço contra quem quer que seja, porque se estivermos de bem com Deus e de mal com algum irmão, o amor torna-se uma mentira.

Adulterar uma relação, principalmente a conjugal, é torná-la falsa e sem valor, podemos adulterar essa relação de muitos modos, a traição é apenas uma delas. Mas o adultério pode ocorrer em um olhar, em um desejo ainda que não manifesto, em uma relação desgastada pela indiferença e as vezes pelo desprezo, sempre que não contribuo, para que o amor e a vida em comunhão com o cônjuge cresça, e se torne mais consistente, estou semeando a possibilidade de um adultério.

E finalmente um último ensinamento, o que significa “arrancar um olho”, ou cortar algum membro, que nos é causa de pecado? Note-se que essas afirmações está dentro das exortações sobre a vida conjugal e o pecado do adultério, quando falamos da atração entre um homem e uma mulher, facilmente identificamos com o Erro, e daí falamos que homem e mulher são impulsionados pelo instinto. E em nome do tal de instinto comete-se as maiores barbaridades no campo da afetividade humana, voltada para a sexualidade.

Jesus não escreve mais a Lei nas pedras, mas sim no coração do homem, que agora é livre para tomar suas decisões, para dizer SIM ou NÃO ao fazer suas escolhas, a religião torna-se assim mais intimista, e o ser humano não irá mais agir, com seus sentidos, a partir dos seus instintos, mas sim a partir do Amor de Deus, que experimenta em seu coração, e que irradia em todas as suas ações, nas relações com Deus, consigo mesmo e com o próximo, E assim fazendo, o homem rompe com a religião legalista, pois abrindo-se para a graça de Deus manifestada em Jesus, ele alarga o seu horizonte de compreensão e conhecimento do verdadeiro e Único Amor, capaz de salvá-lo e de fazê-lo imensamente Feliz.

José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail  jotacruz3051@gmail.com


Homilia do Padre Françoá Rodrigues Costa – 6º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO A

A segurança do cristão

“Ouvistes o que foi dito aos antigos… Mas eu vos digo” (Mt 5,21-22). Somente se Jesus é Deus pode fazer algumas alterações nas tradições dadas por Deus no Antigo Testamento. E Jesus é Deus!

É incrível como algumas comunidades ainda hoje insistem em alguns preceitos antigos, mas que foram totalmente abolidos pela realidade autenticamente cristã: observar sábados, não comer carne de porco, não realizar transfusões de sangue, estabelecer a saia ou o vestido como indumentárias únicas para as mulheres etc. Essas coisas caducaram: “ninguém, pois, vos critique por causa de comida ou bebida, ou espécies de festas ou de luas novas ou de sábados. Tudo isto não é mais que sombra do que devia vir. A realidade é Cristo” (Cl 2,16-17). Enquanto se insistem nessas “sombras da realidade”, é possível que coisas mais importantes sejam descuradas como aquelas que o Senhor nos diz no Evangelho de hoje: viver a caridade para com todos, guardar o coração puro e casto, viver na verdade em todo momento.

A coerência é, sem dúvida, uma dessas realidades que não podem ser negligenciada por um cristão. Não é coerente, por exemplo, criticar as riquezas do Vaticano, que são patrimônio da humanidade, e, ao mesmo tempo, ter o coração fechado para os demais. Prefiro aqueles ricos que vão ao Vaticano admirar essas mesmas riquezas, mas são capazes de abrir o coração e ajudar os mais necessitados. O Santo Padre, que mora no Vaticano, é um dos que mais ajuda os pobres.

É muito mais fácil andar por aí defendendo a liberdade das mulheres no uso do seu próprio corpo e, ao mesmo tempo, proibir outros seres humanos de nascerem. Esses defensores da liberdade só conhecem um lado da liberdade. No entanto, é preferível a defesa da dignidade das mulheres com a defesa simultânea da defesa da dignidade dos outros seres humanos não nascidos. Defender uma verdade é algo louvável, defender duas é duas vezes louvável! Somente as pessoas inteligentes podem conjugar duas verdades aparentemente contraditórias. No entanto, uma verdade não pode contradizer outra verdade. A dificuldade que a inteligência encontra está no raciocínio equivocado, não nas realidades. Caso eu, delirando, veja dois postes onde há somente um, o problema não está no poste que de repente teria se multiplicado (?!), o problema será a minha loucura ou enfermidade.

Os exemplos poder-se-iam multiplicar, mas não é o caso. O importante é que estejamos atentos ao “EU” de Jesus, à autoridade de Jesus. O importante é que não substituamos a verdade de Deus pelas supostas “verdades” que pululam nos grandes meios de comunicação. O importante é que sejamos cristãos de verdade e entremos, cada um, com liberdade e responsabilidade pessoais, nos meios de comunicação e anunciemos a Verdade que liberta, Jesus Cristo.

Ouvistes o que foi dito aos antigos, ouvistes o que se disse aos novos, ouvistes o que se diz na televisão, na rádio e em tantos outros lugares. É bom informar-se! Jesus, porém, nos recorda: “Eu, porém, vos digo”. O Senhor diz a todos nós que o Evangelho é sempre moderno, que nós não precisamos ter medo de dialogar com a cultura contemporânea. Com outras palavras, a evolução das espécies não pode diminuir a nossa fé, o heliocentrismo (ou outra teoria que surja) tampouco a aumenta ou diminui; as riquezas do Vaticano e a pedofilia já provada de alguns presbíteros não deveriam abalar os cimentos do nosso amor a Deus e à sua Igreja Católica; a corrupção dos costumes, em lugar de implicar um retrocesso na nossa caminhada cristã, deveria ser um desafio para a nossa inteligência e a nossa vontade iluminadas pela fé. Enfim, qual é o fundamento da minha fé? Jesus Cristo, Deus verdadeiro e Homem verdadeiro. Nele se pode confiar sempre!

O EU de Jesus é a segurança de que podemos continuar sob a sua autoridade a nossa tarefa evangelizadora. Ele nos envia. O principal interessado em salvar esse “bando de macacos recém-descidos da árvore”, como dizia um venerável professor, é de Jesus. Peço desculpas por rasgar o verbo, mas vou seguir nessa linha – sem faltar o respeito devido ao meu Senhor – para afirmar claramente que o problema é dele, de Jesus. Não obstante, ele pede a nossa colaboração inteligente, perspicaz e cheia de garra. Sentimo-nos fortalecidos, cheios de garra, com a força que vem da fé, da esperança e do amor de Deus? Se a resposta não for positiva, sugiro que se tome três remédios: oração, penitência e ação.

Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa


Comentário Exegético – 6º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO A
(Pe. Ignácio, dos padres escolápios)

EPÍSTOLA (1 Cor 2, 6-10)

A SABEDORIA: Sabedoria, pois, falamos entre os perfeitos, mas sabedoria não desta época nem dos soberanos deste tempo dos que fracassam (6). Sapientiam autem loquimur inter perfectos sapientiam vero non huius saeculi neque principum huius saeculi qui destruuntur. PERFEITOS: [teleioi<5046>=perfecti], significa acabado, perfeito, sem necessidade de completar, como diz Paulo em 1Cor 13, 10: quando porém vier o que é perfeito o que era em parte será aniquilado. Tratando-se de pessoas, significa adulto, amadurecido, de idade madura como em Hb 5, 14: o alimento sólido é  dos adultos [teleiön]. SOBERANOS [archontoi<758>=principes] O archon grego é líder, chefe, soberano, governador como em Mt 20, 25: sabeis que os governadores[archontes] dos povos. Como chefe temos Lc 8, 41 em que Jairo é o chefe [archon] da sinagoga. Os soberanos ou manda-chuvas desta época ou tempo [sher haolam] são comparados com os demônios em Jo 14, 30 em que Satanás é chamado príncipe [archon] do mundo. FRACASSAM [katargoumennoi <2673> =qui destruuntur]: no grego temos um particípio de presente passivo do verbo katargeö que significa tornar inativo, inoperativo, desocupado. Como em Rm 3, 3 em que a incredulidade de alguns tornará inoperante [katargesei] a fidelidade de Deus. O fracasso é devido a que eles não entendem a política e economia divinas e trabalham contra os planos de Deus, como foi outrora Paulo de quem Deus mesmo disse que estava querendo recalcitrar [escoicear] contra o aguilhão (At 26, 14).

A SABEDORIA DE DEUS: Mas falamos a sabedoria de Deus em mistério, o oculto que predestinou Deus antes dos tempos para nossa glória (7). Sed loquimur Dei sapientiam in mysterio quae abscondita est quam praedestinavit Deus ante saecula in gloriam nostram. Paulo fala da sabedoria como um mistério, já que como se fosse tal, os planos divinos correspondentes à salvação da humanidade como intervenção de Deus na história humana, estiveram ocultos para os chamados sábios dentre os homens. O OCULTO [apokekrymenos<613>=abscondita] particípio passado de apokryptö com o significado de ocultar, esconder, estar sob secreto. Paulo chama a esses planos divinos da sabedoria de Deus como o mistério que permanece escondido e ignorado. Esse mistério, até agora encoberto, é motivo da glória dos cristãos. GLÓRIA [doxa<1391>=glória] aqui não é fama, mas glorificação do cristão, transformado, ou melhor, divinizado, que comparte gloriosamente a vida de Deus. É a vida eterna de João, o quarto evangelista, porque unicamente os deuses tinham direito a essa eternidade feliz.

DESCONHECIDA PELOS HOMENS: A qual ninguém dos soberanos desta época conheceu. Pois se conhecessem não crucificariam o Senhor da glória (8). Quam nemo principum huius saeculi cognovit si enim cognovissent numquam Dominum gloriae crucifixissent. Continua Paulo falando da sabedoria divina que, segundo ele, tinha duas qualidades, as quais descreve neste trecho: era desconhecida pelos sábios do mundo. Era contrária a essa sabedoria que podemos chamar mundana. A razão é porque Deus quer manifestar o seu poder na fraqueza do homem (1 Cor 1, 25 e 27), do mesmo modo que admite o pecado para mostrar sua misericórdia (Rm 5, 15-16). E ele pode dizer que, diante de suas fraquezas, Deus responde: a minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza (2 Cor 12, 9). E sendo Deus máximo, ele sempre será o mais perfeito. Por isso escolhe a perfeição da misericórdia e a perfeição da onipotência. Comparados com ele os líderes deste mundo são extremamente imperfeitos. Assim, os SOBERANOS [archontoi<758>=principes] deste mundo nada têm a dizer ou fazer comparável aos planos divinos. Nem os entendem, nem poderiam imitá-los, caso os conhecessem. Como a cruz é  o máximo sinal do poder e da sabedoria de Deus, daí que não conheceram o valor da mesma. Caso realmente a cruz tivesse um valor humano, não seria uma loucura para os gregos nem uma maldição para os judeus (1 Cor 1, 23). Cristo, pois, nos resgatou da maldição da Lei, fazendo-se ele próprio maldição  em nosso lugar (Gl 3,13). E agradou a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação [loucura da cruz]  (1Cor 1, 21). Por isso, Paulo disse de sua pregação que só entendia a Cristo e Cristo crucificado (1 Cor 1, 23)

DEUS PREPARA MARAVILHAS PARA OS QUE O AMAM: Mas como está escrito; as que olho não viu e ouvido não ouviu e sobre coração de homem não subiu, as que preparou o Deus para os que o amam (9). Sed sicut scriptum est quod oculus non vidit nec auris audivit nec in cor hominis ascendit quae praeparavit Deus his qui diligunt illum. A citação de Paulo é de Is 64, 4. Literalmente diz: Desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com olhos se viu Deus além de ti, que trabalha para quem nele espera. A interpretação paulina eleva o sentido da frase ao mundo eterno e glorioso divino, como esperança de bens que nem remotamente poderíamos esperar. Deus os PREPAROU [ëtoimasen<2090]=praeparavit]. É uma recompensa do Amor para o amor. Com esta frase Paulo nos diz que há um mérito [misthós] que Deus considera como digno de pagamento: o amor que substitui todo mandamento e toda lei, como diz Jesus: nestes dois mandamentos está toda a Lei e os profetas (Mt 22, 40).

A REVELAÇÃO DO ESPÍRITO: A nós, pois, o Deus revelou por meio de seu Espírito. Porque o Espírito perscruta todas as coisa até as profundezas de Deus(10). Nobis autem revelavit Deus per Spiritum suum Spiritus enim omnia scrutatur etiam profunda Dei. A sabedoria divina e seu mistério foi uma revelação feita a Paulo, que neste parágrafo usa o plural majestático, não por meio de homens, porque não o aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo (Gl 1, 12). Daí que escreva que esse mistério lhe foi revelado por meio de seu [de Deus] Espírito. Na trilogia corpo, alma, espírito (1 Ts 5,23) o ESPÍRITO é a parte superior do homem que tudo ordena e dele dependem todas as decisões; como tal também o Espírito divino chega a saber as profundezas de Deus. Pois bem: foi esse Espírito que  revelou a Paulo o mistério a cruz. Na teologia judaica é mencionado como RUAH HAKODESH [= Espírito, o sagrado] ou Alento divino. Não como pessoa; mas como um atributo divino, ao modo como a ciência de uma pessoa opera e atua como força efetiva, sem se poder afastá-la do sujeito que a possui. No entanto como alento, podemos dizer que inspira e enquanto força, que vivifica. Um aspecto de sua influência é que dirige reis e ilumina os profetas. Aqueles para governar, estes para inspirar as palavras de modo que corretamente possam comunicar a mensagem em nome de Deus. No dogma trinitário o catolicismo e a maioria das igrejas cristãs, usam terminologia filosófica grega para descrever a pessoa do Espírito, distinguindo entre ousia [natureza] e hipóstasis [pessoa]. Embora ousia tenha o sentido de essência ou ideia, como humanidade [uma ideia] e hipóstasis o de indivíduo [uma realidade], ambos os termos são reais na teologia trinitária, atribuindo à ideia e ao sujeito uma existência real, na fórmula um só Deus em três pessoas. Enquanto a ação do Filho foi pela salvação da humanidade em geral, [a ousia], visto o pecado original, a ação do Espírito é pela santificação de cada pessoa em particular [a hipóstasis]. Por isso, Cristo presta sua pessoa divina à natureza humana se tornando cabeça da Igreja e o Espírito presta sua natureza a cada pessoa humana, à qual diviniza através da comunicação dos dons sobrenaturais.

EVANGELHO  (Mt  5, 17-37)
A LEI  E SEU CUMPRIMENTO (1a  parte)

Mateus era um legista, ou doutor da lei. No seu tempo estava quente a disputa sobre se a lei antiga, entre os cristãos; especialmente se a da circuncisão devia ser cumprida. As grandes disputas de Paulo a este respeito, enfrentando os seus irmãos de raça, de modo a ser obrigado a circuncidar Timóteo, (At 16,3) nos dizem que havia um ambiente difícil entre os primeiros cristãos, sobre como interpretar a lei antiga. Máxime se consideramos que a maioria das igrejas era constituída por antigos judeus, que tinham da lei um conceito altíssimo: No mundo judaico a lei era santa e tinha um valor salvífico absoluto. A lei era o compêndio de toda a sabedoria divina, revelada para se tornar caminho único de salvação humana. A Deus só se podia chegar pela observância da lei, revelação definitiva dum Deus que dirige por meio dela o seu povo. Com Paulo substituímos a Lei por Cristo.

Para Jesus a lei tinha dois aspectos diferentes: o primeiro enquanto palavra de Deus que revela seus planos sobre a escolha de sua pessoa como Messias-servo, cujos passos estavam totalmente delimitados. Essa lei devia se cumprir com extrema exatidão até o último detalhe. Um yod, a letra menor  ou um tilde, (chifrinho) eram importantes. Jesus cumpriria tudo em sua vida, e por isso diz que nada será omitido e tudo será realizado. O outro era sobre a lei como conjunto de normas ético-morais que deviam dirigir a conduta humana. Dividiremos, pois, este evangelho em duas partes: Uma primeira que é a introdução de hoje sobre o valor da lei  antiga, ou melhor, Lei e Profetas a respeito de Jesus (17 e 18) e  uma segunda parte: a lei como norma universal para o gênero humano, ambas referidas ao novo modo de ver a justiça, ou seja, a observância dessa lei que brotou outrora como vontade de Deus.

VAMOS TRATAR DA PRIMEIRA PARTE:

NÃO SERÁ ABOLIDA: Não julgueis que vim anular a Lei ou os profetas. Não vim anular, mas completar (17). Nolite putare quoniam veni solvere legem aut prophetas non veni solvere sed adimplere. Pois certamente vos digo: até que passe o céu e a terra, um jota ou um chifrinho nunca passará da lei até que tudo se realize (18). Amen quippe dico vobis donec transeat caelum et terra iota unum aut unus apex non praeteribit a lege donec omnia fiant. A afirmação categórica de Jesus é suficientemente rotunda: Não penseis que vim abolir a lei e os profetas. Que significado devemos dar a estas palavras? Lei e profetas era o título que se dava à Escritura antiga. Hoje diríamos Escritura ou Palavra de Deus. De fato, Mateus parece ter um empenho especial em demonstrar desde o início do evangelho que Jesus cumpre tudo o que foi prefigurado pelos profetas. Jesus é filho de Abraão e filho de Davi. E em 1,22 dirá que tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor havia dito pelo profeta. O profeta por excelência era Isaías. Seguem-se como tal cumprimento o nascimento em Belém, a fuga ao Egito, a morte dos inocentes, e a infância em Nazaré. O batismo de Jesus é parte dessa dependência da palavra profética, como o início da pregação em terras de Zabulon e Neftali. Mais notável é que as 4 novas Bemaventuranças que Mateus acrescenta às de Lucas tenham  como base o AT: os mansos serão o salmo 37; os puros de coração o salmo 24; os pacíficos Gn 34, 21  e os misericordiosos perto de um Senhor que é misericórdia, Dt 4,31 e salmo 103. Jesus, com sua vida dá pleno cumprimento a essa  palavra de Deus, até tal ponto que o outro evangelista que escreve também para os judeus, terminará a vida de Jesus com o grito de Tudo esta consumado (Jo 19,30). Até depois de morto, a Escritura se cumpre ao não quebrar osso algum e ao ser a figura em que todos devem olhar uma vez traspassado (Jo 19, 36). Por isso Jesus termina esta primeira parte com as palavras sem que tudo seja realizado.

O SEGUNDO ASPECTO

HONRADEZ DOS DISCÍPULOS: Aquele, pois que quebrantar um dos mandatos destes mínimos e ensinar assim aos homens, mínimo será chamado no Reino dos céus; mas aquele que fizer e ensinar, esse grande será chamado no Reino dos céus (19). Qui ergo solverit unum de mandatis istis minimis et docuerit sic homines minimus vocabitur in regno caelorum qui autem fecerit et docuerit hic magnus vocabitur in regno caelorum. Portanto vos digo: que se não exceder vossa probidade mais do que a dos  escribas e fariseus não entrareis no Reino dos céus (20). Dico enim vobis quia nisi abundaverit iustitia vestra plus quam scribarum et Pharisaeorum non intrabitis in regnum caelorum. Era este o da lei como diretora da conduta humana, ou melhor, da ética judaica. Esse conjunto de normas ético-morais constituía a diferença essencial entre judeus e gentios. Pois bem, Jesus vem para aperfeiçoá-la. Implicitamente afirma que a lei é secundária e sua interpretação farisaica é totalmente inadequada e incorreta Dos 613 mandamentos divididos em pesados e leves, existem os que não impedem a entrada no reino como mandamentos menores, ou leves como diziam os fariseus. Jesus aceita esta divisão como vemos no versículo 19, que serve para  que a exegese católica distinga entre pecados de morte ou mortais (ver 1 Jo 5,16) e pecados leves ou veniais (da palavra venia que significa perdão em latim) Porém os mandamentos pesados ou principais deviam ser interpretados de modo totalmente novo e diferente. Porque se interpretados como o faziam os fariseus não comprometiam o coração, o mais interior do homem, e o deixava afastado  do verdadeiro caminho exigido pela santidade divina. E como todo bom legista, Mateus traz à conta os casos mais importantes desta lei: Assassinato, adultério, divórcio e juramento, o que veremos na segunda parte.

2ªPARTE

Em primeiro lugar, uma breve INTRODUÇÃO: estamos acostumados a ver a lei, especialmente os dez mandamentos, como coisa normal em nossas vidas de cristãos. Porém isso não era o caso dos primitivos cristãos,  especialmente os provindos do paganismo. Mateus, como bom legista, escolhe os casos mais cabeludos que não eram bem resolvidos pelo ambiente pagão, totalmente hostil, em que eles viviam. Há uma base de solução que está latente em todos eles e que se reflete nas palavras de Jesus, ouvistes que foi dito eu, porém vos digo: a parte externa é só um fruto maduro do que internamente se alimentou. E a esta intenção está dedicada à casuística do Mestre,  nas  quatro circunstâncias do evangelho de hoje, interpretadas do modo mais rígido por Jesus, e todas elas narradas no capítulo 20 do Êxodo, como lei.

HOMICÍDIO: Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás homicídio; porém aquele que cometer homicídio estará sujeito a julgamento (21). Audistis quia dictum est antiquis non occides qui autem occiderit reus erit iudicio. Porém eu vos digo que todo aquele que se irar com seu irmão sem motivo, será réu de julgamento; aquele, porém que disser a seu irmão raká, réu será do sinédrio; aquele, porém que disser morós,  será réu para a Geena do fogo. Ego autem dico vobis quia omnis qui irascitur fratri suo reus erit iudicio qui autem dixerit fratri suo racha reus erit concilio qui autem dixerit fatue reus erit gehennae ignis. Se, pois quando trouxeres a tua oferenda ao altar e lá lembrares que teu irmão tem alguma coisa contra ti (23) deixa lá tua oferenda na frente do altar e vai primeiramente reconciliar com teu irmão e então vindo oferece tua oferenda (24). Si ergo offeres munus tuum ad altare et ibi recordatus fueris quia frater tuus habet aliquid adversum te relinque ibi munus tuum ante altare et vade prius reconciliare fratri tuo et tunc veniens offers munus tuum. O primeiro caso é o HOMICÍDIO. Não cometerás homicídio (Êx 20,13). Aquele que matar terá de responder no tribunal. Na realidade será morto. (Êx 21,12) Porque no conceito judaico ser réu e ser condenado é a mesma coisa. Jesus ensina que a cólera merece também ser julgada pelo tribunal de modo a ser o colérico condenado pelo mesmo.  O primeiro tribunal, o local ou de primeira instância, condena o colérico sem mais. E parece que iguala a cólera mais grave  ao homicídio com dois degraus igualmente sérios: Chamar raká (=abominável) ao irmão (=próximo) merece a condenação do supremo tribunal, o Sinédrio. Chamá-lo morós (=louco segundo o grego e ímpio segundo o aramaico) merece a condenação do fogo eterno, a Geena.  AMOR E CULTO: Sede bem intencionado com teu adversário cedo, enquanto estás com ele no caminho, não seja que te entregue como adversário ao juiz e o juiz te entregue ao servidor e sejas lançado no cárcere (25). Esto consentiens adversario tuo cito dum es in via cum eo ne forte tradat te adversarius iudici et iudex tradat te ministro et in carcerem mittaris. Amém te digo não sairás dali até que pagares o último quadrante (26). Amen dico tibi non exies inde donec reddas novissimum quadrantem. E prossegue dizendo que mais importante que o culto, considerado primário para um judeu, é a relação fraterna com o próximo, e ante o dever da reconciliação tudo o demais é secundário. E Jesus segue a regra comum de que é melhor uma reconciliação do que um julgamento de um contencioso administrativo. Pois neste caso pode ser que o juiz sentencie a favor do outro contendente e o xadrez seja tua morada até pagar o último centavo.

ADULTÉRIO: Ouviste que foi dito aos antigos: Não adulterarás (27). Audistis quia dictum est antiquis non moechaberis. Porém eu vos digo que todo aquele que olha uma mulher para desejá-la já adulterou com ela em seu coração (28). Ego autem dico vobis quoniam omnis qui viderit mulierem ad concupiscendum eam iam moechatus est eam in corde suo. O segundo caso é o ADULTÉRIO. Mais que um pecado sexual era este considerado uma violação da justiça, já que a mulher era propriedade do esposo e como tal usá-la por outro era um verdadeiro roubo. Jesus afirma que o desejo já é um adultério. Isso entrava dentro do decálogo: Não cobiçarás a mulher de teu próximo (Êx 20, 17). O ESCÂNDALO: Se, pois teu olho, o direito te escandalizar, arranca-o e lança-o de ti: pois é conveniente que pereça um dos teus membros e não todo o teu corpo ser lançado na geena (29). Quod si oculus tuus dexter scandalizat te erue eum et proice abs te expedit enim tibi ut pereat unum membrorum tuorum quam totum corpus tuum mittatur in gehennam. E se tua mão direita te escandaliza, corta-a e lança-a de ti: pois te convém que pereça um dos teus membros e não todo o teu corpo  ser lançado na geena (30). Et si dextera manus tua scandalizat te abscide eam et proice abs te expedit tibi ut pereat unum membrorum tuorum quam totum corpus tuum eat in gehennam. E Jesus parte para os motivos que podem levar ao pecado como escândalos no caminho da honestidade verdadeira e interior. Usa o olho e a mão como casuística de uma moral mais estrita da que era usual no seu tempo.  O olho direito era, como a mão direita, especialmente estimado pelos judeus. Ambos tinham um papel muito mais relevante que seus pares canhotos. Por isso a hipérbole do escândalo está ainda mais ressaltada com o que deve se perder antes de o pecado atingir o íntimo do ser humano, ou o castigo supremo da lei que era a morte. O escândalo principal era o proporcionado pelos escribas e fariseus que não entravam no reino e impediam a entrada (Mt 23, 13). Era o escândalo da fé. O escândalo moral parece que aqui está melhor contemplado. Desta conclusão, podemos intuir a perda biológica de um membro por intervenção cirúrgica diante da perda da vida mais fundamental, e inclusive a doação de membros de um sujeito para outro.

O terceiro caso é o DIVÓRCIO. Pois foi dito que se alguém se divorciar de sua mulher dê-lhe libelo de repúdio(31). Dictum est autem quicumque dimiserit uxorem suam det illi libellum repudii. Eu, porém vos digo que se alguém se divorciar de sua mulher, fora da palavra de porneia, faz que ela se adultere e quem se casar com ela, adultera (32). Ego autem dico vobis quia omnis qui dimiserit uxorem suam excepta fornicationis causa facit eam moechari et qui dimissam duxerit adulterat. Era fácil repudiar uma mulher no mundo judaico. Bastava um motivo tão fútil  como ter deixado queimar a refeição, segundo uma das escolas vigentes, para que por meio de uma carta, chamada de libelo (=pequeno livro), fosse repudiada. Jesus transforma o divórcio em adultério: ou expondo ao mesmo a mulher assim largada, ou tomando nova mulher o que equivalia a uma união adúltera. Ambos os casos caiam sobre uma lei de morte a ser pronunciada pelo tribunal. Talvez tenhamos aqui a solução dos pecados de morte de 1 João 5,16. Existe uma cláusula um tanto desconcertante: o adultério não será tal se a mulher e a união com ela for do tipo de fornicação, porneia em grego e zanuth em aramaico. O matrimônio zanuth era uma união de concubinato. A maioria das vezes era considerado inválido. Por isso a tradução da TEB é exceto no caso de união ilícita.

NOTA: A cláusula de exceção somente é mencionada por Mateus. A tradição coincide em que Mateus foi escrito especialmente para os judeus para que acreditassem que Jesus era o Messias e foi inicialmente composto em aramaico. A tradução ao grego de porneia seria originalmete zanuth ou zenuth palavra que deriva de um matrimônio inválido como em Lv 18, 7-18 que eram verdadeiros incestos ou entre parentes próximos. Um caso histórico é o de Antipas e sua cunhada Herodíades. Um outro caso seria o de um matrimônio polígamo, frequente entre os semitas ricos. Paulo aplica o Zanuth para referir-se ao matrimônio [porneia] inválido de um homem com a viúva de seu pai (1 Cor 5,1).

O quarto caso é o JURAMENTO. De novo ouvistes que foi dito aos antigos: não jurarás em vão, mas darás teus juramentos ao Senhor(33). iterum audistis quia dictum est antiquis non peierabis reddes autem Domino iuramenta tua. Eu, pois, vos digo: não jureis de jeito nenhum; nem pelo céu, porque é o trono do Deus (34) nem pela terra, porque é estrado de seus pés, nem por Jerusalém porque é cidade do grande rei (35). Ego autem dico vobis non iurare omnino neque per caelum quia thronus Dei est neque per terram quia scabillum est pedum eius neque per Hierosolymam quia civitas est magni Regis. Nem pela tua cabeça jurarás porque não poderás fazer um cabelo branco ou preto(36). neque per caput tuum iuraveris quia non potes unum capillum album facere aut nigrum. Seja, portanto vossa palavra sim sim, não não: o que sobrepassa disto é do maligno(37). Sit autem sermo vester est est non non quod autem his abundantius est a malo est. Jesus proíbe qualquer forma de juramento, que cai sob a lei do Êxodo: Não pronunciarás o nome do Senhor teu Deus em vão (Êx 20,7). Os judeus, que nem pronunciavam o nome de Jahvé e nem o escreviam na Escritura,  usavam de esperteza para evitar a lei e o castigo, jurando pelo céu, pela terra ou por Jerusalém, motivos unidos intimamente a Deus pois do contrário não serviriam como verdadeiros juramentos, ou testemunhas da verdade em nome de Deus. Jurar pela cabeça era um contra-senso já que não somos donos de nosso corpo e não nos pertence. Por isso Jesus dá uma solução draconiana: O sim e o não, não dependem do juramento, mas da veracidade de quem os pronuncia. O resto provém do maligno ou do mal, que ambas traduções são possíveis no grego.

Conclusão geral: Se pela ética ou moralidade vamos julgar o homem, vemos como teríamos muito que desejar e muito mais que reformar dentro do padrão de justiça-santidade humanas do ponto de vista evangélico. No mundo moderno, em que as riquezas são tão impiedosamente criticadas, o que é até bom,  a moral fraternal e a ética sexual têm muito a aprender destas palavras de Cristo. Sem dúvida estamos aquém do permitido e ao contemplar um freio a ambas, deveríamos louvar a Igreja ou o magistério que assim se comportam. Criticá-los é entrar na justiça farisaica condenada como insuficiente por Jesus.


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06.02.2011
5º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO A
__ "HUMANIDADE, LUZ DO MUNDO" __

Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs! O trecho evangélico está no contexto das bem-aventuranças. Os que são proclamados bem-aventurados, não o são só para sí mesmos, mas também perante o mundo; para a realidade terrestre são Luz e Sal. "Vós sois a luz do mundo": Jesus disse estas palavras em primeiro lugar para os que crêem, os discípulos que são os pobres, os mansos, os que têm fome e sede de justiça... São luz não porque pertencem à Igreja, ou porque tenham uma doutrina de salvação a comunicar, nem porque são homens de oração e fiéis ao culto; mas em primeiro lugar porque são pobres, mansos, puros de coração... Entoemos cânticos ao Senhor!

(coloque o cursor sobre os textos em azul abaixo para ler o trecho da Bíblia)


PRIMEIRA LEITURA (Is 58, 7-10): - "Assim diz o Senhor: reparte o pão com o faminto, acolhe em casa os pobres e peregrinos."

SALMO RESPONSORIAL (112/111): - "Uma luz brilha nas trevas para o justo, permanece para sempre o bem que fez."

SEGUNDA LEITURA (1Cor 2, 1-5): - "A minha palavra e a minha pregação eram uma demonstração do poder do Espírito."

EVANGELHO (Mt 5, 13-16): - "Vós sois o sal da terra."



Homilia do Diácono José da Cruz – 5º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO A

"SAL DA TERRA E LUZ DO MUNDO"

Em uma sociedade marcada pela busca de poder, fama, prestígio e sucesso, a expressão de Jesus neste evangelho, corre o risco de ser mal compreendida “Vocês são a Luz do mundo”, isso por causa  dessa busca desenfreada de um “glamour” que contamina até nossas comunidades onde Leigos ou mesmo o próprio Clero, todos querem ‘brilhar” naquilo que fazem, serem referência e ostentarem um carisma que inegavelmente os coloca em destaque perante os demais, prevalecendo nos corações envaidecidos uma única determinação “ninguém poderá brilhar mais que eu, na paróquia”. Uma grande parte das discussões e conflitos nas reuniões pastorais, são por conta desse problema, que a gente vai camuflando e não quer admitir, haja visto a melindrosidade que ocorre em certas situações “não deixaram eu fazer tal coisa, não vou mais”  ou “tiraram a minha função sem mais sem menos” ou uma que é ainda pior “Só a “panelinha” do padre é que tem vez na paróquia.... Tudo isso porque, muitos querem brilhar, se impor, ter prestígio, ser consultado nas grandes decisões. Fazem com a melhor das boas intenções, porém se algo ameaçar apagar á sua “luz”, logo se manifestam.

Essa conduta nada tem a ver com o evangelho mas ao contrário, são influencias perniciosas á Vida de Fé, que vem de fora da comunidade.

Ser Sal da terra e Luz do Mundo se refere ao testemunho cristão, não aquele dado na igreja, por ocasião de um retiro, mas aquele do dia a dia, onde em qualquer ambiente o SER CRISTÃO deve fazer a diferença, sua presença discreta, como uma pitada de sal, mas que contagia a todos.

Provoquei minha equipe de teólogos da comunidade, que me ajudam nas reflexões, a apresentarem exemplos de pessoas com esse perfil, pois se é verdade que nas comunidades cristãs há pessoas vaidosas, querendo brilhar e ser sempre “paparicadas”, há também alguns cristãos, dos quais a gente sente orgulho de chamar de irmãos, que na comunidade pouco aparecem pois são muito discretos, estão na assembléia, atentos a Palavra, sequiosos pelo alimento que lhes dá coragem de perseverar. Minha equipe trabalhou bem e trouxe-me alguns casos que ilustram esse evangelho.

A catequista Vera contou da Filha da Tiana, 17 anos de idade, auxiliar na catequese e participante do grupo de jovens, o namorado “forçou a barra” prá cima dessa jovem, e ela, com muita classe o ‘despachou”, e diante do argumento dele, de que todas as meninas “ficam” porque é uma coisa normal, a jovem disse que a sua referência não era o costume ou a moda, mas sim o evangelho de Jesus Cristo. Na patota teve gente que achou caretice, e até se afastaram dela,  mas algumas meninas admiraram a atitude corajosa dessa jovem, e começaram a ter mais amizade com ela a partir desse dia.

Ainda na comunidade, falaram do Miro Motoqueiro, que entrega pizzas á noite, fatura menos que os outros porque respeita os sinais de Trânsito, não trafega na contra mão, e não esconde a placa da moto ao passar em alta velocidade no radar, mas obedece a velocidade estabelecida. Os outros ganham mais, são mais ligeiros e velozes porque burlam a lei, e certamente nesse mercado são mais competitivos,  “Eu acho que o Miro é sal da terra, porque é diferente dos outros” – concluiu Vera, a catequista.

E por fim citaram a Dona Maria, uma nortista que tem até fama de “enfezada” que mora na área verde, freqüenta comunidade, o marido vive bêbado e ela o trata com carinho e respeito, se desdobra para sustentar os três filhos e dia desses chamou a atenção de um traficante que estava “passando a conversa” no seu “caçula” de 12 anos, para ele ser “mula” no tráfico.

As vizinhas até chamaram a atenção da Dona Maria, que aquilo era perigoso, comprar briga com o traficante, e que ele até estava ajudando o moleque oferecendo-lhe trabalho, mas Dona Maria bateu o pé, e falou que se o traficante rodear sua casa vai chamar a polícia e botar ele prá correr, e que não tem medo de ameaças, porque tendo sua Fé em Jesus Cristo, combate a favor do Bem que é mais forte que o Mal, e mais ainda, que com ela não tem esse negócio de “lei do Silêncio”, porque a comunidade da área verde, não pode submeter-se ao Tráfico.

A gente logo imagina, quando meditamos esse evangelho, que ser Sal da Terra, Luz do Mundo e uma Cidade edificada no alto do monte, seja ser piedoso, assíduo freqüentador da igreja, cumpridor de todos os deveres com Deus e a igreja. Claro que essas coisas implicam também, mas Jesus está falando das atitudes dos seus discípulos no meio da sociedade, e esses três exemplos que os meus colaboradores falaram, está de muito bom tamanho, Cristão com “C” maiúsculo, é aquele ou aquela que “Faz a diferença”, com uma atitude e um comportamento que chama a atenção das pessoas.

Essas pessoas não são ricas, influentes ou importantes na comunidade, aliás, nenhuma delas tem algum cargo de coordenador, mas com atitudes assim se tornam colunas de sustentação da comunidade, pois, fortalecidas com a Palavra e a Eucaristia, testemunham com coragem e ousadia o santo evangelho, e não cedem ou se intimidam, com as forças do mal, presente na sociedade.

Tem muita gente assumindo ares de Cristão, escondida na igreja, nas pastorais e movimentos, mas no ambiente de trabalho, na escola, na política, nos esportes, no namoro, enfim, fora da igreja e do seu grupo, preferem ficar no anonimato, sem compromisso com a ética ou com a moral, são os cristãos de fim de semana, que depois do ‘ide em Paz e que o Senhor os acompanhe”, caem no “Vale Tudo”, acendendo uma vela para Deus e outra para o Diabo.

Ser Sal da Terra e Luz do mundo é ter atitude que contraria os usos e costumes da pós modernidade, nada se ganha com isso, ao contrário, perde-se, veja os exemplos citados, o Miro Motoqueiro deixa de faturar mais, por respeitar a legislação do trânsito, a Dona Maria corre um grande risco ao desafiar o traficante que manda na área verde, a filha da Tiana perdeu o namorado e algumas amigas.

E a minha equipe de teólogos da comunidade concluiu de maneira brilhante a reflexão: os Cristãos do tipo “Maria vai com as outras, ou  Vaquinha de Presépio, não são e nunca serão, Sal da Terra e Luz do Mundo... Acho que têm toda razão, e digo mais, são também o Sal insosso, que perdeu o seu sabor, são também uma lâmpada queimada, e uma cidade no fundo do vale, que ninguém vê e nem toma conhecimento.

José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail  jotacruz3051@gmail.com


Homilia do Padre Françoá Rodrigues Costa – 5º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO A

Hipotético apagão

Pode acontecer que venha a faltar luz em casa. Caso seja durante o dia, não há problema, a não ser que estejamos vendo algo na televisão. Graças a Deus, e à técnica, os celulares funcionam com baterias que podem durar de três a quatro dias. Ainda que seja verdade que quando se trata de um iPhone, e caso essa máquina seja muito utilizada, logicamente a bateria durará muito menos. Ao contrário, durante a noite, quando a luz falta, incomoda bastante. De repente, tudo fica escuro, não podemos ver os outros nem a nós mesmos; é preciso, então, ter cuidado para não pisar as crianças, nem o rabo dos cachorros, tampouco dar um passo em falso na escada. Nesse momento, se agradece encontrar aquele pedacinho de vela que outrora fora deixado de lado: se trata duma pequena luz, mas é luz. Depois de uma hora ou duas, três horas ou mais, a luz costuma voltar. E parece que tudo volta ao normal. Com se pode observar, não é tão evidente que nós vejamos “com os olhos”, parece mais evidente que vemos com a luz.

Que tem luz vê; que não a tem, ainda que tenha olhos, não vê nada! “Vós sois a luz do mundo” (Mt 5,14). Nós, os cristãos, somos verdadeiramente a luz que ilumina os nossos ambientes! Por nossa causa é que o mundo pode enxergar. Mas por quê? Porque nós fomos iluminados por aquele que é a luz, Jesus. “Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo” (Jo 9,5). Enquanto estou no mundo… ?! Mas, e depois da sua Ascensão? Nós somos a luz do mundo, Jesus continua iluminando através de nós.

Conta-se que Jesus, no dia da sua Ascensão aos céus, se encontrou com S. Gabriel Arcanjo que vinha, caminho contrário, cumprir alguma missão aqui na terra. Gabriel, ao ver o Senhor subindo aos céus e que a terra ficaria sem ele, olhou também para o planeta e observou um cenário curioso: a terra estava coberta por uma nuvem negra e o contraste negro-azul não resultava muito agradável a não ser por uns poucos, pouquíssimos, pontos de luz. Chamou a atenção do arcanjo o ambiente desolador, mas chamou-lhe mais imperiosamente a atenção a existência desses poucos pontos de luz. O arcanjo perguntou então ao Senhor: “e aqueles pontos de luz? O que são?” Jesus respondeu: “são a minha mãe e os meus outros discípulos. Eles vão iluminar toda a terra”. Gabriel, conhecendo a debilidade humana, depois de pensar um pouco, disse: “Senhor, excetuando a tua mãe, e se eles falharem?”. Ao que Jesus respondeu: “Eu não tenho outros planos”. Dito isso, Jesus continuou ascendendo rumo ao Pai.

No começo da humanidade, quando esta falhou em Adão, Deus tinha um “plano B”. O “plano A” era que Adão e Eva fossem fiéis e vivessem para sempre em amizade com Deus. Quando eles pecaram, Deus colocou em ação o plano B: a salvação por meio do seu Filho. A extensão dessa salvação, no entanto, conta com a nossa colaboração. Nós somos a luz do mundo! Existe o “plano C”? A revelação de Deus que chegou até nós através da Sagrada Escritura e da Tradição da Igreja não nos fala de um suposto “plano C”. O que nos foi revelado – e é de notar-se que não acontecerá outra revelação pública e que tudo nos foi dito em Cristo – é que Deus veio à terra e nos salvou e que ele conta conosco para estender essa salvação a cada homem, a cada mulher.

Nós, filhas e filhos de Deus, temos um papel insubstituível. Se nós falharmos, o mundo se perde! Grande responsabilidade! Grande motivo de ação de graças! Grande oportunidade para aproveitarmos os tempos e evangelizarmos, convidando todos à amizade com Deus! Ele conta conosco. Nós somos a luz e, sem nós o mundo estaria na escuridão mais terrível, no apagão geral mais tenebroso que poderia acontecer.

Quando a Igreja alça a sua voz dando critério nas coisas humanas, inclusive na vida político-econômica, ela sempre o faz tentando iluminar essas realidades terrestres com a luz de Cristo. Se ela, que é luz, e se os cristãos, que são luz, não falarem e não atuarem, o mundo ir-se-ia afundando nas trevas mais profundas. Nós precisamos aproveitar todas as ocasiões para anunciar a Cristo, para iluminar com a luz de Cristo, para queimar com o fogo de Cristo que ilumina e aquece e do qual nós somos os portadores. A política, a economia, o mundo esportivo, os lazeres, as fábricas, os comércios, e todo lugar onde um cristão pode estar honradamente, são lugares onde se deve alçar a Cruz do Senhor, que é luz, paz, alegria, responsabilidade e liberdade, vida nova.

Não podemos permitir que o mundo pereça nas trevas. Sem nós, que somos luz do mundo, tal coisa aconteceria. Logicamente, o panorama é vasto, as dificuldades são patentes e as forças são limitadas. No entanto, a nossa limitação não é um problema para ser luz, e sim a possibilidade de sê-la. São Josemaría Escrivá expressava essa realidade da seguinte maneira: “Lança para longe de ti essa desesperança que te produz o conhecimento da tua miséria. – É verdade: por teu prestígio econômico, és um zero…, por teu prestígio social, outro zero, e outros por tuas virtudes, e outro por teu talento… Mas, à esquerda dessas negações está Cristo… E que cifra incomensurável resulta!” (Caminho, 473). Com a luz de Cristo é que os cristãos iluminarão cidades inteiras, partidos políticos, grupos de empresários, universidades e centros educativos, comércios e estádios de futebol. Onde está um cristão, aí está a luz de Cristo! Mas o cristão tem que ser coerente, tem que dar a vida se for preciso. A luz que eu dou ao meu ambiente é forte como esses refletores para filmar ou fraco como aquela velinha que utilizamos quando falta luz? E, no entanto, não importa tanto a intensidade, o mais importante é continuar iluminando e pedir ao Senhor que ele intensifique a sua luz em nós.

Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa


Comentário Exegético – 5º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO A
(Pe. Ignácio, dos padres escolápios)

... Não foi publicado nesta semana o Comentário Exegético no site Presbíteros. Sugerimos visitar o site http://www.presbíteros.com.br e ver as excelentes matérias desta semana...

Desejo a todos uma Santa e Abençoada semana!

Dermeval Neves
Webmaster - NPDBRASIL


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QUE DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!

Oh! meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno,
levai as almas todas para o céu e socorrei principalmente
as que mais precisarem!

Graças e louvores se dê a todo momento:
ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento!

Mensagem:
"O Senhor é meu pastor, nada me faltará!"
"O bem mais precioso que temos é o dia de hoje! Este é o dia que nos fez o Senhor Deus!  Regozijemo-nos e alegremo-nos nele!".

( Salmos )

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