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Índice desta página:
Nota: Cada seção contém Comentário, Leituras, Homilia do Diácono José da Cruz e Homilias e Comentário Exegético (Estudo Bíblico) extraído do site Presbíteros.com

. Evangelho de 06/01/2013 - Solenidade da Epifania do Senhor Jesus
. Evangelho de 30/12/2012 - Solenidade da Sagrada Família


Acostume-se a ler a Bíblia! Pegue-a agora para ver os trechos citados. Se você não sabe interpretar os livros, capítulos e versículos, acesse a página "A BÍBLIA COMENTADA" no menu ao lado.

Aqui nesta página, você pode ver as Leituras da Liturgia dos Domingos, colocando o cursor sobre os textos em azul. A Liturgia Diária está na página EVANGELHO DO DIA no menu ao lado.
BOA LEITURA! FIQUE COM DEUS!

06.01.2013
Solenidade da Epifania do Senhor Jesus — ANO C
(BRANCO, GLÓRIA, CREIO, PREFÁCIO DO NATAL – OFÍCIO DA SOLENIDADE)
__ "Em Jesus, a salvação é oferecida a todos. Na Igreja, Cristo se revela a todos os povos!" __

EVANGELHO DOMINICAL EM DESTAQUE

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FEITA PELA NOSSA IRMÃ MARINEVES JESUS DE LIMA


(antes de clicar - desligue o som desta página clicando no player acima do menu à direita)

 

Ambientação:

Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!

Maria visita IsabelINTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: A festa de hoje, que popularmente chamamos de "dia de Reis", é chamada pela liturgia de "Epifania" do Senhor. Epifania é uma palavra grega e significa Manifestação da Divindade, e que passou para a liturgia latina por influxo da Igreja Oriental. A manifestação da salvação de Deus em Jesus Cristo é, portanto, a ideia central que hoje celebramos. Por isso, a festa de hoje é a grande convocação que Deus faz, a fim de que todas as nações e raças encontrem forças para tornar humano e fraterno o nosso mundo. Essa é, no fundo, a expectativa de Deus que transparece em toda a Bíblia. Mas é em Jesus que ela toma corpo e forma, aparecendo como proposta oferecida a todos. Superada, portanto, a etapa dos intermediários, Deus teve por bem se revelar a nós por seu próprio Filho em pessoa.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Cristo se manifestou ao mundo inteiro, quando acolheu a visita dos Magos do Oriente. Consequentemente, celebramos também a vocação missionária da Igreja, que deve anunciar a salvação a todos os povos. A Igreja é chamada a difundir a Boa Nova e suscitar a fé, que gera a obediência ao amor de Deus. Que neste Ano da Fé nos deixemos plasmar pelo dom de crer e professemos com entusiasmo o que cremos, para que nosso testemunho seja verdadeiro.

INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Deus hoje revela seu Filho às nações, guiando-as pela estrela e concede a todos nós, seus servos e servas que já o cnhece pela fé, a certeza de um dia poder comtemplá-Lo face a face no céu, junto a Jesus Cristo. Esta Unidade nos permite sentir aqui na terra, um pouco da felicidade que teremos junto ao Pai, na casa que Ele preparou para nós.

Sintamos o júbilo real de Deus em nossos corações e cheios dessa alegria divina entoemos alegres cânticos ao Senhor!


(coloque o cursor sobre os textos em azul abaixo para ler o trecho da Bíblia)


PRIMEIRA LEITURA (Isaías 60,1-6): - "Serás invadida por uma multidão de camelos, pelos dromedários de Madiã e de Efá; virão todos de Sabá, trazendo ouro e incenso, e publicando os louvores do Senhor."

SALMO RESPONSORIAL 71/72: - "As nações de toda a terra hão de adorar-vos, ó Senhor!"

SEGUNDA LEITURA (Efésios 3,2-3.5-6): - "... os gentios são co-herdeiros conosco (que somos judeus), são membros do mesmo corpo e participantes da promessa em Jesus Cristo pelo Evangelho."

EVANGELHO (Lucas 2,40-52): - "Entrando na casa, acharam o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se diante dele, o adoraram. Depois, abrindo seus tesouros, ofereceram-lhe como presentes: ouro, incenso e mirra."



Homilia do Diácono José da Cruz — Solenidade da Epifania de Jesus — ANO C

"VIMOS A SUA ESTRELA..."

Na Liturgia da igreja, ainda dentro das festividades do natal celebra-se nesse domingo a Festa da Epifania que significa Manifestação de Deus. Há quem pense de maneira bem equivocada, que o cristianismo é um grupo fechado para o qual Jesus se manifestou e se revelou com exclusividade e por conta desse pensamento muitos há que se apossam da salvação como se esta também fosse particular. Há outros ainda mais ousados que tendo séria dificuldade para ser seguidor fiel de Cristo e do seu santo evangelho, procuram adaptá-lo de acordo com suas conveniências ou interesses.

No passado realmente Deus escolheu o povo de Israel em particular para revelar-se porém, chegando a plenitude dos tempos, enviou–nos seu Filho Jesus Cristo que veio trazer a Salvação a toda humanidade e não mais a uma pessoa ou a um grupo em particular.

No evangelho desse domingo, uns magos do oriente, sobre os quais há muitas histórias, viram no céu um sinal e seguindo a estrela chegaram até Jesus na manjedoura. Não conheciam as profecias, eram de outra cultura religiosa, mas assim que viram a estrela no céu, puseram-se a caminho.

Não é de hoje que a humanidade sonha com uma Paz que reúna os homens do mundo inteiro, em uma unidade que não exclua a diversidade, afinal a humanidade tem algo em comum, somos todos filhos e filhas de Deus, irmanados em Jesus, de diferente nacionalidade, cultura, contexto histórico, social e político, mas somos iguais porque Jesus veio para todos.

Ser igual não significa necessariamente um mesmo jeito de rezar, de se relacionar com Deus, um mesmo rito e uma mesma maneira de manifestar a fé, se fosse assim, os magos do oriente não teriam jamais visto o sinal no céu. Quando pensamos na unidade de todos os povos e nações diante de Deus, estaríamos sendo ingênuos se desejássemos uma uniformidade, Deus não nos criou em série, mas temos cada um a nossa identidade própria, em uma diversidade, que longe de ser obstáculo para a unidade, é fator que enriquece e que solidifica a unidade.

O que faz a diferença é a fé, através da qual nos abrimos para Deus na medida em que o buscamos. Deus se manifesta a todos mas a reação de cada homem é diferente. Os poderosos e prepotentes como o Rei Herodes, embora tenham o conhecimento sobre a manifestação de Deus, em vez de se alegrarem, se sentem perturbados com esta manifestação divina, que os levará a rever seus princípios e ideologias. Mas em todos os tempos da nossa história sempre houve pessoas como os magos, que ao menor sinal de Deus, se põe a caminho e ao encontrá-lo na simplicidade da vida, não hesitam em adorá-lo e reconhecê-lo como único Deus e Senhor.
Abrir os cofres significa abrir o coração e a mente para uma compreensão clara de quem é Jesus, pois ouro, incenso e mirra significam a divindade, a realeza e a humanidade de Jesus. Deus é muito simples e está sempre ao alcance de todos, nós é que às vezes complicamos demais, quando queremos inventar fórmulas mirabolantes para se experimentar Jesus em nossa vida.

Os Magos na viagem de volta mudaram o percurso, iluminados pela luz da fé, todo aquele que conhece Jesus e o aceita como Salvador e Senhor, começa a percorrer um outro caminho, que não passa pela ambição dos poderosos e auto suficientes, mas sim pelo sonho dos que acreditam e lutam por um mundo novo, onde embora diferentes, todos os homens se reconheçam como irmãos e irmãs em Jesus, Filhos e Filhas de um mesmo Pai, que os criou para viverem na plenitude do amor.

A Jerusalém envolta em luz e que atrai a si todos os homens de todas as nações, não significa apenas um templo, mas sim uma grande assembléia na qual se insere todos os homens e mulheres de boa vontade, inclusive os pagãos, que como nos ensina o apóstolo Paulo, na graça santificante reconheceram a presença de Deus em Jesus Cristo.

José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail  jotacruz3051@gmail.com


Homilia do Padre Françoá Costa — Solenidade da Epifania de Jesus — ANO C

Deus, homem e rei!

Nalguns países, é costume que o presente de Natal se receba não no dia 25 de dezembro, mas no dia da Epifania. O presente, além do mais, é trazido não pelo Papai Noel, mas pelos Reis Magos, que também trouxeram presentes ao Menino Jesus. Na Espanha, por exemplo, é assim. É assaz famosa a chamada cavalgada dos reis. Refiro-me à que acontece em Madri, trata-se de uma montagem espetacular: ruas enfeitadas, carros decorados majestosamente para o evento e uma multidão composta de todas as idades, ainda que, sem dúvida, as que mais esperam os reis são as crianças. Na cavalgada, três homens se vestem de reis magos e vão distribuindo a todos os que estão nas ruas madrilenas doces e presentes. Tudo é muito bem preparado e as famílias que vão assistir a cavalgada se divertem à beça.

Vi pela televisão esse espetáculo maravilhoso, ainda que com a má sorte de que exatamente no dia eu que eu assistia o evento, uma jornalista me deixou um pouco nervoso. A dita-cuja disse a bobagem de que era preciso acabar com as diferenças machistas distribuindo bonecas aos meninos e carrinhos às meninas. Mas não permiti que esse comentário de meio milímetro de inteligência roubasse o meu entusiasmo pela cavalgada. Ademais, outra jornalista teve o acerto de explicar com uma claridade meridiana o significado dos três presentes que os reis levaram ao Menino Jesus: ouro ao rei, incenso a Deus deitado no presépio, mirra ao homem que morreria.

Jesus é Deus, Homem e Rei. E, nessa sociedade que, entre outras coisas, quer dar bonecas aos meninos e carrinhos às meninas, Jesus quer reinar, deseja a adoração das suas criaturas, quer que os homens e as mulheres valorizem mais o ser humano como tal, que a pessoa humana não pise a própria dignidade.

Como os reis magos, tampouco nós iremos de mãos vazias ao encontro do Senhor; ao contrário, levaremos presentes ao Menino Jesus: a nossa adoração já que ele é Deus; as nossas reparações, que desejamos que estejam simbolizadas na mirra, àquele que morrerá pelos nossos pecados; levaremos ainda os propósitos de viver melhor como homens e como mulheres, como filhos e filhas de Deus, reconhecendo a alta dignidade que recebemos e à qual somos chamados. Alegramo-nos com “profunda alegria” (Mt 2,10) ao ver a estrela de Belém, isto é, ao ver esse Menino que iluminou a nossa vida e nos deu a missão de iluminar a dos outros, não com outra luz, mas com a sua. Efetivamente, com a vinda do Filho de Deus, todos, sem distinção, podem caminhar segundo Deus. Todos somos filhos de Deus, todos somos irmãos.

Nós, os cristãos, temos que manifestar aos outros o sentido das suas próprias vidas a través da consciência e da vivência do autêntico sentido da existência. Todos precisam saber o porquê estão nesse mundo: para amar, adorar e glorificar a Deus, para receber os grandes presentes que o Senhor quis trazer-nos, para vivermos como irmãos. Nós fomos criados para a felicidade. Deus quer que sejamos felizes também aqui na terra e, depois, no céu… para sempre!

São Boaventura afirmava que a estrela que nos conduz a Jesus é triple: “a Sagrada Escritura, que temos que conhecê-la muito bem. A outra estrela é a aquela que sempre nos está facilitando andar pelas sendas de Deus fazendo-nos ver e acertar o caminho, esta estrela é a Mãe de Deus, Maria. A terceira estrela é interior, pessoal, e são as graças do Espírito Santo”. Maria é stella matutina, estrela da manhã, que sempre está apontando para Jesus, para o seu querido Filho.

Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa - 06/01/2013


Comentário Exegético — Solenidade da Epífania de Jesus — ANO C
(Extraído do site Presbíteros - Elaborado pelo Pe. Ignácio, dos padres escolápios)

... não foi publicado ... segue texto alternativo:

Doutrina | Liturgia | Sagrada Escritura

Liturgia e Apocalipse

O livro do Apocalipse é um dos mais lidos e comentados do Novo Testamento, isto porque que este livro causa um certo impacto e uma certa expectativa no leitor. Estas expectativas acontecem devido: o seu estilo, as imagens presentes no texto, aspectos catastróficos etc. Por isso, tem-se num conceito popular uma visão meio que deturpada deste livro onde a concepção que se sobressai é de um livro que conta as possíveis catástrofes vindouras na história e também do fim dos tempos. Com isso, sua leitura gera uma insegurança e um medo no leitor. Mas afinal, o que significa apocalipse? Qual a relação entre o Apocalipse e a liturgia?

Apocalipse (em grego, apokálypsis=revelação) é um gênero literário que se tornou usual entre os judeus após o exílio da Babilônia (587-583 a.c) trata-se sobre o fim dos tempos: descreve o juízo de Deus sobre os povos, de modo a punir os maus e premiar os bons. Essa intervenção de Deus é acompanhada de sinais que abalam a natureza (todo o apocalipse descreve sempre cenários cósmicos); é freqüente o recurso a símbolos e números simbólicos nesse gênero literário. Sobre este pano de fundo o autor do Apocalipse quis proceder de modo que: descreveu cenas de horríveis calamidades (simbolizando os males que os cristãos sofrem no cotidiano da sua existência terrestre), entrecortadas por visões da corte celeste, onde os anjos e os santos cantam "Aleluia! A vitória compete ao Cordeiro que foi imolado e está de pé". Assim, estes acontecimentos descritos no Apocalipse só podem ser entendidos a luz do "Evento Cristo".

Jesus Cristo é a chave de leitura para a compreensão do Apocalipse, ou seja, este trata da celebração dos mistérios de Cristo. E sendo celebração podemos afirmar tendo base em algumas perícopes que esta é uma grande liturgia. Esta liturgia da celebração dos mistérios de Cristo fora dada a Igreja que tem a autoridade de salvaguardá-la e de utiliza-la como caminho de salvação e de contemplação do "Eterno no tempo", conduzindo assim por meio destes os seus fiéis até que se chegue o "Dia do Senhor". A liturgia é ação do "Cristo total", os que agora a celebram, além dos sinais, participam já da liturgia do céu, onde a celebração é inteiramente Comunhão e Festa.

No livro do Apocalipse nos deparamos com alguns símbolos de nossa liturgia: incenso, altar, oficiantes por vezes designados como sacerdotes, participantes que se prosternam, adoram, cantam a glória de Deus e de sua obra em Jesus Cristo por meio de hinos de caráter muito tradicional. O Aspecto litúrgico de numerosa passagens do Apocalipse salta aos olhos do leitor menos mentalizado. Por vezes tem-se o sentimento de assistir a um diálogo litúrgico entre um oficiante e uma comunidade que lhe responde. Várias destas proclamações, especialmente o Santus, figuram hoje entre as partes essenciais das grandes liturgias cristãs, ou seja, a "Santa Missa".

O capítulo quatro nos apresenta a "Liturgia Celeste", nela podemos perceber a presença de "um trono que está colocado no céu e nele sentado alguém cujo aspecto era de jaspe e cornalina" (Ap4,2,3). Ao redor deste trono "havia vinte e quatro anciãos, com veste brancas e coroas de ouro na cabeça" (Ap4,4). Deste trono "saíam relâmpagos e ouviam-se trovões. Sete tochas de "fogo ardiam diante do trono, os sete espíritos de Deus". No centro rodeando o trono estavam quatro seres com aspecto de: leão, touro, homem e águia. Estes seres de dia e de noite davam graças àquele que estava sentado no trono e diziam: "Santo, santo, santo, Senhor Deus Todo-poderoso, aquele que era e é e será" (Ap4,8).

O quinto capítulo traz presente um problema que é encontrar o significado do misterioso livro que ocupa neste capítulo tão grande lugar. Aparece também a figura de um Cordeiro Imolado que tem a missão de abrir o rolo e soltar seus selos. Diante disso todas as criaturas cá no céu ou na terra diziam: Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro, o louvor, a honra, a glória e o poder pelos séculos dos séculos. Outro capítulo importante para esta realidade é o sétimo que traz presente a realidade daqueles que se salvam: "ouvi o número dos marcados com o selo" (Ap 7,4). Depois foi avistada uma multidão enorme que ninguém podia contar e estes gritavam: "A vitória ao nosso Cordeiro" (Ap 7,10). Estes estavam de vestes brancas e saíram da tribulação e alvejaram suas vestes no sangue do Cordeiro. O capítulo oitavo fala dos sete anjos que estavam diante de Deus e que a eles foram entregues sete trombetas. Veio assim um outro anjo que se colocou diante do altar com um turíbulo fumegante e da sua mão subia a fumaça de incenso com as "orações de todos os santos até à presença de Deus" (Ap 8,4). O anjo tomou o turíbulo e arremessou à terra.

Os capítulos 21-22 do livro do Apocalipse nos trazem uma visão de uma Igreja que fora descida do céu a "nova Jerusalém", a cidade santa que "descendo do céu, de junto de Deus, preparada como noiva que se apronta para o noivo" (Ap21,2).

O Apocalipse de São João, lido na liturgia da Igreja, revela-nos primeiro que "um trono estava erguido no céu e Um sentado no trono" (Ap4,2): Este podemos dizer que é o Senhor Deus. Depois logo revela o Cordeiro, "imolado e de pé" (Ap 5,6), Este é o Cristo crucificado e ressuscitado, o único Sumo Sacerdote do santuário verdadeiro, o mesmo "que oferece e que é oferecido, que dá e que é dado", isto podemos ouvir nas palavras da Consagração "que será dado por vós e por muitos para a remissão dos pecados". E por último, revela "o rio da Vida que brota do trono de Deus e do Cordeiro" (Ap 22,1), um dos mais belos símbolos do Espírito Santo.

Recapitulados em Cristo, participam do serviço do louvor de Deus e na realização de seu intuito: as Potências Celestiais, toda a criação (os quatro viventes), os servidores da Antiga e da Nova Aliança (os vinte e quatro anciãos), o novo Povo de Deus (os cento e quarenta e quatro mil), em particular os mártires "degolados por causa da Palavra de Deus" (Ap 6,9-11), e a Santíssima Mãe de Deus ( Ap 12) e finalmente "uma multidão imensa, que ninguém poderia contar, de toda nação, raças, povos e línguas" (Ap 7,9). Ora, onde na terra encontramos uma Igreja universal que adora de uma forma fiel à visão de João? Onde encontramos sacerdotes paramentados de pé à visão diante de um altar? Onde encontramos homens consagrados ao Celibato? Onde ouvimos anjos serem invocados? Onde a arte exalta a mulher coroada de estrelas, com a lua debaixo dos pés, que esmaga a cabeça da serpente? Onde os fiéis suplicam a proteção do arcanjo São Miguel?

Onde mais, a não ser na Igreja Católica e, mais especificamente na Missa? O nosso Saudoso Papa João Paulo II em sua venerável memória, dizia: "que a Missa é o céu na terra" e ele explicou que "a liturgia que celebramos na terra é misteriosa participação na liturgia celeste". Assim, a nossa liturgia participa da liturgia celeste! Na missa, já estamos no céu. Dessa maneira, precisamos aprender a ver o Apocalipse como a Igreja o vê, ou seja, se queremos entender o sentido do Apocalipse, temos que aprender a lê-lo com uma imaginação sacramental. Podemos então perceber que os símbolos trazidos pelo Apocalipse estão em nossa liturgia:

Missa dominical – 1,10
Sumo sacerdote- 1,13
Altar- 8,3-4; 11,1;14,18
Sacerdotes 4,4; 11,15; 14,3; 19,4
Paramentos 1,13; 4,4;6,11; 7,9;15,6;19,13-14
Celibato consagrado 14,4
Candelabros 1,12;2,5
Penitência caps.2 e 3
Incenso 5,8; 8,3-5
O livro 5,1
A hóstia eucarística 2,17
Taças (cálices) 15,7; 16;21,9
O sinal-da-cruz 7,3; 14,1; 22,4
O glória 15,3-4
O Aleluia 19,1.3.4.6
Corações ao alto 11,12
O "Santo, Santo, Santo" 4,8
O Amém 19,4 ; 22,20
O "Cordeiro de Deus" 5,6
Virgem Maria 12,1-6.13-17
Intercessão dos anjos e santos 5,8; 6,9-10; 8,3-4
Devoção a são Miguel 12,7
Antífona 4,8-11;5,9-14; 7,1-12; 18,1-8
Leituras das Escrituras 2-3;5;8,2-11
O Sacerdócio dos fiéis 1,6; 20,6
Catolicidade ou universalidade 7,9
Contemplação silenciosa 8,1
O banquete das núpcias do Cordeiro 19,9.17
(HANN, 2002,p.107-108).

Portanto, o Apocalipse trata de uma reflexão sobre o culto, e este culto é a antecipação do Fim, do Julgamento, do Reino que acontece na Santa Missa. Contudo, tanto o Apocalipse quanto a liturgia nos falam sobre o Fim, pois, o fim tem o seu nome: Jesus Cristo. E é a este que a Igreja clama incessantemente numa única voz; "Maranatá", ou seja, " Vem, Senhor Jesus!". Nesta grande prece a Igreja clama o nome de Jesus e se prepara para a parusia.

Pe. Jair Cardoso Alves Neto.


EXCURSUS: NORMAS DA INTERPRETAÇÃO EVANGÉLICA

- A interpretação deve ser fácil, tirada do que é o evangelho: boa nova.

- Os evangelhos são uma condescendência, um beneplácito, uma gratuidade, um amor misericordioso de Deus para com os homens. Presença amorosa e gratuita de Deus na vida humana.
- Jesus é a face do Deus misericordioso que busca o pecador, que o acolhe e que não se importa com a moralidade ou com a ética humana, mas quer mostrar sua condescendência e beneplácito, como os anjos cantavam e os pastores ouviram no dia de natal: é o Deus da eudokias, dos homens a quem ele quer bem e quer salvar, porque os ama.

Interpretação errada do evangelho:

- Um chamado à ética e à moral em que se pede ao homem mais que uma predisposição, uma série de qualidades para poder ser amado por Deus.
- Só os bons se salvam. Como se Deus não pudesse salvar a quem quiser (Fará destas pedras filhos de Abraão).

Consequências:

- O evangelho é um apelo para que o homem descubra a face misericordiosa de Deus [=Cristo] e se entregue de um modo confiante e total nos braços do Pai como filho que é amado.
- O olhar com a lente da ética, transforma o homem num escravo ou jornaleiro:aquele age pelo temor, este pelo prêmio.
- O olhar com a lente da misericórdia, transforma o homem num filho que atua pelo amor.
- O pai ama o filho independentemente deste se mostrar bom ou mau. Só porque ele é seu filho e deve amá-lo e cuidar dele.
- Só através desta ótica ou lente é que encontraremos nos evangelhos a mensagem do Pai e com ela a alegria da boa nova e a esperança de um feliz encontro definitivo. Porque sabemos que estamos na mira de um Pai que nos ama de modo infinito por cima de qualquer fragilidade humana.


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30.12.2012
Solenidade da Sagrada Família de Jesus — ANO C
(BRANCO, GLÓRIA, PREFÁCIO DO NATAL – OFÍCIO DA FESTA)
__ "A família que cultiva o amor permanece em Deus e Deus habita em sua casa " __
__ "Jesus, Maria e José: Minha família vossa é! " __

EVANGELHO DOMINICAL EM DESTAQUE

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Ambientação:

Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!

Maria visita IsabelINTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Nesse último domingo do ano, liturgicamente dedicado à família, queremos celebrar em comunhão com todas as nossas famílias. Na dimensão da espiritualidade, a família é conduzida a viver em Deus, para que Deus realize nela o seu projeto. Desse modo, a família se torna santuário, local santo de onde se elevam orações e súplicas ao Senhor. A presença divina, no santuário doméstico, aumenta a consciência de que todos são filhos e filhas de Deus, chamados a viver no amor. Por isso, a família é convidada a praticar no mundo de hoje os valores vividos pela família de Jesus, Maria e José. A Sagrada Família é exemplo de amor e cuidado mútuos e de obediência à vontade de Deus.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Celebramos a Sagrada Família de Nazaré: Jesus, Maria e José. O centro é Jesus, para quem se dirige o olhar de Maria e José. Segundo a inspiração franciscana do Presépio de Belém, toda a humanidade, representada pelos pastores, e o restante da criação, simbolizado pelos animais, se juntaram a Maria e José, em volta do Presépio, para louvar o Redentor do universo. Essa disposição é o paradigma da nossa fé, pois é para o Cristo que os nossos olhos se voltam e se fixam para sempre. Temos esperança de que o mundo todo, como o Presépio de Belém, se reúna para adorar o Menino Deus, autor e consumador da fé.

INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Hoje celebramos a Festa da Sagrada Família: Jesus, Maria e José. Deus em sua plenitude e em sua infinita bondde mostra que precisa de nós, seres humanos, para realizar suas grandiosas obras. É através da família que seu amor infinito se espalha pelo mundo, contagiando a todos com a beleza da santidade e do amor ao próximo.

Sintamos o júbilo real de Deus em nossos corações e cheios dessa alegria divina entoemos alegres cânticos ao Senhor!


(coloque o cursor sobre os textos em azul abaixo para ler o trecho da Bíblia)


PRIMEIRA LEITURA (Eclesiástico 3,3-7.14-17): - "Pois Deus quis honrar os pais pelos filhos, e cuidadosamente fortaleceu a autoridade da mãe sobre eles."

SALMO RESPONSORIAL 127/128: - "Felizes os que temem o Senhor e trilham seus caminhos!"

SEGUNDA LEITURA (Colossenses 3,12-21): - "Mas, acima de tudo, revesti-vos da caridade, que é o vínculo da perfeição."

EVANGELHO (Lucas 2,40-52): - "Meu filho, que nos fizeste?! Eis que teu pai e eu andávamos à tua procura, cheios de aflição"



Homilia do Diácono José da Cruz — Solenidade da Sagrada Família de Jesus — ANO C

"FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA"

Hoje é o penúltimo dia do ano civil, tempo de olharmos para trás e darmos glória a Deus pelo ano que se encerra, tempo também de refletirmos sobre o que fizemos no ano que passou, para edificarmos o reino de Deus entre nós.

O lugar privilegiado para darmos o nosso testemunho nesse sentido é na vida familiar que in felizmente apresenta hoje um quadro muito caótico porque a família é agredida todos os dias de muitas formas, esvaziando-a de seus valores sagrados, de suas virtudes que lhe dão a dignidade a cada membro, moldando um caráter cristão despertando-lhes a consciência de que são filhos e filhas queridas de Deus.

Por isso o casal cristão recebe o Sacramento do matrimônio ao se unirem um dia, sacramento quer dizer sinal do amor de Deus, porque a missão do casal é despertar nos filhos o amor para o qual foram criados porque Deus nos fez para o amor e somente na família é que podemos ter esse conhecimento.

A Sagrada Família vivia esse propósito, Maria e José educaram Jesus desta maneira e ele aprendeu muito com seus pais, a revelação de que era Filho de Deus foi acontecendo aos poucos, graças ao testemunho de seus pais. De maneira muito equivocada pensamos que Jesus já sabia tudo e que seus pais eram figuras meramente decorativas em sua vida. Isso não é verdade! Além do sustento material do menino, Maria e José, como qualquer pai e mãe, tiveram de assumir a formação religiosa de Jesus e o fizeram dentro do Judaísmo, que era a religião que freqüentavam, com todas as dificuldades próprias daquele tempo.

Talvez hoje, muitos pais achem praticamente impossível educar um filho ou uma filha na fé, se a história da Salvação acontecesse hoje, José e Maria, vivendo em nosso tempo, saberiam cumprir a missão de educar o filho dentro dos princípios cristãos, para que ele descobrisse a sua identidade de Filho de Deus.

Mas não foi assim tão simples, muita coisa Maria e José não entenderam, como esse susto que Jesus deu neles, aos 12 anos, por ocasião da festa da páscoa, ao retornarem em comitiva como era comum naquele tempo, o grupo dos homens e das mulheres em separado pelo caminho, José pensou que o menino estivesse com a mãe, e esta pensou o mesmo.

Somente depois de três dias é que deram pela sua ausência e voltaram desesperados a Jerusalém, encontrando-o no templo entre os Doutores da Lei, discutindo com eles, ensinando mas também apreendendo porque como qualquer criança, Jesus passou pela catequese.

Ocupar-se das coisas de Deus – foi a resposta até um pouco “atravessada” que Jesus deu aos pais. Após os sacramentos da iniciação cristã, se o testemunho dos pais for autêntico, a criança já terá descoberto em si mesmo essa vocação para viver o amor na comunidade no serviço aos irmãos e irmãs. Aproveitemos esses momentos derradeiros de 2012 para verificarmos com sinceridade se foi isso que fizemos no decorrer de todo este ano, será que o nosso modo de viver em família, despertou em nossos filhos a vocação para o amor? Será que valorizamos a comunidade como espaço onde manifestamos essa vocação?

Se nossas famílias viverem sempre nessa graça,comunicando uns aos outros a santidade, iremos ter em breve uma nova sociedade bem diferente da que temos pela frente. Isso é missão de todos os cristãos!

José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail  jotacruz3051@gmail.com


Homilia do Padre Françoá Costa — Solenidade da Sagrada Família de Jesus — ANO C

Sabedoria familiar

Todos aqueles que escutavam o Senhor Jesus, com apenas doze anos, estavam admirados da sabedoria das suas respostas, também Maria e José se admiravam (cf. Lc 2,47-48). A sabedoria do Perfeito Deus e do Perfeito Homem, Jesus Cristo, é impressionante; contemplar essa sabedoria quando ele tinha apenas doze anos devia ser algo digno de grande surpresa. Tampouco deixa de ser edificante a capacidade de maravilhar-se de Nossa e São José: ao pensarmos que eles conviviam com o Menino Jesus e que, portanto, o escutavam frequentemente, nós poderíamos concluir que eles já estavam acostumados às palavras do Deus-Homem. E não era assim! Maria e José continuam admirando-se e meditando em seus corações todas as palavras de Jesus. Aprendamos essa atitude dos pais de Jesus: escutar, admirar, meditar e viver a Palavra de Deus! Essa atitude faz-nos sábios.

Maria e José tinham dentro do próprio lar a sabedoria de Deus. Como é importante também que as nossas famílias tenham dentro de casa a sabedoria. Jesus Cristo é a Sabedoria. A sabedoria é também um dos sete dons do Espírito Santo e faz com que tenhamos um juízo correto sobre as coisas, faz com que julguemos as coisas “segundo o Espírito”, movidos pelo Espírito Santo. Trata-se daquilo que pedimos naquela conhecida oração: “Vinde, Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas”. Como é importante que pensemos todas as coisas da nossa vida segundo as exigências do amor de Deus!

A sabedoria faz com que exista em nós uma inclinação amorosa a querer e seguir a vontade de Deus, uma espécie de co-naturalidade com o que Deus quer. Esse dom acompanha a virtude sobrenatural da caridade. E a caridade é exigente! Trata-se daquela disposição que se encontra em nós pela graça e que nos faz amar a Deus como ele quer ser amado e amar a todos os seres humanos como Deus os ama. Diz Santo Tomás de Aquino que a caridade é um amor de amizade entre o homem e Deus, que constitui a fonte e o motor de toda a vida cristã.

O amor, em seu ponto mais alto, consiste em doar-se, em entregar-se a si mesmo, não só em dar algo, mas dar-se a si mesmo (amor ágape). O que acontece é que essa doação nos deixa “esgotados”. Faço ou não faço isso? Que esse juízo seja feito sob o impulso da sabedoria que vem do alto. Diante das exigências do amor, o dom da sabedoria existe também para dar suavidade à nossa doação, por esse dom somos movidos a realizar a doação que Deus nos pede a cada momento.

Mais concretamente, quais são as exigências do amor de Deus na vida de família? Muitas… e especialmente no que se refere à convivência pacífica e amorosa dos cônjuges e à educação dos filhos. Com relação à convivência conjugal: quem se deixa conduzir pela sabedoria que vem do Espírito Santo saberá descobrir e viver as amorosas exigências do amor matrimonial. Saberá tratar com delicadeza o cônjuge, conviver com as fraquezas dele, melhorá-lo (a). A sabedoria que vem de Deu os fará ver que nos momentos de dificuldades é que se encontra uma excelente oportunidade para demonstrar seu amor a Deus e ao próprio compromisso matrimonial. A vontade de Deus para si, a vontade de Deus para o cônjuge: esta é a norma de conduta da pessoa sábia no seu matrimônio.

Quais as exigências do amor de Deus no que diz respeito aos filhos? Quantos sacrifícios o Senhor pede dos pais para com os seus filhos, em primeiro lugar para tê-los! Somente os pais que são sábios entendem, como exigência do amor de Deus e do amor entre eles, que é preciso ser generosos para receber como dons do alto os filhos que Deus lhes quer enviar. Faço-lhes uma confidência de amigo: admiro com entusiasmo as famílias numerosas e também àquelas que, dentro da sua generosidade para com Deus, têm poucos filhos! Aplaudo também aqueles pais que não tem filhos porque o Senhor não quis dar-lhes e que aceitam essa realidade com vontade de Deus para eles, pois os filhos são presentes de Deus e os presentes não se exigem! Tenho dificuldade para entender a tantas pessoas casadas cujo egoísmo não lhes deixa o caminho livre ao amor que quer se concretizar nos filhos. Além do mais, também há muito sacrifício para educar os filhos! Muitas virtudes precisam ser vividas no lar! Como tratar os filhos na infância, na adolescência, na juventude, na maturidade? É preciso pedir ao Espírito: “dá-me, Senhor, sabedoria”. O sábio vê as coisas movido pelo amor de Deus.

Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa - 27/12/2009


Comentário Exegético — Solenidade da Sagrada Família de Jesus — ANO C
(Extraído do site Presbíteros - Elaborado pelo Pe. Ignácio, dos padres escolápios)

INTRODUÇÃO: Parece que além de dar provas da verdadeira natureza humana de Jesus, o Espírito Santo quis deixar um exemplo para todos os adolescentes de como deveria ser seu comportamento com os pais terrenos e com o Pai dos céus. Este é o ensinamento que deriva de seu exemplo, quando perdido e achado no templo e quando voltando a Nazaré crescia em todas as ordens.

AS FESTAS: E seus pais iam todos os anos a Jerusalém na festa da Páscoa (41). Et ibant parentes eius per omnes annos in Hierusalem in die sollemni paschae. A lei de Moisés obrigava a peregrinação a Jerusalém de todos os maiores de treze anos nas três festas principais: Páscoa, Pentecostes e Tabernáculos (Dt 16, 16). Não parece que tiveram obrigação os galileus e muito menos as mulheres.

DOZE ANOS: Quando, pois, chegou aos doze anos, subindo eles a Jerusalém, segundo o costume da festa (42), e acabados os dias da volta deles, permaneceu Jesus, o menino, em Jerusalém e não souberam seus pais (43). Et cum factus esset annorum duodecim ascendentibus illis in Hierosolymam secundum consuetudinem diei festi consummatisque diebus cum redirent remansit puer Iesus in Hierusalem et non cognoverunt parentes eius. Embora a idade era dos 13 anos após o BAR MITZWA, em que o menino era considerado maior de idade e, portanto, filho do mandato, que é a tradução direta do bar mitzwa. Desde o aniversário dos 13 anos, o menino  estava sujeito aos 613 mandatos da lei e, por outra parte, adquiria o privilégio de ser contado entre os Minyan (literalmente número), que era o número mínimo para formar o culto na sinagoga. Muitas vezes eram pagos porque deviam deixar o trabalho para resolver os assuntos comuns e religiosos que exigiam sua presença. É bem  verdade que a festa, tal e qual a conhecemos, tem uma data inicial tardia, século XV. O primeiro Sábado que segue seu 13o aniversário é o dia de seu Bar Mitzwa. Mas antes disso, o adolescente preparava-se aprendendo as noções fundamentais da história e tradições judaicas, as orações e costumes do povo, estudando os princípios que regem a fé judaica. Nesse sábado da comemoração, o jovem recitava um capítulo da Torah  e um capítulo dos profetas (Haftará) com a melodia tradicional para estes capítulos, baseada numa escala de notas musicais, padronizadas para a leitura em público dos dois capítulos. A cerimônia religiosa era depois acompanhada com uma reunião festiva e familiar. Podemos dizer que era como a primeira comunhão. Escrito o original em aramaico, talvez possamos compreender que 12 e 13 se confundem e que Jesus teria os treze anos. Mas como temos visto aos 12 anos já entrava dentro dos exercícios de preparação e isso talvez seja o que Jesus disse a Maria: Devo ocupar-me das coisas de meu pai (2, 49).

A CARAVANA: Pensando, portanto, que ele estivesse na comitiva, percorreram um caminho de um dia  e o buscavam entre os parentes e os conhecidos (44). Existimantes autem illum esse in comitatu venerunt iter diei et requirebant eum inter cognatos et notos. COMITIVA: O Sinedion grego indica um caminhar juntos, uma caravana (comitatus). Caminhavam dispostos em três seções: Na vanguarda estavam os mais jovens dispostos a repelir os bandidos com bastões e até espadas. No centro mulheres e crianças menores de doze anos e  na cauda, com os mais velhos, os meninos maiores de doze anos. Os menores de doze anos podiam, pois, estar com as mulheres ou com os anciãos. Somente à noite é que os membros de uma mesma família se encontravam. Geralmente acostumavam percorrer 32 km por dia. Mas isso dependia das fontes de água. A primeira jornada era até Beerot a 16 km de Jerusalém, talvez pela dificuldade de encontrar água numa outra parada. No total eram três dias até a Galileia. Foi assim que a ausência de Jesus, só foi notada ao fim da primeira jornada.

A PERDA: E não o tendo encontrado, voltaram a Jerusalém, buscando-o (45). Sucedeu, pois, depois de três dias o encontraram no templo, estando sentado no meio dos doutores, tanto ouvindo-os como perguntando-os (46). Admiravam-se pois, todos os que o ouviam sobre a sua inteligência e as suas respostas (47). Et non invenientes regressi sunt in Hierusalem requirentes eum Et factum est post triduum invenerunt illum in templo sedentem in medio doctorum audientem illos et interrogantem. Stupebant autem omnes qui eum audiebant super prudentia et responsis eius. Durante o descanso noturno, as famílias se reuniram. Jesus não estava em parte nenhuma. Assim os pais, José e Maria, decidiram voltar a Jerusalém. Mais um dia de volta e mais um dia até encontrá-lo no templo. No total os três dias de que fala o evangelista, a não ser que o numeral seja tomado no lugar do indefinido, no lugar de adjetivos que as línguas semitas carecem, como alguns, poucos, vários, etc. de modo que o número três deixa de ser um cardinal para se transformar em plural mais ou menos definido. ENTRE OS MESTRES: A palavra usada por Lucas não é a usual para designar os escribas, (Nomikoi ou Grammateis) mas Didáskaloi com a qual Lucas designa o próprio Jesus (15 vezes) e que as línguas modernas traduzem por doutores. Há quem considere que no templo existia uma sinagoga e que nesta se ensinava a lei aos pequenos como em todas as demais da Palestina. Pode ser. Mas também era costume ensinar aos discípulos entre as colunas do pórtico de Salomão, como Jesus tinha costume de fazer, no templo: “estava sentado ensinando”(Mt 26, 55). Que os discípulos perguntassem era comum. Assim foram as perguntas dos fariseus (Mt 22, 15+), dos saduceus (Mt 22, 23 +)  e do doutor da lei(Mt 22, 41+). A Rabi Hanina se atribui este ditado: “Tenho aprendido muito dos meus mestres e mais dos meus condiscípulos…Porém de meus discípulos mais do que todos”.

POR QUE: E vendo-o, se admiraram; e dirigindo-se a ele sua mãe disse: Filho, Por que nos fizeste assim? Olha, teu pai e eu angustiados te procuramos (48). Et videntes admirati sunt et dixit mater eius ad illum fili quid fecisti nobis sic ecce pater tuus et ego dolentes quaerebamus te. Logicamente, assistimos a uma situação completamente nova na relação filho-pais. Como dirá depois o evangelista, a obediência e submissão de Jesus, era o dia a dia de sua relação com seus pais. Como um filho semelhante, sem pedir licença, podia ser causa de tamanha angústia de seus pais?  

A RESPOSTA: E lhes disse: que (é) isso, por que me buscáveis? Não sabíeis que nas coisas de meu Pai devia estar? (49). Et ait ad illos quid est quod me quaerebatis nesciebatis quia in his quae Patris mei sunt oportet me esse.Na resposta de Jesus, parece que tanto Maria como José deviam estar cientes de que Jesus não lhes pertencia totalmente. Por isso, a frase que temos traduzido como nas coisas de meu Pai tem estas interpretações: a) Na casa do meu Pai. Foi a preferida pelos padres da Igreja contra os gnósticos que rejeitavam o AT e o Deus dos hebreus. Com estas palavras, Jesus declara ser seu Pai o mesmo que habitava o templo de Jerusalém, ou seja, Jahveh (Sl 23,6).- b) Nos assuntos do meu Pai: como a Vulgata traduz o texto grego. -c) Entre os amigos do meu Pai, pois os pais, Maria e José o buscaram inutilmente entre os consanguíneos e conhecidos. A resposta é que não era entre estes últimos, mas entre os que eram amigos e conhecidos do Pai que deveriam ter buscado. O verdadeiramente importante era que Jesus devia amoldar sua vida às exigências de seu Pai, exatamente como o diria com toda claridade em Mt 12, 48 quando o buscam os parentes: quem é minha mãe e quem são meus irmãos? Aos 12 anos, vésperas de sua independência, como filho da lei, Jesus mostra qual é seu caminho e qual a verdadeira vontade que deve dirigir sua vida em obediência.

A PROFECIA: E eles não entenderam a palavra que lhes falou (50). Et ipsi non intellexerunt verbum quod locutus est ad illos.Infelizmente tanto o latim como as línguas vernáculas não tem essa distinção entre logos e rema.Logos é termo geral e rema é o pronunciamento, a sentença e no caso de um homem de Deus a profecia, como aqui. Esse estar sempre atento às coisas do Pai para lhe obedecer era a vida de Jesus que na sua primeira decisão independente, segundo a lei, tomava como atitude total de sua vida; como diz Paulo se fez obediente até a morte e morte de cruz (Fp 2, 8).

FILHO TAMBÉM DOS HOMENS: E desceu com eles e veio a Nazaré. E era submisso a eles. E a mãe dele guardava todas estas palavras em seu coração (51). Et descendit cum eis et venit Nazareth et erat subditus illis et mater eius conservabat omnia verba haec in corde suo. Com estas palavras, Lucas quer deixar claro que Jesus não foi um rebelde, mas um menino obediente e exemplar para com seus pais. Também parece que indiretamente indica qual foi a fonte destas atuações surpreendentes em Jesus, para logo tê-las como verídicas: a memória exata de Maria que nestas angustiosas circunstâncias gravava tudo como se fosse um disco de memória.

O CRESCIMENTO: E Jesus crescia em sabedoria, em idade e em graça diante de Deus e dos homens (52). Et Iesus proficiebat sapientia aetate et gratia apud Deum et homines. É notável ver como Lucas repete em 2,52 o que tinha dito em 2,40: ”O menino crescia e se fortalecia, cheio de sabedoria, e a graça de Deus estava nele”. Tomando como modelo 1 Samuel 2:26: “Mas o jovem Samuel crescia em estatura e no favor do Senhor e dos homens”. O único novo no Jesus de Lucas é o crescimento em sabedoria, sem dúvida, uma clara conclusão de seu contato com os mestres de Israel. Porque a graça de Deus pode ser traduzida pelo “O senhor estava com ele”. Graça aqui significa agrado, pois vemos como Lucas acomoda o dito de Samuel a Jesus. A medida que Jesus crescia ia mostrando com fatos a sua sabedoria e cada vez mais Deus estava com ele e os homens admiravam sua bondade, de modo que mais e mais cada dia era digno da admiração e beneplácito de Deus e dos homens.

UM CONVITE: Levantar ou arrumar uma árvore de Natal é colocar um objeto de adorno dentro de uma residência. Arrumar um presépio é introduzir uma família a mais dentro da nossa. É uma família que pede hospedagem, não material, porque geralmente é colocada no lugar mais importante da casa, mas de tipo espiritual, de sentimento, de fé e de amor. Embora um presépio não fale, devemos prestar atenção às palavras do poeta: “Há palavras que são ditas em silêncio. Há silêncios que valem por muitas palavras. Há fatos que valem por palavras nunca antes pronunciadas. São fatos que convidam ou reprovam, que aplaudem ou recriminam”. Dos tais, é o fato do Natal do menino que Deus assumiu em pessoa como elemento humano do Verbo. Seu nascimento é um convite ao amor e à reflexão. Amor principalmente de como Deus quer ser humano e habitar entre os humanos. Reflexão de como nós humanos queremos viver nossa humanidade já assumida por Deus totalmente num homem chamado Jesus.

Deus teve escolha para nascer do jeito que Ele queria. Podia ser rico e nasceu pobre para que todos pudessem ver nele o modelo de homem novo do seu evangelho. Escolheu uma virgem como mãe, não unicamente para indicar a paternidade verdadeira, mas para demonstrar que o prazer não é a fonte total da vida. Pastores, para demonstrar que sua vida era mais de pastor que cuida do rebanho que do rei que o governa. Uma família para significar que o amor nasce com a vida e esta vincula os homens com laços que devem ser eternos.

Mas seu Natal é também para nós um convite: O amor de Deus exige uma resposta. Queremos aproveitar a lição ou tentaremos buscar nossa felicidade dentro de nosso egoísmo, que será quem finalmente dite nossas respostas? Já sabemos o resultado das mesmas porque o álcool, a droga e o sexo-livre escravizam, dominam e matam. Se queremos viver a vida legítima e verdadeira, Jesus nos mostra o caminho, sua família o ambiente, seu Natal a verdade. O Natal é um convite para que creiamos no Amor, adoremos o Amor e vivamos imitando o Amor.


EXCURSUS: NORMAS DA INTERPRETAÇÃO EVANGÉLICA

- A interpretação deve ser fácil, tirada do que é o evangelho: boa nova.

- Os evangelhos são uma condescendência, um beneplácito, uma gratuidade, um amor misericordioso de Deus para com os homens. Presença amorosa e gratuita de Deus na vida humana.
- Jesus é a face do Deus misericordioso que busca o pecador, que o acolhe e que não se importa com a moralidade ou com a ética humana, mas quer mostrar sua condescendência e beneplácito, como os anjos cantavam e os pastores ouviram no dia de natal: é o Deus da eudokias, dos homens a quem ele quer bem e quer salvar, porque os ama.

Interpretação errada do evangelho:

- Um chamado à ética e à moral em que se pede ao homem mais que uma predisposição, uma série de qualidades para poder ser amado por Deus.
- Só os bons se salvam. Como se Deus não pudesse salvar a quem quiser (Fará destas pedras filhos de Abraão).

Consequências:

- O evangelho é um apelo para que o homem descubra a face misericordiosa de Deus [=Cristo] e se entregue de um modo confiante e total nos braços do Pai como filho que é amado.
- O olhar com a lente da ética, transforma o homem num escravo ou jornaleiro:aquele age pelo temor, este pelo prêmio.
- O olhar com a lente da misericórdia, transforma o homem num filho que atua pelo amor.
- O pai ama o filho independentemente deste se mostrar bom ou mau. Só porque ele é seu filho e deve amá-lo e cuidar dele.
- Só através desta ótica ou lente é que encontraremos nos evangelhos a mensagem do Pai e com ela a alegria da boa nova e a esperança de um feliz encontro definitivo. Porque sabemos que estamos na mira de um Pai que nos ama de modo infinito por cima de qualquer fragilidade humana.


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QUE DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!

Oh! meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno,
levai as almas todas para o céu e socorrei principalmente
as que mais precisarem!

Graças e louvores se dê a todo momento:
ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento!

Mensagem:
"O Senhor é meu pastor, nada me faltará!"
"O bem mais precioso que temos é o dia de hoje! Este é o dia que nos fez o Senhor Deus!  Regozijemo-nos e alegremo-nos nele!".

( Salmos )

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