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Ambientação: Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs! INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Celebramos hoje a festa da Sagrada Família de Nazaré, contemplando-a como modelo de santidade para nossas famílias. Encarnando-se num núcleo familiar, o Senhor nos ensina que a vida nova alcançada no natal tem como objetivo restaurar as famílias, de modo que os seres humanos se compreendam como irmãos na vivência da fraternidade! Celebremos, alegremente. INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Tendo celebrado o nascimento de Cristo, a Igreja comemora hoje a Sagrada Família de Nazaré: Jesus, Maria e José. Nessa família nasceu e cresceu o Verbo de Deus, para um dia assumir sua missão salvadora no mundo. Podemos dizer com segurança que o Amor, vínculo da perfeição, fez da Sagrada Família o modelo do lar cristão. Em Nazaré, a família vivia em torno de Jesus. Da mesma forma, deve viver a família cristã. Somente assim poderá experimentar o dom da paz. Rezemos também para que todas as famílias obtenham dos poderes políticos apoio e incentivo para desempenhar seu papel insubstituível na sociedade. INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Hoje celebramos a Festa da Sagrada Família: Jesus, Maria e José. Deus em sua plenitude e em sua infinita bondde mostra que precisa de nós, seres humanos, para realizar suas grandiosas obras. É através da família que seu amor infinito se espalha pelo mundo, contagiando a todos com a beleza da santidade e do amor ao próximo. Neste último domingo do ano, liturgicamente dedicado à família, queremos celebrar em comunhão com todas as nossas famílias. Podemos definir a família numa frase: “família é relação”. Num sentido pedagógico, do ponto de vista relacional, podemos dizer que a família é a melhor escola de relacionamento humano. Quando as coisas não funcionam bem no berço do relacionamento, que é a família, então a previsão não é boa, com ameaças de relacionamentos tempestuosos para o futuro. Por isso, nesta celebração, nosso olhar se volta para a casa de Nazaré, onde vivia a Sagrada Família. Uma família pobre, gente simples e modesta que enfrentou problemas, assim como grande parte de nossas famílias. Queremos também, neste último domingo de 2018, agradecer a Deus tudo o que vivemos, principalmente as graças e bênçãos que do alto recebemos Sintamos o júbilo real de Deus em nossos corações e cheios dessa alegria divina entoemos alegres cânticos ao Senhor! (coloque o cursor sobre os textos em azul abaixo para ler o trecho da Bíblia) PRIMEIRA LEITURA (Eclesiástico 3,3-7.14-17): - "Pois Deus quis honrar os pais pelos filhos, e cuidadosamente fortaleceu a autoridade da mãe sobre eles." SALMO RESPONSORIAL 127/128: - "Felizes os que temem o Senhor e trilham seus caminhos!" SEGUNDA LEITURA (Colossenses 3,12-21): - "Mas, acima de tudo, revesti-vos da caridade, que é o vínculo da perfeição." EVANGELHO (Lucas 2,40-52): - "Meu filho, que nos fizeste?! Eis que teu pai e eu andávamos à tua procura, cheios de aflição" Homilia do Diácono José da Cruz — Solenidade da Sagrada Família de Jesus — ANO C "FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA" Hoje é o penúltimo dia do ano civil, tempo de olharmos para trás e darmos glória a Deus pelo ano que se encerra, tempo também de refletirmos sobre o que fizemos no ano que passou, para edificarmos o reino de Deus entre nós. O lugar privilegiado para darmos o nosso testemunho nesse sentido é na vida familiar que in felizmente apresenta hoje um quadro muito caótico porque a família é agredida todos os dias de muitas formas, esvaziando-a de seus valores sagrados, de suas virtudes que lhe dão a dignidade a cada membro, moldando um caráter cristão despertando-lhes a consciência de que são filhos e filhas queridas de Deus. Por isso o casal cristão recebe o Sacramento do matrimônio ao se unirem um dia, sacramento quer dizer sinal do amor de Deus, porque a missão do casal é despertar nos filhos o amor para o qual foram criados porque Deus nos fez para o amor e somente na família é que podemos ter esse conhecimento. A Sagrada Família vivia esse propósito, Maria e José educaram Jesus desta maneira e ele aprendeu muito com seus pais, a revelação de que era Filho de Deus foi acontecendo aos poucos, graças ao testemunho de seus pais. De maneira muito equivocada pensamos que Jesus já sabia tudo e que seus pais eram figuras meramente decorativas em sua vida. Isso não é verdade! Além do sustento material do menino, Maria e José, como qualquer pai e mãe, tiveram de assumir a formação religiosa de Jesus e o fizeram dentro do Judaísmo, que era a religião que freqüentavam, com todas as dificuldades próprias daquele tempo. Talvez hoje, muitos pais achem praticamente impossível educar um filho ou uma filha na fé, se a história da Salvação acontecesse hoje, José e Maria, vivendo em nosso tempo, saberiam cumprir a missão de educar o filho dentro dos princípios cristãos, para que ele descobrisse a sua identidade de Filho de Deus. Mas não foi assim tão simples, muita coisa Maria e José não entenderam, como esse susto que Jesus deu neles, aos 12 anos, por ocasião da festa da páscoa, ao retornarem em comitiva como era comum naquele tempo, o grupo dos homens e das mulheres em separado pelo caminho, José pensou que o menino estivesse com a mãe, e esta pensou o mesmo. Somente depois de três dias é que deram pela sua ausência e voltaram desesperados a Jerusalém, encontrando-o no templo entre os Doutores da Lei, discutindo com eles, ensinando mas também apreendendo porque como qualquer criança, Jesus passou pela catequese. Ocupar-se das coisas de Deus – foi a resposta até um pouco “atravessada” que Jesus deu aos pais. Após os sacramentos da iniciação cristã, se o testemunho dos pais for autêntico, a criança já terá descoberto em si mesmo essa vocação para viver o amor na comunidade no serviço aos irmãos e irmãs. Aproveitemos esses momentos derradeiros deste ano para verificarmos com sinceridade se foi isso que fizemos no decorrer de todo este ano, será que o nosso modo de viver em família, despertou em nossos filhos a vocação para o amor? Será que valorizamos a comunidade como espaço onde manifestamos essa vocação? Se nossas famílias viverem sempre nessa graça,comunicando uns aos outros a santidade, iremos ter em breve uma nova sociedade bem diferente da que temos pela frente. Isso é missão de todos os cristãos! José da Cruz é Diácono da Homilia do Padre Françoá Costa — Solenidade da Sagrada Família de Jesus — ANO C Sabedoria familiar Todos aqueles que escutavam o Senhor Jesus, com apenas doze anos, estavam admirados da sabedoria das suas respostas, também Maria e José se admiravam (cf. Lc 2,47-48). A sabedoria do Perfeito Deus e do Perfeito Homem, Jesus Cristo, é impressionante; contemplar essa sabedoria quando ele tinha apenas doze anos devia ser algo digno de grande surpresa. Tampouco deixa de ser edificante a capacidade de maravilhar-se de Nossa e São José: ao pensarmos que eles conviviam com o Menino Jesus e que, portanto, o escutavam frequentemente, nós poderíamos concluir que eles já estavam acostumados às palavras do Deus-Homem. E não era assim! Maria e José continuam admirando-se e meditando em seus corações todas as palavras de Jesus. Aprendamos essa atitude dos pais de Jesus: escutar, admirar, meditar e viver a Palavra de Deus! Essa atitude faz-nos sábios. Maria e José tinham dentro do próprio lar a sabedoria de Deus. Como é importante também que as nossas famílias tenham dentro de casa a sabedoria. Jesus Cristo é a Sabedoria. A sabedoria é também um dos sete dons do Espírito Santo e faz com que tenhamos um juízo correto sobre as coisas, faz com que julguemos as coisas “segundo o Espírito”, movidos pelo Espírito Santo. Trata-se daquilo que pedimos naquela conhecida oração: “Vinde, Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas”. Como é importante que pensemos todas as coisas da nossa vida segundo as exigências do amor de Deus! A sabedoria faz com que exista em nós uma inclinação amorosa a querer e seguir a vontade de Deus, uma espécie de co-naturalidade com o que Deus quer. Esse dom acompanha a virtude sobrenatural da caridade. E a caridade é exigente! Trata-se daquela disposição que se encontra em nós pela graça e que nos faz amar a Deus como ele quer ser amado e amar a todos os seres humanos como Deus os ama. Diz Santo Tomás de Aquino que a caridade é um amor de amizade entre o homem e Deus, que constitui a fonte e o motor de toda a vida cristã. O amor, em seu ponto mais alto, consiste em doar-se, em entregar-se a si mesmo, não só em dar algo, mas dar-se a si mesmo (amor ágape). O que acontece é que essa doação nos deixa “esgotados”. Faço ou não faço isso? Que esse juízo seja feito sob o impulso da sabedoria que vem do alto. Diante das exigências do amor, o dom da sabedoria existe também para dar suavidade à nossa doação, por esse dom somos movidos a realizar a doação que Deus nos pede a cada momento. Mais concretamente, quais são as exigências do amor de Deus na vida de família? Muitas… e especialmente no que se refere à convivência pacífica e amorosa dos cônjuges e à educação dos filhos. Com relação à convivência conjugal: quem se deixa conduzir pela sabedoria que vem do Espírito Santo saberá descobrir e viver as amorosas exigências do amor matrimonial. Saberá tratar com delicadeza o cônjuge, conviver com as fraquezas dele, melhorá-lo (a). A sabedoria que vem de Deu os fará ver que nos momentos de dificuldades é que se encontra uma excelente oportunidade para demonstrar seu amor a Deus e ao próprio compromisso matrimonial. A vontade de Deus para si, a vontade de Deus para o cônjuge: esta é a norma de conduta da pessoa sábia no seu matrimônio. Quais as exigências do amor de Deus no que diz respeito aos filhos? Quantos sacrifícios o Senhor pede dos pais para com os seus filhos, em primeiro lugar para tê-los! Somente os pais que são sábios entendem, como exigência do amor de Deus e do amor entre eles, que é preciso ser generosos para receber como dons do alto os filhos que Deus lhes quer enviar. Faço-lhes uma confidência de amigo: admiro com entusiasmo as famílias numerosas e também àquelas que, dentro da sua generosidade para com Deus, têm poucos filhos! Aplaudo também aqueles pais que não tem filhos porque o Senhor não quis dar-lhes e que aceitam essa realidade com vontade de Deus para eles, pois os filhos são presentes de Deus e os presentes não se exigem! Tenho dificuldade para entender a tantas pessoas casadas cujo egoísmo não lhes deixa o caminho livre ao amor que quer se concretizar nos filhos. Além do mais, também há muito sacrifício para educar os filhos! Muitas virtudes precisam ser vividas no lar! Como tratar os filhos na infância, na adolescência, na juventude, na maturidade? É preciso pedir ao Espírito: “dá-me, Senhor, sabedoria”. O sábio vê as coisas movido pelo amor de Deus. Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa - 27/12/2009 Comentário Exegético — Solenidade da Sagrada Família de Jesus — ANO C INTRODUÇÃO: Parece que além de dar provas da verdadeira natureza humana de Jesus, o Espírito Santo quis deixar um exemplo para todos os adolescentes de como deveria ser seu comportamento com os pais terrenos e com o Pai dos céus. Este é o ensinamento que deriva de seu exemplo, quando perdido e achado no templo e quando voltando a Nazaré crescia em todas as ordens. AS FESTAS: E seus pais iam todos os anos a Jerusalém na festa da Páscoa (41). Et ibant parentes eius per omnes annos in Hierusalem in die sollemni paschae. A lei de Moisés obrigava a peregrinação a Jerusalém de todos os maiores de treze anos nas três festas principais: Páscoa, Pentecostes e Tabernáculos (Dt 16, 16). Não parece que tiveram obrigação os galileus e muito menos as mulheres. DOZE ANOS: Quando, pois, chegou aos doze anos, subindo eles a Jerusalém, segundo o costume da festa (42), e acabados os dias da volta deles, permaneceu Jesus, o menino, em Jerusalém e não souberam seus pais (43). Et cum factus esset annorum duodecim ascendentibus illis in Hierosolymam secundum consuetudinem diei festi consummatisque diebus cum redirent remansit puer Iesus in Hierusalem et non cognoverunt parentes eius. Embora a idade era dos 13 anos após o BAR MITZWA, em que o menino era considerado maior de idade e, portanto, filho do mandato, que é a tradução direta do bar mitzwa. Desde o aniversário dos 13 anos, o menino estava sujeito aos 613 mandatos da lei e, por outra parte, adquiria o privilégio de ser contado entre os Minyan (literalmente número), que era o número mínimo para formar o culto na sinagoga. Muitas vezes eram pagos porque deviam deixar o trabalho para resolver os assuntos comuns e religiosos que exigiam sua presença. É bem verdade que a festa, tal e qual a conhecemos, tem uma data inicial tardia, século XV. O primeiro Sábado que segue seu 13o aniversário é o dia de seu Bar Mitzwa. Mas antes disso, o adolescente preparava-se aprendendo as noções fundamentais da história e tradições judaicas, as orações e costumes do povo, estudando os princípios que regem a fé judaica. Nesse sábado da comemoração, o jovem recitava um capítulo da Torah e um capítulo dos profetas (Haftará) com a melodia tradicional para estes capítulos, baseada numa escala de notas musicais, padronizadas para a leitura em público dos dois capítulos. A cerimônia religiosa era depois acompanhada com uma reunião festiva e familiar. Podemos dizer que era como a primeira comunhão. Escrito o original em aramaico, talvez possamos compreender que 12 e 13 se confundem e que Jesus teria os treze anos. Mas como temos visto aos 12 anos já entrava dentro dos exercícios de preparação e isso talvez seja o que Jesus disse a Maria: Devo ocupar-me das coisas de meu pai (2, 49). A CARAVANA: Pensando, portanto, que ele estivesse na comitiva, percorreram um caminho de um dia e o buscavam entre os parentes e os conhecidos (44). Existimantes autem illum esse in comitatu venerunt iter diei et requirebant eum inter cognatos et notos. COMITIVA: O Sinedion grego indica um caminhar juntos, uma caravana (comitatus). Caminhavam dispostos em três seções: Na vanguarda estavam os mais jovens dispostos a repelir os bandidos com bastões e até espadas. No centro mulheres e crianças menores de doze anos e na cauda, com os mais velhos, os meninos maiores de doze anos. Os menores de doze anos podiam, pois, estar com as mulheres ou com os anciãos. Somente à noite é que os membros de uma mesma família se encontravam. Geralmente acostumavam percorrer 32 km por dia. Mas isso dependia das fontes de água. A primeira jornada era até Beerot a 16 km de Jerusalém, talvez pela dificuldade de encontrar água numa outra parada. No total eram três dias até a Galileia. Foi assim que a ausência de Jesus, só foi notada ao fim da primeira jornada. A PERDA: E não o tendo encontrado, voltaram a Jerusalém, buscando-o (45). Sucedeu, pois, depois de três dias o encontraram no templo, estando sentado no meio dos doutores, tanto ouvindo-os como perguntando-os (46). Admiravam-se pois, todos os que o ouviam sobre a sua inteligência e as suas respostas (47). Et non invenientes regressi sunt in Hierusalem requirentes eum Et factum est post triduum invenerunt illum in templo sedentem in medio doctorum audientem illos et interrogantem. Stupebant autem omnes qui eum audiebant super prudentia et responsis eius. Durante o descanso noturno, as famílias se reuniram. Jesus não estava em parte nenhuma. Assim os pais, José e Maria, decidiram voltar a Jerusalém. Mais um dia de volta e mais um dia até encontrá-lo no templo. No total os três dias de que fala o evangelista, a não ser que o numeral seja tomado no lugar do indefinido, no lugar de adjetivos que as línguas semitas carecem, como alguns, poucos, vários, etc. de modo que o número três deixa de ser um cardinal para se transformar em plural mais ou menos definido. ENTRE OS MESTRES: A palavra usada por Lucas não é a usual para designar os escribas, (Nomikoi ou Grammateis) mas Didáskaloi com a qual Lucas designa o próprio Jesus (15 vezes) e que as línguas modernas traduzem por doutores. Há quem considere que no templo existia uma sinagoga e que nesta se ensinava a lei aos pequenos como em todas as demais da Palestina. Pode ser. Mas também era costume ensinar aos discípulos entre as colunas do pórtico de Salomão, como Jesus tinha costume de fazer, no templo: “estava sentado ensinando”(Mt 26, 55). Que os discípulos perguntassem era comum. Assim foram as perguntas dos fariseus (Mt 22, 15+), dos saduceus (Mt 22, 23 +) e do doutor da lei(Mt 22, 41+). A Rabi Hanina se atribui este ditado: “Tenho aprendido muito dos meus mestres e mais dos meus condiscípulos…Porém de meus discípulos mais do que todos”. POR QUE: E vendo-o, se admiraram; e dirigindo-se a ele sua mãe disse: Filho, Por que nos fizeste assim? Olha, teu pai e eu angustiados te procuramos (48). Et videntes admirati sunt et dixit mater eius ad illum fili quid fecisti nobis sic ecce pater tuus et ego dolentes quaerebamus te. Logicamente, assistimos a uma situação completamente nova na relação filho-pais. Como dirá depois o evangelista, a obediência e submissão de Jesus, era o dia a dia de sua relação com seus pais. Como um filho semelhante, sem pedir licença, podia ser causa de tamanha angústia de seus pais? A RESPOSTA: E lhes disse: que (é) isso, por que me buscáveis? Não sabíeis que nas coisas de meu Pai devia estar? (49). Et ait ad illos quid est quod me quaerebatis nesciebatis quia in his quae Patris mei sunt oportet me esse.Na resposta de Jesus, parece que tanto Maria como José deviam estar cientes de que Jesus não lhes pertencia totalmente. Por isso, a frase que temos traduzido como nas coisas de meu Pai tem estas interpretações: a) Na casa do meu Pai. Foi a preferida pelos padres da Igreja contra os gnósticos que rejeitavam o AT e o Deus dos hebreus. Com estas palavras, Jesus declara ser seu Pai o mesmo que habitava o templo de Jerusalém, ou seja, Jahveh (Sl 23,6).- b) Nos assuntos do meu Pai: como a Vulgata traduz o texto grego. -c) Entre os amigos do meu Pai, pois os pais, Maria e José o buscaram inutilmente entre os consanguíneos e conhecidos. A resposta é que não era entre estes últimos, mas entre os que eram amigos e conhecidos do Pai que deveriam ter buscado. O verdadeiramente importante era que Jesus devia amoldar sua vida às exigências de seu Pai, exatamente como o diria com toda claridade em Mt 12, 48 quando o buscam os parentes: quem é minha mãe e quem são meus irmãos? Aos 12 anos, vésperas de sua independência, como filho da lei, Jesus mostra qual é seu caminho e qual a verdadeira vontade que deve dirigir sua vida em obediência. A PROFECIA: E eles não entenderam a palavra que lhes falou (50). Et ipsi non intellexerunt verbum quod locutus est ad illos.Infelizmente tanto o latim como as línguas vernáculas não tem essa distinção entre logos e rema.Logos é termo geral e rema é o pronunciamento, a sentença e no caso de um homem de Deus a profecia, como aqui. Esse estar sempre atento às coisas do Pai para lhe obedecer era a vida de Jesus que na sua primeira decisão independente, segundo a lei, tomava como atitude total de sua vida; como diz Paulo se fez obediente até a morte e morte de cruz (Fp 2, 8). FILHO TAMBÉM DOS HOMENS: E desceu com eles e veio a Nazaré. E era submisso a eles. E a mãe dele guardava todas estas palavras em seu coração (51). Et descendit cum eis et venit Nazareth et erat subditus illis et mater eius conservabat omnia verba haec in corde suo. Com estas palavras, Lucas quer deixar claro que Jesus não foi um rebelde, mas um menino obediente e exemplar para com seus pais. Também parece que indiretamente indica qual foi a fonte destas atuações surpreendentes em Jesus, para logo tê-las como verídicas: a memória exata de Maria que nestas angustiosas circunstâncias gravava tudo como se fosse um disco de memória. O CRESCIMENTO: E Jesus crescia em sabedoria, em idade e em graça diante de Deus e dos homens (52). Et Iesus proficiebat sapientia aetate et gratia apud Deum et homines. É notável ver como Lucas repete em 2,52 o que tinha dito em 2,40: ”O menino crescia e se fortalecia, cheio de sabedoria, e a graça de Deus estava nele”. Tomando como modelo 1 Samuel 2:26: “Mas o jovem Samuel crescia em estatura e no favor do Senhor e dos homens”. O único novo no Jesus de Lucas é o crescimento em sabedoria, sem dúvida, uma clara conclusão de seu contato com os mestres de Israel. Porque a graça de Deus pode ser traduzida pelo “O senhor estava com ele”. Graça aqui significa agrado, pois vemos como Lucas acomoda o dito de Samuel a Jesus. A medida que Jesus crescia ia mostrando com fatos a sua sabedoria e cada vez mais Deus estava com ele e os homens admiravam sua bondade, de modo que mais e mais cada dia era digno da admiração e beneplácito de Deus e dos homens. UM CONVITE: Levantar ou arrumar uma árvore de Natal é colocar um objeto de adorno dentro de uma residência. Arrumar um presépio é introduzir uma família a mais dentro da nossa. É uma família que pede hospedagem, não material, porque geralmente é colocada no lugar mais importante da casa, mas de tipo espiritual, de sentimento, de fé e de amor. Embora um presépio não fale, devemos prestar atenção às palavras do poeta: “Há palavras que são ditas em silêncio. Há silêncios que valem por muitas palavras. Há fatos que valem por palavras nunca antes pronunciadas. São fatos que convidam ou reprovam, que aplaudem ou recriminam”. Dos tais, é o fato do Natal do menino que Deus assumiu em pessoa como elemento humano do Verbo. Seu nascimento é um convite ao amor e à reflexão. Amor principalmente de como Deus quer ser humano e habitar entre os humanos. Reflexão de como nós humanos queremos viver nossa humanidade já assumida por Deus totalmente num homem chamado Jesus. Deus teve escolha para nascer do jeito que Ele queria. Podia ser rico e nasceu pobre para que todos pudessem ver nele o modelo de homem novo do seu evangelho. Escolheu uma virgem como mãe, não unicamente para indicar a paternidade verdadeira, mas para demonstrar que o prazer não é a fonte total da vida. Pastores, para demonstrar que sua vida era mais de pastor que cuida do rebanho que do rei que o governa. Uma família para significar que o amor nasce com a vida e esta vincula os homens com laços que devem ser eternos. Mas seu Natal é também para nós um convite: O amor de Deus exige uma resposta. Queremos aproveitar a lição ou tentaremos buscar nossa felicidade dentro de nosso egoísmo, que será quem finalmente dite nossas respostas? Já sabemos o resultado das mesmas porque o álcool, a droga e o sexo-livre escravizam, dominam e matam. Se queremos viver a vida legítima e verdadeira, Jesus nos mostra o caminho, sua família o ambiente, seu Natal a verdade. O Natal é um convite para que creiamos no Amor, adoremos o Amor e vivamos imitando o Amor. EXCURSUS: NORMAS DA INTERPRETAÇÃO EVANGÉLICA - A interpretação deve ser fácil, tirada do que é o evangelho: boa nova. - Os evangelhos são uma condescendência, um beneplácito, uma gratuidade, um amor misericordioso de Deus para com os homens. Presença amorosa e gratuita de Deus na vida humana. Interpretação errada do evangelho: - Um chamado à ética e à moral em que se pede ao homem mais que uma predisposição, uma série de qualidades para poder ser amado por Deus. Consequências: - O evangelho é um apelo para que o homem descubra a face misericordiosa de Deus [=Cristo] e se entregue de um modo confiante e total nos braços do Pai como filho que é amado.
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