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Ambientação: Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs! INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Nossa vida em sociedade, em vários ambientes que frequentamos, é regida por leis. Porém, devemos distinguir o que é lei de Deus e o que são normas humanas. Toda lei que não leva o ser humano a uma relação melhor com Deus e com seu próximo, não corresponde aos planos divinos, portanto, não tem razão de existir. Jesus condena o mero cumprimento de normas ou tradições que muitas vezes escravizam as pessoas. A lei de Deus quer nos indicar o caminho a seguir. Que nossa vida seja um constante processo de conversão, no sentido de nos comprometermos sempre mais com a vontade do Pai. Rezemos, hoje, pelos nossos catequistas, para que sejam iluminados por Cristo, inspirados em seu evangelho e vivam no ardor missionário e na radicalidade do amor de Cristo. INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Hoje é Dia Nacional do Catequista. Por isso somos convidados a rezar por aquelas pessoas que se dedicam a esse ministério tão relevante na formação cristã. Nossa comunidade agradece a Deus pelo esforço dos nossos catequistas e pede que a recompensa divina nunca lhes venha a faltar. INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Mais uma vez Jesus nos reúne para nos alimentar com sua palavra e com a Eucaristia, estreitando assim os laços que nos unem a ele e aos irmãos. Contudo, faz-se necessário ter bem claro o que é o ensinamento da Palavra de Deus e o que é fruto da tradição humana. O discípulo do Reino, no pensamento de Jesus, deve fazer o caminho inverso ao dos fariseus. Por isso, sua preocupação maior consiste em não se deixar contaminar pelas malícias que brotam do coração. As leituras de hoje nos falam dos mandamentos de Deus. São sábios e quem os observa terá a vida. Diz Moisés na primeira leitura: "Se vocês obedecerem, viverão, entrarão e tomarão posse da terra que o Senhor lhes dará". Mas a observância, nos diz Jesus no evangelho, não é exterior, tem que vir do coração. Para isso é necessária, antes de tudo, a conversão. Uma sociedade sem esta obediência terá conflitos, lutas, violência, roubos, assassinatos, adultérios e insegurança. Isto será fonte de morte e não de vida. As leis do Senhor são justas. Recordemo-nos sempre: nosso Deus está próximo de nós e atento aos nossos pedidos. Sentindo em nossos corações a alegria do Amor ao Próximo e meditemos profundamente a liturgia de hoje! (coloque o cursor sobre os textos em azul abaixo para ler o trecho da Bíblia) PRIMEIRA LEITURA (Deuteronômio 4,1-2.6-8): - "E agora, ó Israel, ouve as leis e os preceitos que hoje vou ensinar-vos. Ponde-os em prática para que vivais e entreis na posse da terra que o Senhor, Deus de vossos pais, vos dá." SALMO RESPONSORIAL 14(15): - "Senhor, quem morará em vossa casa e no vosso monte santo habitará?" SEGUNDA LEITURA (Tiago 1,17-18.21-22.27): - "Toda dádiva boa e todo dom perfeito vêm de cima: descem do Pai das luzes, no qual não há mudança, nem mesmo aparência de instabilidade." EVANGELHO (Marcos 7,1-8.14-15.21-23): - "Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim." Homilia do Diácono José da Cruz – 22º Domingo do Tempo Comum – ANO B "A FONTE DO BEM E DO MAL" Na relação com Deus, o moralismo exacerbado é algo abominável, nascido no rigorismo de normas e preceitos, sendo um fardo insuportável que as pessoas vão arrastando vida afora, achando que isso as faz merecedoras da Salvação que Deus oferece. Os inventores dessas mil “regrinhas” para se conseguir a salvação, se deleitam em ensinar as pessoas a andarem, naquilo que eles têm a coragem de chamar de “caminhos do Senhor”. A Santa Igreja tem o seu Código de Direito Canônico, que tem como objetivo ajudar o cristão membro da Igreja, a viver santamente desfrutando ao máximo da graça e santidade que Jesus oferece, entretanto, não é a pura observância dos cânones, que irá levar alguém a fazer a experiência de Deus em sua vida. O problema está em que, com tantas regras e normas, muitas vezes inventadas por lideranças religiosas, pastorais, movimentos e associações, abafa-se na vida do cristão aquilo que é essencial, uma relação com Deus a partir do seu íntimo, isso é, a partir do coração, centro de decisão e da Vida. A pregação de que devemos fugir das coisas do mundo e só buscar as coisas de Deus, é perigosamente alienadora, pois agindo nessa linha, tudo aquilo que é humano, e que não faz parte da esfera do sagrado, torna-se profano e portanto, motivo de condenação ao pecador. Conheci um deficiente visual, que tocava sanfona no Mercado Municipal, para ganhar uns trocados, e o seu repertório, bastante variado, agradava a todas as idades. No final do dia embolsava as doações e ia embora, todo feliz. Sempre alegre e extrovertido, era alguém feliz e que sabia fazer feliz as pessoas que o rodeavam para ouvir suas músicas ou suas histórias engraçadas. Um dia alguém o levou a uma igreja cristã e depois de algumas participações começou o processo de sua conversão, e daí uma vez convertido, e tendo conhecido Jesus, foi orientado para que não mais tocasse aquelas músicas do mundo, que eram pecaminosas diante de Deus, e assim, o “Ceguinho da Sanfona” como era mais conhecido, mergulhou numa grande tristeza que acabou em depressão, nunca mais o vi. Os Fariseus eram pessoas muito piedosas e fiéis ao judaísmo, mas entre eles havia os “fanáticos” que observavam rigorosamente todas as leis e normas, e adoravam impor o cumprimento da mesma aos demais. Os discípulos de Jesus andavam muito felizes por tê-lo encontrado, e a alegria era tanta que nem se importavam com certas regras, entre elas a de lavar as mãos antes de tomar refeições, e não o faziam por despeito ou por provocação aos Fariseus, é que realmente o encontro com Jesus de Nazaré despertara neles algo novo e inaudito, que nenhuma religião tinha ainda oferecido, era algo que vinha de dentro, do mais íntimo do seu ser, mas os Judeus do Farisaísmo cobraram de Jesus a observância da lei “Por que os seus discípulos não lavam as mãos antes de comer, como faz um judeu piedoso?”. A novidade maravilhosa que Jesus oferecia, não era mais importante do que o cumprimento da lei. Como é triste quando na comunidade as pessoas são cobradas por alguns, que se julgam justos e Santos, cobra-se conversão, exige-se coerência de vida, retidão de caráter, testemunho de vida, conduta moral irrepreensível, principalmente desprezar e fugir de tudo o que não é sagrado. Ocorre que as pessoas que não tem esse perfil, ou não são perseverantes acabam deixando a comunidade, uma vez que se sentem constrangidas por ficarem ouvindo “pelas costas” a respeito de sua vida “torta”. Jesus dá um basta a toda essa hipocrisia e coloca uma relação nova com o Pai, não mais a partir da conduta e aparência exterior, mas sim do coração, fonte do bem e do mal, sendo que o que dele provém é que determina as nossas ações, podendo contaminar com o mal, ou contagiar com o Bem. A partir dessa verdade, ninguém mais poderá ser julgado, uma vez que só Deus tem acesso ao coração humano, onde o seu amor de Pai, manifestado em Jesus, transborda o coração dos que nele creem, fazendo-o irradiar esse amor por onde andam, pautando todas as suas decisões e atitudes, a ponto de São Paulo dizer, “que o amor é a plenitude da lei.” E que adianta saber lavar corretamente jarras e copos, ou tomar banho cada vez que se chega da praça, como os fariseus? Não frequentar certos ambientes ou casas, evitar a companhia de certas pessoas, não ler certas revistas, não assistir certos filmes, mas ter o coração cheio de mágoa, rancor, amargura? E mais ainda, destilar o veneno da intriga, da desconfiança, provocar ou sentir inveja, ciúmes? Toda e qualquer preocupação com ações exteriores, só será edificante se o coração estiver convertido, caso contrário, ressoará em nossos ouvidos a severa advertência do Senhor, com relação ao Farisaísmo desde século “Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim”. José da Cruz é Diácono da Homilia do Padre Françoá Rodrigues Costa – 22º Domingo do Tempo Comum — ANO B “Valorizando o interior do homem” “É do interior dos homens que procedem os maus pensamentos: devassidões, roubos assassinatos, adultérios, cobiças, perversidades, fraudes, desonestidade, inveja, difamação, orgulho e insensatez” (Mc 7,21-22). Como é importante, portanto, purificar o coração. Caso não cuidemos o nosso coração, ele poderia endurecer e Jesus nos diria, com razão, que nós pensamos diferente dele “devido à dureza do vosso coração” (Mc 10,5). A tradição cristã sempre gostou de resumir a atitude que devemos ter para com o Espírito Santo numa só palavra: docilidade! Um coração dócil sempre recebe com alegria a mensagem de Jesus e de sua Igreja, produzindo frutos abundantes. Já no Antigo Testamento, o Espírito Santo havia dito por boca do salmista: “Não endureçais o vosso coração” (Sal 94,8). Poderia acontecer também que tivéssemos – em lugar de um coração endurecido – um coração mole. Quanto se diz que uma pessoa é toda coração ou que ela é “boazinha” demais, no fundo o que se quer dizer é que essa pessoa tem um caráter débil ou, com outras palavras, é uma pessoa sem caráter. O cristão foge destes dois extremos: coração endurecido, coração molenga. Há pessoas que se dizem a favor do divórcio porque “já é normal, ninguém liga mais para isso”, outras dizem que são a favor das relações pré-matrimoniais porque “já é normal, todo mundo faz”; outras ainda são a favor do aborto porque “já é normal, estamos num mundo moderno”, outras se dizem a favor da legalização dos “casamentos” de pessoas do mesmo sexo porque “já é normal, os países modernos já não põem barreiras” etc. Estes são alguns exemplos ou da falta de conhecimento ou do endurecimento do coração. Jesus continua a recordar-nos que “no começo não foi assim” (Mt 19,8), isto é, no plano originário de Deus não foi assim, não é assim e não pode ser assim! Frequentemente, antes desse estado de endurecimento do coração encontra-se uma disposição que provém da falta de ideias claras e de critérios retos. Daí a importância da formação do coração. A Igreja Católica quer formar; ela não quer impor nada a ninguém, o que ela faz é propor a verdade… Aceita quem quer! Contudo, está em jogo a própria felicidade terrena e eterna. Você decide! O coração humano tem que formar-se no Coração de Cristo. Nós, cristãos, precisamos mostrar aos nossos contemporâneos o Homem perfeito e Deus perfeito, Jesus Cristo. Não mostraremos uma caricatura de “deus”: o cristianismo sempre apresentou o “Cristo crucificado (…), força de Deus e sabedoria de Deus” (1 Cor 1,23-24). Um coração dócil – sinônimo de pessoa dócil – é aquele que se encontra aberto à verdade, ao bem, à beleza. Encontra-se aberto, portanto, a Deus: verdade, bondade e beleza eterna. Essa abertura verdadeira a Deus nos pedirá uma mudança, uma conversão constante. No caso do cristão, é necessário que o seu coração esteja crucificado com Cristo para com ele ressuscitar. Para viver na verdade de Deus é importante que adaptemos nossa vida à sua verdade, posto que o contrário não acontece: Deus não pode mudar a sua verdade, que é ele mesmo, por causa da nossa mentira. Deus não se engana nem nos engana! Peçamos a Nossa Senhora, Virgem fiel, que nos faça sinceros, dóceis, alegres e cheios de paz. Desta maneira passaremos por esse mundo mostrando as rosas maravilhosas que tem o cristianismo, ainda que sintamos os espinhos das mesmas penetrando a nossa carne. Cristianismo sem cruz é ilusão, não existe! Vinde Espírito Santo e fazei que apreciemos retamente todas as coisas! O Evangelho: nem moderno demais, nem velho demais; simplesmente perene! Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa Comentário Exegético – 22º Domingo do Tempo Comum — ANO B EPÍSTOLA (Tg 1, 17-18.21b,22-27) INTRODUÇÃO: Chamados como primícias da palavra, não devemos unicamente contentar-nos em ouvi-la. Ela deve ser a razão da nossa conduta, para não sermos mera especulação como homens que se olham no espelho, e imediatamente esquecem qual foi sua figura. Pois a religião verdadeira é aquela que cuida dos necessitados e se vê livre das atrações e tentações do mundo. DEUS AUTOR DE TODO BEM: Toda dádiva boa e todo dom perfeito é do alto descendendo do Pai das luzes para o qual não há mudança nem sombra de variação (17). Omne datum optimum et omne donum perfectum desursum est descendens a Patre luminum apud quem non est transmutatio nec vicissitudinis obumbratio. DÁDIVA [dosis<1394>=datum] como em Fp 4, 15: Nenhuma igreja comunicou comigo com respeito a dar e a receber, senão vós somente. DOM [dörema<1434>=donum]: em ambos os casos o adjetivo indica bondade- agathë [boa] e teleion [perfeito]- que unicamente tem como causa eficiente o Pai. Por isso, fala de que a sua procedência é do alto, onde se entendia estava a divindade. Do PAI DAS LUZES [tou Patros<3962> tön fötön<5457>=a patre luminum] Deus é luz, pois esta é a mensagem que dele ouvimos, e vos anunciamos: que Deus é luz, e não há nele trevas nenhumas (1 Jo 1,5). Deus é o autor das luzes, das corporais como o sol, a lua, as estrelas já que no Gênesis criou a luz (Gn 1, 3), mas também das constelações do dia e da noite (idem 14) e das estrelas (idem 16) de modo que a ausência divina são as trevas, não unicamente materiais, mas também do espírito; luz que os homens rejeitaram porque amaram mais as trevas (Jo 3, 19). Sempre que aparece, é visto rodeado de luz como na nuvem do Tabor (Mt 17, 5), ou as vestes de seus anjos ou mensageiros (Lc 24, 4). Sendo plena luz, Tiago pode afirmar que nEle, Deus, não há variação ou sombra de intensidade. Os astros, o sol e especialmente a lua estavam sujeitos às variações de luz. Eram criaturas com os defeitos da imperfeição e caducidade que acompanham as mesmas. CRIAÇÃO DO HOMEM: Voluntariamente nos criou com palavra de verdade para sermos princípio de qualquer das suas criaturas (18). Voluntarie genuit nos verbo veritatis ut simus initium aliquod creaturae eius. VOLUNTARIAMENTE [boulëtheis<1014>=voluntarie]: em Lc 22, 42 encontramos o mesmo verbo com o significado de querer: ninguém conhece o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar. De modo que podemos traduzir: unicamente pelo seu bem querer nos criou, COM PALAVRA DE VERDADE: seguramente aqui Tiago recorda o Gênesis em que a criação toda começou a existir pela palavra: e disse Deus. Palavra que o apóstolo chama de Verdade porque corresponde à vontade de Deus que sempre tem como finalidade uma determinada ação e não um desejo inacabado. PRINCÍPIO [aparchë <536>=initium]: o latim pode confundir, pois initium refere-se principalmente ao tempo e aqui está considerando a criação do primeiro homem e esse aparchë, cujo significado era o de ser os primeiros frutos a serem consagrados e oferecidos em ação de graças; mas também primeiro como principal. Assim, Cristo ressuscitou dentre os mortos, e foi feito as primícias dos que dormem (1 Cor 15, 20). Unindo ambas interpretações, podemos pensar que o homem é dentre as criaturas a principal e que deve ser como essência e remate da criação consagrada ao seu Criador. A NOVA PALAVRA: Recebei a implantada palavra poderosa para salvar vossas vidas (21). Suscipite insitum verbum quod potest salvare animas vestras. Na leitura epistolar são suprimidos dois versículos e meio, que vamos incluir aqui como parêntesis (sabeis estas coisas meus amados irmãos. Todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar [19]. Porque a ira do homem não produz a justiça de Deus [20]. Portanto, despojando-vos de toda impureza e acúmulo de maldade [21ª]). É uma explicação do versículo anterior em que a palavra ficava um tanto indecisa. Como palavra de Verdade não pode ser a palavra humana que geralmente é palavra de ira, mas palavra divina IMPLANTADA [emfoton<1721>=insitum] que é um apax e que significa implantar, ou seja, como semeada divinamente por usar a passiva. Palavra que é PODEROSA [dynamenon<1410>=quod potest] para a salvação. Evidentemente essa palavra é a de Jesus, LOGOS [=palavra] do Pai, Filho Unigênito em cujo sacrifício estava a redenção [apolypolitrosis] e cuja carne e sangue eram a comida e bebida da vida. Nisso estava a salvação. PRÁTICA DA PALAVRA: Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não só auditores que se iludem a si mesmos(22). Estote autem factores verbi et non auditores tantum fallentes vosmet ipsos. Mas parece que, aqui, é a palavra como saída da boca de Jesus, como anúncio do Reino a que interessa ao nosso autor. PRATICANTES [poiëtai<4163>=factores]: poiëtës é aquele que atua, que opera ou faz. A frase relembra a paulina de Rm 2, 13: Os que ouvem a lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados. Quem foi primeiro, Paulo ou Tiago a usar a mesma frase? Autores modernos datam esta epístola como o primeiro escrito do Novo Testamento redatado cerca do ano 47, anterior ao Concílio de Jerusalém. Logo Paulo o conhecia e repetiu a frase em seu escrito aos romanos. Porém, ambos os escritos refletem a palavra de Jesus: Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus (Mt 7, 21). EXEMPLO: Porque se alguém é ouvidor da palavra e não a pratica este se assemelha a um homem considerando o rosto de seu nascimento em (o) espelho (23). Porque contempla a si mesmo e se retirou e, de imediato, se esqueceu como era (24). Quia si quis auditor est verbi et non factor hic conparabitur viro consideranti vultum nativitatis suae in speculo. Consideravit enim se et abiit et statim oblitus est qualis fuerit. Com um exemplo Tiago ilustra a diferença entre o cumpridor da palavra e o simples ouvinte da mesma: este último é como um homem que se olha no espelho [esoptropon<2072>=speculo] e que logo se esquece do rosto que nele se refletiu. Logicamente o espelho é a palavra que compara a vida e costumes do ouvinte com a Lei nova de Cristo. Se o ouvinte nada faz é como se esquecesse o que ouviu e nada tivesse acontecido. O QUE REALIZA A PALAVRA: Mas quem olha para a Lei perfeita da liberdade e permanece, esse não auditor esquecido se tornado, mas fazedor de obra, este bendito em sua obra será (25). Qui autem perspexerit in lege perfecta libertatis et permanserit non auditor obliviosus factus sed factor operis hic beatus in facto suo erit. A imagem do espelho é substituída pela realidade da LEI PERFFEITA DA LIBERDADE [nomon <3551>teleion<5046>tës eleutherias<1657>=lex perfecta libertatis]: Segundo Tiago, não devem os cristãos se queixar [no sentido de levar a juízo?] uns contra os outros, para não serem condenados, pois o juiz está perto (Tg 5, 9). Desta frase deduzimos que a carta foi escrita antes da destruição de Jerusalém, pois fala do ser julgado [verbo krinö] que em sentido bíblico indica condenar que o juiz [kritës] realizará como castigo. E em 2, 12 o mesmo apóstolo fala como devendo ser julgados pela lei da liberdade. Segundo Paulo, os cristãos foram chamados à liberdade (Gl 5,13 ) de modo que a consciência de cada um não deve ser julgada pela consciência do outro (1 Cor 10, 29). Liberdade que, segundo Pedro, não deve ser usada como pretexto de malícia [para fazer o mal], mas vivendo como servos de Deus (1 Pd 2, 16). Disso tudo deduzimos que as leis dos homens, de vossa tradição (M 13, 52) segundo Jesus, não devem ter valor e delas estamos livres pela nova Lei do NT que Tiago diz ser perfeita e que Jesus resume em amar a Deus com toda a alma e ao próximo como a si mesmo (Mt 22, 37), que em João terá como modelo o próprio amor de Cristo (13, 34). A LÍNGUA COMO PROVA: Se alguém pensa ser religioso, entre vós, não dominando sua língua, engana seu coração, sua religião é vã (26). Si quis autem putat se religiosum esse non refrenans linguam suam sed seducens cor suum huius vana est religio. Neste ponto, Tiago volta a sua preferente moral que é o domínio da língua. Esta é a cara externa da personalidade de modo que reflete o interior do homem. Como dizia Jesus é do interior que o mal contamina (Mc 7, 20). ENGANA [apatön<538>=seducens] particípio de presente do verbo apataö, enganar, iludir. Se, pois, alguém pensa ser religioso deve dominar sua língua; pois de outro modo esse tal está enganado. Tiago fala do CORAÇÃO [kardia<2588>= cor] que era em tempos de Jesus a origem dos pensamentos e desejos onde não cabiam os alimentos, que iam para o ventre e, portanto, não podiam impurificá-lo (Mc 7, 19). O que, pois, não domina sua língua é um religioso de religião falsa. Por isso relata na continuação as características da verdadeira religião. VERADADEIRA RELIGIÃO: Religião limpa e sem mácula para Deus e Pai é esta: visitar órfãos e viúvas na sua aflição, manter-se incólume do mundo (27). religio munda et inmaculata apud Deum et Patrem haec est visitare pupillos et viduas in tribulatione eorum inmaculatum se custodire ab hoc saeculo. Antes de mais nada, quem deve julgar sobre a verdade de uma religião é Deus, o Pai. E esta tem como distintivo a caridade: visitar órfãos e viúvas, como diz Isaías que parece serem os seres de cuidados especiais do Senhor, que em Dt 27, 19 afirma: Maldito aquele que perverter o direito do estrangeiro, do órfão e da viúva. E todo o povo dirá: Amém. Mas além dessa positividade existe um negativo que não pode ser esquecido: manter-se incólume do mundo. A impureza dos alimentos que só podia atingir o ventre está no NT substituída pela abstenção dos pensamentos e prazeres do mundo. Sabemos que os fariseus tinham como preceitos principais o jejum e os dízimos (Lc 18,12), e como prêmio de suas orações, a riqueza que certamente contraria o espírito evangélico como orgulho farisaico que se tornava desprezo dos ham haaretz [povo humilde da terra]. EVANGELHO (Mc 7,1-8; 14-15; 21-23) LAVAÇÃO COMO PURIFICAÇÃO: E reuniram-se junto a Ele [Jesus] os fariseus e alguns dos escribas vindos de Jerusalém (1). E tendo visto alguns dos discípulos dEle com mãos comuns comendo pães comuns, isto é, sem lavar, censuraram (2). Porque os fariseus e todos os judeus se não lavam até o punho as mãos não comem, conservando a tradição dos anciãos (3). E depois da praça, se não tomam banho, não comem e outras muitas são as que granjearam guardar: lavados de copos e jarros e chaleiras e leitos (4). Et conveniunt ad eum Pharisaei et quidam de scribis venientes ab Hierosolymis. Et cum vidissent quosdam ex discipulis eius communibus manibus id est non lotis manducare panes vituperaverunt. Pharisaei enim et omnes Iudaei nisi crebro lavent manus non manducant tenentes traditionem seniorum.Et a foro nisi baptizentur non comedunt et alia multa sunt quae tradita sunt illis servare baptismata calicum et urceorum et aeramentorum et lectorum. Os fariseus eram em número de 20 mil e estavam espalhados por toda a Palestina. Já os escribas ou doutores da lei, tinham sua morada principal em Jerusalém. A fama de Jesus e sua rebeldia contra certos preceitos da Lei como o sábado, o tornavam alvo de uma perseguição inquisitorial. Desta vez o objeto de suas intrigas foram os discípulos. COM MÃOS COMUNS [koinais <2839>cherais <5495>=communibus manibus] É uma maneira de dizer que não lavavam as mãos. Havia dois momentos em que todo judeu autêntico devia lavar o corpo ou parte do mesmo: 1o) Antes de uma refeição, especialmente de pão. 2o) Após voltar das ruas da cidade, em cujo caso era necessário tomar um banho. À parte existia o preceito de lavar todos os vasos e recipientes usados na comida e bebida. Eles eram submergidos em água, fria ou quente, dependendo do uso. Para isso existiam, nas casas, recipientes de água de aproximadamente 40 l de capacidade cada um, as talhas de pedra, como vemos em Jo 2, 6. Segundo lemos em autores judeus da época, era necessário lavar as mãos até o cotovelo (batismo como diz Marcos), se a comida era de um sacrifício, ou se partilhava a refeição com um homem idoso; ou se se tratava de pão. E somente os dedos, se a comida era comum. Os escribas afirmavam que se as mãos eram impuras todo o corpo se tornava impuro. Aquele –dizia Rabi Eleazar- que despreza o lavado das mãos devia ser desenraizado da terra, porque na lavação está o segredo do decálogo. Quem deve ser considerado como um plebeu ou povo ruim? Aquele que não come com limpeza ou pureza legal. Por isso se distingue um judeu de um gentio, na lavagem das mãos. No caso particular de comer o pão (era o nosso pão sírio) sem lavar as mãos, era como se deitar com uma mulher da vida, afirmava Rabi Josef. Os discípulos de Jesus iniciaram sua refeição que era basicamente uma comida consistente em pão de cevada, em forma de um disco de 12 cm de diâmetro e de uma espessura como de um dedo, sem lavar as mãos e talvez sem a bênção de ação de graças. Temos visto o que se pensava em círculos cultos e tradicionais sobre o assunto. A tradição dos antigos, especialmente dos dois chefes das escolas mais famosas da época, Hillel e Shammai, era muita estrita. Rabi Ishmael declarava: “As palavras da lei são palavras que contém tanto proibições como permissões, algumas delas leves, outras graves. Mas as palavras dos escribas todas são graves. As palavras dos escribas são mais pesadas que as dos profetas”. Por isso existia o seguinte conselho: “Aquele que transgride as palavras dos escribas é réu de morte”. Especialmente para comer o pão era necessário lavar as mãos porque o pão era considerado coisa sagrada, já que o pão representava toda comida. Por exemplo, para comer frutas não era necessário o lavado das mãos. Hillel e Shammai foram os que restabeleceram a tradição. Por isso clamavam: “Aquele que abençoa o pão com mãos impuras é réu de morte”. E para ameaçar os espíritos pusilânimes falavam de Shibta, uma sorte de mau espírito, que se assentava nas mãos e na cabeça do transgressor. Rabi Aquiba estava na prisão e preferiu antes morrer que comer sem lavar as mãos e por isso usou o pouco de água que ele tinha para lavar suas mãos antes de beber da mesma. Com estas citações vemos como era importante a matéria que Marcos descreve e que Jesus de modo tão eficiente soluciona. O BATISMO: No versículo 4 fala Marcos de batismo do corpo e dos diversos recipientes. Parece uma exageração, mas na realidade o evangelista só expressa o que era de uso na época. Temos falado do banho corporal após vir das ruas. Mas os diversos recipientes também eram submergidos na água para se purificar. Marcos fala de diversos vasilhames como copos, sextários (= recipientes de 5 litros para vinho e água), vasilhas de bronze, e leitos. Os recipientes de cobre são especialmente nomeados porque se fossem de argila, eram destruídos uma vez tornados impuros. Um exemplo: pratos eram lavados antes do café da manhã, logo antes da refeição do meio-dia e logo antes da ceia noturna. O lavado era uma imersão (batismo) em água. Parece uma exageração o lavado dos reclinatórios nos quais os judeus se recostavam para os banquetes. Mas é uma realidade histórica. Em primeiro lugar todo recipiente comprado de um gentil devia ser submergido para tirar dele a contaminação. As mesas e as camas de madeira também eram incluídas nessa purificação. Especialmente as camas se o dormente morria nela, ou uma mulher menstruada ou um homem com blenorragia deitava nela, ou ainda se tivesse sido a cama de uma parturiente. O sangue derramado tornava impuro o leito. Até os travesseiros, se tinham capa de couro, comum na época, deviam ser purificados submergindo-os em água. A descrição do evangelista é, pois, exata mais do que correta. A PERGUNTA: Então o interrogam os fariseus e os escribas: por que os teus discípulos não andam segundo a tradição dos anciãos, mas com mãos sem lavar comem o pão?(5) Et interrogant eum Pharisaei et scribae quare discipuli tui non ambulant iuxta traditionem seniorum sed communibus manibus manducant panem? Visto o que temos relatado, o escândalo farisaico era monumental. Como não perguntar ao Mestre, responsável pela educação e moral dos discípulos? A RESPOSTA DE JESUS: Ele, pois, tendo respondido lhes disse: que bem profetizou Isaías sobre vós, os hipócritas, como está escrito: Este povo com os lábios me honra, mas o seu coração longe está de mim (6). Em vão, pois, me adoram ensinando ensinamentos prescrevidos pelos homens (7). Porque negligenciando o mandato do Deus, guardais a tradição dos homens: as lavagens [baptismata] de cântaros, e copos e outras muitas similares [vasilhas] fazeis (8). At ille respondens dixit eis bene prophetavit Esaias de vobis hypocritis sicut scriptum est populus hic labiis me honorat cor autem eorum longe est a me. In vanum autem me colunt docentes doctrinas praecepta hominum. Relinquentes enim mandatum Dei tenetis traditionem hominum baptismata urceorum et calicum et alia similia his facitis multa. Jesus distingue perfeitamente entre mandatos (entolë) de Deus e preceitos (entalma) dos homens. Por isso Jesus se queixa como se queixa de seu tempo Isaías, de que os seus conterrâneos honram a Deus com os lábios, mas seus corações estão longe dEle. E como argumento principal cita o que está escrito em Isaías 29, 13: “O Senhor disse: Visto que este povo se aproxima de mim e com sua boca e com seus lábios me honra, mas o seu coração está longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, que maquinalmente aprendeu…”. A citação servia como anel no dedo, nas circunstâncias. ADVERTÊNCIA AO POVO: E chamando todo o povo lhes dizia: Escutai-me todos e entendei (14). Nada há fora do homem que entrando dentro dele pode contaminá-lo; mas as procedentes dele, essas [coisas] são as que contaminam o homem (15). Et advocans iterum turbam dicebat illis audite me omnes et intellegite. Nihil est extra hominem introiens in eum quod possit eum coinquinare sed quae de homine procedunt illa sunt quae communicant hominem. O INTERIOR DO HOMEM: Porque de dentro do coração dos homens os pensamentos, os malignos, surgem: adultérios, fornicações, homicídios (21). Furtos, avarezas, maldades, engano, licenciosidade, olho maldoso, blasfêmia, soberba, insensatez (22). Ab intus enim de corde hominum cogitationes malae procedunt adulteria fornicationes homicidia. furta avaritiae nequitiae dolus inpudicitia oculus malus blasphemia superbia stultitia. Na leitura da epístola faltam os versículos 16-20. Neles Jesus explica aos discípulos por que o que entra do exterior não pode contaminar o homem: porque entra via digestiva e passa pelo ventre sem que tenha contato algum com o coração, órgão do sentimento e da inteligência. É dentro desse coração que as coisas se contaminam, pois é onde surgem os PENSAMENTOS [dialogismoi<1261>=cogitationes] os que são MALIGNOS [kakoi<2556>=malae] e além disso, Jesus cita outras maldades frequentes entre os homens: ADULTÉRIOS [moicheiai <4202> =adulteria] FORNICAÇÕES [porneiai <4202> = fornicationes] HOMICÍDIOS [fonoi<5408>=homicidia] FURTOS [klopai<2829>=furta] AVAREZAS [pleonexia] <4142> =avaritiae],ENGANO[dolos<1388>=dolus], LICENCIOSIDADE [aselgeia<766>=impudicitia] ou lascívia, OLHO MAU [ofthalmos <3788> ponëros<4190>=oculus malus] que traduzem por inveja, BLASFÊMIA [blasfëmia <988> =blasphemia], SOBERBA [yperëfania <5243> =superba], INSENSATEZ [afrosynë<877> =stultitia]. A enumeração dos vícios e maldades é quase exaustiva. OS CONTAMINANTES VERDADEIROS: Todas estas coisas más de dentro surgem e contaminam o homem (23). Omnia haec mala ab intus procedunt et communicant hominem. Esta é a conclusão verdadeira que remata o razoamento de Jesus: o que provém de fora não contamina o homem; mas é de dentro que aceitando e animando sentimentos malignos o homem se torna efeito e causa do mal. Se a repreensão anterior era dirigida aos fariseus, agora Jesus se dirige ao povo: Escutai todos e entendei. Era uma lição magistral que Jesus exige ser bem assimilada. Nada de fora pode contaminar, ou tornar impuro um homem, entrando nele. Mas o que sai de dentro do mesmo, é o que o suja e envilece. Com isto Jesus declara nulas todas as leis de impureza ao mesmo tempo em que afirma que a impureza nada tem a ver com o pecado. A impureza não afasta o homem de Deus como o pecado, pois este consiste em não cumprir as leis divinas. E Jesus enumera uma série de instintos internos, fontes de pecado que dão origem aos mesmos e que se realizados tornam o homem profano e vil perante Deus. Temos traduzido da melhor maneira possível, tendo em conta diversos textos, cuja origem é o grego e do qual pretendem ser traduzidas. São, pois, estas tendências más as seguintes: fornicações, roubos, homicídios, adultérios, cobiça (avareza), degradação (maldade, perversidade), fraude (engano), lascívia (desenfreamento), inveja (olho mau), blasfêmia, orgulho (arrogância), insensatez (estupidez). Tudo isso é que torna um homem contaminado, profano com respeito a Deus, que é sagrado por excelência. EXCURSUS: NORMAS DA INTERPRETAÇÃO EVANGÉLICA - A interpretação deve ser fácil, tirada do que é o evangelho: boa nova. - Os evangelhos são uma condescendência, um beneplácito, uma gratuidade, um amor misericordioso de Deus para com os homens. Presença amorosa e gratuita de Deus na vida humana. Interpretação errada do evangelho: - Um chamado à ética e à moral em que se pede ao homem mais que uma predisposição, uma série de qualidades para poder ser amado por Deus. Consequências: - O evangelho é um apelo para que o homem descubra a face misericordiosa de Deus [=Cristo] e se entregue de um modo confiante e total nos braços do Pai como filho que é amado.
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