GOTAS DE REFLEXÃO - EVANGELHO DOMINICAL
            
             
            
              16.02.2014 
                6º DOMINGO DO TEMPO COMUM — ANO A 
                ( VERDE, GLÓRIA, CREIO – II SEMANA DO SALTÉRIO ) 
                __ "Eu, porém, vos digo..." __ 
              
             
            NOTA ESPECIAL: VEJA NO FINAL DA LITURGIA OS COMENTÁRIOS DO EVANGELHO COM SUGESTÕES PARA A HOMILIA DESTE DOMINGO. VEJA TAMBÉM NAS PÁGINAS "HOMILIAS E SERMÕES" E "ROTEIRO HOMILÉTICO" OUTRAS SUGESTÕES DE HOMILIAS E COMENTÁRIO EXEGÉTICO COM ESTUDOS COMPLETOS DA LITURGIA DESTE DOMINGO. 
            Ambientação: 
            Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs! 
            INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: A liturgia deste sexto domingo do tempo comum nos mostrará que Jesus não se colocou na contramão do Deus do Antigo Testamento. Tendo- -lhe sido dado todo poder, no céu e na terra, estava suficientemente autorizado para adentrar no âmago dos mandamentos do Decálogo e extrair um sentido muito mais radical do que até então se lhe atribuía. Seu ensinamento superava a materialidade da letra dos mandamentos, revelando o espírito neles subjacente. Neste nível profundo, Jesus revelava também o verdadeiro projeto de Deus para a humanidade. Guiados pelo ensinamento de Jesus, peçamos nesta celebração que ele nos revele o seu querer divino, livrando-nos de dar-nos por satisfeitos com a observância superficial dos seus mandamentos. 
            INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Hoje, a liturgia nos sugere que o seguimento de Jesus leve a uma radical adesão ao bem e a um ferrenho combate ao mal. Isso deve nos questionar em nossas atitudes no mundo e nos colocar sempre alertas para testemunharmos com nossas vidas o amor incondicional que recebemos de Jesus. 
            INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Jesus não veio abolir a lei, mas levá-la à plenitude, dar-lhe algo "mais" que a faz superar como lei e aceitá-la como opção interior. De fato, a justiça do fariseu se limita à observância dos artigos da lei. A justiça do cristão não depende em primeiro lugar da sua observância da lei, mas de se terem realizado em Jesus os últimos tempos, porque ele veio para ser o primeiro a obedecer à lei em comunhão com Deus. Cristo estabelece um novo critério de avaliação moral: a intenção pessoal. 
            Sentindo em nossos corações a alegria do Amor ao Próximo entoemos alegres cânticos ao Senhor! 
             
            
               (coloque o cursor sobre os textos em azul abaixo para ler o trecho da Bíblia) 
             
             
            PRIMEIRA LEITURA (Eclo 15,16-21):   - "Se quiseres observar os mandamentos, eles te guardarão; se confias em Deus, tu também viverás." 
            SALMO RESPONSORIAL (118/119):    - "Feliz o homem sem pecado em seu caminho, * que na lei do Senhor Deus vai progredindo!" 
            SEGUNDA LEITURA (1Cor 2,6-10):    - "...o que Deus preparou para os que o amam é algo que os olhos jamais viram nem os ouvidos ouviram nem coração algum jamais pressentiu." 
            EVANGELHO (Mt 5,17-37):   - "Não penseis que vim abolir a lei e os profetas. Não vim para abolir, mas para dar-lhes pleno cumprimento." 
             
            
             
            Homilia do Diácono José da Cruz – 6º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO A 
            "Um Cristianismo além da Lei" 
            Minha  equipe de teólogos da comunidade, que são meus colaboradores nas reflexões  sobre pó evangelho, andou quebrando a cabeça para compreender esses  ensinamentos de Jesus, que com certeza não foram ditos em uma mesma hora, mas  ajuntados por alguém, diante de problemas que a comunidade enfrentava.  E  quando chegou na parte da mutilação dos membros e também arrancar o olho,  causador do pecado, a equipe disse em  tom de humor, que chegaremos no céu todos mutilados e que vai ser difícil  alguém chegar “inteiro”. 
            Em  cada um desses ensinamentos há uma única verdade que Jesus proclama, o desafio  de sair da medíocre obediência as Leis, para podermos passar a algo sem medida,  e que vai muito além da conduta e do comportamento humano, é um convite para  migrarmos do meramente humano para o plenamente Divino, somente possível com a  Graça de Deus e a Luz da Fé, que vislumbra uma realidade até então invisível  para o homem, presente em Jesus de Nazaré. Sem Jesus, a única referência é o  seguimento á Lei de Moisés, atitude que norteava a vida de um homem bom, justo,  virtuoso e crente em Deus, claro que a Salvação também tinha um sentido bem  restrito, e se conquistava nesta vida. Jesus, ao apresentar o ensinamento desse  evangelho, desmonta esse quadro de uma Religião legalista, transformando a  relação com Deus em uma realidade transcendente.  
            Jesus,  nascido Judeu e participante do Judaísmo, não é um velho saudosista, preso as  lembranças do passado, de tudo aquilo que Deus realizou pelo seu povo, não fica  chorando sobre o leite derramado, mas convida os seus discípulos e a todos nós,  a olharmos com otimismo para o presente e a fazermos a coisas muito melhores, e  como a sua presença entre nós mudou a sorte de toda a humanidade, tem  autoridade para dizer, “Eu porém vos digo....” 
            A  Lei de Moisés em sua essência é a Lei de Deus, o seguimento a ela faz a  diferença entre a Vida e a morte, entre a bênção e a maldição, o bem ou o mal,  diante dessa Lei temos sempre a escolha e o livre arbítrio, o próprio Senhor  diz em outro evangelho, que não veio para revogar a Lei, mas para mostrar o seu  verdadeiro sentido e aprimoramento, para que a lei atinja a sua plenitude. 
            Mas  só o puro cumprimento da Lei não nos fará feliz e nem realizados, a minha  equipe de teólogos da comunidade lembrou-se de um bom exemplo. 
            “A  gente dirige e decide respeitar e obedecer toda sinalização, mas no estresse  causado no próprio trãnsito, acaba gritando e ofendendo os outros condutores,  as vezes os pedestres, dizemos palavrões em nosso veículo, que o outro não  escuta, praguejamos, amaldiçoamos, ficamos enlouquecidos ao volante e perdemos  a paciência...Seguimos a lei mas não fomos felizes nessa ação, por que ? Faltou  ser amoroso, misericordioso e paciencioso com as pessoas e essa atitude não é  Lei escrita na pedra, mas no coração do homem, é a Lei do amor na relação com  as pessoas. 
            Por  isso, podemos dizer que um bom Cristão segue a doutrina, as normas da Igreja,  pratica os preceitos, mas, um Cristão de Verdade vive no amor e na comunhão com  Deus e com as pessoas.. Por isso Jesus apresenta-nos essa proposta de darmos um  passo além, não permanecendo na mediocridade do dever cumprido, mas  testemunhando um amor sem medidas, que não quer apenas não “matar” o outro, mas  respeitar a sua vida e a sua dignidade, ser solidário, ter paciência, uma vez  que, podemos matar o outro de muitas maneiras, não só com armas de fogo ou arma  branca, mas principalmente com a língua, com a nossa conduta em relação ao outro,  uma morte dissimulada na frieza, no desprezo e na indiferença, quantos morrem  ao nosso lado, vítimas deste nosso pecado.... 
            Ofertar  algo a Deus em algum trabalho da comunidade ou em algum empreendimento da nossa  Vida de Fé, é coisa muito boa, mas Deus só aceita esse oferecimento se  estivermos de bem com as pessoas, não alimentar no coração ódio e rancor ou  qualquer ranço contra quem quer que seja, porque se estivermos de bem com Deus  e de mal com algum irmão, o amor torna-se uma mentira. 
            Adulterar  uma relação, principalmente a conjugal, é torná-la falsa e sem valor, podemos  adulterar essa relação de muitos modos, a traição é apenas uma delas. Mas o  adultério pode ocorrer em um olhar, em um desejo ainda que não manifesto, em  uma relação desgastada pela indiferença e as vezes pelo desprezo, sempre que  não contribuo, para que o amor e a vida em comunhão com o cônjuge cresça, e se  torne mais consistente, estou semeando a possibilidade de um adultério. 
            E  finalmente um último ensinamento, o que significa “arrancar um olho”, ou cortar  algum membro, que nos é causa de pecado? Note-se que essas afirmações está  dentro das exortações sobre a vida conjugal e o pecado do adultério, quando  falamos da atração entre um homem e uma mulher, facilmente identificamos com o Erro,  e daí falamos que homem e mulher são impulsionados pelo instinto. E em nome do  tal de instinto comete-se as maiores barbaridades no campo da afetividade  humana, voltada para a sexualidade. 
            Jesus não escreve mais a Lei nas pedras, mas sim no  coração do homem, que agora é livre para tomar suas decisões, para dizer SIM ou  NÃO ao fazer suas escolhas, a religião torna-se assim mais intimista, e o ser  humano não irá mais agir, com seus sentidos, a partir dos seus instintos, mas  sim a partir do Amor de Deus, que experimenta em seu coração, e que irradia em  todas as suas ações, nas relações com Deus, consigo mesmo e com o próximo, E  assim fazendo, o homem rompe com a religião legalista, pois abrindo-se para a  graça de Deus manifestada em Jesus, ele alarga o seu horizonte de compreensão e  conhecimento do verdadeiro e Único Amor, capaz de salvá-lo e de fazê-lo  imensamente Feliz. 
            José da Cruz é Diácono da  
              Paróquia Nossa
              Senhora Consolata – Votorantim – SP 
              E-mail  jotacruz3051@gmail.com 
             
            Homilia do Padre Françoá Rodrigues Costa – 6º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO A 
            “A segurança do cristão”
            “Ouvistes o que foi dito aos antigos… Mas eu vos digo” (Mt 5,21-22). Somente   se Jesus é Deus pode fazer algumas alterações nas tradições dadas por Deus no   Antigo Testamento. E Jesus é Deus! 
            É incrível como algumas comunidades ainda hoje insistem em alguns preceitos   antigos, mas que foram totalmente abolidos pela realidade autenticamente cristã:   observar sábados, não comer carne de porco, não realizar transfusões de sangue,   estabelecer a saia ou o vestido como indumentárias únicas para as mulheres etc.   Essas coisas caducaram: “ninguém, pois, vos critique por causa de comida ou   bebida, ou espécies de festas ou de luas novas ou de sábados. Tudo isto não é   mais que sombra do que devia vir. A realidade é Cristo” (Cl 2,16-17). Enquanto   se insistem nessas “sombras da realidade”, é possível que coisas mais   importantes sejam descuradas como aquelas que o Senhor nos diz no Evangelho de   hoje: viver a caridade para com todos, guardar o coração puro e casto, viver na   verdade em todo momento. 
            A coerência é, sem dúvida, uma dessas realidades que não podem ser   negligenciada por um cristão. Não é coerente, por exemplo, criticar as riquezas   do Vaticano, que são patrimônio da humanidade, e, ao mesmo tempo, ter o coração   fechado para os demais. Prefiro aqueles ricos que vão ao Vaticano admirar essas   mesmas riquezas, mas são capazes de abrir o coração e ajudar os mais   necessitados. O Santo Padre, que mora no Vaticano, é um dos que mais ajuda os   pobres. 
            É muito mais fácil andar por aí defendendo a liberdade das mulheres no uso do   seu próprio corpo e, ao mesmo tempo, proibir outros seres humanos de nascerem.   Esses defensores da liberdade só conhecem um lado da liberdade. No entanto, é   preferível a defesa da dignidade das mulheres com a defesa simultânea da defesa   da dignidade dos outros seres humanos não nascidos. Defender uma verdade é algo   louvável, defender duas é duas vezes louvável! Somente as pessoas inteligentes   podem conjugar duas verdades aparentemente contraditórias. No entanto, uma   verdade não pode contradizer outra verdade. A dificuldade que a inteligência   encontra está no raciocínio equivocado, não nas realidades. Caso eu, delirando,   veja dois postes onde há somente um, o problema não está no poste que de repente   teria se multiplicado (?!), o problema será a minha loucura ou enfermidade. 
            Os exemplos poder-se-iam multiplicar, mas não é o caso. O importante é que   estejamos atentos ao “EU” de Jesus, à autoridade de Jesus. O importante é que   não substituamos a verdade de Deus pelas supostas “verdades” que pululam nos   grandes meios de comunicação. O importante é que sejamos cristãos de verdade e   entremos, cada um, com liberdade e responsabilidade pessoais, nos meios de   comunicação e anunciemos a Verdade que liberta, Jesus Cristo. 
            Ouvistes o que foi dito aos antigos, ouvistes o que se disse aos novos,   ouvistes o que se diz na televisão, na rádio e em tantos outros lugares. É bom   informar-se! Jesus, porém, nos recorda: “Eu, porém, vos digo”. O Senhor diz a   todos nós que o Evangelho é sempre moderno, que nós não precisamos ter medo de   dialogar com a cultura contemporânea. Com outras palavras, a evolução das   espécies não pode diminuir a nossa fé, o heliocentrismo (ou outra teoria que   surja) tampouco a aumenta ou diminui; as riquezas do Vaticano e a pedofilia já   provada de alguns presbíteros não deveriam abalar os cimentos do nosso amor a   Deus e à sua Igreja Católica; a corrupção dos costumes, em lugar de implicar um   retrocesso na nossa caminhada cristã, deveria ser um desafio para a nossa   inteligência e a nossa vontade iluminadas pela fé. Enfim, qual é o fundamento da   minha fé? Jesus Cristo, Deus verdadeiro e Homem verdadeiro. Nele se pode confiar   sempre! 
            O EU de Jesus é a segurança de que podemos continuar sob a sua autoridade a   nossa tarefa evangelizadora. Ele nos envia. O principal interessado em salvar   esse “bando de macacos recém-descidos da árvore”, como dizia um venerável   professor, é de Jesus. Peço desculpas por rasgar o verbo, mas vou seguir nessa   linha – sem faltar o respeito devido ao meu Senhor – para afirmar claramente que   o problema é dele, de Jesus. Não obstante, ele pede a nossa colaboração   inteligente, perspicaz e cheia de garra. Sentimo-nos fortalecidos, cheios de   garra, com a força que vem da fé, da esperança e do amor de Deus? Se a resposta   não for positiva, sugiro que se tome três remédios: oração, penitência e   ação. 
            Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa 
             
            Comentário Exegético – 6º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO A 
               (Pe. Ignácio, dos padres escolápios) 
            EPÍSTOLA (1 Cor 2, 6-10) 
            A SABEDORIA: Sabedoria, pois, falamos entre os perfeitos, mas sabedoria não desta   época nem dos soberanos deste   tempo dos que fracassam (6).   Sapientiam autem loquimur inter perfectos sapientiam vero non huius saeculi   neque principum huius saeculi qui destruuntur. PERFEITOS: [teleioi<5046>=perfecti], significa   acabado, perfeito, sem necessidade de completar, como diz Paulo em 1Cor 13, 10: quando porém vier o que é perfeito o que era em parte será   aniquilado. Tratando-se de pessoas, significa adulto, amadurecido, de idade   madura como em Hb 5, 14: o alimento sólido é  dos adultos [teleiön]. SOBERANOS [archontoi<758>=principes] O archon grego é líder, chefe, soberano, governador como em Mt   20, 25: sabeis que os governadores[archontes] dos povos. Como   chefe temos Lc 8, 41 em que Jairo é o chefe [archon] da   sinagoga. Os soberanos ou manda-chuvas desta época ou tempo [sher   haolam] são comparados com os demônios em Jo 14, 30 em que Satanás é   chamado príncipe [archon] do mundo. FRACASSAM [katargoumennoi <2673> =qui   destruuntur]: no grego temos um particípio de presente passivo do verbo katargeö que significa tornar inativo, inoperativo, desocupado.   Como em Rm 3, 3 em que a incredulidade de alguns tornará inoperante [katargesei] a fidelidade de Deus. O fracasso é devido a que eles   não entendem a política e economia divinas e trabalham contra os planos de Deus,   como foi outrora Paulo de quem Deus mesmo disse que estava querendo   recalcitrar [escoicear] contra o aguilhão (At 26, 14). 
            A SABEDORIA DE DEUS: Mas falamos a sabedoria de Deus em   mistério, o oculto que predestinou Deus antes dos tempos para   nossa glória (7). Sed loquimur   Dei sapientiam in mysterio quae abscondita est quam praedestinavit Deus ante   saecula in gloriam nostram. Paulo fala da sabedoria como um mistério, já   que como se fosse tal, os planos divinos correspondentes à salvação da   humanidade como intervenção de Deus na história humana, estiveram ocultos para   os chamados sábios dentre os homens. O OCULTO [apokekrymenos<613>=abscondita]   particípio passado de apokryptö com o significado de ocultar,   esconder, estar sob secreto. Paulo chama a esses planos divinos da sabedoria de   Deus como o mistério que permanece escondido e ignorado. Esse mistério, até   agora encoberto, é motivo da glória dos cristãos. GLÓRIA [doxa<1391>=glória] aqui não é fama, mas   glorificação do cristão, transformado, ou melhor, divinizado, que comparte   gloriosamente a vida de Deus. É a vida eterna de João, o quarto evangelista,   porque unicamente os deuses tinham direito a essa eternidade feliz. 
            DESCONHECIDA PELOS HOMENS: A qual ninguém dos soberanos desta época conheceu. Pois se conhecessem   não crucificariam o Senhor da glória (8). Quam nemo principum huius saeculi   cognovit si enim cognovissent numquam Dominum gloriae crucifixissent. Continua Paulo falando da sabedoria divina que, segundo ele, tinha duas   qualidades, as quais descreve neste trecho: era desconhecida pelos sábios do   mundo. Era contrária a essa sabedoria que podemos chamar mundana. A razão é   porque Deus quer manifestar o seu poder na fraqueza do homem (1 Cor 1, 25 e 27),   do mesmo modo que admite o pecado para mostrar sua misericórdia (Rm 5, 15-16). E   ele pode dizer que, diante de suas fraquezas, Deus responde: a minha graça   te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza (2 Cor 12, 9). E sendo   Deus máximo, ele sempre será o mais perfeito. Por isso escolhe a perfeição da   misericórdia e a perfeição da onipotência. Comparados com ele os líderes deste   mundo são extremamente imperfeitos. Assim, os SOBERANOS [archontoi<758>=principes] deste mundo   nada têm a dizer ou fazer comparável aos planos divinos. Nem os entendem, nem   poderiam imitá-los, caso os conhecessem. Como a cruz é  o máximo sinal do poder   e da sabedoria de Deus, daí que não conheceram o valor da mesma. Caso realmente   a cruz tivesse um valor humano, não seria uma loucura para os gregos nem uma   maldição para os judeus (1 Cor 1, 23). Cristo, pois, nos resgatou da maldição da   Lei, fazendo-se ele próprio maldição  em nosso lugar (Gl 3,13). E agradou a Deus   salvar os crentes pela loucura da pregação [loucura da cruz]  (1Cor 1, 21). Por   isso, Paulo disse de sua pregação que só entendia a Cristo e Cristo crucificado   (1 Cor 1, 23) 
            DEUS PREPARA MARAVILHAS PARA OS QUE O AMAM: Mas como   está escrito; as que olho não viu e ouvido não ouviu e sobre coração de homem   não subiu, as que preparou o   Deus para os que o amam (9). Sed sicut scriptum est quod oculus non   vidit nec auris audivit nec in cor hominis ascendit quae praeparavit Deus his   qui diligunt illum. A citação de Paulo é de Is 64, 4. Literalmente diz: Desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com olhos   se viu Deus além de ti, que trabalha para quem nele espera. A interpretação   paulina eleva o sentido da frase ao mundo eterno e glorioso divino, como   esperança de bens que nem remotamente poderíamos esperar. Deus os PREPAROU [ëtoimasen<2090]=praeparavit]. É uma   recompensa do Amor para o amor. Com esta frase Paulo nos diz que há um mérito   [misthós] que Deus considera como digno de pagamento: o amor que substitui todo   mandamento e toda lei, como diz Jesus: nestes dois mandamentos está toda a   Lei e os profetas (Mt 22, 40). 
            A REVELAÇÃO DO ESPÍRITO: A nós, pois, o Deus revelou por meio de seu Espírito.   Porque o Espírito perscruta   todas as coisa até as profundezas de Deus(10). Nobis autem   revelavit Deus per Spiritum suum Spiritus enim omnia scrutatur etiam profunda   Dei. A sabedoria divina e seu mistério foi uma revelação feita a Paulo, que   neste parágrafo usa o plural majestático, não por meio de homens, porque não   o aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo (Gl 1, 12).   Daí que escreva que esse mistério lhe foi revelado por meio de seu [de Deus]   Espírito. Na trilogia corpo, alma, espírito (1 Ts 5,23) o ESPÍRITO é a parte superior do homem que tudo ordena e dele   dependem todas as decisões; como tal também o Espírito divino chega a saber as   profundezas de Deus. Pois bem: foi esse Espírito que  revelou a Paulo o mistério   a cruz. Na teologia judaica é mencionado como RUAH HAKODESH [=   Espírito, o sagrado] ou Alento divino. Não como pessoa; mas como um atributo   divino, ao modo como a ciência de uma pessoa opera e atua como força efetiva,   sem se poder afastá-la do sujeito que a possui. No entanto como alento, podemos   dizer que inspira e enquanto força, que vivifica. Um aspecto de sua influência é   que dirige reis e ilumina os profetas. Aqueles para governar, estes para   inspirar as palavras de modo que corretamente possam comunicar a mensagem em   nome de Deus. No dogma trinitário o catolicismo e a maioria das igrejas cristãs,   usam terminologia filosófica grega para descrever a pessoa do Espírito,   distinguindo entre ousia [natureza] e hipóstasis [pessoa]. Embora ousia tenha o sentido de   essência ou ideia, como humanidade   [uma ideia] e hipóstasis o de indivíduo [uma realidade], ambos os   termos são reais na teologia trinitária, atribuindo à ideia e ao sujeito uma   existência real, na fórmula um só Deus   em três pessoas. Enquanto a ação do Filho foi pela salvação da humanidade   em geral, [a ousia], visto o pecado original, a ação do Espírito é pela   santificação de cada pessoa em particular [a hipóstasis]. Por isso, Cristo   presta sua pessoa divina à natureza humana se tornando cabeça da Igreja e o   Espírito presta sua natureza a cada pessoa humana, à qual diviniza através da   comunicação dos dons sobrenaturais. 
            EVANGELHO  (Mt  5, 17-37)  
              A LEI  E SEU CUMPRIMENTO (1a  parte) 
            Mateus era um legista, ou doutor da lei. No seu tempo estava quente a disputa   sobre se a lei antiga, entre os cristãos; especialmente se a da circuncisão   devia ser cumprida. As grandes disputas de Paulo a este respeito, enfrentando os   seus irmãos de raça, de modo a ser obrigado a circuncidar Timóteo, (At 16,3) nos   dizem que havia um ambiente difícil entre os primeiros cristãos, sobre como   interpretar a lei antiga. Máxime se consideramos que a maioria das igrejas era   constituída por antigos judeus, que tinham da lei um conceito altíssimo: No   mundo judaico a lei era santa e tinha um valor salvífico absoluto. A lei era o   compêndio de toda a sabedoria divina, revelada para se tornar caminho único de   salvação humana. A Deus só se podia chegar pela observância da lei, revelação   definitiva dum Deus que dirige por meio dela o seu povo. Com Paulo substituímos   a Lei por Cristo. 
            Para Jesus a lei tinha dois aspectos diferentes: o primeiro enquanto palavra de Deus que revela seus   planos sobre a escolha de sua pessoa como Messias-servo, cujos passos estavam   totalmente delimitados. Essa lei devia se cumprir com extrema exatidão até o   último detalhe. Um yod, a letra menor  ou um tilde, (chifrinho) eram importantes. Jesus cumpriria tudo em   sua vida, e por isso diz que nada será omitido e tudo será realizado. O outro era sobre a lei como conjunto de normas   ético-morais que deviam dirigir a conduta humana. Dividiremos, pois, este   evangelho em duas partes: Uma primeira que é a introdução de hoje sobre o valor   da lei  antiga, ou melhor, Lei e Profetas a respeito de Jesus (17 e 18) e  uma   segunda parte: a lei como norma universal para o gênero humano, ambas referidas   ao novo modo de ver a justiça, ou seja, a observância dessa lei que brotou   outrora como vontade de Deus. 
            VAMOS TRATAR DA PRIMEIRA PARTE: 
            NÃO SERÁ ABOLIDA: Não julgueis que vim anular a Lei ou os profetas. Não vim   anular, mas completar   (17). Nolite putare quoniam veni solvere legem aut   prophetas non veni solvere sed adimplere. Pois certamente vos digo: até que   passe o céu e a terra, um jota   ou um chifrinho nunca passará da   lei até que tudo se realize   (18). Amen quippe dico vobis donec transeat caelum et terra iota unum aut unus   apex non praeteribit a lege donec omnia fiant. A afirmação categórica de   Jesus é suficientemente rotunda: Não penseis que vim abolir a lei e os   profetas. Que significado devemos dar a estas palavras? Lei e   profetas era o título que se dava à Escritura antiga. Hoje diríamos   Escritura ou Palavra de Deus. De fato, Mateus parece ter um empenho especial em   demonstrar desde o início do evangelho que Jesus cumpre tudo o que foi   prefigurado pelos profetas. Jesus é filho de Abraão e filho de Davi. E em 1,22   dirá que tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor havia dito   pelo profeta. O profeta por excelência era Isaías. Seguem-se como tal   cumprimento o nascimento em Belém, a fuga ao Egito, a morte dos inocentes, e a   infância em Nazaré. O batismo de Jesus é parte dessa dependência da palavra   profética, como o início da pregação em terras de Zabulon e Neftali. Mais   notável é que as 4 novas Bemaventuranças que Mateus acrescenta às de Lucas   tenham  como base o AT: os mansos serão o salmo 37; os puros de coração o salmo   24; os pacíficos Gn 34, 21  e os misericordiosos perto de um Senhor que é   misericórdia, Dt 4,31 e salmo 103. Jesus, com sua vida dá pleno cumprimento a   essa  palavra de Deus, até tal ponto que o outro evangelista que escreve também   para os judeus, terminará a vida de Jesus com o grito de Tudo esta   consumado (Jo 19,30). Até depois de morto, a Escritura se cumpre ao não   quebrar osso algum e ao ser a figura em que todos devem olhar uma vez   traspassado (Jo 19, 36). Por isso Jesus termina esta primeira parte com as   palavras sem que tudo seja realizado. 
            O SEGUNDO ASPECTO  
            HONRADEZ DOS DISCÍPULOS: Aquele, pois que quebrantar um dos mandatos destes   mínimos e ensinar assim aos   homens, mínimo será chamado no Reino dos céus; mas aquele que fizer e ensinar,   esse grande será chamado no   Reino dos céus (19). Qui ergo solverit unum de mandatis istis minimis et   docuerit sic homines minimus vocabitur in regno caelorum qui autem fecerit et   docuerit hic magnus vocabitur in regno caelorum. Portanto vos digo: que se não   exceder vossa probidade mais do   que a dos  escribas e fariseus não entrareis no Reino dos céus (20). Dico   enim vobis quia nisi abundaverit iustitia vestra plus quam scribarum et   Pharisaeorum non intrabitis in regnum caelorum. Era este o da lei como   diretora da conduta humana, ou melhor, da ética judaica. Esse conjunto de normas   ético-morais constituía a diferença essencial entre judeus e gentios. Pois bem,   Jesus vem para aperfeiçoá-la. Implicitamente afirma que a lei é secundária e sua   interpretação farisaica é totalmente inadequada e incorreta Dos 613 mandamentos   divididos em pesados e leves, existem os que não impedem a entrada no reino como   mandamentos menores, ou leves como diziam os fariseus. Jesus aceita esta divisão   como vemos no versículo 19, que serve para  que a exegese católica distinga   entre pecados de morte ou mortais (ver 1 Jo 5,16) e pecados leves ou veniais (da   palavra venia que significa perdão em latim) Porém os mandamentos   pesados ou principais deviam ser interpretados de modo totalmente novo e   diferente. Porque se interpretados como o faziam os fariseus não comprometiam o   coração, o mais interior do homem, e o deixava afastado  do verdadeiro caminho   exigido pela santidade divina. E como todo bom legista, Mateus traz à conta os   casos mais importantes desta lei: Assassinato, adultério, divórcio e juramento,   o que veremos na segunda parte. 
            2ªPARTE 
            Em primeiro lugar, uma breve INTRODUÇÃO: estamos acostumados   a ver a lei, especialmente os dez mandamentos, como coisa normal em nossas vidas   de cristãos. Porém isso não era o caso dos primitivos cristãos,  especialmente   os provindos do paganismo. Mateus, como bom legista, escolhe os casos mais   cabeludos que não eram bem resolvidos pelo ambiente pagão, totalmente hostil, em   que eles viviam. Há uma base de solução que está latente em todos eles e que se   reflete nas palavras de Jesus, ouvistes que foi dito eu, porém vos   digo: a parte externa é só um fruto maduro do que internamente se   alimentou. E a esta intenção está dedicada à casuística do Mestre,  nas  quatro   circunstâncias do evangelho de hoje, interpretadas do modo mais rígido por   Jesus, e todas elas narradas no capítulo 20 do Êxodo, como lei. 
            HOMICÍDIO: Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás homicídio; porém   aquele que cometer homicídio estará sujeito a julgamento (21). Audistis quia   dictum est antiquis non occides qui autem occiderit reus erit iudicio. Porém eu   vos digo que todo aquele que se irar com seu irmão sem motivo, será réu de   julgamento; aquele, porém que disser a seu irmão raká, réu será do sinédrio;   aquele, porém que disser morós,  será réu para a Geena do fogo. Ego autem dico   vobis quia omnis qui irascitur fratri suo reus erit iudicio qui autem dixerit   fratri suo racha reus erit concilio qui autem dixerit fatue reus erit gehennae   ignis. Se, pois quando trouxeres a tua oferenda ao altar e lá lembrares que teu   irmão tem alguma coisa contra ti (23) deixa lá tua oferenda na frente do altar e   vai primeiramente reconciliar com teu irmão e então vindo oferece tua oferenda   (24). Si ergo offeres munus tuum ad altare et ibi recordatus fueris quia frater   tuus habet aliquid adversum te relinque ibi munus tuum ante altare et vade prius   reconciliare fratri tuo et tunc veniens offers munus tuum. O primeiro caso é o   HOMICÍDIO. Não cometerás homicídio (Êx 20,13). Aquele que matar terá de   responder no tribunal. Na realidade será morto. (Êx 21,12) Porque no conceito   judaico ser réu e ser condenado é a mesma coisa. Jesus ensina que a cólera   merece também ser julgada pelo tribunal de modo a ser o colérico condenado pelo   mesmo.  O primeiro tribunal, o local ou de primeira instância, condena o   colérico sem mais. E parece que iguala a cólera mais grave  ao homicídio com   dois degraus igualmente sérios: Chamar raká (=abominável) ao irmão (=próximo)   merece a condenação do supremo tribunal, o Sinédrio. Chamá-lo morós (=louco   segundo o grego e ímpio segundo o aramaico) merece a condenação do fogo eterno,   a Geena.  AMOR E CULTO: Sede bem intencionado com teu adversário cedo, enquanto   estás com ele no caminho, não seja que te entregue como adversário ao juiz e o juiz te entregue ao servidor e sejas lançado no cárcere   (25). Esto consentiens adversario tuo cito dum es in via cum eo ne forte tradat   te adversarius iudici et iudex tradat te ministro et in carcerem mittaris. Amém   te digo não sairás dali até que pagares o último quadrante (26). Amen dico tibi non   exies inde donec reddas novissimum quadrantem. E prossegue   dizendo que mais importante que o culto, considerado primário para um judeu, é a   relação fraterna com o próximo, e ante o dever da reconciliação tudo o demais é   secundário. E Jesus segue a regra comum de que é melhor uma reconciliação do que   um julgamento de um contencioso administrativo. Pois neste caso pode ser que o   juiz sentencie a favor do outro contendente e o xadrez seja tua morada até pagar o último centavo. 
            ADULTÉRIO: Ouviste que foi dito aos antigos: Não adulterarás (27). Audistis quia dictum   est antiquis non moechaberis. Porém eu vos digo que todo aquele que olha uma   mulher para desejá-la já   adulterou com ela em seu coração (28). Ego autem dico vobis quoniam omnis qui   viderit mulierem ad concupiscendum eam iam moechatus est eam in corde suo. O segundo caso é o ADULTÉRIO. Mais que um   pecado sexual era este considerado uma violação da justiça, já que a mulher era   propriedade do esposo e como tal usá-la por outro era um verdadeiro roubo. Jesus   afirma que o desejo já é um adultério. Isso entrava dentro do decálogo: Não   cobiçarás a mulher de teu próximo (Êx 20, 17). O ESCÂNDALO: Se, pois teu olho, o direito te escandalizar, arranca-o e lança-o de   ti: pois é conveniente que pereça um dos teus membros e não todo   o teu corpo ser lançado na geena   (29). Quod si oculus tuus dexter scandalizat te erue eum et proice abs te   expedit enim tibi ut pereat unum membrorum tuorum quam totum corpus tuum   mittatur in gehennam. E se tua mão direita te escandaliza, corta-a e lança-a de   ti: pois te convém que pereça um dos teus membros e não todo o teu corpo  ser   lançado na geena (30). Et si dextera manus tua scandalizat te abscide eam et   proice abs te expedit tibi ut pereat unum membrorum tuorum quam totum corpus   tuum eat in gehennam. E Jesus parte para os motivos que podem levar ao   pecado como escândalos no caminho da honestidade verdadeira e interior. Usa o   olho e a mão como casuística de uma moral mais estrita da que era usual no seu   tempo.  O olho direito era, como a mão direita, especialmente estimado pelos   judeus. Ambos tinham um papel muito mais relevante que seus pares canhotos. Por   isso a hipérbole do escândalo está ainda mais ressaltada com o que deve se   perder antes de o pecado atingir o íntimo do ser humano, ou o castigo supremo da   lei que era a morte. O escândalo principal era o proporcionado pelos escribas e   fariseus que não entravam no reino e impediam a entrada (Mt 23, 13). Era o   escândalo da fé. O escândalo moral parece que aqui está melhor contemplado.   Desta conclusão, podemos intuir a perda biológica de um membro por intervenção   cirúrgica diante da perda da vida mais fundamental, e inclusive a doação de   membros de um sujeito para outro. 
            O terceiro caso é o DIVÓRCIO. Pois foi dito que se   alguém se divorciar de sua   mulher dê-lhe libelo de   repúdio(31). Dictum est autem quicumque dimiserit uxorem suam det illi   libellum repudii. Eu, porém vos digo que se alguém se divorciar de sua mulher,   fora da palavra de porneia, faz que ela se adultere e quem se casar com ela,   adultera (32). Ego autem dico vobis quia omnis qui dimiserit uxorem suam excepta   fornicationis causa facit eam moechari et qui dimissam duxerit adulterat. Era fácil repudiar uma mulher no mundo judaico. Bastava um motivo tão   fútil  como ter deixado queimar a refeição, segundo uma das escolas vigentes,   para que por meio de uma carta, chamada de libelo (=pequeno livro), fosse   repudiada. Jesus transforma o divórcio em adultério: ou expondo ao mesmo a   mulher assim largada, ou tomando nova mulher o que equivalia a uma união   adúltera. Ambos os casos caiam sobre uma lei de morte a ser pronunciada pelo   tribunal. Talvez tenhamos aqui a solução dos pecados de morte de 1 João 5,16.   Existe uma cláusula um tanto desconcertante: o adultério não será tal se a   mulher e a união com ela for do tipo de fornicação, porneia em grego e zanuth em   aramaico. O matrimônio zanuth era uma união de concubinato. A maioria   das vezes era considerado inválido. Por isso a tradução da TEB é exceto   no caso de união ilícita. 
            NOTA: A cláusula de exceção somente é mencionada por Mateus.   A tradição coincide em que Mateus foi escrito especialmente para os judeus para   que acreditassem que Jesus era o Messias e foi inicialmente composto em   aramaico. A tradução ao grego de porneia seria originalmete zanuth ou zenuth   palavra que deriva de um matrimônio inválido como em Lv 18, 7-18 que eram   verdadeiros incestos ou entre parentes próximos. Um caso histórico é o de   Antipas e sua cunhada Herodíades. Um outro caso seria o de um matrimônio   polígamo, frequente entre os semitas ricos. Paulo aplica o Zanuth para   referir-se ao matrimônio [porneia] inválido de um homem com a viúva de   seu pai (1 Cor 5,1). 
            O quarto caso é o JURAMENTO. De novo ouvistes que foi   dito aos antigos: não jurarás em   vão, mas darás teus   juramentos ao Senhor(33). iterum audistis quia dictum est antiquis non peierabis   reddes autem Domino iuramenta tua. Eu, pois, vos digo: não jureis de jeito nenhum; nem pelo céu, porque é o   trono do Deus (34) nem pela terra, porque é estrado de seus pés, nem por Jerusalém   porque é cidade do grande rei (35). Ego autem dico vobis non iurare omnino neque   per caelum quia thronus Dei est neque per terram quia scabillum est pedum eius   neque per Hierosolymam quia civitas est magni Regis. Nem pela tua cabeça jurarás   porque não poderás fazer um cabelo branco ou preto(36). neque per caput tuum   iuraveris quia non potes unum capillum album facere aut nigrum. Seja, portanto   vossa palavra sim sim, não não: o que sobrepassa disto é do maligno(37). Sit autem sermo vester   est est non non quod autem his abundantius est a malo est. Jesus proíbe   qualquer forma de juramento, que cai sob a lei do Êxodo: Não pronunciarás o   nome do Senhor teu Deus em vão (Êx 20,7). Os judeus, que nem pronunciavam o   nome de Jahvé e nem o escreviam na Escritura,  usavam de esperteza para evitar a lei e o castigo, jurando pelo céu, pela terra ou por   Jerusalém, motivos unidos intimamente a Deus pois do contrário não serviriam   como verdadeiros juramentos, ou testemunhas da verdade em nome de Deus. Jurar   pela cabeça era um contra-senso já que não somos donos de nosso corpo e não nos   pertence. Por isso Jesus dá uma solução draconiana: O sim e o não, não dependem   do juramento, mas da veracidade de quem os pronuncia. O resto provém do maligno   ou do mal, que ambas traduções são possíveis no grego. 
            Conclusão geral: Se pela ética ou moralidade vamos julgar o   homem, vemos como teríamos muito que desejar e muito mais que reformar dentro do   padrão de justiça-santidade humanas do ponto de vista evangélico. No mundo   moderno, em que as riquezas são tão impiedosamente criticadas, o que é até bom,    a moral fraternal e a ética sexual têm muito a aprender destas palavras de   Cristo. Sem dúvida estamos aquém do permitido e ao contemplar um freio a ambas,   deveríamos louvar a Igreja ou o magistério que assim se comportam. Criticá-los é   entrar na justiça farisaica condenada como insuficiente por   Jesus. 
             
            EXCURSUS:  NORMAS DA INTERPRETAÇÃO EVANGÉLICA 
            - A interpretação deve ser fácil, tirada do que é o evangelho: boa  nova. 
            -  Os evangelhos são uma condescendência, um beneplácito, uma gratuidade, um amor  misericordioso de Deus para com os homens. Presença amorosa e gratuita de Deus  na vida humana.  
              -  Jesus é a face do Deus misericordioso que busca o pecador, que o acolhe e que  não se importa com a moralidade ou com a ética humana, mas quer mostrar sua  condescendência e beneplácito, como os anjos cantavam e os pastores ouviram no  dia de natal: é o Deus da eudokias,  dos homens a quem ele quer bem e quer salvar, porque os ama. 
            Interpretação  errada do evangelho: 
            - Um chamado à ética e à moral em que se pede ao homem mais que uma  predisposição, uma série de qualidades para poder ser amado por Deus. 
              - Só os bons se salvam. Como se Deus não pudesse salvar a quem quiser (Fará  destas pedras filhos de Abraão). 
            Consequências: 
            -  O evangelho é um apelo para que o homem descubra a face misericordiosa de Deus  [=Cristo] e se entregue de um modo confiante e total nos braços do Pai como  filho que é amado. 
              - O olhar com a lente da ética, transforma o homem num escravo ou  jornaleiro:aquele age pelo temor, este pelo prêmio. 
              - O olhar com a lente da misericórdia, transforma o homem num filho que atua  pelo amor. 
              - O pai ama o filho independentemente deste se mostrar bom ou mau. Só porque ele  é seu filho e deve amá-lo e cuidar dele. 
              -  Só através desta ótica ou lente é que encontraremos nos evangelhos a mensagem do  Pai  e com ela a alegria da boa nova e a esperança de um feliz encontro  definitivo. Porque sabemos que estamos na mira de um Pai que nos ama de modo  infinito por cima de qualquer fragilidade humana. 
             
            
                  
                    
                    
                     
             
            
              09.02.2014 
                5º DOMINGO DO TEMPO COMUM — ANO A 
                ( VERDE, GLÓRIA, CREIO – II SEMANA DO SALTÉRIO ) 
                __ "Brilhe sobre nós a vossa luz!" __ 
              
             
            NOTA ESPECIAL: VEJA NO FINAL DA LITURGIA OS COMENTÁRIOS DO EVANGELHO COM SUGESTÕES PARA A HOMILIA DESTE DOMINGO. VEJA TAMBÉM NAS PÁGINAS "HOMILIAS E SERMÕES" E "ROTEIRO HOMILÉTICO" OUTRAS SUGESTÕES DE HOMILIAS E COMENTÁRIO EXEGÉTICO COM ESTUDOS COMPLETOS DA LITURGIA DESTE DOMINGO. 
            Ambientação: 
            Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs! 
            INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: É um imperativo de Jesus para nós, seus discípulos e discípulas: que brilhe nossa luz! Jesus não quer que formemos um grupo clandestino, fechado em si mesmo e preocupado apenas com questões internas. Lança-nos, antes, à publicidade, à sociedade, ao mundo. Jesus sabe que a luz brilha dentro de nós e que essa luz não pode ficar oculta. É necessária para o mundo. Sabe, igualmente, que existe em nós um potencial imenso que pode impedir a corrupção do mundo: o sal! E quer que nos diluamos na sociedade para dar sabor e impedir a corrupção. Mas muito além de qualquer forma de humildade e modéstia, Jesus quer que sejamos luz no caminho de nossos irmãos e irmãs. Foi-nos concedida a luz da fé para iluminar, para acompanhar, para dar sentido ao mundo. Fomos feitos sal da terra para dar sabor ao alimento, para dar sabor à vida humana. 
            INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: A liturgia de hoje apresenta nossa verdadeira vocação: ser luz e sal no mundo. Isso corresponde ao que os profetas do Antigo Testamento qualificavam de urgência fundamental: praticar a justiça e viver o amor. Somente assim nossa presença, como seguidores de Jesus, iluminará os caminhos escuros dominados pelo egoísmo e dará novamente sabor à vida na terra. 
            INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: O trecho evangélico está no contexto das bem-aventuranças. Os que são proclamados bem-aventurados, não o são só para sí mesmos, mas também perante o mundo; para a realidade terrestre são Luz e Sal. "Vós sois a luz do mundo": Jesus disse estas palavras em primeiro lugar para os que crêem, os discípulos que são os pobres, os mansos, os que têm fome e sede de justiça... São luz não porque pertencem à Igreja, ou porque tenham uma doutrina de salvação a comunicar, nem porque são homens de oração e fiéis ao culto; mas em primeiro lugar porque são pobres, mansos, puros de coração... 
            Sentindo em nossos corações a alegria do Amor ao Próximo entoemos alegres cânticos ao Senhor! 
             
            
               (coloque o cursor sobre os textos em azul abaixo para ler o trecho da Bíblia) 
             
             
            PRIMEIRA LEITURA (Is 58, 7-10):   - "Assim diz o Senhor: reparte o pão com o faminto, acolhe em casa os pobres e peregrinos." 
            SALMO RESPONSORIAL (112/111):    - "Uma luz brilha nas trevas para o justo, permanece para sempre o bem que fez." 
            SEGUNDA LEITURA (1Cor 2, 1-5):    - "A minha palavra e a minha pregação eram uma demonstração do poder do Espírito." 
            EVANGELHO (Mt 5, 13-16):   - "Vós sois o sal da terra." 
             
            
             
            Homilia do Diácono José da Cruz – 5º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO A 
            OPÇÃO 1 
            "A força do agir em comunidade" 
            Visitei certa ocasião  uma área verde junto com agentes da Pastoral da Saúde e lá nos encontramos com  um pequeno grupo de vicentinos que entregavam alimentos a algumas famílias  assistidas. Conversei com uma das lideranças do aglomerado de casebres e fiquei  sabendo que além dos Vicentinos e Pastoral da Saúde, havia também o trabalho  importante da Pastoral da criança e do Clube de Mães que também atuava naquela  pobre comunidade. 
            “___Olha, nós temos  muitos problemas e a Comunidade de vocês, com esses grupos que estão sempre por  aqui, amenizam e muito o sofrimento desse nosso povo” - afirmou a liderança no  final da nossa conversa.  
            O Líder não mencionou o  nome do Padre ou do Ministro, nem o nome dos Coordenadores de cada um desses  grupos, mas falou que a “Comunidade” dava uma ajuda muito importante as pessoas  daquela área verde. Uma Comunidade que celebra a Vida Nova que é Jesus Cristo,  e a leva á todas as pessoas, preferencialmente as mais simples e pobres, as  marginalizadas pelo sistema, torna-se esse Sal e essa Luz para a Humanidade, de  que fala o evangelho. 
            Essas Pastorais não vão  até a área verde, para fazer proselitismo e convencer os moradores a  frequentarem as Celebrações, mesmo porque, algumas assistidas são evangélicos,  outras nem têm religião, entretanto, a Comunidade torna-se uma referência pelo  trabalho gratuito que faz, ajudando as pessoas, como reconhece o Líder do  Vilarejo. 
            O testemunho dos  agentes de Pastoral está precisamente no serviço prestado aquela comunidade  carente. Inegavelmente nossas pastorais são uma riqueza que veio na esteira do  Concílio Vaticano II e que leva o Agir da Igreja além das fronteiras da  Comunidade. Portanto, a Comunidade não pode esconder-se, permanecendo fechada  em si mesmo resumindo o agir cristão à Inter-Eclesia (dentro da igreja) muitos  pensam assim, infelizmente. 
            Ema sociedade com  tantos pontos sombrios, nós cristãos somos enviados para fazer brilhar a Luz de  Cristo, com nossas atitudes e opiniões coerentes com o Santo Evangelho.  Está mais que na hora de “sairmos da toca”  para revelar Jesus Cristo á toda humanidade. 
            Que o nosso Sal não  seja insosso e a nossa Luz não esteja queimada, por desleixo, omissão ou  comodismo de nossa parte. Um dia seremos  cobrados pelo próprio Senhor... 
            José da Cruz é Diácono da  
              Paróquia Nossa
              Senhora Consolata – Votorantim – SP 
              E-mail  jotacruz3051@gmail.com 
             
            OPÇÃO 2 
            "SAL DA TERRA E LUZ DO MUNDO" 
            Em  uma sociedade marcada pela busca de poder, fama, prestígio e sucesso, a  expressão de Jesus neste evangelho, corre o risco de ser mal compreendida  “Vocês são a Luz do mundo”, isso por causa  dessa busca desenfreada de um “glamour” que  contamina até nossas comunidades onde Leigos ou mesmo o próprio Clero, todos  querem ‘brilhar” naquilo que fazem, serem referência e ostentarem um carisma  que inegavelmente os coloca em destaque perante os demais, prevalecendo nos  corações envaidecidos uma única determinação “ninguém poderá brilhar mais que  eu, na paróquia”. Uma grande parte das discussões e conflitos nas reuniões  pastorais, são por conta desse problema, que a gente vai camuflando e não quer admitir,  haja visto a melindrosidade que ocorre em certas situações “não deixaram eu  fazer tal coisa, não vou mais”  ou  “tiraram a minha função sem mais sem menos” ou uma que é ainda pior “Só a “panelinha”  do padre é que tem vez na paróquia.... Tudo isso porque, muitos querem brilhar,  se impor, ter prestígio, ser consultado nas grandes decisões. Fazem com a  melhor das boas intenções, porém se algo ameaçar apagar á sua “luz”, logo se  manifestam. 
            Essa  conduta nada tem a ver com o evangelho mas ao contrário, são influencias  perniciosas á Vida de Fé, que vem de fora da comunidade. 
            Ser  Sal da terra e Luz do Mundo se refere ao testemunho cristão, não aquele dado na  igreja, por ocasião de um retiro, mas aquele do dia a dia, onde em qualquer  ambiente o SER CRISTÃO deve fazer a diferença, sua presença discreta, como uma pitada  de sal, mas que contagia a todos. 
            Provoquei  minha equipe de teólogos da comunidade, que me ajudam nas reflexões, a  apresentarem exemplos de pessoas com esse perfil, pois se é verdade que nas comunidades  cristãs há pessoas vaidosas, querendo brilhar e ser sempre “paparicadas”, há  também alguns cristãos, dos quais a gente sente orgulho de chamar de irmãos,  que na comunidade pouco aparecem pois são muito discretos, estão na assembléia,  atentos a Palavra, sequiosos pelo alimento que lhes dá coragem de perseverar.  Minha equipe trabalhou bem e trouxe-me alguns casos que ilustram esse evangelho. 
            A  catequista Vera contou da Filha da Tiana, 17 anos de idade, auxiliar na  catequese e participante do grupo de jovens, o namorado “forçou a barra” prá  cima dessa jovem, e ela, com muita classe o ‘despachou”, e diante do argumento  dele, de que todas as meninas “ficam” porque é uma coisa normal, a jovem disse  que a sua referência não era o costume ou a moda, mas sim o evangelho de Jesus  Cristo. Na patota teve gente que achou caretice, e até se afastaram dela,  mas algumas meninas admiraram a atitude  corajosa dessa jovem, e começaram a ter mais amizade com ela a partir desse  dia. 
            Ainda  na comunidade, falaram do Miro Motoqueiro, que entrega pizzas á noite, fatura  menos que os outros porque respeita os sinais de Trânsito, não trafega na  contra mão, e não esconde a placa da moto ao passar em alta velocidade no  radar, mas obedece a velocidade estabelecida. Os outros ganham mais, são mais  ligeiros e velozes porque burlam a lei, e certamente nesse mercado são mais  competitivos,  “Eu acho que o Miro é sal  da terra, porque é diferente dos outros” – concluiu Vera, a catequista. 
            E  por fim citaram a Dona Maria, uma nortista que tem até fama de “enfezada” que  mora na área verde, freqüenta comunidade, o marido vive bêbado e ela o trata  com carinho e respeito, se desdobra para sustentar os três filhos e dia desses  chamou a atenção de um traficante que estava “passando a conversa” no seu “caçula”  de 12 anos, para ele ser “mula” no tráfico. 
            As  vizinhas até chamaram a atenção da Dona Maria, que aquilo era perigoso, comprar  briga com o traficante, e que ele até estava ajudando o moleque oferecendo-lhe  trabalho, mas Dona Maria bateu o pé, e falou que se o traficante rodear sua  casa vai chamar a polícia e botar ele prá correr, e que não tem medo de  ameaças, porque tendo sua Fé em Jesus Cristo, combate a favor do Bem que é mais  forte que o Mal, e mais ainda, que com ela não tem esse negócio de “lei do  Silêncio”, porque a comunidade da área verde, não pode submeter-se ao Tráfico. 
            A  gente logo imagina, quando meditamos esse evangelho, que ser Sal da Terra, Luz  do Mundo e uma Cidade edificada no alto do monte, seja ser piedoso, assíduo freqüentador  da igreja, cumpridor de todos os deveres com Deus e a igreja. Claro que essas  coisas implicam também, mas Jesus está falando das atitudes dos seus discípulos  no meio da sociedade, e esses três exemplos que os meus colaboradores falaram,  está de muito bom tamanho, Cristão com “C” maiúsculo, é aquele ou aquela que  “Faz a diferença”, com uma atitude e um comportamento que chama a atenção das  pessoas. 
            Essas  pessoas não são ricas, influentes ou importantes na comunidade, aliás, nenhuma  delas tem algum cargo de coordenador, mas com atitudes assim se tornam colunas  de sustentação da comunidade, pois, fortalecidas com a Palavra e a Eucaristia,  testemunham com coragem e ousadia o santo evangelho, e não cedem ou se  intimidam, com as forças do mal, presente na sociedade. 
            Tem  muita gente assumindo ares de Cristão, escondida na igreja, nas pastorais e  movimentos, mas no ambiente de trabalho, na escola, na política, nos esportes,  no namoro, enfim, fora da igreja e do seu grupo, preferem ficar no anonimato,  sem compromisso com a ética ou com a moral, são os cristãos de fim de semana,  que depois do ‘ide em Paz e que o Senhor os acompanhe”, caem no “Vale Tudo”,  acendendo uma vela para Deus e outra para o Diabo. 
            Ser  Sal da Terra e Luz do mundo é ter atitude que contraria os usos e costumes da  pós modernidade, nada se ganha com isso, ao contrário, perde-se, veja os  exemplos citados, o Miro Motoqueiro deixa de faturar mais, por respeitar a  legislação do trânsito, a Dona Maria corre um grande risco ao desafiar o  traficante que manda na área verde, a filha da Tiana perdeu o namorado e  algumas amigas. 
            E a minha equipe de teólogos da comunidade concluiu de  maneira brilhante a reflexão: os Cristãos do tipo “Maria vai com as outras,  ou  Vaquinha de Presépio, não são e nunca  serão, Sal da Terra e Luz do Mundo... Acho que têm toda razão, e digo mais, são  também o Sal insosso, que perdeu o seu sabor, são também uma lâmpada queimada,  e uma cidade no fundo do vale, que ninguém vê e nem toma conhecimento. 
            José da Cruz é Diácono da  
              Paróquia Nossa
              Senhora Consolata – Votorantim – SP 
              E-mail  jotacruz3051@gmail.com 
 
            Homilia do Padre Françoá Rodrigues Costa – 5º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO A 
            “Hipotético apagão”
            Pode acontecer que venha a faltar luz em casa. Caso seja durante o dia, não   há problema, a não ser que estejamos vendo algo na televisão. Graças a Deus, e à   técnica, os celulares funcionam com baterias que podem durar de três a quatro   dias. Ainda que seja verdade que quando se trata de um iPhone, e caso essa   máquina seja muito utilizada, logicamente a bateria durará muito menos. Ao   contrário, durante a noite, quando a luz falta, incomoda bastante. De repente,   tudo fica escuro, não podemos ver os outros nem a nós mesmos; é preciso, então,   ter cuidado para não pisar as crianças, nem o rabo dos cachorros, tampouco dar   um passo em falso na escada. Nesse momento, se agradece encontrar aquele   pedacinho de vela que outrora fora deixado de lado: se trata duma pequena luz,   mas é luz. Depois de uma hora ou duas, três horas ou mais, a luz costuma voltar.   E parece que tudo volta ao normal. Com se pode observar, não é tão evidente que   nós vejamos “com os olhos”, parece mais evidente que vemos com a luz. 
            Que tem luz vê; que não a tem, ainda que tenha olhos, não vê nada! “Vós sois   a luz do mundo” (Mt 5,14). Nós, os cristãos, somos verdadeiramente a luz que   ilumina os nossos ambientes! Por nossa causa é que o mundo pode enxergar. Mas   por quê? Porque nós fomos iluminados por aquele que é a luz, Jesus. “Enquanto   estou no mundo, sou a luz do mundo” (Jo 9,5). Enquanto estou no mundo… ?! Mas, e   depois da sua Ascensão? Nós somos a luz do mundo, Jesus continua iluminando   através de nós. 
            Conta-se que Jesus, no dia da sua Ascensão aos céus, se encontrou com S.   Gabriel Arcanjo que vinha, caminho contrário, cumprir alguma missão aqui na   terra. Gabriel, ao ver o Senhor subindo aos céus e que a terra ficaria sem ele,   olhou também para o planeta e observou um cenário curioso: a terra estava   coberta por uma nuvem negra e o contraste negro-azul não resultava muito   agradável a não ser por uns poucos, pouquíssimos, pontos de luz. Chamou a   atenção do arcanjo o ambiente desolador, mas chamou-lhe mais imperiosamente a   atenção a existência desses poucos pontos de luz. O arcanjo perguntou então ao   Senhor: “e aqueles pontos de luz? O que são?” Jesus respondeu: “são a minha mãe   e os meus outros discípulos. Eles vão iluminar toda a terra”. Gabriel,   conhecendo a debilidade humana, depois de pensar um pouco, disse: “Senhor,   excetuando a tua mãe, e se eles falharem?”. Ao que Jesus respondeu: “Eu não   tenho outros planos”. Dito isso, Jesus continuou ascendendo rumo ao Pai. 
            No começo da humanidade, quando esta falhou em Adão, Deus tinha um “plano B”.   O “plano A” era que Adão e Eva fossem fiéis e vivessem para sempre em amizade   com Deus. Quando eles pecaram, Deus colocou em ação o plano B: a salvação por   meio do seu Filho. A extensão dessa salvação, no entanto, conta com a nossa   colaboração. Nós somos a luz do mundo! Existe o “plano C”? A revelação de Deus   que chegou até nós através da Sagrada Escritura e da Tradição da Igreja não nos   fala de um suposto “plano C”. O que nos foi revelado – e é de notar-se que não   acontecerá outra revelação pública e que tudo nos foi dito em Cristo – é que   Deus veio à terra e nos salvou e que ele conta conosco para estender essa   salvação a cada homem, a cada mulher. 
            Nós, filhas e filhos de Deus, temos um papel insubstituível. Se nós   falharmos, o mundo se perde! Grande responsabilidade! Grande motivo de ação de   graças! Grande oportunidade para aproveitarmos os tempos e evangelizarmos,   convidando todos à amizade com Deus! Ele conta conosco. Nós somos a luz e, sem   nós o mundo estaria na escuridão mais terrível, no apagão geral mais tenebroso   que poderia acontecer. 
            Quando a Igreja alça a sua voz dando critério nas coisas humanas, inclusive   na vida político-econômica, ela sempre o faz tentando iluminar essas realidades   terrestres com a luz de Cristo. Se ela, que é luz, e se os cristãos, que são   luz, não falarem e não atuarem, o mundo ir-se-ia afundando nas trevas mais   profundas. Nós precisamos aproveitar todas as ocasiões para anunciar a Cristo,   para iluminar com a luz de Cristo, para queimar com o fogo de Cristo que ilumina   e aquece e do qual nós somos os portadores. A política, a economia, o mundo   esportivo, os lazeres, as fábricas, os comércios, e todo lugar onde um cristão   pode estar honradamente, são lugares onde se deve alçar a Cruz do Senhor, que é   luz, paz, alegria, responsabilidade e liberdade, vida nova. 
            Não podemos permitir que o mundo pereça nas trevas. Sem nós, que somos luz do   mundo, tal coisa aconteceria. Logicamente, o panorama é vasto, as dificuldades   são patentes e as forças são limitadas. No entanto, a nossa limitação não é um   problema para ser luz, e sim a possibilidade de sê-la. São Josemaría Escrivá   expressava essa realidade da seguinte maneira: “Lança para longe de ti essa   desesperança que te produz o conhecimento da tua miséria. – É verdade: por teu   prestígio econômico, és um zero…, por teu prestígio social, outro zero, e outros   por tuas virtudes, e outro por teu talento… Mas, à esquerda dessas negações está   Cristo… E que cifra incomensurável resulta!” (Caminho, 473). Com a luz de Cristo   é que os cristãos iluminarão cidades inteiras, partidos políticos, grupos de   empresários, universidades e centros educativos, comércios e estádios de   futebol. Onde está um cristão, aí está a luz de Cristo! Mas o cristão tem que   ser coerente, tem que dar a vida se for preciso. A luz que eu dou ao meu   ambiente é forte como esses refletores para filmar ou fraco como aquela velinha   que utilizamos quando falta luz? E, no entanto, não importa tanto a intensidade,   o mais importante é continuar iluminando e pedir ao Senhor que ele intensifique   a sua luz em nós. 
            Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa 
             
            Comentário Exegético – 5º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO A 
             (Pe. Ignácio, dos padres escolápios) 
            ... Não foi publicado nesta semana o Comentário Exegético no site Presbíteros. Sugerimos visitar o site http://www.presbíteros.com.br e ver as excelentes matérias desta semana... 
            Desejo a todos uma Santa e Abençoada semana! 
            Dermeval Neves 
              Webmaster - NPDBRASIL 
             
            EXCURSUS:  NORMAS DA INTERPRETAÇÃO EVANGÉLICA 
            - A interpretação deve ser fácil, tirada do que é o evangelho: boa  nova. 
            -  Os evangelhos são uma condescendência, um beneplácito, uma gratuidade, um amor  misericordioso de Deus para com os homens. Presença amorosa e gratuita de Deus  na vida humana.  
              -  Jesus é a face do Deus misericordioso que busca o pecador, que o acolhe e que  não se importa com a moralidade ou com a ética humana, mas quer mostrar sua  condescendência e beneplácito, como os anjos cantavam e os pastores ouviram no  dia de natal: é o Deus da eudokias,  dos homens a quem ele quer bem e quer salvar, porque os ama. 
            Interpretação  errada do evangelho: 
            - Um chamado à ética e à moral em que se pede ao homem mais que uma  predisposição, uma série de qualidades para poder ser amado por Deus. 
              - Só os bons se salvam. Como se Deus não pudesse salvar a quem quiser (Fará  destas pedras filhos de Abraão). 
            Consequências: 
            -  O evangelho é um apelo para que o homem descubra a face misericordiosa de Deus  [=Cristo] e se entregue de um modo confiante e total nos braços do Pai como  filho que é amado. 
              - O olhar com a lente da ética, transforma o homem num escravo ou  jornaleiro:aquele age pelo temor, este pelo prêmio. 
              - O olhar com a lente da misericórdia, transforma o homem num filho que atua  pelo amor. 
              - O pai ama o filho independentemente deste se mostrar bom ou mau. Só porque ele  é seu filho e deve amá-lo e cuidar dele. 
              -  Só através desta ótica ou lente é que encontraremos nos evangelhos a mensagem do  Pai  e com ela a alegria da boa nova e a esperança de um feliz encontro  definitivo. Porque sabemos que estamos na mira de um Pai que nos ama de modo  infinito por cima de qualquer fragilidade humana. 
             
            
                  
                    
                    
                     
             
              
              CAMPANHA DA VELA VIRTUAL DO SANTUÁRIO DE APARECIDA 
               
              CLIQUE AQUI, acenda uma vela virtual, faça seu pedido e agradecimento a Nossa Senhora Aparecida pela sagrada intercessão em nossas vidas! 
             
             
            
             
            
              QUE DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!  
             
            Oh! meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, 
              levai as almas todas para o céu e socorrei principalmente 
              as que mais precisarem! 
            Graças e louvores se dê a todo momento: 
              ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento! 
              
            
              
                
                    Mensagem: 
                      "O Senhor é meu pastor, nada me faltará!" 
"O bem mais precioso que temos é o dia de hoje! Este é o dia que nos fez o Senhor Deus!  Regozijemo-nos e alegremo-nos nele!". 
                    ( Salmos ) 
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