GOTAS DE REFLEXÃO - EVANGELHO DOMINICAL
27.02.2011
8º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO A
__ "CONFIANÇA EM DEUS" __
Ambientação: Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs! O ensinamento do evangelho tem dois aspectos: por um lado, acentua a impossibilidade de se servir a dois senhores (os dois caminhos), e por outro, realça a atitude do cristão diante das preocupações e trabalhos da vida. Por um lado, o Reino de Deus não admite divisões; por outro, a opção pelo reino exige uma suprema e desprendida liberdade interior diante de tudo o mais. É um convite a arrancar-nos ao culto do dinheiro, que é uma idolatria, e a ter confiança em Deus, cuja ativa solicitude para com seus filhos nos é descrita. Esta mesma solicitude é expressa pelo profeta Isaías, na primeira leitura, com uma linguagem de ternura comovente e ilimitada. Entoemos cânticos ao Senhor!
(coloque o cursor sobre os textos em azul abaixo para ler o trecho da Bíblia)
PRIMEIRA LEITURA (Is 49,14-15): - "O Senhor abandonou-me, o Senhor esqueceu-se de mim!"
SALMO RESPONSORIAL (61/62): - "Só em Deus a minha alma tem repouso, só ele é meu rochedo e salvação."
SEGUNDA LEITURA (1Cor 4, 1-5): - "Irmãos, que todo o mundo nos considere como servidores de Cristo e administradores dos mistérios de Deus"
EVANGELHO (Mt 6,24-34): - "Portanto, não vos preocupeis com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã terá suas preocupações! Para cada dia, bastam seus próprios problemas"
Homilia do Diácono José da Cruz – 8º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO A
"Maria vai com as outras..."
De um cristão que está com o pé em duas canoas, isso é, que não tem opinião própria, que nunca se manifesta sobre nada, não diz o que pensa, vive se omitindo na hora de dar o testemunho, costuma-se falar que é um "Maria vai com as outras", é o tal que acende uma vela a Deus e outra para o diabo. É alguém que tem a Fé morna, nem quente e nem fria, podemos dizer em uma linguagem mais chula: não Fede e nem cheira... O mundo está cheio de cristãos assim. São cristãos de ocasião, só quando têm interesse, ou só quando lhes convêm.
O evangelho de ontem nos colocava a questão do nosso tesouro, o de hoje vai mais fundo, o sujeito quer ter dois tesouros, para ficar bem na fita, em qualquer situação.
O cara é cristão, se diz cristão e se apresenta como tal, mas na hora da partilha e da comunhão, não quer perder nada... E acaba dando o que sobrou, porque para ela a prioridade são os bens materiais, o patrimônio, a conta bancária, a roupa, o carro, enfim, os bens materiais. Aparentemente esses cristãos são "caridosos" e dão tudo o que lhes está SOBRANDO... E ainda por cima, coisas inservíveis. Dona Maria, que antigamente garimpava no lixão, agora já velhinha e enferma, vive mais da caridade, e outro dia ela me disse que encheu três sacolas de "recicláveis" de traias velhas que levaram para ela, sapatos arrebentados, impossíveis de se usar, roupas rasgadas, mas que bela caridade!
Cristãos com esse perfil pensam muito no futuro, mas só em uma perspectiva financeira, vivem pensando em fazer um bom pé de meia, a ideia de ficarem mais pobres, de terem que rebaixar o seu nível de vida, gera neles o pânico, pois se sentem inseguros. Onde está a nossa confiança, afinal? Com o que nos preocupamos todo santo dia? Deus pode contar com a nossa fidelidade?
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa
Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail jotacruz3051@gmail.com
Homilia do Padre Françoá Rodrigues Costa – 8º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO A
“Hoje!”
Quando se pensa seriamente na vida, percebemos, não necessariamente através de profundos raciocínios, de que vale a pena aproveitar o hoje da nossa existência fazendo o bem. O que acontecerá amanhã? Ninguém pode me assegurar uma resposta.
O passado já não nos pertence. Aquilo que fizemos de bem, ficou para trás, ainda que perdure o mérito; aquilo que tenhamos feito mal, também ficou para trás e também perdura o demérito da situação concreta. Não obstante, podemos aproveitar a experiência de vida alcançada, seja com ocasião de um bem realizado, seja com ocasião de um mal executado. Existe um ditado que diz que “errar é humano”, há uma segunda versão que diz que “errar uma vez é humano, errar duas vezes é burrice”. É possível unir os dois num só: “errar é algo muito humano, não importa quantas vezes; burrice é não querer sair do erro”. São Josemaría Escrivá, ao começar um novo ano, em vez de dizer o famoso ditado “ano novo, vida nova”, como bom conhecedor da natureza humana que era, fazia uma pequena alteração no ditado popular: “ano novo, luta nova”. O que é inteligente e bonito é querer sair do erro! A permanência do frescor da luta é uma maravilha da graça. Para quê? Para amar mais a Deus, para ser melhores, para servir mais. Esse é o nosso caminho… Durante toda a vida! E nem importa tanto se temos tantas ou quantas vitórias, o mais importante é continuar lutando.
Serei melhor no futuro? Deixarei esse ou aquele vício? Conseguirei essa ou aquela virtude? Meditarei melhor a Palavra de Deus? Conseguirei estar mais disponível para os meus irmãos? Suportarei melhor determinada pessoa? Serei mais rico ou mais pobre? Conseguirei levar a cabo aquele projeto evangelizador? … As perguntas poderiam multiplicar-se. O futuro, no entanto, está nas mãos de Deus.
O importante é continuar lutando. Chega um momento na vida interior em que essa verdade faz-se cada vez mais patente. No começo do nosso encontro com Deus, as coisas pareciam mais fáceis: alegrias e consolações interiores, força de vontade para extirpar os maus hábitos, a convicção diáfana de que acertamos o caminho, o desejo de servir a todos, a posta em prática de uma tarefa evangelizadora que alcançava o maior número possível de pessoas. Com o passar dos anos, quiçá nós percebemos que os frutos foram escassos e, talvez, nesse momento, pôde ter vindo o desânimo: tantos anos lutando contra um determinado defeito, poucas pessoas se aproximaram de Deus, ainda existe o egoísmo e os defeitos dos membros da Igreja. O que o diabo quer é que desanimemos!
O nosso desânimo é vitória para o demônio. E nós não podemos conceder-lhe essa vitória. O desanimo poderia ser o começo de uma enfermidade que, de mal a pior, vai esfriando a alma a tal ponto de colocá-la numa situação de desespero que poderia levar ao abandono da própria salvação eterna.
É muito importante que tenhamos presente essas palavras do Senhor que nos estimulam a seguir adiante: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão dadas em acréscimo. Não vos preocupeis, pois, com o dia de amanhã: o dia de amanhã terá as suas preocupações próprias. A cada dia basta o seu cuidado” (Mt 6,33-34). O que devemos buscar em primeiro lugar? O Reino de Deus. Esse reino inclui a glória de Deus e todo o bem que uma pessoa pode desejar para si e para os demais. Buscar o Reino também significa não preocupar-se com o dia de amanhã. Como? E a previsão das coisas? O Senhor diz que não nos preocupemos, mas não proíbe ocupar-nos. Claro que se pode ter certa previsão das coisas e atuar em consequência; não podemos, no entanto, ser consumidos pelas dificuldades da vida. Nem a nossa perfeição cristã deve preocupar-nos: vamos ocupar-nos em buscar a santidade, mas não nos preocuparemos, não vamos estar alienados com o tema. Não aconteça que ao buscar os bens de Deus nos esqueçamos do autor desses bens.
A vida cristã implica normalidade. Trata-se de que vivamos o hoje do nosso serviço a Deus, o hoje da nossa luta e o hoje do nosso serviço aos demais. O amanhã pertence a Deus que, desde a sua eternidade, não contempla passado e futuro, mas os une na sua visão clara do hoje eterno. Deus quis que fôssemos livres para amar, e para amar hoje. O que eu vou fazer no dia de hoje para viver melhor a caridade, para estar mais serviçal e generoso, para dar glória a Deus, para buscar a santidade, para dar alegria aos outros e para levá-los ao encontro com Deus? É isso o que importa! Hoje!
Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa
Doutrina - Sagrada Escritura
Caríssimos Irmãos e Irmãs,
O site Presbíteros não publicou nesta semana o Comentário Exegético, portanto, transcrevo abaixo mais um texto de Doutrina da Santa Igreja, extraído do mesmo site, bastante interessante para Grupos de Estudo Bíblico.
Desejo a todos uma Santa e Feliz Semana, na Graça de Deus Pai.
Dermeval Neves
Webmaster - NPDBRASIL
As cartas de São Paulo
A tradição cristã reconheceu 14 cartas de São Paulo das 21 do Novo Testamento. As cartas na antiguidade Greco-romana eram de dois gêneros: as cartas familiares, comerciais, políticas etc. e as epístolas, espécie de tratados sobre um certo tema, dedicados a alguma personalidade, a um amigo ou familiar. Os escritos paulinos são de ambos gêneros.
A ordem em que aparecem na Bíblia é artificial. São agrupadas primeiro as que se dirigem às comunidades, depois à pessoas particulares, primeiro as mais longas e depois as mais curtas. A Epístola aos Hebreus é uma exceção, pois sempre está colocada no final de todas. As cartas não aparecem pois em ordem cronológica na Biblia.
As cartas aos Tessalonicenses: são consideradas por todos os estudiosos como as primeiras cartas de São Paulo (e primeiras do Novo Testamento). Foram escritas em Corinto entre os anos 50 e 52.
Essas cartas tratam fundamentalmente da Parusia, ou segunda vinda de Cristo e da ressurreição dos mortos. O Apóstolo diz que desconhece o tempo dos acontecimentos porque não foram revelados por Cristo e poe ênfase na vigilância e na importância do trabalho. Chega a dizer o Apóstolo: “quem não quiser trabalhar, que também não coma” (2 Tes 3,10).
As grandes Epístolas:
São assim chamadas as cartas aos Gálatas, 1ª e 2ª aos Coríntios e aos Romanos, escritas durante a terceira viagem missionária (53-58 d.C.).
Gálatas: o tema principal é o da liberdade dos cristãos, relativamente ao cumprimento das complexas prescrições do Judaísmo. Alguns pensavam que era necessária a observância da Lei de Moisés e de suas tradições orais para a salvação. Essa controvérsia (que já estava resolvida pelo concílio apostólico de Jerusalém) ofereceu ocasião de explicar o valor redentor da Paixão de Cristo, na qual nos inserimos pela fé e pelo Batismo, com absoluta independência da Antiga Lei, pedagoga da história da Salvação.
Coríntios: a cidade de Corinto era uma cidade com 2 portos, era uma das cidades mais importantes do Império Romano. Tinha muitas religiões, cheia de degradação moral e religiosa. Aí havia o culto a Afrodite e as mil sacerdotisas dedicadas ao culto a essa deusa, por meio da “prostituição sagrada”. No entanto essa comunidade estava repleta das graças de Deus, com uma grande diversidade de carismas especiais. A primeira epístola aborda o tema da unidade dos cristãos e dos cristãos, pois havia ali divisões (partidos) entre os neófitos. Censura com energia os abusos morais mantidos por alguns cristãos convertidos, e tolerados pela comunidade (caso do incestuoso). Por isso explica a natureza do matrimonio e da castidade (cap. 7). Responde à questão da liceidade de comer carne de animais sacrificados aos ídolos. Entre os temas importantíssimos que trata são Paulo nessa carta está o tema da Eucaristia (sua instituição pelo Senhor, a presença real de Cristo nas espécies eucarísticas, e a disciplina sobre o Ágape, que acompanhava as Eucaristias). Trata também o tema da ressurreição dos mortos (cap. 15), e da ordenação dos carismas do Espírito Santo.
Na Segunda Epístola: trata de defender sua autoridade de Apóstolo, negada por alguns. Diz que foi chamado diretamente por Cristo e foi incorporado ao grupo dos Doze. Aí aparece o coração de pastor de São Paulo, o amor pelos seus filhos na fé e a fortaleza do seu espírito, e o sentido de sua responsabilidade que lhe exige a sua vocação.
Romanos: é a mais longa de seu epistolário e é considerada a mais importante. Trata da obra redentora de Cristo (aprofundando a carta aos Gálatas). Começa com uma profunda saudação e segue dando uma visão da humanidade não redimida; contempla a degradação moral dos gentios e os pecados semelhantes dos judeus, para concluir na necessidade da Redenção realizada por Cristo para alcançar o perdão de Deus e a graça. A salvação provem unicamente de Cristo e a ela aderimos pela fé, dom gratuito de Deus, não efeito das nossas obras. O Batismo nos enxerta em Cristo, podemos e devemos fazer o bem, praticar a virtude, pelo Espírito Santo, que habita em nós e completa a obra da justificação começada por Cristo, tornando-nos santos e filhos adotivos do Pai. A segunda parte da carta São Paulo aplica a doutrina ao comportamento moral do cristão: a “vida no Espírito” é o cristão que se deixa guiar pelo Espírito, que lhe dá uma vida nova, com todas suas conseqüências.
Epístolas do Cativeiro:
Paulo as escreveu no seu cativeiro em Roma, entre os anos 58 e 63.
Filêmon: enviada ao cristão Filêmon para que esse receba a Onésimo, escravo dele que se tinha fugido e refugiado em Roma, onde se tinha convertido, por meio de São Paulo. O Apóstolo ensina que eles agora são irmãos e assim devem ser tratados.
Filipenses: a comunidade de Filipos era constituída por antigos legionários retirados, com suas famílias. São Paulo os considerava seus queridos filhos, com uma fidelidade inquebrantável e generosa correspondência. O ponto doutrinal mais importante é o hino cristológico (Fil 2,6-11) que canta a humilhação de Cristo na sua encarnação, vida morte e sua gloriosa ressurreição.
Colossenses: essa comunidade enfrentava dificuldades doutrinais, pois alguns pregavam que Cristo era um ser intermédio entre Deus e a matéria. São Paulo então aprofunda temas capitais sobre Cristo. Ele é superior a todos os seres, a todos os anjos. Por isso afirma: “em Cristo habita toda a plenitude da divindade corporalmente” (Col 2,9). Jesus Cristo é pois Deus eterno, que ao tomar a natureza humana não deixa de ser Deus e, portanto, é o primeiro e superior a todos. Depois São Paulo dá diversos ensinamentos morais aos cônjuges, servos e senhores.
Efésios: é o ponto culminante no itinerário espiritual e doutrinal de São Paulo, no que diz respeito ao mistério de Cristo, da obra da Redenção e da teologia da Igreja. Trata quase os mesmos temas de Col. com maior profundidade e serenidade. Aí afirma que Cristo Jesus é a cabeça de todos os seres, tanto celestes quanto terrestres. O seu senhorio é absoluto e Ele é o Salvador de todos. Ef 1,3-14 é um grande hino que louva o plano salvador de Deus por meio de Cristo em favor da humanidade. Contempla o mistério profundo da Igreja na sua unidade e totalidade inseparáveis, instrumento universal da salvação que Cristo criou como Seu Corpo, Sua plenitude, Sua esposa imaculada, para aplicar à humanidade a salvação que Ele realizou com sua morte e ressurreição. Todo fiel deve pois viver a unidade na caridade, pois forma parte de um só corpo com Cristo, animado pelo mesmo Espírito.
Epístolas Pastorais:
Esses escritos (1 e 2 Tim. e Tito) são para orientar e ajudar aos discípulos na sua tarefa de auxiliares de São Paulo no governo pastoral de várias Igrejas. Aqui São Paulo afirma que o conteúdo da lei moral natural presente na Lei de Moisés não caducou; também vai explicar que a Igreja tem uma ordem e uma disciplina (como tratado na carta aos Coríntios). A hierarquia eclesiástica esta em período de gestação, ainda não distinguiu um vocabulário preciso para designar os ofícios dos bispos e dos presbíteros, ainda que seja clara a ordem diferente de bispos e presbíteros, dum lado, e os diáconos, do outro. Nas Cartas de Santo Inácio de Antioquia (morto em 107) a instituição dos diversos graus da ordem está perfeitamente determinada. Nessas cartas Paulo se preocupa em consolidar as Igrejas já fundadas.
Epístola aos Hebreus:
Muito provavelmente foi escrita por um discípulo de São Paulo, mas transmitem as idéias do Apóstolo. Foi escrita a um grupo de cristãos provenientes do judaísmo, na qual predominava um número de sacerdotes e levitas do Templo de Jerusalém. São Paulo se dirige a eles para os reconfortar na fé, argumentando para eles que os antigos sacrifícios do Templo, e o próprio Templo não eram senão uma figura, uma sombra antecipada da realidade do único sacrifício que é o de Cristo, verdadeiro Templo e Sumo Sacerdote. Aqui São Paulo desenvolve a doutrina sobre o sacerdócio e o sacrifício de Cristo.
Ano Cronologia tradicional (Vida)
8 d.C. Nascimiento
33 Conversão
36 Jerusalén (1ª visita)
46 Jerusalén (fome): Hch 11
47-48 Primeiro viajem missionário
49 Conferência apostólica
50 Chegada de Paulo a Corinto
51/52 Paulo deixa Corinto
53 Paulo chega a Éfeso
56 Paulo deixa Éfeso
56 Paulo chega a Corinto
57 Paulo em Filipos
57 Paulo chega a Jerusalén
59 Paulo ante Festo
60 Paulo llega a Roma
Ano Cronologia tradicional (Cartas)
50/51 1 Tesalonicenses: Corinto
51/52 2 Tesalonicenses: Corinto
56 1 Corintios: Éfeso
57 2 Corintios: Macedonia
57/58 Gálatas: Macedonia/Corinto
58 Romanos: Corinto
Filipenses
Filemón
61-63 Colosenses: Roma
61-63 Efesios: Roma
61-63 2 Timoteo: Roma
20.02.2011
7º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO A
__ "AMAR ATÉ OS INIMIGOS" __
Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs! O mandamento de amor ao próximo não era desconhecido antes de Jesus. De fato, no Antigo Testamento nunca se havia pensado em amar a Deus sem se interessar pelo próximo. Nos Provérbios encontra-se até uma passagem que ressoa quase com as mesmas palavras do mandamento de Cristo: "Se teu inimigo tem fome, dá-lhe de comer; se tem sede, dá-lhe de beber..." (Pr 25,21). Em sua formulação, em seu conteúdo e em sua forte exigência, o mandamento de Jesus é novo e revolucionário, pois nos propõe amara por amor de Deus, pelas mesmas finalidades de Deus; exclusivamente desinteressado; com amor puríssimo; sem sombra de compensação. Ensina a amar-nos como irmãos, com um amor que procura o bem daquele a quem amamos, não o nosso bem. Amar como Deus, que não busca o bem na pessoa a quem ama, mas cria nela o bem, amando-a. Entoemos cânticos ao Senhor!
(coloque o cursor sobre os textos em azul abaixo para ler o trecho da Bíblia)
PRIMEIRA LEITURA (Lv 19,1-2.17-18): - "Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo."
SALMO RESPONSORIAL (103/102): - "Bendize, ó minha alma, ao Senhor, * pois ele é bondoso e compassivo."
SEGUNDA LEITURA (1Cor 3,16-23): - "Irmãos, acaso não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus mora em vós?"
EVANGELHO (Mt 5,38-48): - "Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem!"
Homilia do Diácono José da Cruz – 7º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO A
"Sedes Perfeitos como o Pai..."
A nossa equipe de Teólogos da comunidade, abriu o debate perguntando se esse pedido de Jesus, aos seus discípulos é possível de atender, e o Jucão, zelador da igreja, já foi logo dizendo que é impossível. A catequista Vera emendou “Se pensarmos na perfeição moral, é mesmo impossível”.
Dona Rosinha, que ornamenta a igreja, também deu a sua opinião, ela acha que Jesus não iria pedir algo que a gente não pudesse cumprir. Pronto! Com essas opiniões já podemos aprofundar a reflexão. A frase encontra-se ao final do evangelho, precedida do advérbio “portanto”, significando que ela fecha todos esses ensinamentos agrupados no evangelho, e que apresenta cada um deles, um amor mais aprimorado, que o homem ainda não conhecia e nem praticava.
O jeito de amar humano, que também tem seu valor, apresenta um pequeno problema: é limitado e finito, ama, mas impõe condições, ama, mas coloca medidas, ama, mas tem objeções, no fundo é um amor que sempre cobra e exige do outro....Não são assim certos amores, entre um homem e uma mulher? Não são assim certos amores de alguns namorados? Não são assim certos amores da vida em comunidade, na relação com as pessoas? Não são assim os amores do BBB, que manda para o “paredão” quem não merece ser amado? É muito doloroso admitir isto, mas mesmo na vida em comunidade, sempre esperamos que o irmão ou a irmã, nos dê motivos para que possamos amá-los.. Nosso amor, não só acaba, mas pode também virar ódio. Um bom e piedoso judeu, que cumpria toda a lei, amava desse jeito. Do mesmo modo, tem cristão dos nossos tempos, que acha que amar assim, já está bom demais, não vamos dizer que não é amor, mas é um amor “Meia Boca”, que não chega nem perto do que é o verdadeiro amor, que um dia brotou do coração de Deus e atingiu o coração do homem, através de Jesus. A experiência desse amor na vida do homem é sempre uma busca, um constante aprimoramento, sem dúvida que amamos, mas sempre de um jeito imperfeito, diante do Amor de Deus, experimentar o amor de Deus é colo chegar no horizonte, descobrimos que não chegamos e que o horizonte por nós vislumbrado, está mais longe...
Frases que marcam os limites do nosso amor ao próximo “Paciência tem limites”, “olha, desta vez perdôo, mas que isso nunca mais se repita”, “Sou cristão, mas não sou bobo”,“não levo desaforo para casa”, “Daqui para a frente, não respondo mais por mim”, Estão querendo me pegar para Cristo” “Sou muito bom, mas...não me contrarie”, “Você ainda não sabe do que sou capaz...” “ essa não dá prá engolir, vai ter troco”. Poderíamos citar uma centena de frases como esta, que dizemos no ambiente de trabalho, na escola, na política, na vida conjugal e familiar, e até na comunidade. São frases que falamos com raiva, exaltados, mas que mostram o quanto nosso amor é pequeno e limitado, perto do amor que Jesus nos propõe.
Um amor perfeito, que rompe com qualquer barreira, que ama quem nos magoa ou nos fere, um amor que dá, além do que o outro pede, um amor capaz de amar até quem nos odeia, de amar quem não merece o nosso amor e nem nunca vai merecê-lo. Talvez lá no fundo do nosso coração, relutemos em acatar esse ensinamento, que parece ser o mais difícil de Jesus, entretanto, não temos escolha, a nossa Identidade Cristã é esse jeito de amar, não há outro caminho, as pessoas buscam mil e uma justificativas para não ter que amar dessa maneira, porém, quando nos defrontamos com o Cristo na Cruz, nossos argumentos e justificativas para não amar, caem todos por terra, a vida toda de Jesus, seus gestos e palavras, as atitudes que tomou, até no derradeiro instante da sua morte na cruz, revela exatamente esse amor, que deve ser escrito com “A” maiúsculo.
Nossas liturgias pomposas, nossos louvores e atos de adoração a Deus, nossas orações e clamores, até mesmo em alta voz, em nada prova que somos cristãos, mas um pequenino gesto de amor, em nosso dia a dia, totalmente gratuito, incondicional, feito, quem sabe, a quem nem mereça, e nem vá ter como retribuí-lo, vale por mil pregações...
Dizia um irmãozinho de rua, visitado por alguns jovens que levavam refeição “Nunca acreditei em Jesus Cristo, agora acredito, não por que vocês me falaram dele, mas porque vocês conversaram comigo, e me deram atenção, valorizando-me como gente, saciando não só a minha fome de alimento material, mas a minha fome de afeto, atenção e amizade. “
“Ah...então matamos a charada, a perfeição que Jesus nos exorta, para sermos iguais ao Pai do Céu, não é a perfeição moral, mas a perfeição do amor!” – exclamou eufórico Jucão, com o aval dos demais.
Exatamente, por isso o apóstolo Paulo escreveu em uma de suas cartas, que o amor é a plenitude de toda Lei, Concluída a reflexão, minha equipe se dispersou rapidamente. Jucão foi correndo pedir perdão á mulher que cuida da chave da igreja, porque andava furioso com ela, Dona Rosinha disse que ia visitar um neto que estava preso e que não via há 10 anos, porque não aprovava sua vida errada, Vera a Catequista, disse que iria juntar-se ao grupo que assiste os irmãozinhos de rua.
Quanto a mim, fiquei pensando nas motivações que tenho, para amar algumas pessoas, e desprezar outras, e no carro, indo para casa após a reflexão, balbuciei o canto do “Kirie”, clamando por misericórdia... chorando a dor do meu pecado.
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa
Senhora Consolata – Votorantim – SP
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Homilia do Padre Françoá Rodrigues Costa – 7º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO A
“Amor aos inimigos”
Amor a quem? Aos inimigos? Sim. Aos que nos odeiam e aos que nos maltratam, aos que nos perseguem e aos que falam mal de nós, nem excluímos os que difamam a Igreja e os que injuriam os ministros de Deus. Também os insensatos que afirmam disparates contra a fé e os bons costumes tentando corromper a família, a juventude e as crianças, devem ser objetos do nosso amor que perdoa. Enfim, todos os que nos consideram inimigos – nós, ao contrário, não somos inimigos de ninguém – se sintam amados e perdoados por nós. O amor de Cristo não conhece fronteiras e nós, seus discípulos, também devemos desconhecê-las.
Cristo não pregou essa doutrina somente com a palavra, mas também com o exemplo. Do alto da cruz, depois de crucificado por aqueles deicidas, ou seja, por todos os pecadores, pronuncia aquelas palavras que continuam nos comovendo profundamente: “Pai, perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem” (Lc 23,34). Faz dois mil anos que essas palavras ressoam aos ouvidos do Pai que, em atenção a essa súplica do seu Filho, ao qual não fizeram justiça, continua perdoando e nos levando ao Paraíso.
“Mais do que em “dar”, a caridade estar em “compreender” (S. Josemaría Escrivá, Caminho, 463). O que nós fazemos para compreender aqueles que se dizem nossos inimigos? Será que nós pensamos que essas pessoas tem fome de Deus e de que, no fundo, desejariam ser felizes ao lado do Senhor? De fato é assim: eles desejam a felicidade e, consequentemente, desejam a Deus. Demos graças a Deus pelo dom da fé e pela boa formação que vamos recebendo no seio da Igreja, já que se não fosse a bondade de Deus para conosco seríamos piores que aqueles que, quiçá, julgamos endiabrados.
Certa vez dois jovens viram a um sacerdote passar pela rua e decidiram incomodá-lo; um deles disse, então, uma terrível blasfêmia. Realmente, conseguiram o seu objetivo: o sangue do padre subiu fervendo, ainda que exteriormente o sacerdote procurasse mostrar a máxima amabilidade possível para falar com aqueles jovens não desde a imposição, mas com uma proposta inteligente. O padre disse aos jovens: “eu passei pacificamente pela rua, não disse nada a nenhum de vocês. Qual é a razão dessa blasfêmia? Vocês não respeitam a Deus?” Um dos jovens respondeu: “Deus não existe”. O sacerdote replicou: “se Deus não existe, então porque você blasfema contra alguém que não existe? Não me parece lógico”. O outro jovem, que estava ao lado do seu amigo escutando esse diálogo entre o padre e seu interlocutor, interviu: “olha, cara, eu acho que o padre tem razão: se Deus não existe porque você está blasfemando contra alguém que não existe?” O outro rapazinho, o que blasfemara, pensou por uns segundos e disse: “é mesmo, padre. Desculpa aí.” O sacerdote gostou da atitude daqueles garotos e terminou a conversa da seguinte maneira: “ainda que vocês não acreditem em Deus, eu vou rezar por vocês; pode ser?” Ao que eles responderam: “pode sim, mal é que o senhor não nos vai fazer?” O que aconteceu aos jovens depois daquela conversa com o padre eu não sei, o que eu sei é que aquele jovem padre continua convencido de que um gesto amável e uma proposta acompanhada de um sorriso valem mais que uma bronca.
Às vezes as pessoas necessitam alguém que possa dialogar com elas. Não se comportam dessa maneira simplesmente por “espírito de porco”, como se diz, mas é que ignoram as verdades mais básicas, inclusive as da lógica mais elementar. É preciso ter paciência, amar a essas pessoas e caminhar com elas, como Jesus, que comia com os pecadores e com os cobradores de impostos. Jesus, que veio salvar aos pecadores, conversava com os seus inimigos frequentemente e, mesmo sofrendo, do alto da cruz, mostrou-lhes um gesto de carinho suplicando para eles o perdão do seu Pai.
Não olhemos as pessoas desde cima, como se fossem inferiores a nós, ainda que nos considerem inimigos. A caridade exige justamente o contrário: colocar-nos ao serviço deles, ver os aspectos positivos dos demais, fomentar as qualidades que o outro tem e entrar – de certa maneira – no universo dele para procurar compreendê-lo. E, dessa maneira, desde a visão do outro, ainda que errônea, procurar encaminhar tudo para o bem, para Deus.
Que bom é saber amar, saber perdoar, saber compreender. Graças sejam dadas ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo que quis difundir o amor que há entre eles às suas criaturas inteligentes. É verdade, Deus foi crucificado por amar. É verdade, talvez sejamos crucificados por amar. Mas, não tem problema, outros foram crucificados por roubar. Sempre se pode ser crucificado, o sofrimento é uma experiência universal. No entanto, somente o cristianismo pode oferecer o autêntico sentido do sofrimento porque tem o seu modelo em Cristo, o justo sofredor que morre perdoando os inimigos e os liberta das suas dores.
Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa
Comentário Exegético – 7º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO A
(Pe. Ignácio, dos padres escolápios)
Caríssimos Irmãos e Irmãs,
Por razões que desconheço o site Presbíteros não publicou nesta semana o Comentário Exegético, portanto, transcrevo abaixo um texto de Doutrina da Santa Igreja, bastante interessante para Grupos de Estudo Bíblico.
Desejo a todos uma Santa e Feliz Semana, na Graça de Deus Pai
Dermeval Neves
Webmaster - NPDBRASIL
As Fontes da Teologia: as Sagradas Escrituras
1. A Sagrada Escritura, alma da Teologia
2. O Cânon Bíblico
3. Inspiração da Escritura
4. A hermenêutica bíblica
5. Sagrada Escritura, Igreja e Teologia
1. A Sagrada Escritura, alma da Teologia
A Sagrada Escritura é a Palavra de Deus escrita e tem lugar especial na vida da Igreja. Contem a mensagem divina da salvação que sob a inspiração do mesmo Espírito Santo que falou pelos profetas, foi redigida pelos escritores sagrados, entre eles os Apóstolos.
Encontra-se intimamente unida à Tradição, que deriva dos Apóstolos e cresce na Igreja com a ajuda do Espírito Santo.
”A sagrada Tradição, portanto, e a Sagrada Escritura estão ìntimamente unidas e compenetradas entre si. Com efeito, derivando ambas da mesma fonte divina, fazem como que uma coisa só e tendem ao mesmo fim. A Sagrada Escritura é a palavra de Deus enquanto foi escrita por inspiração do Espírito Santo; a sagrada Tradição, por sua vez, transmite integralmente aos sucessores dos Apóstolos a palavra de Deus confiada por Cristo Senhor e pelo Espírito Santo aos Apóstolos, para que eles, com a luz do Espírito de verdade, a conservem, a exponham e a difundam fielmente na sua pregação; donde resulta assim que a Igreja não tira só da Sagrada Escritura a sua certeza a respeito de todas as coisas reveladas. Por isso, ambas devem ser recebidas e veneradas com igual espírito de piedade e reverência” (Dei Verbum 9).
”A sagrada Teologia apóia, como em seu fundamento perene, na palavra de Deus escrita e na sagrada Tradição, e nela se consolida firmemente e sem cessar se rejuvenesce, investigando, à luz da fé, toda a verdade contida no mistério de Cristo. As Sagradas Escrituras contêm a palavra de Deus, e, pelo fato de serem inspiradas, são verdadeiramente a palavra de Deus; e por isso, o estudo destes sagrados livros deve ser como que a alma da sagrada teologia. Também o ministério da palavra, isto é, a pregação pastoral, a catequese, e toda a espécie de instrução cristã, na qual a homilia litúrgica deve ter um lugar principal, com proveito se alimenta e santamente se revigora com a palavra da Escritura” (Dei Verbum 24).
2. O Cânon Bíblico
Cânon é um padrão, uma norma que julga um pensamento ou uma doutrina. O cânon bíblico é o conjunto dos livros que a Igreja considera oficialmente como base da sua doutrina e dos seus costumes, pelo fato de serem inspirados por Deus.
A canonicidade não supõe a autenticidade literária. Por muito tempo, por exemplo, se pensou que a Carta aos Hebreus fosse obra de São Paulo. Hoje isso não é aceito na ciência bíblica, mas com isso essa carta não deixa de ser canônica e inspirada por Deus.
O cânon bíblico foi definido tal como o conhecemos hoje por volta do ano 300. Os critérios que determinaram o reconhecimento dos livros como Palavra de Deus foram os seguintes: uma reta regra de fé, uma clara origem apostólica (para os livros do Novo Testamento) e o uso habitual no culto.
”A Igreja venerou sempre as divinas Escrituras como venera o próprio Corpo do Senhor, não deixando jamais, sobretudo na sagrada Liturgia, de tomar e distribuir aos fiéis o pão da vida, quer da mesa da palavra de Deus quer da do Corpo de Cristo. Sempre as considerou, e continua a considerar, juntamente com a sagrada Tradição, como regra suprema da sua fé” (Dei Verbum 21).
3. Inspiração da Escritura
A inspiração da Sagrada Escritura é um carisma, um dom do Espírito Santo, que atuou nos escritores sagrados. É a ação do Espírito Santo na alma dos escritores o que lhes deu a infalibilidade.
“As coisas reveladas por Deus, contidas e manifestadas na Sagrada Escritura, foram escritas por inspiração do Espírito Santo. Com efeito, a santa mãe Igreja, segundo a fé apostólica, considera como santos e canônicos os livros inteiros do Antigo e do Novo Testamento com todas as suas partes, porque, escritos por inspiração do Espírito Santo (cfr. Jo. 20,31; 2 Tim. 3,16; 2 Ped. 1, 19-21; 3, 15-16), têm Deus por autor, e como tais foram confiados à própria Igreja. Todavia, para escrever os livros sagrados, Deus escolheu e serviu-se de homens na posse das suas faculdades e capacidades, para que, agindo Ele neles e por eles, pusessem por escrito, como verdadeiros autores, tudo aquilo e só aquilo que Ele queria.
E assim, como tudo quanto afirmam os autores inspirados ou hagiógrafos deve ser tido como afirmado pelo Espírito Santo, por isso mesmo se deve acreditar que os livros da Escritura ensinam com certeza, fielmente e sem erro a verdade que Deus, para nossa salvação, quis que fosse consignada nas sagradas Letras. Por isso, «toda a Escritura é divinamente inspirada e útil para ensinar, para corrigir, para instruir na justiça: para que o homem de Deus seja perfeito, experimentado em todas as obras boas» ( Tim. 3, 7-17) (Dei Verbum 11).
4. A Hermenêutica bíblica
“Como, porém, Deus na Sagrada Escritura falou por meio dos homens e à maneira humana, o intérprete da Sagrada Escritura, para saber o que Ele quis comunicar-nos, deve investigar com atenção o que os hagiógrafos realmente quiseram significar e que aprouve a Deus manifestar por meio das suas palavras.
Para descobrir a intenção dos hagiógrafos, devem ser tidos também em conta, entre outras coisas, os «gêneros literários». Com efeito, a verdade é proposta e expressa de modos diversos, segundo se trata de gêneros históricos, proféticos, poéticos ou outros. Importa, além disso, que o intérprete busque o sentido que o hagiógrafo em determinadas circunstâncias, segundo as condições do seu tempo e da sua cultura, pretendeu exprimir e de fato exprimiu servindo se os gêneros literários então usados. Com efeito, para entender retamente o que autor sagrado quis afirmar, deve atender-se convenientemente, quer aos modos nativos de sentir, dizer ou narrar em uso nos tempos do hagiógrafo, quer àqueles que costumavam empregar-se freqüentemente nas relações entre os homens de então. Mas, como a Sagrada Escritura deve ser lida e interpretada com o mesmo espírito com que foi escrita, não menos atenção se deve dar, na investigação do reto sentido dos textos sagrados, ao contexto e à unidade de toda a Escritura, tendo em conta a Tradição viva de toda a Igreja e a analogia da fé. Cabe aos exegetas trabalhar, de harmonia com estas regras, por entender e expor mais profundamente o sentido da Escritura, para que, mercê deste estudo de algum modo preparatório, amadureça o juízo da Igreja. Com efeito, tudo quanto diz respeito à interpretação da Escritura, está sujeito ao juízo último da Igreja, que tem o divino mandato e o ministério de guardar e interpretar a palavra de Deus”.
5. Sagrada Escritura, Igreja e Teologia
“A esposa do Verbo encarnado, isto é, a Igreja, ensinada pelo Espírito Santo, esforça-se por conseguir uma inteligência cada vez mais profunda da Sagrada Escritura, para poder alimentar contìnuamente os seus filhos com os divinos ensinamentos; por isso, vai fomentando também convenientemente o estudo dos santos Padres do Oriente e do Ocidente, bem como das sagradas liturgias. É preciso, porém, que os exegetas católicos e os demais estudiosos da sagrada teologia, trabalhem em íntima colaboração de esforços, para que, sob a vigilância do sagrado magistério, lançando mão de meios aptos, estudem e expliquem as divinas Letras de modo que o maior número possível de ministros da palavra de Deus possa oferecer com fruto ao Povo de Deus o alimento das Escrituras, que ilumine o espírito, robusteça as vontades, e inflame os corações dos homens no amor de Deus. O sagrado Concilio encoraja os filhos da Igreja que cultivam as ciências bíblicas para que continuem a realizar com todo o empenho, segundo o sentir da Igreja, a empresa felizmente começada, renovando constantemente as suas forças” (Dei Verbum 23).
Recentemente o Papa Bento XVI, num discurso à Pontifícia Comissão Bíblica esclarecia esse tema.
“Só o contexto eclesial permite à Sagrada Escritura ser entendida como autêntica Palavra de Deus, que se converte em guia, norma e regra para a vida da Igreja e em crescimento espiritual dos crentes.
Isso, não impede de nenhuma maneira uma interpretação séria, científica, mas abre também o acesso às dimensões ulteriores de Cristo, inacessíveis a uma análise só literária, que é incapaz de acolher em si o sentido global que através dos séculos guiou a Tradição de todo o Povo de Deus.
Há um princípio hermenêutico sem o qual os escritos sagrados ficariam como letra morta, só do passado: a Sagrada Escritura deve ser lida e interpretada com a ajuda do próprio Espírito mediante o qual foi escrita.
O estudo científico dos textos sagrados é importante, mas não é por si só suficiente, pois levaria em conta só a dimensão humana.
Para respeitar a coerência da fé da Igreja, o exegeta católico tem que estar atento a perceber a Palavra de Deus nestes textos, dentro da mesma fé da Igreja.
O exegeta católico não se sente só membro da comunidade científica, mas também e sobretudo membro da comunidade dos crentes de todos os tempos.
Na realidade, estes textos não foram entregues só aos pesquisadores ou à comunidade científica para satisfazer sua curiosidade e ou para oferecer-lhes temas de estudo e de pesquisa. Os textos inspirados por Deus foram confiados em primeiro lugar à comunidade dos crentes, à Igreja de Cristo, para alimentar a vida de fé e para guiar a vida de caridade.
Uma hermenêutica da fé corresponde mais à realidade deste texto que uma hermenêutica racionalista, que não conhece Deus”
Na ausência deste imprescindível ponto de referência, a pesquisa exegética ficaria incompleta, perdendo de vista sua finalidade principal, com o perigo de ficar reduzida a uma letra meramente literária, na qual o verdadeiro autor, Deus, deixa de aparecer”.
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agradecimento a Nossa Senhora Aparecida pela sagrada intercessão
em nossas vidas!
QUE DEUS ABENÇOE
A TODOS NÓS!
Oh! meu Jesus, perdoai-nos,
livrai-nos do fogo do inferno,
levai as almas todas para o céu e socorrei principalmente
as que mais precisarem!
Graças e louvores
se dê a todo momento:
ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento!
Mensagem:
"O Senhor é meu pastor, nada me faltará!"
"O bem mais precioso que temos é o dia de hoje! Este é o dia que nos fez o Senhor Deus!
Regozijemo-nos e alegremo-nos nele!".
( Salmos )
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