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Ambientação: (Valorizar os símbolos do Advento: coroa, velas, manjedoura vazia...) Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs! INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: O Natal que se aproxima deve ser entendido como a presença de Deus no meio do povo, é iniciativa divina que possibilita-nos participar de sua salvação. Eis o sentido principal do “Domingo da Alegria”, esta exultação manifesta-se no coração dos homens e mulheres que aguardam a vinda do Deus menino. Alegremo-nos todos no Senhor pois ele está perto! INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, hoje a Igreja antecipa seu júbilo pela proximidade da chegada do Senhor no Natal. Alegrar-se no Senhor é o grande convite que a Liturgia hoje nos faz. Alegrar-se na certeza de que o Senhor sustenta a nossa existência, dá sentido às nossas dores e é nosso consolador. Neste domingo sairemos daqui com a convicção da fé que nos afirma que Deus não nos abandona e está presente no seu Filho que veio pessoalmente ao nosso encontro. Portanto, alegremo-nos no Senhor! INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: O tema deste 3º Domingo pode girar à volta da pergunta: "e nós, que devemos fazer?" Preparar o "caminho" por onde o Senhor vem significa questionar os nossos limites, o nosso egoísmo e comodismo e operar uma verdadeira transformação da nossa vida no sentido de Deus. O Evangelho sugere três aspectos onde essa transformação é necessária: é preciso sair do nosso egoísmo e aprender a partilhar; é preciso quebrar os esquemas de exploração e de imoralidade e proceder com justiça; é preciso renunciar à violência e à prepotência e respeitar absolutamente a dignidade dos nossos irmãos. O Evangelho avisa-nos, ainda, que o cristão é "batizado no Espírito", recebe de Deus vida nova e tem de viver de acordo com essa dinâmica. A primeira leitura sugere que, no início, no meio e no fim desse "caminho de conversão", espera-nos o Deus que nos ama. O seu amor não só perdoa as nossas faltas, mas provoca a conversão, transforma-nos e renova-nos. Daí o convite à alegria: Deus está no meio de nós, ama-nos e, apesar de tudo, insiste em fazer caminho conosco. A segunda leitura insiste nas atitudes corretas que devem marcar a vida de todos os que querem acolher o Senhor: alegria, bondade, oração. Sintamos o júbilo real de Deus em nossos corações e cheios dessa alegria divina entoemos alegres cânticos ao Senhor! Uma nota especial do Webmaster para esta data: Caríssimos Irmãos e Irmãs, Estamos no início de um novo Ano Litúrgico, ou seja, as Leituras e Liturgias de cada tempo ou ciclo do ano litúrgico são diferenciadas e organizadas em ANO A, ANO B e ANO C. Isto significa que o cristão, católico assíduo que vá à missa todos os dias ou que pelo menos leia e estude a Liturgia Diária, em três anos completos terá lido e estudado toda a Bíbilia, e mais ainda: se praticar com amor em sua vida o que ler e aprender todos os dias, em três anos terá acumulado bençãos incalculáveis no caminho da Paz e da Santidade - Clique aqui para saber mais sobre o Ano Litúrgico (coloque o cursor sobre os textos em azul abaixo para ler o trecho da Bíblia) PRIMEIRA LEITURA (Sofonias 3,14-18): - "Solta gritos de alegria, filha de Sião! Solta gritos de júbilo, ó Israel! Alegra-te e rejubila-te de todo o teu coração, filha de Jerusalém!" SALMO RESPONSORIAL Is 12: - "Exultai, cantando alegres, habitantes de Sião, porque é grande em vosso meio o Deus santo de Israel!" SEGUNDA LEITURA (Filipenses 4,4-7): - "Seja conhecida de todos os homens a vossa bondade. O Senhor está próximo." EVANGELHO (Lucas 3,10-18): - "Vigiai, pois, em todo o tempo e orai, a fim de que vos torneis dignos de escapar a todos estes males que hão de acontecer, e de vos apresentar de pé diante do Filho do Homem." Homilia do Diácono José da Cruz — 3º Domingo do Advento — ANO C "O SENHOR ESTÁ PRÓXIMO, ALEGRAI-VOS!" Alegria parece ser a palavra de ordem na liturgia desse terceiro domingo do advento, sentimento que o profeta Sofonias passa a seus conterrâneos, em um tempo em que não havia motivos para o povo se alegrar, porque a devassidão moral andava a solta. A Boa Nova do Profeta não é dirigida aos poderosos, mas ao povo simples da terra, um pequeno resto que irá sobrar, após tantas tragédias que estavam porvir sobre a nação. A gente olha para a realidade que nos cerca e percebe que, de fato não há muito com o que se alegrar, pois a violência de todo tipo continua a avançar, dando-se a impressão de que nunca se acabará, entre os nossos governantes e legisladores a ética vai cada vez mais perdendo o seu espaço, corrupção e mentiras, falcatruas e impunidades, desigualdade social, carência na Educação, Saúde, agressão ao meio ambiente, em meio a tanto caos, o convite de São Paulo aos Filipenses “Alegrai-vos sempre no Senhor,eu repito, alegrai-vos!”... Parece não fazer sentido, alegrar-se com um Senhor, que não se importa com tantos males presentes na humanidade? Pensar em um cristianismo mágico, que nos anestesia contra todos os males do mundo, fazendo-nos viver alienados das realidades humanas, a espera do tal “Dia do Senhor” anunciado pelo Profeta, parece que esse modo de pensar, ganha cada vez mais simpatizantes. Não importa essa vida, o que vale é a outra que ainda virá. Quem pensa assim, com certeza não vive, mas vegeta, uma vez que não encontra nenhum sentido naquilo que pensa ou faz, até a própria existência nada significa. Somos hoje aquele povo de ontem, sonhando com melhorias na qualidade de vida, lutando para não perder o ânimo e a esperança, apesar de tudo... Acreditando que algo precisa ser mudado urgentemente, mas sempre se sentindo impotente diante desse grande desafio de mudar para melhor. João Batista anuncia algo novo que está para acontecer que irá estabelecer uma nova ordem política, social, econômica e até religiosa: está no meio do povo certo alguém, que fará a diferença, todos os que sonham com dias melhores, e que desejam mudar e reverter esse quadro deverão unir-se a Ele, o grande esperado, o Messias verdadeiramente. Ora, um anúncio impactante como esse, provoca nas pessoas uma grande expectativa: o que devemos fazer? Será que está ao nosso alcance tomar uma atitude que signifique uma mudança? “Coitadinho de mim, como é que posso fazer algo que mude a política ou a economia, que possa melhorar á vida das pessoas, o que me compete fazer para mudar as coisas, inclusive na comunidade, pastoral ou movimento? Por aquele tempo pensava-se que somente o tal do Messias, que estava para chegar, é que tinha poderes para operar as mudanças necessárias e desejadas pelo povo, em nossos tempos poderá também haver cristãos desinformados, que pensam dessa maneira. Entretanto o evangelho de hoje, eu até diria, de modo espetacular, anuncia que Deus vai intervir na história da humanidade, o Messias não vai vir para resolver todos os problemas do povo de Israel, melhor do que isso , ele virá para permanecer e caminhar com o seu povo, animando,encorajando, alimentando, essa Jerusalém desprezível aos olhos do mundo, formada por todos os homens de boa vontade, que percorrem sem medo o caminho do discipulado, é fraca apenas na aparência, porque no meio do seu povo, o Senhor caminha, abrindo caminho em meio a esse quadro caótico, anunciando a presença do seu Reino entre os homens. Em alguma empreitada humana, de difícil realização, se temos ao nosso lado alguém forte, readquirimos a esperança perdida, redobramos o nosso ânimo abatido, é isso exatamente que acontece na vida do cristão. Mas qual seria o sinal de que o Senhor está conosco, e de que chegaremos vitoriosos ao final da nossa jornada? Exatamente a mudança nas relações, pautando-as pela justiça, lealdade, autenticidade, fraternidade e paz, isso não compete aos poderosos do mundo, mas a cada cristão em particular... Agindo assim, estaremos sinalizando a presença do Senhor entre nós, e ao mesmo tempo contribuindo para que, aos poucos, o reino de Deus, a quem servimos, torne-se visível e presente cada vez mais em nosso meio. Mas se a nossa atitude ainda não é essa, na relação principalmente na comunidade, então, em nossas celebrações falamos uma grande mentira quando respondemos ao Presidente da celebração, que “o Senhor está no meio de nós....”porque nossas comunidades devem ser, por excelência o lugar da alegria, que vem do amor e da comunhão vivida entre os irmãos e irmãs; (III Domingo do Advento Lucas 3,10 – 18 ) José da Cruz é Diácono da Homilia do Padre Françoá Costa — 3º Domingo do Advento — ANO C Gaudete! Você conhece a lenda de Droselbat? Trata-se de uma lenda familiar ao mundo germânico. Depois que uma princesa rejeitara a proposta de casamento com um rei muito rico chamado Droselbat, caiu numa grande pobreza. A pobre princesa teve que abandonar o país e, enquanto cruzava os caminhos perguntava: “De quem é essa magnífica mansão?” “Pertence ao rei Droselbat” – respondiam-lhe. Ela, arrependida, dizia consigo: “Ah! Se eu me tivesse casado com Droselbat, este castelo seria meu… E aquelas videiras magníficas, de quem são?” “Do rei Droselbat”. “Ah! Se eu tivesse aceitado a sua proposta, possuiria esses campos tão férteis… E aquelas florestas intermináveis?” “Do rei Droselbat”. “Ah! Se eu tivesse pensado melhor.” Há pessoas que vivem assim, mergulhadas na tristeza de um passado, pensando como seria o futuro e esquecendo-se do presente a aproveitar. Mas as coisas mudaram! Agora tudo aquilo que é do Rei é nosso. Não precisamos mais ficar lamentando-nos a vida inteira com essa espécie de complexo de Droselbat. Alegremo-nos! Por quê? Porque Deus virá ao nosso encontro. Esse é o motivo pelo qual a Igreja se alegra no dia de hoje: aproxima-se a nossa libertação! Todos os homens são pecadores, todos os homens são mentirosos, todos os homens estão privados da glória de Deus! Isso é somente um resumo daquilo que São Paulo nos transmite nos primeiros capítulos da Carta aos Romanos (cf. 1-3). Daí a tristeza, o abismo, a escuridão. Como não alegrarmo-nos quando finalmente esse inverno de séculos deixa passo ao verão, à luz, ao Sol da Justiça que é o Senhor Jesus? Gaudete, alegrai-vos! Há um outro domingo que também se chama domingo da alegria no curso do Ano Litúrgico da Igreja, é o quarto domingo da Quaresma, o Domingo laetare. Esse terceiro Domingo do Advento chama-se Domingo gaudete. A diferença entre os dois tipos de alegria é sutil, mas existe: a alegria da quaresma é uma alegria – por assim dizer – menos explosiva que a do Advento. Efetivamente, enquanto a alegria da Quaresma tem que passar necessariamente pelo drama da Paixão do Senhor e é, por tanto, uma alegria com uma profundidade de um peso incalculável, a alegria do Advento tem como motivo a vinda desse adorável Menino que nos leva a um gozo que chega até aos nossos sentidos e vai ao mais profundo da nossa existência. E tudo isso a causa da primeira Parusia que deixa as portas abertas à esperança da segunda, da vinda gloriosa que transfigurará os nossos corpos mortais. Alegrai-vos! Faltam apenas 10 dias para o nascimento de Cristo! O gozo é um dos frutos do Espírito Santo (cf. Gl 5,22), vem enumerado logo após a caridade e seguido pela paz. A alegria e o gozo são conseqüências do amor que Deus derramou nos nossos corações pela ação do Espírito Santo e nos leva necessariamente à paz. Antigamente, pedia-se sempre, antes de começar a missa o “gaudium cum pace”, o gozo e a paz, ao Senhor. Peçamos todos os dias: “Concede-nos Senhor a alegria e a paz!” Para estar alegres é preciso rezar, nos diz S. Tiago: “Alguém entre vós está triste? Reze! Está alegre? Cante!” (5,13). Talvez seja exatamente esse o motivo dessa espécie de tristeza que quiçá, experimente o meu irmão em Cristo. Você não reza ou reza muito pouco? O inimigo das nossas almas tem um aliado, a tristeza, que nos afasta pouco a pouco de Deus. Somos filhos de Deus, esse único motivo basta para que estejamos sempre alegres e com um sorriso estampado no rosto, apesar dos pesares. Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa - 13/12/2009 Comentário Exegético — 3º Domingo do Advento — ANO C EPÍSTOLA Fp 4, 4-7 INTRODUÇÃO: O futuro é quase sempre sombrio, além de ser desconhecido. Podemos estar inquietos e preocupados. No mundo moderno dependemos do trabalho, das vicissitudes da economia e tudo parece instável ao nosso redor. As palavras do apóstolo nos invitam a uma esperança e alegria em Cristo. As palavras do Senhor, Não vos preocupeis por vossa vida, com o que comereis, nem com o vosso corpo, com o que vestireis (Mt 6, 25),parecem ter eco no trecho de hoje de Paulo. Num mundo tão pobre e necessitado como era o judeu da época, essas palavras pareciam loucura. Num mundo como o atual, em que além da comida e do vestido, temos uma série de necessidades adquiridas, não inatas e que muitas vezes substituem estas últimas em prioridade, essas palavras não têm base alguma. Quem não conhece família ou sujeito que, por uma mesa no carnaval ou um dia de boda, gasta o que não pode? Os meninos pobres de nossas cidades têm mais presentes no Natal que os filhos de famílias que não se consideram abaixo dos limites da pobreza. Talvez seja tempo em que devamos pensar quais são as nossas verdadeiras necessidades e confiar mais em Deus, para alegrarmos no Senhor, como diz o apóstolo. ALEGRAI-VOS: Alegrai-vos [chairete<5463>=gaudete] sempre no Senhor! De novo digo alegrai-vos! (4) Gaudete in Domino semper iterum dico gaudete. O verbo Chairö traduzo antigo Shamah <08055> que como em Êx 4, 14, ao falar a Moisés diz o Senhor: eis que Aarão teu irmão vendo-te se alegrará. O Chairö sai frequentemente nos evangelhos. Como exemplo Mt 2, 10: quando eles [os magos] viram o astro alegraram-se com grande júbilo. Lc 1, 14 cita o anjo que promete a Zacarias: Terás alegria e júbilo e muitos alegrar-se-ão no seu nascimento. A alegria dos discípulos quando sua tristeza se transforme em júbilo por causa da ressurreição, como promete Jesus no seu discurso na véspera de sua paixão (Jo 16, 20). Paulo usa frequentemente o verbo que sai 6 vezes nesta epístola (2, 17, 18 e 28; 3, 1; 4, 4 e 4, 10). Especialmente alegrai-vos no Senhor em 3, 1 frase que repetirá em 4, 4 e 4, 10. Um santo triste é um triste santo – diz o provérbio. A presença do Senhor, como aconteceu com o Batista no ventre de Isabel, sempre é alegria para o coração (Lc 1, 14). E será esta presença permanente a que forma parte de nossa felicidade na vida eterna, onde entraremos no gozo do Senhor (Mt 25, 21). Os filipenses deviam estar oprimidos por alguma tristeza, além da ausência de Paulo, de modo que este repete sua exortação no mesmo versículo, como dizendo: verdadeiramente tendes o dever de alegrar-vos com esse gozo que somente o Senhor pode dar (Jo 16, 22 e 24). A TEMPERANÇA: Vossa moderação [epieikes<1933>=modestia] seja conhecida [gnösthetö <1097> =nota sit] a todos os homens. O Senhor está próximo [eggus<1451>=prope] (5). Modestia vestra nota sit omnibus hominibus Dominus prope. MODERAÇÃO: Epieikës é um adjetivo que significa conveniente, adequado, equitativo, justo, bom, indulgente, moderado, amável, capaz, hábil. Com o artigo neutro TO se transforma em nome abstrato. A melhor escolha é amabilidade que a versão NSB traduz como gentle spirit, porque o nosso adjetivo usado, 5 vezes no NT, sempre tem a tradução de gentle. A TEB usa bondade e o latim moderatio, que podemos traduzir por sobriedade ou temperança. Num mundo em que as bebedeiras e orgias (Gl 5,21) eram coisas correntes, ver a moderação dos cristãos era fato notável para os que admitem deus venter est (Fp 3, 19). PRÓXIMO: O grego Eggus é advérbio, tanto temporal [iminente] quanto local [perto]. Evidentemente aqui temos que escolher a temporalidade. Logo é um futuro não distante ou remoto, mas, como quem diz que está às portas (Mt 24, 33). Assim Betânia estava perto de Jerusalém (Lc 19, 11) e quando da figueira brotam as folhas conhecereis que o verão está perto (Mt 24, 32). Que quer dizer Paulo quando afirma que o Senhor está próximo? Da interpretação de Mt 3, 2 deduzimos que já está atuando ou que essa sua manifestação, agora em oculto, em breve será realidade visível. Podemos comparar a frase o Senhor está próximo com a salvação está próxima de Rm 13, 11-14 em que Paulo insiste na ideia de que os cristãos não devem viver em comilanças, nem bebedeiras, nem licenciosidades, nem devassidões, como eram os banquetes noturnos entre gregos e romanos; mas viver conforme o dia [em que essas licenças não estavam permitidas] porque a noite está bem adiantada e assim sendo, revestidos do Senhor Jesus Cristo, não se abandonem às preocupações da carne e satisfaçam suas concupiscências. Neste sentido, a palavra inicial do versículo [ epieikës] teria a acepção de moderação. AS PREOCUPAÇÕES: Não fiqueis preocupados [merimnate<3309>=solliciti sitis] por nada; mas em tudo, com a oração [proseuchë<4335>=oratione] e com o rogo [deësei<1162>=obsecratione], com ação de graças [eucharistias<2169>=gratiarum actione] as vossa petições [aitëmata<155>=petitiones] sejam conhecidas por (o) Deus (6). Nihil solliciti sitis sed in omni oratione et obsecratione cum gratiarum actione petitiones vestrae innotescant apud Deum. PREOCUPADOS: Merimnaö é o verboque tem como significado primário estar ansioso, preocupado com cuidados, cuidar de, ou pretender alguma coisa, inquietar-se, afligir-se, precaver-se, tomar providências. No texto hebraico do AT, temos daag<01672>que no Salmo 37, 19 é traduzido pelos Setenta como merimnëso uper tës amartias mou [suportarei tristeza sobre meu pecado] que a TEB traduz como me assusto com o meu pecado. No NT, Mt 6,25 fala de não se aborrecer na vida sobre a comida e a bebida, que continua em versículos seguintes no mesmo capítulo. Jesus fala a Marta para não estar inquieta e se agitar por muitas coisas (Lc 10, 41). Não vos inquieteis sobre como ou o que dizer em defesa própria diante das autoridades, dirá Jesus em Lc 12, 11. Paulo em 1 Cor 7, 32-33 afirma que os celibatários só se preocupam de como agradar ao Senhor, e pelo contrário, os casados devem estar solícitos com as coisas do mundo em como agradar suas esposas. Bastam estes exemplos para ter uma ideia do significado de nosso verbo. ORAÇÃO: Proseuchë <4335> é unicamente usado para o rogo dirigido a Deus (fizeste de uma casa de oração uma cova de ladrões; Mt 21, 13). Já apalavra Deësis <1162> tem o significado primário de indigência, penúria, privação. Daí a petição própria de um mendigo, a súplica, o rogo, especialmente quando é dirigido a Deus de modo especial. Uma outra palavra é AÇÃO DE GRAÇAS: A nova palavra é Eucharistia que sai pela primeira vez no texto grego de Sirac 37, 12: Não trates com o invejoso sobre a gratidão. A palavra só sai uma vez em Atos 24, 3 em boca de Paulo agradecendo a Félix e é frequente nas cartas de Paulo, como oração própria, correspondente a Deus que traduz o beraka dos judeus. Eis o comentário de um exegeta moderno: Bendito sejas, Deus do Universo por este pão e por este vinho fruto da terra da vide e do trabalho do homem….É uma bela síntese da celebração que chamamos em grego Eucharistia, em espanhol ação de graças e em hebraico berakah ou birkah. Das 13 vezes que Paulo usa a palavra, 11 é para indicar ação de graças a Deus. PETIÇÕES: Aitema com seu plural aitemata significa pedido, solicitação, demanda. Sai 3 vezes: Lc 23, 24:Pilatos pronunciou sentença para que sua demanda [a dos judeus] fosse satisfeita. Esta de hoje em que o NASB traduz como request[solicitação]. E com a mesma tradução inglesade request, temos 1 Jo 5, 15. CONHECIDAS: O Gnörizesthö tem como tradução levar ao conhecimento de Deus, quando é pros ton Theon. Paulo várias vezes fala de levar ao conhecimento dos seus ouvintes [gnörizö umin] (1 Cor 12, 3; 15, 1; 2 Cor 8, 1; 1 Gl 1, 11). Deus conhece nossas necessidades e não há mister de escutar rogos de nossa parte, mas somos nós os que necessitamos da oração que dispõe nosso coração para receber devidamente as graças divinas. Também podemos dizer que Paulo coloca Deus como testemunha verdadeira de nossas vidas, especialmente quando nelas intentamos seu louvor e glória como diz Paulo em Fp 1,11: Cheios de frutos de fazer o bem (Rm 2, 10) por Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus. E quer comais quer bebais,o que quer que façais, fazei tudo para a glória de Deus (1 Cor 10, 31). A PAZ: E a Paz de(o) Deus, a que ultrapassa [uperchousa<5242>=exsuperat] toda mente [noun<3563> = sensum] proteja [frourësei<5432>=custodiat] vossos corações e vossas inteligências [voëmata <3540> =intelligentias] em Cristo Jesus (7). Et pax Dei quae exsuperat omnem sensum custodiat corda vestra et intellegentias vestras in Christo Iesu. A PAZ: Eirënë<1515>é o estado de exceção da calamidade e da guerra, harmonia entre dois indivíduos, segurança, prosperidade, felicidade.Especialmente significa a paz messiânica, poeticamente descrita pelos profetas, que é a paz da reconciliação com Deus. No cristianismo, o estado da alma de estar segura de sua salvação por Cristo, ao não ter consciência de pecado, considerado como um dom ou bênção de Deus. Aqui é a paz de Cristo, a mesma que, ressuscitado, deu como presente aos seus apóstolos (Jo 20,19-20). É a paz de Deus (Rm 1, 7) que alcançamos por Cristo, pregado por meio do evangelho que Paulo denomina de evangelho de paz (Rm 10, 15), de modo a chamar Cristo de nossa paz (Ef 2, 14). É, pois, a reconciliação do homem com Deus por meio do sacrifício de Cristo Jesus. Nosso destino está nas mãos de um Pai que sempre perdoa quando nos arrependemos e a ele voltamos. ULTRAPASSA: Uperechö é sobressair, exceder, ser superior, melhor que ultrapassar. MENTE: O Noun grego é a faculdade intelectual, a razão em todos, suas acepções, como capacidade de perceber a verdade, de julgar. A diferença com Noëma, é que aquela é uma faculdade e esta uma atividade,um pensamento por vezes perverso. Às vezes pode também ser tomado como mente, e aqui parece ser este o sentido de modo a traduzir como inteligências. PROTEJA: Apalavra Froureö significa guardar, proteger militarmente. Exemplos: 2Cor 11,32: Em Damasco o rei Aretas mandava guardar a cidade para me prender. Gl 3, 23: Antes da chegada da fé estávamos mantidos em cativeiro sob a Lei. E em 1Pd 1,5:Vós que o poder de Deus guarda pela fé. Como podemos ver pelos textos é uma proteção sob a guarda da fé de nossas funções intelectuais. EM CRISTO JESUS: Esta é a base da fé e a base de nossa religião, segundo o que afirma Paulo: Ninguém pode lançar outro fundamento que não seja o já posto: Jesus Cristo (1Cor 3, 11). Colocar um outro homem, o oprimido, o pobre, o necessitado como base do evangelho não tem sentido nem base bíblica se nele não vemos o Jesus necessitado que implora nosso amor e caridade e não a justiça ou o direito. Dificilmente esta atitude salvaria a rotundidade das palavras de Jesus: se alguém amar seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim (Mt 10, 37). Evangelho - Lc 3, 10-18 AS MULTIDÕES: Então perguntavam as multidões dizendo: Que faremos, pois?(10). Et interrogabant eum turbae dicentes quid ergo faciemus. O grego usa a palavra ochlos <3793>, [latim turba], para distingui-la de dëmos<1218>, [populus]. Demos denota um povo culto, cidadão e responsável. Ochlos era o termo geral em que entravam todos os homens e mulheres próprios de uma aglomeração indiscriminada. Como veremos, entravam toda classe de homens. Mulheres e escravos estavam por lei excluídos de deveres religiosos. Diante das proclamas do Batista e da sua exortação a produzir frutos dignos de arrependimento para fugir da ira do Senhor, é lógico que os ouvintes perguntassem que devemos fazer. A RESPOSTA: Tendo, pois respondido, diz-lhes: Quem tem duas túnicas, reparta a quem não tem e quem tem alimentos faça semelhantemente (11). Respondens autem dicebat illis qui habet duas tunicas det non habenti et qui habet escas similiter faciat. Diante da ameaça de castigo [o machado já está posto à raiz das árvores] os ouvintes fazem três classes de perguntas, dependendo do tipo de indivíduos que as formulam: A pergunta de todos, os do povo comum; a pergunta dos publicanos ou coletores de impostos e a pergunta dos policiais. A todos responde o Batista em termos de justiça ou caridade. Vejamos a primeira. A TÚNICA: A palavra grega Chiton (tunica em latim), indica um vestido ao modo de uma camisola que chegava até o joelho ou um pouco mais curto. Era a roupa vestida sobre a carne, roupa de trabalho e se considerava desnudo aquele que se apresentasse com ela unicamente, como vemos em Pedro (Jo 21,7), que vestiu a blusa [ependites] para se apresentar a Jesus. Sobre a túnica vestia-se o Imation, vestido exterior e a Clâmide, o pallium latino, capa curta. Essa capa parecia ser um quadrado de pano com um buraco no meio para entrar a cabeça. Nenhum israelita podia entrar no templo sem vestir a capa. Esse foi o vestido que os jerosolimitanos estenderam ao passo de Jesus no Domingo que chamamos de ramos (Mt 21, 8). Paulo pede a Timóteo que lhe traga a capa [failones grego ou paenula latina] necessária na prisão para dormir nas noites frias (2 Tm 4,15). Algumas capas se transformavam em túnicas talares ou estolas. A Estola, o vestido talar próprio dos oficiais e das mulheres, que chegava até os calcanhares pois talares eram chamadas as asas de que estavam dotadas as sandálias de Mercúrio para melhor correr. Mercúrio era o deus grego do comércio e mensageiro dos outros deuses. Próprio dos judeus era o xale [talit] ou manto retangular com que cobriam a cabeça e até a metade superior do corpo para rezar, e que terminava nas listras negras ou azuis paralelas aos lados menores do retângulo e em faixas com borlas e fios [tzitzit] representando o número dos mandamentos da lei (613). A essas fímbrias alude Jesus em Mt 23,5. O Talit tinha um galão de ouro ou prata para segurá-lo no pescoço. O chiton era, pois, o mínimo vestido, e portanto, o vestido dos pobres, ao qual todo mundo tinha direito. BROMA: A palavra está no plural e significa alimento [alimentos]. Broma é termo geral para indicar comida, diferente de arton que significa pão. As palavras do Batista indicam, pois, uma obrigação de todo homem de cuidar dos mais pobres no que se refere às necessidades básicas. OS PUBLICANOS: Vieram também publicanos para serem batizados e lhe disseram: Mestre, que faremos? (12). Venerunt autem et publicani ut baptizarentur et dixerunt ad illum magister quid faciemus. A palavra grega telönës<5057> composta de Telos [fim ou pedágio] e oneomai [comprar] é traduzida ao latim por publicanus. Como designação técnica, telones se refere ao encarregado de exigir o pagamento dos impostos indiretos, como tarifas alfandegárias, preços no varejo, comissões, aduanas. A arrecadação de impostos nas províncias romanas, ou submetidas à dominação do Império, dependiam em época anterior da societas publicanorum, um grupo de pessoas endinheiradas, pertencentes à classe equestre, que normalmente se aproveitavam dos recursos das respectivas províncias, acarretando inclusive sua ruína econômica. Porém Júlio César os privou dessa situação privilegiada. Parece que o sistema de arrecadação de impostos na Palestina, foi inaugurado no tempo da conquista do território por Pompeu no ano 63 aC. Porém no ano 47 dC o próprio César aboliu o sistema tributário na Palestina, de modo que o ofício de arrecadador desapareceu por completo. Mais tarde, nas regiões sujeitas a um governador ou a um procurador, [entre elas Judeia, Samaria e Idumeia] os impostos diretos –que afetavam à renda e ao patrimônio- se pagavam a demosiones [término não usado no NT] que em hebraico eram os gabba’im e eram pessoas que no exercício de seu cargo dependiam diretamente das forças romanas. Para o ofício de exigir o pagamento dos outros impostos, como alfandegários, do varejo e comissões, se organizava um leilão e o cargo era concedido ao melhor proponente, que se convertia em architelones ou coletor chefe. Este tinha seus próprios agentes [telonei em grego e mokesim em hebraico] colocados pelo geral em escritórios locais chamados telonia (Lc 5, 27). Entre os romanos dessa época, existiam três diferentes degraus de publicanos: o mais elevado era os dos equites, Publicani propriamente ditos, que pagavam uma certa soma de dinheiro para depois se encarregar das taxas de uma determinada província. Geralmente moravam em Roma e deixavam a exação dos impostos aos Submagistri [architelones em grego] que se encarregavam de recolher as taxas em regiões particulares e moravam nas diversas províncias. Finalmente estavam os Portitores que eram os que realizavam o trabalho real de coletar os impostos nas bancas. Estes podiam ser de diferente cidadania da romana. Porém, na Galileia, tanto os arrecadadores de impostos como os coletores de tributos estavam mais livres do poder romano e era Antipas quem praticamente dirigia a administração. Por isso os arrecadadores de impostos eram os próprios judeus. Os que perguntaram ao Batista pertenciam sem dúvida a estes últimos. Tenhamos em conta que o Batista batizava em território de Antipas, no território de Enon, perto de Salim (Jo 3,23). Como o cargo era comprado por uma quantidade estipulada, os detentores do mesmo se ressarciam dos gastos, transformando o sistema em um dos mais corruptos e abusivos da época. Deles, pensavam os contemporâneos como sendo gente próxima aos pecadores (Mt 9, 10), aqueles que não conheciam a lei, ou seja, não tinham em conta a mesma para sua vida no dia-a-dia (Jo 7, 49). Teócrito de Siracusa (300-275) dirá dos publicanos: A mais cruel das feras entre os animais do deserto, é o urso ou o leão; entre os animais da cidade, o publicano e o parasita. MESTRE: João recebe o título que geralmente os evangelistas guardam como próprio de Jesus. Didaskalos<1320> é um professor; porém na linguagem bíblica dos evangelhos, designa aquele que por seu carisma como instrutor das verdades da salvação reunia grandes massas que o ouviam como profeta de Deus. Especialmente o título se refere a Jesus. Os mestres da lei (Lc 2, 46) eram os rabinos, palavra que também se usa em referência a Jesus [rabi], especialmente por seus discípulos como Pedro e Judas, o traidor ( Mc 9, 5 e 15, 45). Lucas só emprega o grego didáskalos [magister, mestre], ou epistates [praeceptor, preceptor,chefe, o nosso doutor]. Também se usa o título de Kyrios [dominus, senhor]. O título é apropriado já que eles perguntam, como ouvintes, a quem pensam tem a resposta certa: que faremos ou em sentido mais abrangente, que devemos fazer para evitar o castigo iminente sobre os pecadores. A RESPOSTA: Ele, portanto lhes disse: a ninguém mais do estabelecido para vós exijais (13). At ille dixit ad eos nihil amplius quam quod constitutum est vobis faciatis. Aparentemente um rabi judeu diria a eles: Não podeis seguir nesse ofício que é contrário à lei. Mas o Batista não era discípulo dos separados em sentido de escolhidos [perishim. ou fariseus] e buscava a justiça e não a Lei e sua interpretação enviesada. Os impostos e tributos são necessários. Somente o abuso é injusto. Existe sempre uma justa compensação pelo trabalho e uma injusta retribuição, produto de uma extorsão pelo mesmo. A lei, e não a avareza –produto da ambição-, a justiça, e não a arbitrariedade – uma sequência da força e do domínio- devem ser as bases da ética nas relações públicas. Quem estiver dentro da lei, não terá defraudado nem o superior nem os súditos (Lc 19, 8), e não poderá ser recriminado pela própria consciência, que é a lei, o fiscal e o juiz dos atos internos de todo homem. OS SOLDADOS: Perguntavam-lhe, pois, também os policiais dizendo: E nós que faremos? E disse-lhes: a ninguém maltrateis, e não denuncies falsamente e ficai contentes com o vosso soldo (14). Interrogabant autem eum et milites dicentes quid faciemus et nos et ait illis neminem concutiatis neque calumniam faciatis et contenti estote stipendiis vestris. A palavra própria para soldado é STRATIOTES, [miles em latim, soldado], e Lucas usa Stratiomenos [militans, combatente]. Como o nosso evangelista é tão cuidadoso nas palavras, podemos pensar que ele se referia a soldados recrutas, ou melhor, a soldados policiais. Como João batizava na Pereia, território de Herodes Antipas, eram provavelmente policiais que lhe perguntavam, como foram os que estavam com o tetrarca quando do julgamento de Jesus em que Lucas usa também a palavra stratiomenos, que o latim traduz por exercitus (23,11). Os evangelistas falam de stratiotes como sendo os soldados de Pilatos (Mc 15, 16) e stratiomenoi os guardas de um rei que quer punir os rebeldes (Mt 22,7) ou os guardas que o centurião mandou para salvar Paulo dos judeus revoltados (At 23,10). De fato, sabemos que não havia tropas romanas de ocupação, ou legionários, na Palestina, nem tropas auxiliares provenientes de outras partes do Império. Trata-se sem dúvida, de judeus a serviço de Herodes Antipas, que, segundo Flávio, tinha suas próprias tropas. Os judeus residentes na Palestina estavam isentos do serviço militar no exército romano desde os tempos de Júlio César. Porém não faltavam judeus que se enrolavam como mercenários. Esses policiais não deviam praticar violência [diaseio, latim concutere], agitar violentamente, extorquir (tirar com ameaças ou violência, tortura talvez e sua condenação?). Tampouco deviam acusar falsamente. O verbo grego SYCOFANTEOtem um significado particular. Sicofante era em Atenas a pessoa que delatava os contrabandistas de figos para fora da península Ática onde estava situada Atenas, uma cidade de 10 mil habitantes. A palavra se deriva de Sycon (=figo) e Fantes de faneo (=o que mostra ou descobre, daí a palavra fantasma). Parece que extorquiam dinheiro daqueles que não desejavam ser denunciados. Na antiga Grécia, a formação do direito e a organização do estado eram deficientes. Não existiam fiscais, de modo que qualquer cidadão podia acusar um outro diante da Eklesia ou Assembleia do Povo. A muitos lhes agradava essa função e a exerciam regularmente e com certo prazer. Eram os sicofantes, acusadores ou delatores, que cumpriam uma função social, mais tarde substituída pela fiscalização do Estado. Sicofantes foram os que delataram Sócrates de impiedade por não acreditar nos deuses do Olimpo, acusação que o levou a ser condenado à morte mediante a bebida do veneno da cicuta, extraído da planta do mesmo nome. Sycon tinha um significado um tanto obsceno também, e se referia ao gesto de chupar o polegar introduzido na boca, gesto que os sicofantes acostumavam fazer para indicar a culpabilidade de um delinquente. Em tempos de Aristófanes (+386 aC) que satirizava em suas comédias aspectos da vida ateniense, o nome significou um maldoso acusador por amor ao lucro. Oqwnion <3800>[opsönion, stipendium latino] era propriamente a ração diária do soldado, o rancho, que mais tarde se transformou na soldada ou soldo do mesmo. O conselho de João é que não violentem nem exijam dinheiro de corrupção e se contentem com a sua paga. Parecem sentenças que podem perfeitamente ser interpoladas em nossos dias. OPINIÃO DO POVO: Mas estando expectante o povo e considerando todos em suas mentes sobre João se não fosse o Cristo (15). Existimante autem populo et cogitantibus omnibus in cordibus suis de Iohanne ne forte ipse esset Christus. A pregação do Batista era a de um simples reformador de costumes ou era a de um arauto de alguém superior que todos esperavam na época? Porque o anúncio escatológico estava unido a um discurso parenético [de exortação] de ordem moralizante, como preparação para um próximo dia de Javé. A figura de João sobressaí na mediocridade dos contemporâneos, que só se preocupavam com o dia-a-dia, sem outras miras além do próprio bem-estar. Alguém que não comia nem bebia (Mt 11, 18) e cuja vida era austera em extremo, chamava a atenção. Seus discípulos eram numerosos. Sua influência chegava a perturbar o próprio tetrarca que determinou calar a voz externa, embora não pudesse silenciar a interna de sua consciência. Daí a pergunta geral: será ele o Ungido? O Christós<5574>, [Christus, Cristo] é o grego correspondente a Mashiyah <0489> de Dn 9, 25 o Ungido Governante, que é uma continuação da antiga realeza, instituída por Samuel como profeta de Deus (I Sm 8, 22), ungindo os dois primeiros reis, Saul (I Sm 10, 1) e Davi (I Sm 16, 12-13). Os israelitas, no tempo de Jesus, esperavam um Ungido, força [chifre] de salvação dentre a casa de Davi (Lc 1, 69), enviado por Deus para restaurar Israel e manifestar a soberania de Deus para poder servi-lo com santidade e justiça, como cantava Zacarias (Lc 1, 71-73) ou como disse Simeão a tua salvação preparada como luz para iluminar as nações e glória de Israel (Lc 2, 31-32). Desde o oráculo do profeta Natã a minha misericórdia não se afastará dele [Davi] como a retirei de Saul (2 Sm 7, 15) [o magnificat se torna eco destas palavras (Lc 1, 34-35)], ou denotam as últimas palavras de Davi: Minha casa é estável junto a Deus, porque fez comigo um pacto eterno (2 Sm 23, 5), todos acreditavam que o Messias seria descendente do Rei-Profeta. E como diz Jeremias servirão a Javé, seu Deus e a Davi, seu rei, que suscitarei para eles (Jr 30, 9). Logicamente este Davi não é o Davi histórico, mas alguém de sua estirpe que ocupará seu trono e se comportará como um novo Davi : farei brotar a Davi um renovo de justiça; ele executará justiça e justiça na terra (Jr 33, 15). Porém o título de Messias não é dado a este novo rei e somente temos dois casos no AT com esse título: Ciro, rei da Pérsia (Is 45, 1) e o povo de Israel (Hab 3, 13). Após a volta do exílio, será em Daniel 9, 25 onde encontramos a palavra mashiya e nos apócrifos pouco antes do nascimento do cristianismo onde vemos a expectativa de vários messias. Por isso, entre as negativas do Batista temos, além de não ser o Messias, a de não ser nem Elias, nem o Profeta (Jo 1, 20-21). O BATISMO: Respondeu João a todos, dizendo: Eu, na verdade, em água vos batizo; mas vem quem é mais forte do que eu, do qual não sou digno de desatar as correias de suas sandálias. Ele vos batizará em Espírito Sagrado e fogo (16). Respondit Iohannes dicens omnibus ego quidem aqua baptizo vos venit autem fortior me cuius non sum dignus solvere corrigiam calciamentorum eius ipse vos baptizabit in Spiritu Sancto et igni. No grego clássico havia dois verbos para indicar um mergulho em água: Bapto<911> e Baptizo <907>. O médico Lisander que viveu perto do ano 200 aC, os distingue perfeitamente: para fazer picles deve primeiro mergulhar [bapto] o vegetal em água fervente e depois submergi-lo [baptizo] em vinagre. O primeiro caso significa uma ação pontual e o segundo uma ação permanente. No evangelho de João, Jesus molha o pão [bapso] e o entrega a Judas (Jo 13, 25). Também será o verbo usado pelo rico para pedir a Abraão que molhe a ponta do dedo na água e assim refrigere sua língua (Lc 16, 24). Nas outras circunstâncias usa-se o verbo baptizo: mais do que um mergulho é uma imersão total e definitiva. Desse modo, o batismo não deve ser um ato casual, mas um processo permanente. É uma conversão e, portanto, significa uma mudança continuada. Temos visto a mudança que João exige do povo comum, dos coletores de taxas e dos policiais. Isso entre os judeus. Para os gentios é só abrir as páginas de Paulo aos romanos em 1, 25-31 para ver em que devia consistir a methanoia entre eles. O batismo, segundo Paulo, é para se despojar do velho homem, corrompido com concupiscências enganosas, para se vestir do homem novo, criado segundo Deus em justiça e retidão, procedentes da verdade (Ef 4,22-24). Os Kikos ou neocatecumenais, têm um rito que para eles é uma memória permanente do batismo feito na infância: nas próprias águas do rio Jordão eles, vestidos de branco, submergem-se para sair como homens novos que dizia Paulo. Batizar na água era, na realidade, um ato de lavagem externa. Por isso, João espera aquele que realizará um batismo muito mais profundo, interno, que purifica como o fogo e transforma o espírito em espírito consagrado a Deus. AS SANDÁLIAS: O hypodema grego (atado em baixo literalmente; em latim calceamentum) indica qualquer tipo de calçado, especialmente uma sola de couro, casca de palmeira ou caniço, na planta dos pés que era depois atada com correias de couro (o imas grego, em latim corrigia). Esse calçado era usado para as viagens ou trabalho na lavoura da terra. Era próprio da mulher ou do escravo mais humilde receber o dono após voltar de uma viagem, desatar os cordéis das sandálias e lavar seus pés. Esta lavagem se fazia sempre que um hóspede entrava numa casa para um banquete (Gn 18,4 e Lc 7,38). Jesus lavou os pés dos discípulos antes da última ceia (Jo 13, 5). Na Igreja primitiva, as viúvas lavavam os pés dos santos (=cristãos) (1 Tm 5, 10). Compreende-se o costume pela razão de que os comensais se deitavam praticamente no chão sobre travesseiros para os banquetes, entre os quais devemos incluir a Ceia do Senhor (1 Cor 11,20). O Batista se rebaixa até dizer que, como servo, nem é digno de fazer o que o último dos tais faria a seu senhor. Mateus dirá levar as sandálias, como parece era costume do escravo apresentá-las antes de as vestir o amo. BATISMO DO MESSIAS: Era um batismo “em espírito de santidade e em fogo”. A tradução com espírito e fogo não respeita a ideia grega original. Ou seja: um mergulho no espírito divino em que os profetas e os homens santos escolhidos por Deus estavam habitualmente imersos, ao mesmo tempo que uma simbólica purificação pelo fogo, ou seja, a máxima pureza que um metal podia obter através de métodos de limpeza de escórias e contaminações. Logicamente o Batista não conhecia a ação do Espírito como terceira pessoa da Trindade; mas nós temos textos de Qumrã que ele podia conhecer e que dizem: “Então (quando aparecer para sempre a verdade sobre a terra) Jahvé purificará em sua verdade todas as ações do homem e depurará (por meio do fogo) para si, o corpo de cada um; a fim de eliminar todo espírito de iniquidade de sua carne e limpá-lo pelo espírito de santidade de todos os atos de impiedade. E ele derramará sobre o homem o espírito de verdade como água lustral”(água obtida pela imersão de um tição aceso trazido do altar dos sacrifícios). No AT existiam várias lavagens com água que se consideravam ritos, e numa delas misturavam-se cinzas do sacrifício como é o caso da novilha vermelha para água purificadora da oferta pelo pecado (Nm 19, 9), o chamado Korban para Aduma (sacrifício da vaca vermelha) em que se prescreve a Juka (estatuto) da Torah (lei) como uma coisa especial, embora não se saiba o porquê de uma vaca vermelha. Talvez por representar a cor do sangue da menstruação feminina que constituía com a morte, a principal causa de impureza. O fogo era também instrumento de purificação (Nm 31,23). O mensageiro do Senhor purificará como o fogo do ourives e a potassa dos lavandeiros. Purificará os filhos de Levi e os refinará como ouro e como prata (Ml 3, 2-3). Qual acrisolador te estabelecerei entre o meu povo…em vão continua o depurador porque os iníquos não são separados (Jr 6, 27-29). Com estes textos do AT podemos deduzir, sem dúvida, que o batismo ao qual se referia João era um batismo de purificação. O dele era em água lustral para preparar o batismo mais completo do Messias, que apresentava duas partes diferentes: 1a). A parte principal era o espírito novo a receber os que se submergiam no novo batismo de verdade e santidade. 2a) Ao mesmo tempo, pelo batismo em fogo referia-se João a esse sinal de contradição (Lc 2, 34) que foi a vinda do Messias, e que imediatamente expressará com o símbolo da pá para separar bons e maus. É o batismo na ira divina. Por isso, no início clamará: Raça de víboras, quem vos induziu a fugir da ira vindoura? (Mt 3, 7). O Batismo do Messias era, pois, a) uma imersão no espírito divino da santidade e da verdade para quem estivesse preparado pela mente da conversão, ou b) no fogo destruidor para quem não tivesse preparado o caminho da verdade e santidade, que não se admite sem uma pureza de mente e limpeza de sentimentos. A alusão ao Batismo sacramento é como diz um autor, um estágio tardio (o 3o) da tradição, uma vez sabida a força do Espírito Santo em Pentecostes. A PÁ: Ptuon em grego e ventilabrum em latim, era a forquilha ou pá para lançar ao vento o trigo, misturado com a palha após a trilha, para que o vento separasse a ambos. O Batista com esta figura indica como o Messias separará o trigo bom da palha inútil, num julgamento em que os culpados escolherão seu lado, e os justos o lado correto da sentença, como ocorre em toda vida humana diante do mistério de Cristo. Os bons irão para o celeiro e os maus para o fogo inextinguível, único destino da palha que não serve para outra coisa. PISTAS: 1)Temos ouvido falar muito de opção preferencial pelos pobres, ou se se prefere de amor preferencial. Porém existe uma opção essencial, muitas vezes esquecida: é a opção pelo bem (Pai), pela verdade (Filho ) e pelo amor (Espírito), para formarmos parte da família divina que será a próxima e última morada definitiva dos que querem viver conforme a essa vontade livremente determinada, em contraposição aos que chamamos condenados e que melhor podemos designar como obstinados no mal, na mentira e na violência do ódio. 2) Por isso, é necessário uma conversão, que é essa opção primária como temos definido. Sem ela, o mal toma posse do homem que se torna escravo do pecado, como afirma Paulo em Rm 6, 6, obedecendo-o para a morte (6,16). 3)Caso pareça difícil a conversão, temos dois meios para superar essa difícil situação sentimental: A oração. Agostinho diz: faz o que pode e pede o que não pode. A oração do publicano [tem piedade de mim pecador], é uma oração salvífica. O segundo meio é a esmola que, livra da morte e impede que se vá para as trevas e purifica de todo pecado (Tb 4, 10 e 12,9). 4) A verdadeira conversão é a que tem como resultado o perdão do inimigo e o abraço ao antagonista. Então encontramos dentro de nós o Espírito de Deus como forma de nosso espírito. A reconciliação, cujo fruto é a paz, constitui o maior trunfo da mensagem evangélica. EXCURSUS: NORMAS DA INTERPRETAÇÃO EVANGÉLICA - A interpretação deve ser fácil, tirada do que é o evangelho: boa nova. - Os evangelhos são uma condescendência, um beneplácito, uma gratuidade, um amor misericordioso de Deus para com os homens. Presença amorosa e gratuita de Deus na vida humana. Interpretação errada do evangelho: - Um chamado à ética e à moral em que se pede ao homem mais que uma predisposição, uma série de qualidades para poder ser amado por Deus. Consequências: - O evangelho é um apelo para que o homem descubra a face misericordiosa de Deus [=Cristo] e se entregue de um modo confiante e total nos braços do Pai como filho que é amado.
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