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Ambientação: Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs! INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: “Perdoai as nossas dívidas, como nós perdoamos aos nossos devedores”. Assim reza o texto latino do Pai nosso, usado antes do Concílio Vaticano II, no Brasil. Neste domingo, compreenderemos o significado deste pedido. Um pedido que obriga o orante a sentir-se devedor do amor e do perdão a Deus e ao próximo, pelas faltas e pecados cometidos contra um ou contra o outro, sempre que estiver em oração. Nesta celebração, seremos convidados a entrar no Mistério da Salvação pela porta do perdão, o expoente maior do amor, tanto do ponto de vista da convivência comunitária como para o equilíbrio e estabilidade pessoal. INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, aqui nos reunimos para celebrar o Dia do Senhor. Foi no primeiro dia da semana que o Senhor apareceu ressuscitado aos seus discípulos e hoje Ele se manifesta a nós e revela seu amor misericordioso. Experimentaremos um forte apelo do Senhor para perdoarmo- nos mutuamente, dando testemunho de que é Ele, em primeiro lugar, que nos perdoa e pede que também assim nós façamos. Abramos nosso coração a essa manifestação do Senhor que vem ao nosso encontro, enquanto colocamos em suas mãos nossos anseios de verdadeira paz. INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: O judaísmo já conhecia o dever do perdão das ofensas, mas se tratava de uma conquista recente, que só se conseguia impor mediante a lista de tarifas precisas. A mesquinhez humana procura sempre uma medida, uma norma que lhe dá satisfação. Perdoar, sim, mas quantas vezes? Os rabinos, para acentuar a liberalidade de Deus, diziam que ele perdoa três vezes; as escolas rabínicas exigiam que seus discípulos perdoassem certo número de vezes à mulher, aos filhos, aos irmãos, etc., e esta lista variava de escola para escola. Pedro pergunta a Jesus qual a sua taxa. Jesus havia ensinado a amar os próprios inimigos, e orar pelos que nos perseguem a fim de sermos filhos do Pai que está nos céus, que faz surgir o sol para os maus e os bons e faz chover sobre os justos e injustos. No pai-nosso, havia ensinado a pedir: "perdoai nossas dívidas como nós perdoamos nossos devedores". Pedro, que, pelo contato com Jesus, compreendeu que as medidas até agora tidas como válidas, não servem mais, tenta uma resposta: "até sete vezes?". É mais que o dobro de três, e além disso é um número simbólico que significa plenitude. Jesus formula sua resposta retomando o número simbólico, mas multiplicando-o de tal maneira que signifique uma plenitude ilimitada. É preciso perdoar sempre! Sentindo em nossos corações a alegria do Amor ao Próximo, cantemos cânticos jubilosos ao Senhor! PRIMEIRA LEITURA (Eclo 27,33-28,9): - "Pensa nos mandamentos, e não guardes rancor ao teu próximo." SALMO RESPONSORIAL 102(103): - "O Senhor é bondoso, compassivo e carinhoso." SEGUNDA LEITURA (Rm 14,7-9): - "Cristo morreu e ressuscitou exatamente para isto, para ser o Senhor dos mortos e dos vivos." EVANGELHO (Mt 18,21-35): - "Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim?" Homilia do Diácono José da Cruz – 24º Domingo do Tempo Comum – Ano A "Dois Amores em um só..." Para muitas pessoas o amor de Deus é algo manifestado em Jesus quando ele realizou a obra da Salvação, parece assim um amor meio platônico, e se formos falar bem a verdade, a gente não sabe definir essa ação amorosa de Deus em nossa vida e as vezes esse amor só se manifesta em momentos de aperto e de sofrimento, parece ser apenas uma força interior que nos consola. Será que um amor assim dá para confiar? O evangelho desse domingo nos apresenta a questão do perdão, que brota do amor, e como a gente acaba departamentalizando o amor humano e o amor de Deus, assim também fazemos com o ato de perdoar. O amor de Deus por nós está mais perto do que imaginamos, é um amor concreto, do dia a dia, um amor que cuida, um amor que busca, um amor que quer sempre ficar junto, um amor que consola, que nos enche de alegria. Embora insistamos em separar o amor de Deus do amor do irmão, os dois vem em uma mesma esteira e são inseparáveis. Qual a diferença entre a água da chuva que cai sobre nós, e a água encanada que usamos em nossas casas nos momentos de necessidade? Nenhuma! Trata-se da mesma água que passa pelo ciclo da vida e que volta em forma de chuva. Assim também, o amor humano é uma forma de encanarmos o amor de Deus, e aí, os seus efeitos dependem do tamanho da torneira de cada um, isso é, do tamanho do coração. O Amor é um só e tem um nome: Deus, segundo João, Deus é Amor. Assim como a água encanada, a sua abundância depende de uma série de fatores, do tamanho do cano, do reservatório onde é armazenada, da abertura e da pressão do registro. Daí encontramos uma torneira que parece um jato d’água de tanta intensidade, tem torneira que a água já é meio escassa, tem torneira que a água é só um filetinho, outras estão secas e só fazem barulho. A torneira de Pedro, comparando com o perdão, era bem econômica, sete vezes... e já estava de bom tamanho, mas Jesus escancara a torneira, sete vezes sete, isso é, perdoar sempre. A torneira que o Rei abriu, para perdoar o Servo Devedor, era generosa e jorrava com abundância, perdoou toda a dívida, mas a torneira que ele abriu ao homem que também lhe devia uma pequena quantia, era desse "tamaninho" e nem água saia. Não tinha amor para dar... havia experimentado o Amor no perdão recebido, porém o seu egoísmo o acabou sufocando. A conclusão do evangelho é muito clara, ninguém pode dar algo que ainda não experimentou e nem recebeu, a nossa experiência de amor com as pessoas, depende da experiência de amor que fizemos com Deus, se ainda não descobrimos o seu amor grandioso manifestado em Jesus, se ainda não nos demos conta de que ele nos ama com um amor sem medidas, gratuito e incondicional, o nosso amor para com as pessoas será sempre assim, uma caricatura do verdadeiro amor, um amorzinho frágil, pequeno, um amor que exclui e que não sabe nunca perdoar. Quem faz a experiência do amor de Deus, manifestado em Jesus e percebido na relação com as pessoas que nos amam, não tem a tentação de colocar um limite ao amor, como era a intenção de Pedro. Começando pela comunidade, prestemos atenção no nosso jeito de amar, que deve passar para as pessoas o sentimento de que Deus as ama, antes porém, é necessário se perguntar se já descobrimos esse amor grandioso em nós... José da Cruz é Diácono da Homilia do Padre Françoá Rodrigues Costa – 24º Domingo do Tempo Comum – Ano A “Matemática do perdão”Não precisa ser muito bom em matemática para descobrir que setenta vezes sete é igual a “sempre!” Como? Claro que sim, se 70×7=490, então 70×7=sempre. Está bem: concedamos que esta lógica matemática não seja exatamente perfeita, mas também concedamos que na lógica de Cristo a conta esteja bem feita. É preciso perdoar sempre porque agrada a Deus, porque os primeiros beneficiados somos nós mesmos e porque, finalmente, é um grande bem fraterno-social. Perdoar agrada muito a Deus porque nos faz semelhantes a ele. Deus perdoa sempre! Não importa quantas vezes peçamos perdão e nem importa se são os pecados de sempre, se estamos arrependidos o Senhor nos perdoará. É o que experimentamos no sacramento do perdão e da alegria, na confissão. Santo Agostinho, pensando no pecado de Judas, escreveu: “se ele tivesse orado em nome de Cristo teria pedido perdão, se tivesse pedido perdão teria esperança, se tivesse esperança teria esperado na misericórdia e não teria se enforcado desesperadamente”. Não temos motivo para desesperar-nos. O pensamento de São Máximo de Turim é irrefutável: “se o ladrão obteve a graça do paraíso, por que o cristão não há de obter o perdão?”. Sendo assim, confiemos sempre na misericórdia do Senhor, façamos um propósito de mudança de vida, confessemos os nossos pecados e… Confiança, alegria, paz… Comecemos novamente! Perdoando os nossos semelhantes, quantas vezes for preciso, estaremos imitando o próprio Deus e essa semelhança nas ações atrairá maiores graças para as nossas futuras decisões. Nós somos os primeiros a aproveitar-nos da graça de perdoar. O perdão atrai o olhar misericordioso de Deus rumo a nós e nos faz serenos no dia-a-dia. Uma pessoa que sabe que não tem inimigo vive em paz. Como saber que eu não tenho inimigo? É simples, é só não considerar ninguém como inimigo. Talvez os outros possam até considerar-nos seus inimigos desde algum ponto de vista. O problema é deles! Nós, da nossa parte, não consideraremos a ninguém como nosso inimigo. A bondade do coração cristão é o melhor remédio para curar os males do coração alheio. Mais cedo ou mais tarde, os outros pensarão: “Por que mexer com uma pessoa que só quer o meu bem? Por que irritar uma pessoa que se mostra sempre amável comigo? Por que chatear a alguém que só quer que eu seja feliz? Por que tentar ser inimigo de alguém que não fica meu inimigo?” Canta-se belamente essa oração, porém há maior formosura no realizá-la: “Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor; onde houver ofensa, que eu leve o perdão; onde houver discórdia, que eu leve a união”. O perdão constrói as relações de amizade e todas as relações sociais. Quanto há compreensão e perdão entre amigos, essa amizade perdurará apesar dos pesares. Os nossos amigos são pessoas como nós, com virtudes e defeitos; se nós, porém, não compreendermos que eles nem sempre se comportarão virtuosamente é sinal de que ainda não somos bons amigos. Até Deus permite que nós erremos, deixa que pequemos, isto é, Deus respeita até o mau uso da nossa liberdade e… continua nos amando, nos perdoando. Nós não podemos sufocar as pessoas sendo intransigentes e insuportáveis; ao contrário, devemos compreender quem está no erro sem minimizar as exigências da doutrina e da moral cristã. Sempre assisto prazerosamente aquele belíssimo filme de Fred Zinnemann, baseado no livro de Robert Bolt, sobre S. Tomás Moro, “Um homem que não vendeu a sua alma”. Uma das primeiras cenas é aquela conversa entre um cardeal pouco escrupuloso que ironiza a confiança de Tomás Moro na oração da seguinte maneira: “então, você gostaria de governar um país com orações?”. Tomás lhe responde decididamente: “sim, gostaria”. Poderíamos parafrasear essa ideia: construir as relações sociais sob o perdão? E respondamos com toda paz: sim, é possível. Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa Publicação Especial - Doutrina / Dogmática / Liturgia A Santa Missa: atualização do sacrifício, comemoração da Ressurreição Por Joathas Bello Em alguns ambientes católicos, tem-se afirmado com certa constância que a Missa é renovação da paixão e da ressurreição de Cristo, como se ambas realidades se fizessem presentes na Eucaristia do mesmo modo, uma vez que “o Mistério Pascal engloba tanto uma como a outra”. Isso último é verdade, mas do que se trata é de compreender a verdadeira natureza da Missa, e não do mistério pascal da paixão, morte e ressurreição do Senhor. De fato, Cristo ressuscitado Se faz presente em todas as missas posteriores à Páscoa – ou seja, em todas as missas com exceção da primeira, na Última Ceia –, e isso por um motivo bastante óbvio: Ele ressuscitou e é dessa forma – ressuscitado – que age através do sacerdote celebrante. Quando Cristo (o sacerdote) pronuncia as palavras “Isto é o meu corpo…”, é o Cristo Glorioso quem as pronuncia, porque são palavras pronunciadas no presente. O fato da ressurreição, todavia, se torna presente à recordação, e não sacramentalmente; a inserção de um pedaço do pão consagrado no cálice é símbolo da ressurreição, não sua renovação mística, que é desnecessária, pois Cristo Se encontra ressuscitado. A Ressurreição já se prolonga nos tempos por esse fato somente – o de que o Senhor encontra-Se vivo e já não pode mais morrer –, ao contrário do sacrifício do Calvário, o qual, se não fosse renovado misticamente na Missa, seria um fato passado, presente somente à nossa memória e na medida em que suas graças nos são aplicadas através dos demais sacramentos. A ressurreição, então, está presente indiretamente em todas as Missas posteriores à Última Ceia, porque o Senhor Glorioso é quem toma o pão e o vinho e os consagra e oferece ao Pai – plenamente correto é dizer que o Ressuscitado encontra-se presente em toda Missa –, mas formalmente a Missa é renovação ou atualização tão somente do sacrifício, recordando-nos os fatos históricos tanto da paixão quanto da ressurreição de Cristo – sendo que a substância da primeira se faz presente, e a outra só se faz presente na recordação e naquele modo oblíquo que é a presença do Ressuscitado. Talvez os que sustentam a identidade do tipo de presença do sacrifício e da ressurreição se baseiem na seguinte passagem da carta encíclica Ecclesia de Eucharistia (especialmente a passagem grifada por mim): 14. A Páscoa de Cristo inclui, juntamente com a paixão e morte, a sua ressurreição. Assim o lembra a aclamação da assembleia depois da consagração: « Proclamamos a vossa ressurreição ». Com efeito, o sacrifício eucarístico torna presente não só o mistério da paixão e morte do Salvador, mas também o mistério da ressurreição, que dá ao sacrifício a sua coroação. Por estar vivo e ressuscitado é que Cristo pode tornar-Se « pão da vida » (Jo 6, 35.48), « pão vivo » (Jo 6, 51), na Eucaristia. S. Ambrósio lembrava aos neófitos esta verdade, aplicando às suas vidas o acontecimento da ressurreição: « Se hoje Cristo é teu, Ele ressuscita para ti cada dia ».(20) Por sua vez, S. Cirilo de Alexandria sublinhava que a participação nos santos mistérios « é uma verdadeira confissão e recordação de que o Senhor morreu e voltou à vida por nós e em nosso favor ».(21) Se a frase destacada em negrito estivesse isolada, poderia dar margem a essa compreensão – da identidade do tipo de presença –, mas a frase seguinte do Papa trata de explicar, nos mesmos termos que fizemos agora, em que sentido a ressurreição se faz presente: é Cristo vivo que pode tornar-Se “pão da vida”, e assim oferecer-Se ao Pai. A primeira presença, do sacrifício, é a presença mística do sacrifício do Calvário; a segunda, da ressurreição, equivale mais propriamente à presença real, pela transubstanciação, do Ressuscitado. A Eucaristia, enquanto sacramento, nos traz a presença real do Ressuscitado; e enquanto sacrifício – inseparável da “confecção” do sacramento – nos traz a presença mística do Seu sacrifício na Cruz. O mesmo Papa havia dito um pouco antes: “Esta [a Eucaristia ] tem indelevelmente inscrito nela o evento da paixão e morte do Senhor. Não é só a sua evocação, mas presença sacramental. É o sacrifício da cruz que se perpetua através dos séculos” (n. 11). Talvez a frase seguinte pudesse corroborar a tese de uma renovação mística da Ressurreição (de si, sem sentido, como já falamos): “Quando a Igreja celebra a Eucaristia, memorial da morte e ressurreição do seu Senhor, este acontecimento central de salvação torna-se realmente presente e « realiza-se também a obra da nossa redenção»”. A frase que segue imediatamente, explica qual é o “acontecimento central” que se torna presente: Este sacrifício é tão decisivo para a salvação do género humano que Jesus Cristo realizou-o e só voltou ao Pai depois de nos ter deixado o meio para dele participarmos como se tivéssemos estado presentes. Assim cada fiel pode tomar parte nela [Eucaristia], alimentando-se dos seus frutos inexauríveis. No número seguinte, o Papa volta a ressaltar que é o sacrifício o que se faz presente: Ao instituí-lo [o sacramento eucarístico], não Se limitou a dizer « isto é o meu corpo », « isto é o meu sangue », mas acrescenta: « entregue por vós (…) derramado por vós » (Lc 22, 19-20). Não se limitou a afirmar que o que lhes dava a comer e a beber era o seu corpo e o seu sangue, mas exprimiu também o seu valor sacrificial, tornando sacramentalmente presente o seu sacrifício, que algumas horas depois realizaria na cruz pela salvação de todos (n.12, negrito meu). Para dirimir de vez qualquer dúvida, volta a repetir João Paulo II: A Igreja vive continuamente do sacrifício redentor, e tem acesso a ele não só através duma lembrança cheia de fé, mas também com um contacto actual, porque este sacrifício volta a estar presente, perpetuando-se, sacramentalmente, em cada comunidade que o oferece pela mão do ministro consagrado. Deste modo, a Eucaristia aplica aos homens de hoje a reconciliação obtida de uma vez para sempre por Cristo para humanidade de todos os tempos. Com efeito, « o sacrifício de Cristo e o sacrifício da Eucaristia são um único sacrifício » (negrito meu). Vê-se, então, como a Eucaristia é atualização sacramental tão somente do sacrifício da Cruz, e como a ressurreição se faz presente de modo indireto, seja porque é “coroação” desse sacrifício, que permite ao Senhor estar presente sobre o altar para oferecer-Se ao Pai, seja porque o fato histórico (da Ressurreição) é comemorado em cada Missa – como, ademais, o é, de forma mais especial e solene, na Páscoa e durante todo o Tempo Pascal. Seria interessante, para a reflexão presente, buscar esclarecer o conceito de “memorial”… Classicamente, se falava de “representação” e “memória” do sacrifício (cf. Doutrina sobre o Santíssimo Sacrifício da Missa do Concílio de Trento). A primeira noção se refere ao “tornar-se presente”, ao “atualizar-se”, ao “renovar-se” ou “perpetuar-se” (da substância) do sacrifício do Calvário; e a segunda, à rememoração do evento histórico – o que é feito de modo especial na Sexta-Feira da Paixão, e constitui a especificidade mesma desse Ofício Solene. A teologia litúrgica contemporânea trouxe à tona o conceito de “memorial”, que significaria, na mentalidade judaica, “uma recordação que torna efetivamente presente aquilo que recorda” (cf. Catecismo da Igreja Católica, nn. 1363-1364). Nesse sentido, a Missa seria “memória” (do evento) da Paixão, no sentido clássico, e “memorial” (da substância) do Sacrifício, no sentido contemporâneo. O termo “memorial” entrou no Magistério contemporâneo, significando ora recordação, ora atualização, e é preciso discernir cuidadosamente, em cada contexto, qual é a conotação exata. Assim, por exemplo, nos diz Pio XII, na Mediator Dei: “Assim o memorial da sua morte real sobre o Calvário repete-se sempre no sacrifício do altar, porque, por meio de símbolos distintos, se significa e demonstra que Jesus Cristo se encontra em estado de vítima” (n. 63, negrito meu). O que “se pode repetir” é “atualização” ou “representação” da morte real (cruenta), e não o mesmo evento da morte do Senhor – como explicava anteriormente Pio XII –, daí, “memorial” aqui é sinônimo de “renovação”, “reprodução” do sacrifício do Gólgota. No mesmo sentido, escreve João Paulo II na já mencionada Ecclesia de Eucharistia, fazendo referência (na nota “17”), aliás, ao número citado da Mediator Dei: A Missa torna presente o sacrifício da cruz; não é mais um, nem o multiplica.(16) O que se repete é a celebração memorial, a « exposição memorial » (memorialis demonstratio),(17) de modo que o único e definitivo sacrifício redentor de Cristo se actualiza incessantemente no tempo. Portanto, a natureza sacrificial do mistério eucarístico não pode ser entendida como algo isolado, independente da cruz ou com uma referência apenas indirecta ao sacrifício do Calvário (n. 12). Entretanto, o mesmo João Paulo II havia escrito, em passagem já citada aqui: “Quando a Igreja celebra a Eucaristia, memorial da morte e ressurreição do seu Senhor…” (n.11, negrito meu). Já vimos como, em relação à ressurreição, “memorial” só pode designar “memória”; já em relação à morte, pode designar tanto a atualização quanto a recordação. A palavra “memorial” não tem, portanto, um significado único, e é preciso lê-la sempre tendo em conta o todo da doutrina da Igreja – que não pode se contradizer –, de modo a determinar com exatidão a noção que o termo está comunicando. Veja-se, por exemplo, a única vez que a Sacrossanctum Concilium menciona o “memorial”: 47. O nosso Salvador instituiu na última Ceia, na noite em que foi entregue, o Sacrifício eucarístico do seu Corpo e do seu Sangue para perpetuar pelo decorrer dos séculos, até Ele voltar, o Sacrifício da cruz, confiando à Igreja, sua esposa amada, o memorial da sua morte e ressurreição: sacramento de piedade, sinal de unidade, vínculo de caridade, banquete pascal em que se recebe Cristo, a alma se enche de graça e nos é concedido o penhor da glória futura (negrito meu). Como já havia dito, do “Sacrifício eucarístico” – alguns tradicionalistas querem ver nessa expressão uma mitigação do caráter propiciatório do sacrifício da Missa, quando o contexto mostra que se está falando simplesmente de “Sacrifício da Eucaristia”, como sinônimo de “Sacrifício da Missa” (não existe o adjetivo “míssico”, para falar “sacrifício míssico”!) –, que o mesmo perpetua o Sacrifício da Cruz, não fica margem para compreender que a “morte” e a “ressurreição”, das quais dito Sacrifício eucarístico é “memorial” – veja-se que o Sacrifício tomado como um todo, a “representação” ou “perpetuação” do sacrifício da Cruz, é que é “memorial” enquanto “memória” (dos eventos) da morte e ressurreição – estão presentes na Missa com o mesmo caráter. Em passagem do Catecismo, citada por João Paulo II, diz-se: “A Missa é, ao mesmo tempo e inseparavelmente, o memorial sacrificial em que se perpetua o sacrifício da cruz e o banquete sagrado da comunhão do corpo e sangue do Senhor” (n. 1382, negrito meu). Aqui, pode-se ver claramente que “memorial” – ademais, acompanhado pelo qualificativo “sacrificial” – significa “representação” (do sacrifício). É esse sentido – de “memorial sacrificial” – que permite ao Catecismo dizer, em outra passagem, que “por ser memorial da Páscoa de Cristo, a Eucaristia é também um sacrifício” (n. 1365) – aqui há de se interpretar “Páscoa” no sentido mais restrito de “passagem”, “morte”, se não a conclusão (“a Eucaristia é um sacrifício”) não tem sentido. A Eucaristia é sacrifício porque é atualização ou representação do sacrifício do Calvário (“Páscoa de Cristo”); a expressão termina sendo tautológica – o conceito de “memorial” parece servir ao diálogo ecumênico, uma vez que os protestantes não têm dificuldades para aceitar a Missa como “memória” (recordação) da Paixão, e o aprofundamento na noção bíblica de “memorial” poderia ajudá-los a compreender a atualização da Paixão no sentido católico, pois tal noção conduz à noção clássica de “representação” (como “reapresentação”). Desde a perspectiva clássica, se pode dizer que ao “já” ser atualização desse sacrifício, a Eucaristia é “memória” dos eventos históricos através dos quais o mesmo se deu. Já a seguinte passagem, de João Paulo II, diz, por exemplo: No « memorial » do Calvário, está presente tudo o que Cristo realizou na sua paixão e morte. Por isso, não pode faltar o que Cristo fez para com sua Mãe em nosso favor. De facto, entrega-Lhe o discípulo predilecto e, nele, entrega cada um de nós: « Eis aí o teu filho ». E de igual modo diz a cada um de nós também: « Eis aí a tua mãe » (cf. Jo 19, 26-27). Viver o memorial da morte de Cristo na Eucaristia implica também receber continuamente este dom. Significa levar connosco – a exemplo de João – Aquela que sempre de novo nos é dada como Mãe. Significa ao mesmo tempo assumir o compromisso de nos conformarmos com Cristo, entrando na escola da Mãe e aceitando a sua companhia. (Ecclesia de Eucharistia, n. 57). “Tudo” o que Cristo realizou foi a redenção dos homens. Claro que a mesma não é uma realidade monolítica, e possui vários aspectos, entre os quais, o dom da maternidade espiritual de Maria aos cristãos. Entretanto, para evitar uma leitura alegórica da Santa Missa – muito comum na Idade Média, mas dogmaticamente equivocada –, é preciso ver a atualização do sacrifício no seu sentido bem estrito da entrega da vida do Senhor Jesus ao Pai – que é o significado pela consagração separada das espécies eucarísticas e concomitante oferta das mesmas pelo sacerdote ministerial (no Rito Romano Tradicional e nos Ritos orientais essa oferta fica evidenciada pelo Rito do “Ofertório”, o qual foi atenuado no Novo Rito Romano) – e compreender que aqui o Papa está falando do “memorial” como “memória” dos demais eventos que se congregam ao redor do fato essencial do sacrifício; essa memória – no exemplo específico, da presença de Maria no Calvário, e do significado espiritual dessa presença – é um meio pedagógico para participar mais plenamente do sacrifício, e para crescer na Fé – de um ponto de vista exclusivamente teórico, dogmático, eu não preciso “imaginar” o Calvário no altar, mas “conhecer” que aquilo que aconteceu no Calvário é o que acontece misticamente sobre o altar; entretanto, a “memória” da morte cruenta e demais eventos históricos ajuda à natureza humana, espiritual e corpórea ao mesmo tempo, a compenetrar-se mais no mistério celebrado. Podemos concluir, retomando o ponto de partida dessa reflexão, que a Paixão e a Ressurreição se fazem presentes na Missa, mas a títulos diversos. A Paixão é atualizada, é tornada realmente presente, substancialmente presente. Já a Ressurreição o é de modo meramente memorial – no sentido clássico, e não contemporâneo –, proclamando que ela, um dia, ocorreu – e que a partir de então, se perpetua no ser mesmo do Ressuscitado, sem necessidade de atualização sacramental. Por isso, na resposta dos fiéis ao Mysterium fidei, usa-se duas expressões diferentes: “Anunciamos, Senhor, a vossa morte, e proclamamos a vossa ressurreição”. A morte é anunciada porque misticamente ela é renovada, é atualizada, é tornada real e substancialmente presente. A ressurreição não é anunciada, mas proclamada porque se deu no tempo – e segue perpetuada no corpo mesmo de Cristo. Se a Paixão e a Ressurreição fossem recordadas de igual modo na Missa, não seria preciso duas expressões distintas. Bastaria anunciar a morte e a ressurreição. Mas há um anúncio e uma proclamação (são, geralmente, sinônimos, mas o uso para duas situações na mesma frase indica que há uma distinção). Para citar este artigo: EXCURSUS: NORMAS DA INTERPRETAÇÃO EVANGÉLICA - A interpretação deve ser fácil, tirada do que é o evangelho: boa nova. - Os evangelhos são uma condescendência, um beneplácito, uma gratuidade, um amor misericordioso de Deus para com os homens. Presença amorosa e gratuita de Deus na vida humana. Interpretação errada do evangelho: - Um chamado à ética e à moral em que se pede ao homem mais que uma predisposição, uma série de qualidades para poder ser amado por Deus. Consequências: - O evangelho é um apelo para que o homem descubra a face misericordiosa de Deus [=Cristo] e se entregue de um modo confiante e total nos braços do Pai como filho que é amado.
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