| GOTAS DE REFLEXÃO - EVANGELHO DOMINICAL
 
              30.06.201913º Domingo do Tempo Comum 
                — ANO C
 SOLENIDADE DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO
 ( VERMELHO, GLÓRIA, CREIO, PREFÁCIO PRÓPRIO – OFÍCIO DA SOLENIDADE )
 __ "Pedro e Paulo: Fé e evangelização" __
 Ambientação:  Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs! INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Celebramos hoje a solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo. Mestres inseparáveis de fé e de inspiração cristã pela sua autoridade, simbolizam todo o Colégio Apostólico. Em ambos, quer na vida, quer no martírio, prolongam-se a vida, a paixão, morte e ressurreição de Cristo. Hoje é também o “Dia do Papa”. Queremos manifestar nossa estima e obediência ao sucessor de Pedro, sinal da unidade da Igreja e da comunhão na fé e na caridade. INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, hoje a Igreja triunfante e peregrina, num só coro, louva e bendiz ao Senhor pela vocação e ministério dos dois grandes apóstolos, Pedro e Paulo. Movidos por um só e intenso amor por Cristo, ambos, de diferente formas, abraçaram a causa de Jesus, o Reino de Deus, e fizeram dela o sentido de suas vidas. Como colunas da Igreja, fundaram comunidades cristãs, unidas pelo Espírito Santo. Nós, hoje, alegres, cantamos a Deus nosso hino de louvor por tão grandes testemunhas, enquanto elevamos nossas preces pelo Papa Francisco, que hoje é o sucessor de Pedro e elo de unidade de toda a Igreja. INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: A celebração de hoje é antiquíssima; foi inscrita no Santoral Romano muito antes da festa do Natal. No século IV já se celebravam três missas, uma em São Pedro no Vaticano, outra em São Paulo, fora dos muros, a terceira nas catacumbas de São Sebastião, onde provavelmente estiveram escondidos por algum tempo os corpos dos dois apóstolos. Sintamos em nossos corações a alegria da Ressurreição e entoemos alegres cânticos ao Senhor! 
 
               (coloque o cursor sobre os textos em azul abaixo para ler o trecho da Bíblia) 
 PRIMEIRA LEITURA (Atos 12,1-11):   - "Agora vejo que o Senhor mandou verdadeiramente o seu anjo e me livrou da mão de Herodes e de tudo o que esperava o povo dos judeus." SALMO RESPONSORIAL (Sl 33/34):    - "De todos os temores me livrou o Senhor Deus." SEGUNDA LEITURA (2 Timóteo 4,6-8.17-18):    - "O Senhor me salvará de todo mal e me preservará para o seu Reino celestial. A ele a glória por toda a eternidade! Amém." EVANGELHO (Mateus 16,13-19):   - "E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela." 
 
 Homilia do Diácono José da Cruz — Solenidade de São Pedro e São Paulo — ANO C AS COLUNAS DA IGREJA Festa de São Pedro  e São Paulo, que celebramos nesse domingo, nos faz pensar na origem de nossas  comunidades. Como tudo começou? Quando foi a primeira celebração, quem fez?  Como é que a comunidade cresceu e se desenvolveu para chegar aos dias de hoje?  Uma coisa é muito certa, o fundador ou fundadores, deve ter feito uma  experiência muito profunda com Jesus Cristo, pois sem isso, a comunidade não  teria um alicerce, alguém em quem apoiar-se para poder crescer e cumprir a sua missão. Comecemos  a falar primeiro de Paulo, cuja teologia, isso é, o modo como ele começou a  pensar as coisas de Deus, depois do encontro com Jesus no caminho para Damasco,  foi tão marcante na vida das comunidades, que esse apóstolo é mencionado como o  segundo fundador da nossa Igreja. De fato, seria difícil pensarmos em uma  igreja universal, presente no mundo inteiro, em outras culturas e nações, sem  nos lembrar de Paulo, aquele que pregou aos gentios que eram pessoas de outra  cultura. Paulo não ficou só na mística, se assim o fizesse, teria fundado uma  outra religião e arrastaria milhares de adeptos, porém, sistematizou alguns  pontos doutrinários importantes, organizou as comunidades que havia iniciado, e  o mais bonito, mesmo pensando um pouco diferente do Chefe dos Apóstolos,  manteve-se firme em comunhão com ele e os irmãos da Igreja de Jerusalém, com  quem aliás, sempre foi solidário , ao organizar coletas que levava para a  Igreja mãe. São  Paulo é o modelo fiel do cristão autêntico, que faz a experiência com Jesus, se  encanta com o seu ensinamento, desfaz o seu projeto de vida por causa dele e  torna-se um fiel seguidor do evangelho, dando por ele a própria vida como  aconteceu em seu martírio.São Paulo sempre acreditou nas comunidades, mesmo  quando havia indícios de desunião, problemas internos, contendas e divisões,  acreditava nas pessoas e mantinha com elas uma boa relação, mesmo que se  tratasse de Pedro, que tinha uma linha mais tradicionalista, causa de algumas  divergências bastante sérias entre ambos mas Paulo nunca deixou de amá-lo por  causa disso. Ele mesmo manifestava essa sua flexibilidade, quando afirmava que  se fazia um com todos e não tinha dificuldade de conviver com as pessoas. Outra  coisa importante na pessoa de Paulo, é que ele promoveu uma ação evangelizadora  em ambiente hostil á Cristo e ao seu evangelho, era corajoso e nunca teve medo  de anunciar a Verdade. Isso nos leva a pensar que muitas vezes somos  negligentes, quando ficamos esperando que as pessoas venham procurar nossa  pastoral ou movimento, parece que a gente não se sente seguro para falar do  evangelho no meio do mundo, lá onde as pessoas precisam escutar esse anúncio,  porque achamos que não vão gostar e que algumas vão ser contra. Se São Paulo  pensasse assim, milhares de pessoas, ontem e hoje, não teriam conhecido a  Jesus. São  Pedro é chamado o príncipe dos apóstolos, isso é, aquele que iniciou o  apostolado, e vemos no evangelho de hoje, porque o próprio Cristo o constituiu  chefe da sua igreja. Ele conseguiu enxergar em Jesus algo muito mais do que se  falava, o povo via nele um Messias Profeta, comparável a João Batista ou a  Elias, outro grande profeta na História de Israel, mas esse pensamento era  fruto de uma ideologia, e a era messiânica que todos aguardavam com ansiedade,  representava uma nova política, uma inversão do quadro, o Messias era um  libertador Político, enviado por Deus sim, porém, com uma missão terrena. O  apóstolo Pedro, que fala em nome do grupo, consegue fazer essa transição, do  Messias Histórico e Ideológico, para o Messias Espiritual, ele não era enviado  por Deus mas sim o próprio Deus. O que Jesus falava e fazia, todos viam, e a  partir disso embalavam o sonho e a esperança de dias melhores para o povo de  Israel, mas sempre em uma perspectiva terrena. A  confissão de Pedro manifesta pela primeira vez no meio do grupo, a Fé em uma  Salvação que supera toda e qualquer realização humana, onde o homem atinge a  plenitude do seu ser, divinizando aquilo que é humano. Cesaréia de Filipe é  terra de pagãos, cercado por rochas sobre as quais há edificações habitadas  pela elite do império romano. A igreja de Cristo está no meio do mundo, porém  edificada sobre a fé professada por toda comunidade, que tem como base a fé  professada por Pedro, naquele dia. Como Pedro e Paulo, que sejamos nessa igreja um apoio  seguro para os que ainda não crêem, porque não conhecem a Cristo e acima de  tudo, nunca nos esqueçamos que Jesus Cristo edificou o reino sobre pessoas como  Pedro e Paulo, instrumentos aparentemente fracos, mas que pela ação da graça  operante e santificante do Batismo que receberam, tornaram-se perenes,  transpondo fronteiras e todas as barreiras que separa os homens, para anunciar  Jesus Cristo, o Filho de Deus, aquele que plenificou o nosso existir. (São  Pedro e São Paulo MATEUS 16, 13-19) José da Cruz é Diácono da Paróquia Nossa
              Senhora Consolata – Votorantim – SP
 E-mail  jotacruz3051@gmail.com
 
 Homilia do Padre Françoá Costa  — 13º Domingo do Tempo Comum — ANO C Viva o Papa!“Tu és o Cristo”, eis a profissão de fé de Pedro. “Tu és Pedro”, eis a demonstração de que Deus confia nos homens. Na clausura do Ano   Sacerdotal, o Papa Bento XVI falava da audácia de Deus, que consiste em   confiar nos homens a tal ponto de fazer deles instrumentos e canais de graça.   Realmente, Deus confia em nós! Não nos necessita, mas quis necessitar   de nós. São Pedro nasceu em Betsaida, cidade da Galiléia. Conheceu Jesus através de   seu irmão André. Jesus “fixando nele o olhar” (Jo 1,42) o chamou para   segui-lo. O olhar carinhoso de Cristo devia ser arrebatador, convincente e   encerrava um radicalismo de entrega a Deus atraente. Aquele olhar transformou   Pedro, agora chamado Cefas, pedra, Pedro. De simples pescador   converte-se num pescador de homens. Foi o vigário de Cristo na terra quando ele,   o Senhor, já não estava entre os seus em corpo mortal. Jesus quis instituir a sua Igreja tendo Pedro e seus sucessores à frente   dela, e isso para sempre. Pedro, Lino, Cleto, Clemente, Evaristo, Alexandre,   Sisto, Telésforo, Higino, Pio, Aniceto, Sotero, Eleutério, Vítor,… Pio XII, João   XXIII, Paulo VI, João Paulo I, João Paulo II, Bento XVI: 266 papas, 265   sucessores de São Pedro. Que maravilha! Cheios de entusiasmo professemos a nossa   fé nesta Igreja, que é “Una, Santa, Católica e Apostólica, edificada por Jesus   Cristo, sociedade visível instituída com órgãos hierárquicos e comunidade   espiritual simultaneamente (…); fundada sobre os Apóstolos e transmitindo de   geração em geração a sua palavra sempre viva e os seus poderes de Pastores no   Sucessor de Pedro e nos Bispos em comunhão com ele; perpetuamente assistida pelo   Espírito Santo” (Paulo VI, Credo do Povo de Deus). S. Jerônimo expressou firmemente a sua adesão ao Papa com as seguintes   palavras: “não sigo nenhum primado a não ser o de Cristo; por isso ponho-me em   comunhão com a Sua Santidade, ou seja, com a cátedra de Pedro. Sei que sobre   esta pedra está edificada a Igreja”. A história da Igreja – são já dois mil anos! – é uma demonstração de força e   de debilidade, também no que se refere à história do papado. Graças a Deus, o   século XX está cheio de grandes Papas, a começar por S. Pio X no começo do   século culminando com João Paulo II. Todos nós somos testemunhas também da   bondade e da inteireza do atual Romano Pontífice, Bento XVI: quanta fortaleza,   quanto amor a Deus, quantas lutas para defender a Santa Igreja. A maioria dos   Papas foram homens magníficos, cheios de Deus e entregues ao serviço do rebanho   a eles confiado. A Igreja é santa, é guiada e sustentada por Deus, nada a pode derrotar. É   Santa, os pecadores somos nós; Deus a fundamentou de tal maneira que nem o   inferno e seus demônios, nem os homens, poderão derrotá-la. A Igreja, esposa de   Cristo, chegará à Parusia. Outro fato maravilhoso é que os Papas, mais santos ou   menos santos, sempre guardaram intacto o depósito da fé. Deus garante o   pastoreio da Igreja através desses homens que ele mesmo escolheu. É fato e é   dogma de fé: o Papa quando fala sobre coisas de fé e de moral com a sua   autoridade de Supremo Pastor do rebanho não pode errar, não pode   equivocar-se. O Papa é sempre o bispo de Roma. Deus quis – em sua providência – que Roma   tivesse esse significado especial na história da Igreja peregrina. O Romano   Pontífice como vigário de Cristo é o administrador de Cristo aqui na terra, como   sucessor de Pedro leva consigo toda a autoridade que Cristo confiou ao mesmo   Pedro para apascentar o rebanho do Senhor. S. Josemaria Escrivá dizia que “o   amor ao Romano Pontífice há de ser em nós uma bela paixão, porque nele vemos   Cristo”. O católico deve estar sempre perto do Papa: escutá-lo, apoiá-lo, rezar por   ele e suas intenções. Não podemos romper a unidade católica: todos com o Papa!   De fato, para estar em plena comunhão com a Igreja de Cristo, que subsiste na   Igreja Católica, é preciso professar a mesma fé, celebrar os mesmos sacramentos   e estar unidos à hierarquia cujo ponto principal é o Papa. “Sou católico, vivo a   minha fé” (Edições CNBB), um Compêndio da Doutrina elaborado pela Conferência   Episcopal, quando se pergunta “Quem é o Papa para nós, católicos?” responde da seguinte maneira: “o Papa é o sucessor do apóstolo Pedro, o bispo de   Roma que Jesus constituiu como “perpétuo e visível fundamento da unidade” (…) é   o pastor de toda a Igreja. (…) tem a missão de confirmar toda a Igreja na fé,   continuando a mesma tarefa que Cristo confiou a Pedro (…) Todo católico, além de   conhecer e viver a Palavra de Deus, de dar testemunho da sua fé em Cristo, de   participar da comunidade eclesial, espaço de testemunho, de serviço, de diálogo   e de anúncio, ama e respeita o Papa e os bispos como seus legítimos pastores.   Ora por eles e obedece às orientações da Igreja Católica” (V,15) Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa 
 Comentário Exegético — Solenidade de São Pedro e São Paulo — ANO C(Extraído do site Presbíteros - Elaborado pelo Pe. Ignácio, dos padres escolápios)
 Epístola (2 Tm 4, 6-8. 17-18) Pois eu estou sendo oferecido em libação e a ocasião de   minha partida tem chegado (6). Ego enim iam delibor et tempus meae resolutionis   instat. OFEERECIDO EM LIBAÇÃO: O verbo spendö   [<5743>=delibare] significa derramar, fazer uma libação, e figuradamente,   na passiva, de uma pessoa cujo sangue é derramado em morte violenta por causa de   Deus. Sai duas vezes no NT. Na segunda é em Fp 2,17:Mesmo que eu seja   oferecido por libação [spendomai]sobre o sacrifício. É o mesmo   Paulo que fala e que claramente usa com o mesmo sentido o verbo em questão. OCASIÃO: A palavra Kairos [<2540>=tempus] é o momento propício, que temos traduzido por ocasião. PARTIDA: em grego analysis [<359>=resolutio] dissolução,   saída, especialmente de um barco, soltar amarras. Paulo está preso em Roma,   desamparado de todos sem esperança de libertação. Era o ano de 67 pouco antes de   sua morte. Antes desta em que derramou seu sangue por causa do evangelho,   escreve esta carta pedindo a Timóteo para que lhe acompanhe nos seus dias   finais. A luta,   a boa, lutei. A corrida completei, a fé guardei (7). Bonum certamen   certavi cursum consummavi fidem servavi. LUTA: [aglön<73>=certamen] o significado é assembleia, o lugar onde se   realiza a assembleia, especialmente para os jogos, a arena dos mesmos, daí a   luta, e em geral uma luta ou combate e finalmente uma ação legal ou julgamento.   Aqui é claro que Paulo considera sua vida como um combate contínuo contra o mal, contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo   tenebroso, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestes (Ef 6, 12). O evangelho encontra um inimigo terrível nas verdadeiras forças   do mal que não são a carne e sangue [os homens], mas as potestades celestes, ou   seja, o próprio Satanás cujo reino Jesus previa como caindo (Lc 10, 18). Só   assim descobriremos como a Igreja é perseguida, aparentemente sem motivo ou   razão suficiente, como para ser o sangue de seus mártires realmente libados no   terreno da História. Isso abre uma porta à interpretação da História do ponto de   vista sobrenatural, em que existem momentos como na vida de Jesus dos quais   podemos dizer como o Senhor: esta é a hora e o poder das trevas (Lc 22,   63). E Paulo continua sua comparação com o espetáculo dos jogos antigos como se   fosse um gladiador que agora entra na corrida das bigas e quadrigas do circo,   tudo para conservar sua fé naturalmente na missão de Cristo. Do resto, me está reservada a coroa da justiça que me dará o Senhor   naquele dia, o justo juiz; pois não só a mim, mas a todos os que amam seu   advento (8). In reliquo reposita est mihi iustitiae corona quam reddet   mihi Dominus in illa die iustus iudex non solum autem mihi sed et his qui   diligunt adventum eius.Porém o triunfo final será sempre o triunfo do bem,   onde a coroa da justiça, isto é, o prêmio [estamos dentro da arena da   competição] a levará unicamente quem tiver competido com a regra do bem-fazer,   ou seja, de quem cuidou de cumprir os mandatos do Senhor que constitui a única   justiça válida e digna de recompensa. Por isso, a recompensa vem do Senhor, como   justo juiz. E esta vitória não é só de Paulo, mas de todos os que amam ou estão   esperando esse seu último advento ou presença entre a humanidade. Pois o Senhor esteve presente e me deu forças para que por meu meio o   anúncio fosse completado e o ouvissem todos os gentios e fui libertado da boca   do leão (17). Dominus autem mihi adstitit et confortavit me ut per me   praedicatio impleatur et audiant omnes gentes et liberatus sum de ore leonis. Nos versículos que faltam nesta leitura Paulo se queixa de sua solidão.   Ninguém o visita, ninguém o ajuda. Mas ele encontrou um advogado no Senhor. Foi   tal a sua defesa unicamente com a ajuda do paracletos [o advogado defensor   prometido por Jesus] que serviu para dar a conhecer o evangelho entre os gentios   como aprece na sua defesa diante do rei Agripa (At 25, 13 ss). E diz que foi   libertado da boca do leão, ou seja, até agora nessa primeira audiência não foi   condenado, como lemos em Sl 22,21: salva-me das faces do leão e talvez   tenha em conta o castigo dado a Daniel na cova dos leões do qual o anjo de   Jahveh o libertou, mas fizeram pedaços dos corpos de seus inimigos (Dn cap   6). E me libertará o Senhor de toda obra má e salvará para seu reino, o do céu, ao   qual a glória para os séculos dos séculos. Amém (18). Liberabit me   Dominus ab omni opere malo et salvum faciet in regnum suum caeleste cui gloria   in saecula saeculorum amen. Paulo fala num futuro que ele vê próximo, pois   sua morte está já às portas, já que terminou a carreira e finalizou o combate   (ver 7). E nessa visão, tem confiança de que Deus [o Senhor, pois   Cristo é o Senhor Jesus] liberta-lo-á de toda espécie de mal e o levará ao Reino   definitivo que segundo Paulo é o que está no céu [epouranios   <2032>=caelestis] ou celeste, coisa oposta a epi tës gës [sobre a terra ou   terrestre]. Finalmente, termina com uma doxologia: Glória [doxa], honra ou   louvor a esse Deus por sempre. A frase eis tous aiönas tön aiönion tem   em latim a tradução de pelos séculos dos séculos e podemos traduzi-la para   sempre e por sempre, o que geralmente é por sempre jamais. Evangelho (Mt 16, 13-19)PEDRO E PAULO APÓSTOLOS
 INTRODUÇÃO: Este evangelho é o primeiro IBOPE do qual temos   notícia. A pergunta é: Quem dizem os homens que sou eu, como Filho do   Homem? (13). Dois são os elementos de estudo principais derivados deste   evangelho: Ekklësia e Petros. Estudaremos o   texto comparando-o com os paralelos de Marcos 8, 27-30 e Lucas 9, 18-21. É um   texto, o de Mateus, fundamental, que ilumina biblicamente a primitiva Igreja tal   e como foi fundada por Jesus. Ekklësia, palavra grega que significa assembleia,   designa a comunidade nova, o novo povo de Deus, que ia substituir o antigo povo   de Israel. Nela, Petros [a rocha], obtem o poder supremo, o chamado primado do   reino que dirá a última palavra sobre quem está dentro e quem deve ser expulso   da mesma Ekklësia. E esta estrutura seria a definitiva, sem que a morte [os   portões do Ades], tanto de Pedro como de seus sucessores, pudesse contra ela. As   consequências são essenciais para entender o cristianismo atual, como   organização que contribui para a obra de salvação de Jesus. A PERGUNTA: Tendo chegado então Jesus para as terras de   Cesareia de Filipe, perguntou a seus discípulos dizendo: Quem dizem os homens   ser eu, o Filho do homem? (13). Venit autem Iesus in partes Caesareae   Philippi et interrogabat discipulos suos dicens quem dicunt homines esse Filium   hominis. O LOCAL: Mateus diz que era   perto de Cesaréia de Filipe. Na realidade, Jesus veio para os distritos [merë],   lugares, ou terras que eram dessa cidade. Cesareia era o nome comum de várias   cidades. Essencialmente, na Palestina, existiam duas Cesareias: a de Palestina,   cidade romana, fundada por Herodes o Grande, situada na costa do Mediterrâneo,   37 Km ao sul do monte Carmelo e 100 Km ao noroeste de Jerusalém; e a Cesareia de   Filipe, cidade gentílica, situada no sopé do monte Hermom, no Antilíbano, na   cabeceira principal do rio Jordão, 32 Km ao norte da Galileia. Distava 40Km de   Betsaida [dois dias de caminho desta última]. A antiga Panion também Pânias, que   hoje ainda subsiste com o nome de Baniyas  numa aldeia das fontes do Jordão. Foi   helenizada no século III aC e tinha uma população, também na região, que em sua   maioria não era judia. Em 20 aC, Augusto a cedeu a Herodes, que nela construiu   um grandioso templo dedicado ao imperador, feito de mármore branco, sobre uma   rocha que dominava a cidade e a fértil planície da qual era capital a antigas   Pânias, assim chamada porque perto da cidade existia uma gruta, dedicada desde   tempos remotos, ao deus Pan ou Panion [deus dos pastores e das florestas]. A   cidade foi ampliada e embelezada pelo tetrarca Filipe, que lhe deu o nome de   Cesareia em honra de Tibério César. Por isso foi chamada de Cesaréia de Filipe.   A partir do século II foi chamada de Cesareia de Pânias e no século IV em   diante, o termo Cesareia desapareceu, permanecendo apenas o antigo Pânias. O   templo sobre a rocha evidentemente era um símbolo que Jesus não devia   desperdiçar. A PERGUNTA: Segundo o   evangelho de Mateus, a tradução literal do versículo 13 seria: Quem me dizem os homens ser o Filho do Homem? Esse me [a mim] não está sendo traduzido na vulgata latina nem nas versões   vernáculas. Numa linguagem mais elaborada a tradução seria: quem dizem os homens   que Eu, o filho do homem, sou? É notório que nas três recensões da   pergunta dos três sinóticos a pergunta é a mesma na primeira parte: quem me dizem os homens [as turbas   em Lucas] ser? Ou quem dizem os homens que eu sou? Se tomarmos   unicamente Mateus, a pergunta seria sobre o Filho do homem. Que ideia tinha a   gente sobre esta figura tão frequentemente usada por Jesus como unida ao Reino   por ele pregado e presidido? A expressão Filho do homem é semítica e   significa em princípio um membro da comunidade humana, especialmente na sua fase   de frágil mortal (Is 51, 12 e Jó 25, 6). A expressão Filho do homem se   transforma em Daniel (7, 13 +) numa figura simbólica. De um significado plural   [o povo dos eleitos] passa a tomar um significado singular como o Filho do homem   [um homem] que recebe a glória e o poder que pertencem unicamente a Deus. Por   isso foi dado a ele domínio e glória e um reino, de modo que todos os povos,   nações e línguas o servissem; seu domínio é um domínio para sempre, que nunca   passará e seu reino é um reino que nunca será destruído. Neste último sentido é   o título preferido por Jesus, aparecendo setenta vezes na sua boca nos   evangelhos. Nesta ocasião, Jesus queria saber qual era a opinião da gente sobre   sua pessoa como pregador público de uma mensagem divina. Uma pergunta   diretamente unida a seu rol como pregador de um reino que os discípulos   esperavam fosse instaurado modo militari em Jerusalém, onde esperavam   ir em breve. A figura cume desse reino era, sem dúvida, Jesus que a si mesmo se   intitulava como Filho do Homem. FILHO DO HOMEM: ‘O ‘yiós tou anthrópou é uma tradução grega de BEM ADÁM   que   ocorre 120 vezes no AT, das quais 96 em Ezequiel, e que é um sinônimo de homem.   Em Ezequiel é a denominação que Javé dá ao próprio profeta e é sempre em   vocativo. Representava a humanidade em contraste com Deus e aparentando a porção   da mesma que sofreria a ira do mesmo. Grita e geme, ó filho do homem, porque   ela[a notícia] será contra meu povo(Ez 21, 11). Nos salmos   representa a fragilidade humana em comparação com a fortaleza de Deus (8, 4-6).   Porém em Dn 7, 13 aparece um como, ou semelhante a um filho de homem [Kebar mas, ‘os Yiós anthropou, quase filius hominis]. Ele provém   do céu e é destinado a possuir o domínio universal. Jesus precisamente o aplica   à sua vinda futura em Mt 24, 30 e lugares paralelos. No NT a frase, com uma   exceção [quando Estêvão vê o filho do homem], é sempre achada em frases,   pronunciadas por Jesus.  Mateus usa a frase 30 vezes, Marcos 14, Lucas 25 e João   13. O ponto crucial é precisamente este trecho do evangelho de hoje. A RESPOSTA: Eles, pois, disseram: Uns, certamente, João,   o Batista, outros porém, Elias; e outros, Jeremias ou um dos profetas(14). At illi dixerunt alii Iohannem Baptistam alii autem Heliam alii vero   Hieremiam aut unum ex prophetis. A RESPOSTA: Podemos dividir esta em duas partes bem diferenciadas: uma, a geral, dada pelo   povo, que praticamente indica Jesus como um homem de Deus, especialmente como um   profeta comparável aos grandes de Israel; a outra é a resposta particular dada   por Simão Pedro. Vamos estudar ambas as respostas. A) O   Batista: A pregação de Jesus e dos discípulos era a mesma  de João: Arrependei-vos, o reino de Deus está próximo (Mt 3, 2) e oferecia um   batismo como o do adusto homem do deserto (Jo 3, 22-23). O parecido  parentesco   entre o Batista e Jesus (Lc 1, 36) talvez facilitasse a ideia de que Jesus era o   Batista ressuscitado. Afirmava-se que João, o Batista, era Elias, pois a   Escritura afirmava que o antigo profeta não tinha morrido, mas fora arrebatado   aos céus no meio de uma tempestade de fogo (2Rs 2, 11). Essa era a razão pela   qual se esperava a sua vinda. B) Elias propriamente dito.   Segundo a tradição, Elias escreveu uma carta depois de ser arrebatado (2 Cr 21,   12) dirigida ao rei Jorão de Judá por sua conduta idolátrica já que tinha como   esposa uma filha do ímpio rei Acab de Israel. Supunha-se, pois, que Elias   voltaria antes do dia do Senhor, o dia da vingança e do castigo dos ímpios, dia   da ira que está por vir (Jo 3, 7). Em Malaquias 3, 1 lemos: Eu vos envio meu   mensageiro. Ele aplainará o caminho diante de mim. Por isso numa data   posterior ao livro [após o ano 450 aC] identifica este mensageiro ou anjo, com   Elias (seria no acrescentado capítulo 4, versículo 5, que não está no canônico   Malaquias). Na sua complicada alegoria animalística da História, o livro   apócrifo de Henoc (século II aC), descreve a aparição de Elias antes do juízo e   da aparição do grande cordeiro apocalíptico. Isto é importante, visto que João   falava do Cordeiro de Deus (Jo 1, 29). Em Eclo 48, 10, temos   outra referência do século II aC: Tu que fostes designado nas censuras para   os tempos a vir, para aplacar a cólera antes que ela se desencadeie, reconduzir o coração do pai para o filho (Lc 1,   17). Vistos os milagres que Jesus operava, os contemporâneos de Jesus pensavam   que se não fosse Elias, que em vida realizou muitos e notáveis milagres, devia   ser um profeta redivivo [aneste=despertado] pois a profecia tinha acabado e não   era necessária nos tempos messiânicos. C) Jeremias: esta   identificação é própria de Mateus, porque como vemos em 2 Mc 2, 4-7 temos   Jeremias escondendo a arca e o altar dos perfumes na montanha de Moisés para   afirmar: Este lugar ficará desconhecido até que Deus tenha consumado a   reunião de seu povo e lhe tenha manifestado a sua misericórdia. E em 2 Mc   15, 13 lemos: Apareceu a Judas um homem de cabelos brancos…Onias disse: Este   homem que ora pelo povo e pela cidade santa é Jeremias, o profeta de Deus. D) Um profeta. Lucas dirá que é um dos antigos profetas,   redivivo. De fato, os judeus distinguiam entre antigos profetas como   Josué, Juízes, Samuel, Davi e os profetas compreendidos no reinado de Davi, e os últimos profetas, a começar por Isaías e terminar com Malaquias. A que   profeta se referem os discípulos como porta-voz da vox populi? Talvez Samuel que   já nos tempos de Saul se mostrou redivivo em 1 Sm 28, 12 diante da médium de   Endor? ( ver hades em parágrafo posterior). Ou talvez Moisés, pois a ele   comparam a atuação de Jesus como vemos em Jo 5, 45-46 e 6, 31-32. Na realidade,   os enviados oficiais perguntam a João se ele não era o Profeta [como conhecido   personagem, esperado nos tempos messiânicos] de Dt 18, 15-18. Pois Javé disse a   Moisés: um profeta como tu suscitarei do meio de teus irmãos. Por isso   em 1 Mc 3, 45 aguardavam a vinda de um profeta que se pronunciasse a   respeito. Este profeta, semelhante a Moisés, que deveria ser escutado em   tudo (At 3, 22), era o próprio Jesus, coisa que o povo admitiu após a   multiplicação dos pães (Jo 6, 14)  e na festa dos tabernáculos em Jerusalém(Jo   7, 40). E VÓS? Diz-lhes: Vós, pois, quem dizeis que eu sou?   (15). Dicit illis vos autem quem me esse dicitis. Que ideia têm   eles, seus discípulos, do Filho do homem? Ou seja, que papel na vida pública,   especialmente na vida religiosa, deve ter Jesus entre seus conterrâneos? Em qual   dessas categorias deveria ser incluído o Mestre que foi seu guia e com o qual   conviviam durante esse tempo? PEDRO: Tendo respondido Simão Pedro disse: Tu és o   Cristo, o Filho do Deus vivente (16). Respondens Simon Petrus dixit tu   es Christus Filius Dei vivi. O apóstolo-chefe é conhecido por   diversos nomes entre os autores do NT. A) Simão. O nome original do apóstolo era Simão, forma abreviada   de Simeão [famoso]. De fato, seu nome completo, ou como diríamos hoje, seu DNI   era Simão bar Jonas [Simão, filho de Jonas], que a vulgata conserva como Simon   bar Iona como vemos no versículo 17 do evangelho de hoje. Já o quarto   evangelista diz dele que era filho de João [‘yiós Iöannou] (1, 42),  e que a   vulgata traduz por filius Iona (?) que o próprio evangelista repete em 21, 15,   como Simon Iöannou [Simão de João], com a vulgata agora traduzindo corretamente   por  filius Ioannis ou de João. A dúvida existe: o pai era Jonas [pomba] ou João   [ favor de Deus]? Talvez a solução seja a diferença entre o aramaico e o   hebraico em cuja escrita as consoantes de Jonas e João eram as mesmas mas a   pronúncia diferente. Jesus, sempre que fala com o apóstolo, usa o nome de Simão.   Além do nome próprio ou, como dizem em inglês first name, temos outros   personagens com o nome de Simão no NT: Simão, o zelotes, um dos doze (Mt 10, 4);   Simão, o irmão do Senhor (Mt 13, 55); Simão, o leproso de Betânia (Mt 26, 6);    Simão, o fariseu (Lc 7, 40); Simão, o Cirineu( Mt 27, 32); Simão, pai de Judas,   o Iscariotes (Jo 6, 71); Simão, mago (At 8, 9) e Simão de Jope (At 8, 18).  Com   este nome de Simão é que Jesus o chama  B) Como Pedro em latim Petrus e em grego Petros. Uma única vez aparece na boca  de   Jesus como vocativo ( Lc 22, 34). Esta única ocasião mais parece redacional que ipsissima verba Christi [as próprias palavras de Cristo]. Dentro da   parte que poderíamos chamar redacional dos evangelhos,  encontramos a palavra   Pedro em Mateus 16 vezes, em Marcos 11, em Lucas 9,  em João 9 e 3 nos Atos.  C) Como Simão Pedro em Mateus 3, em Marcos 1, em Lucas 2, em   João 17 e  em Atos 4. D) Como Kefas [o aramaico por rocha]   aparece em João 1, 42 e nas epístolas de Paulo, nas duas primeiras, Gálatas e 1   Coríntios e  sempre na boca de Paulo. Deste nome podemos deduzir que a palavra   usada por Jesus foi Kefas e que, aos poucos, ela foi traduzida ao grego   como Petros, com o mesmo significado; pois pedra seria lythos.   Em latim petra também significa rocha, tendo o significado de pedra a   palavra lápis ou calculus. A   RESPOSTA: Em nome dos doze, Simão responde: Tu és o   Cristo [Ungido], o Filho do Deus vivente. Vamos comparar esta   resposta com a de Marcos: Tu és o Cristo (Mc 8, 29), e a de Lucas: O Cristo do (sic) Deus. Ninguém duvida de que a resposta mais   breve de Marcos é a saída da boca de Pedro. A de Lucas pode ser redacional ao   explicar a unção como feita pelo Deus único e a de Mateus uma explicação, como   sempre, de um bom catequista, para entender as palavras do apóstolo e a bênção   imediata de Jesus. Qual era o significado de Cristo [Chrestós   em grego]? Logicamente devemos recorrer à palavra correspondente hebraica.   Significa Ungido que seria a tradução da palavra aramaica Messiah. A   palavra Messias era traduzida como Christos em grego (Jo 1, 41). Originariamente   era uma referência de Há Kohen há Massiah [o sacerdote, o   ungido], ou seja, o Sumo Sacerdote, em cuja cabeça tinha sido derramado o óleo,   quando consagrado como líder espiritual da comunidade (Lv 4, 3). Daí que o   Messias era alguém investido por Deus de uma responsabilidade espiritual   especial. Nos tempos de Jesus, existia a ideia de que um descendente da casa de   Davi seria o Messias que redimiria a humanidade; tradição que provinha dos   tempos de Isaías. E foi o profeta Daniel em 9, 25 que deu uma nova esperança a   esse ungido de Deus. Essa tradição encarava o Messias, não como um ser divino,   mas apenas como um homem, um grande chefe, reformador social, que iniciaria uma   era de paz perfeita. É o que os anjos prometeram aos pastores ao anunciarem o   nascimento do Salvador que era o Messias (Lc 2, 14). O termo Filho de   Deus vivo era título Messiânico, assim como Santo de Deus (Jo   6, 69). O nome de Filho de Deus é uma expressão usada por Oséias em 2, 1: Aos filhos de Israel…se lhes dirá filhos do Deus vivo, o qual concorda   perfeitamente com a frase de Mateus e a confissão de Marta: Eu creio que tu   és o Cristo, o Filho de Deus, que vem a este mundo (Jo 11, 27). O Santo [consagrado] de Deus, era também um título Messiânico,    como vemos em Jo 6, 6, numa confissão feita pelo próprio Pedro. Talvez esta   confissão de Pedro no quarto evangelho seja uma réplica mais ou menos exata da   que hoje estudamos em Mateus. Para um judeu, o Messias era produto de uma   eleição divina que confiava uma missão especialíssima ao seu ungido. Para um   grego ou um romano, o título ia além da personalidade humana do Messias. Sabemos   que os judeus admitiram Jesus como Messias [Chrestós], título que para os   gentios era traduzido como Senhor [Kyrios]. Pois Deus o constituiu Senhor e   Cristo [Kyrion autón kai Christon, de At 2, 36]. Sabia Pedro o significado   substancial de suas palavras? Pelo que vemos em 16, 22, não. Porém Jesus se   serviu das mesmas para fundar sua Igreja. A palavra Messias significa Ungido.   Portanto, dizer tu és o Chirstós [Ungido] é a mesma coisa que dizer tu és o   Messias. Quanto às palavras O Filho do Deus Vivente [muito melhor do   que vivo], que seria dizer o mesmo que Filho do Deus verdadeiro, porque os   outros deuses não existem, não vivem; os autores duvidam se são verdadeiramente   palavras de Pedro ou foram acrescentadas pela tradição como parêntesis   explicativo para distinguir entre o Messias, filho de Davi, um rei de   âmbito regional, e o Messias, Filho do verdadeiro Deus, Senhor,   portanto, do Universo. As razões aludidas pelos exegetas baseiam-se   fundamentalmente nos lugares paralelos de Marcos [tu és o Ungido] e de Lucas [és   o Ungido de Deus]. A declaração de filiação divina tem um amplo significado na   tradição judaica, já que todo rei era considerado filho de Deus por virtude de   seu ofício, como representante divino perante o povo. Mateus, como seus dois   paralelos sinóticos, proíbe aos discípulos que digam a alguém que ele [Jesus]   era o Cristo. Se o sentido de Filho de Deus fosse estrito, como o entendemos   atualmente, a proibição devia recair sobre esta segunda parte, Jesus como Deus,   muito mais escandalosa e até blasfema para os contemporâneos, como vemos que a   contemplou Caifás (Mt 26, 36). Existia uma aposição entre Messias e Filho de   Deus. O pontífice conjura Jesus, em nome do Deus, do vivo [notar a coincidência   dos termos] a que declarasse se ele era o Messias, o Filho de Deus. E então   Jesus explica a sua transcendência, dizendo estará sentado à direita do Poder   [de Deus] e vindo sobre as nuvens do céu. Com isso, o seu messiado se transforma   em Divindade; e, portanto, Caifás entende escutar uma blasfêmia já que um homem   se declara divino. Mesmo que a resposta de Pedro que estudamos seja estritamente   histórica, nem por isso deveria ter um significado transcendente, como era o de   declarar Jesus unigênito do Pai. RESPOSTA DE JESUS: Então tendo respondido Jesus   disse-lhe: Bendito és Simão Bar Ionas porque carne nem sangue te revelou mas o   meu Pai o (que está ) nos céus (17). Respondens autem Iesus   dixit ei beatus es Simon Bar Iona quia caro et sanguis non revelavit tibi sed   Pater meus qui in caelis est. BEMAVENTURADO ÉS: O   makarismo indica um favor divino alcançado por Pedro que Jesus explicará   posteriormente. A carne e o sangue não te revelaram o que disseste. Carne e   sangue é uma expressão semítica para significar o homem todo, considerado como   puramente homem. Foi o meu Pai [que habita] nos céus que revelou o Filho a   Pedro. Mateus entra na mesma linha lógica que descreve João em 6, 36: Todo   aquele que o Pai me der virá a mim. Jesus considerou esta declaração de   Pedro de tal importância que afirma duas coisas que, sem dúvida, transformarão a   personalidade e o ministério do apóstolo. PEDRO E A IGREJA: E por isso te digo, que tu és rocha e   e sobre esta rocha edificarei minha Igreja. E (os) portões do Hades não   prevalecerão sobre ela (18). Et ego dico tibi quia tu es Petrus et   super hanc petram aedificabo ecclesiam meam et portae inferi non praevalebunt   adversum eam. A) Tu  es Petrus: Com esta primeira   declaração, Jesus além de trocar o nome do apóstolo, que agora seria Kefas, como vemos nos primeiros escritos (Gálatas e   1Cor), significa seu novo ministério: ser fundamento de um edifício como a rocha   era e é em todos os tempos. O nome de Simão seria trocado e usado em grego como Petros derivado da palavra Petra com o significado de rocha ou   penhasco. A tradução do grego é muito mais esclarecedora pela força das   palavras. Jesus afirma: sobre esta mesma rocha [taute te petra], ou sobre esta que é a rocha, edificarei a minha Igreja. Segundo as   escrituras, a mudança de nome é um claro sinal de uma especial escolha e missão   divinas. Abrão se tornará Abraão (Gn 17, 5). Jacó se tornará Israel (Gn 32, 29).   Sarai será chamada Sara (Gn 17, 15). Gedeão recebeu o nome de Jerobaal (Jz 6,   32). A exceção do caso de Gedeão, todos os outros recebem diretamente de Deus e,   coisa notável, com o nome novo nasce um povo novo em todos os casos: Abraão como   pai de uma multidão de nações; Sara como matriz de reis poderosos; Israel foi o   pai do povo do mesmo nome. Por isso, podemos deduzir que Rocha é não unicamente   uma mudança de nome, mas também implica uma novidade de um povo, o povo da nova   aliança, do Reinado do Senhor Jesus, que neste caso Mateus chama de sua Igreja. B) Ekklësia: Sobre esta Rocha edificarei a   minha Igreja. As traduções que usam a palavra pedra estão deturpadas. Como vimos   anteriormente, elas não dariam o verdadeiro sentido de rocha como fundamento   sobre o qual se edifica uma casa. Jesus usa a palavra Igreja [Ekklësia] que só   aparece uma outra vez em Mateus 18, 17 com o significado de assembleia e nunca   em outros evangelhos. Só nos Atos aparece pela primeira vez em 5, 11 quando   todos ficaram com grande temor ao conhecerem os fatos de Ananias e Safira.   Igreja está aqui como reino visível, comunidade escatológica [no sentido dos   últimos tempos] a substituir a sinagoga nestes tempos finais, constituída pelos   fiéis que acreditam em Cristo. Há quem, citando as palavras de Paulo, que só   admite um fundamento que é Cristo (1 Cor 3, 11) confunda a rocha com o(s)   fundamento(s) e admite que também os outros apóstolos edificam sobre o mesmo   fundamento diminuindo assim a importância de Pedro, pois Cristo é a pedra mestra   [akrogoniaios e lapis, nada de petron ou petra!] (Ef 2, 20) {ver parágrafo anterior da RESPOSTA DE JESUS}. Mas   esquecem que a pedra mestra não era o fundamento mas o remate do arco   da qual dependia a estabilidade do mesmo. De fato, o grego akrogoniaios tem como raiz akron [tope] e gonia [ângulo], sem nada haver   com o elemento pedra [rocha]. Neste caso particular de Pedro, Jesus toma do   templo de Pan, de mármore branco, edificado sobre uma rocha nas fontes do   Jordão, o simbolismo da igreja e do seu chefe, Pedro. C) O   Hades: Esta Igreja que começou com Pedro-rocha será a última e eterna   como reunião do povo eleito porque as portas do Hades não prevalecerão contra   ela. Se a afirmação de rocha como personalidade de Simão não fosse suficiente,   Jesus persiste nos poderes e qualidades do seu apóstolo ao declarar seu papel   primordial nessa grande assembleia dos eleitos, cuja perpetuidade descreve com   palavras tomadas da tradição judaica. Fala das portas do inferno, ou melhor,   portões do inferno. Há duas palavras em grego que são traduzidas por portas, mas   que o inglês traduz por Gates [pyle] e doors [thyra]; em   português poderíamos dizer portões e portas. O portão [pyle]   era a entrada de uma cidade, de um templo, de um cárcere, de um reino. Assim a   sublime porta do império turco. Pyle sai 9 vezes no NT. A porta [thyra]   é a entrada ou a peça de madeira ou metal que fecha a mesma na casa e os   interiores; também os sepulcros e os apriscos. É usada 18 vezes no NT. Chama a   atenção que o pyle se usa em plural [pylai]. Porque os judeus admitiam   3 portas na cidade dos mortos, que corresponde ao Hades grego. Também podemos   dizer que a maioria dos portões da cidade eram duplos com um espaço no meio para   os guardas e os coletores de impostos. O Hades grego era o reino de uma   ilha na nebulosa e subterrânea parte da terra, da qual era rei Aides [o   invisível] ou Pluto [o rico]. Tanto bons como maus continuavam a   existir como sombras em constante sede, nesse lugar tenebroso. Dentro do Hades,   nesse mundo inferior [inferno] existia também um abismo chamado Tártaro, a região mais inferior da terra em que os malvados eram   punidos. No judaísmo temos o Sheol do AT, que corresponderia ao Hades   grego e a Gehena do NT, esta última identificada com o Tártaro. A essa   expressão corresponde o Salmo 9, 14: Tu que me fazes subir das portas da   morte. E ao Hades, região dos mortos , Atos 2, 27: Não deixarás a minha   vida no Hades e 2, 31: Não foi deixada a vida dele [Cristo] no   Hades, que as bíblias traduzem por morte ou região dos mortos. Como   conclusão, podemos afirmar que a frase:  as portas do inferno não prevalecerão,    significa que a morte, o fim, jamais chegará a esta Igreja. AS CHAVES: E dar-te-ei as chaves do Reino dos   céus; portanto, se algo atares na terra, está atado nos céus e o que desatares   sobre a terra estará desatado nos céus (19). Et tibi dabo claves regni   caelorum et quodcumque ligaveris super terram erit ligatum in caelis et   quodcumque solveris super terram erit solutum in caelis. Constituída a   comunidade de Jesus como uma cidade com seus muros e portões próprios, só existe   uma maneira de entrar: abrir as mesmas por meio de chaves, já que o assalto à   mesma está descartado no parágrafo anterior [não prevalecerão]. Os levitas   passavam a noite na casa de Deus, pois, a eles cabia guardá-la  e abri-la todas   as manhãs (1 Cr 9, 27). Sobre o ombro do mordomo Eliacim, filho de Helcias, porá   o Senhor Deus a chave da casa de Davi. Ele abrirá e ninguém fechará. Fechará   e ninguém abrirá (Is 22, 22). Essa é a chave de Davi que está precisamente   nas mãos do Filho do Homem do Apocalipse(3, 7). A similitude é tomada dos   costumes da época. Ainda hoje os árabes carregam no ombro uma grande chave para   indicar sua autoridade e potestade. A nenhum outro apóstolo foram dadas essas   chaves que indicam o total domínio da Igreja. Como no parágrafo anterior, Pedro   é singularmente favorecido, além de ser a rocha sobre a qual o fundamento da fé   que é Cristo, edificará sua comunidade de crentes. Pedro terá as chaves para   indicar quem deve ser incluído ou excluído. Estas chaves têm os seguintes   significados: a) O chefe do palácio era quem recebia as chaves   (Is 22, 22) e, portanto, era o dignatário de maior hierarquia. b) Se ligadas ao parágrafo posterior, as chaves servem par   abrir e fechar, para admitir a entrada dos dignos e para expulsar os indignos. c) Mas também, seguindo o uso rabínico da época, as chaves eram   o símbolo do ato de sentenciar questões religiosas como declarar lícita ou   ilícita uma conduta. Concordam com esta interpretação as palavras de Jesus aos   escribas: Ai de vós legistas, que tomastes as chaves do conhecimento; vós   mesmos não entrastes e os que queriam entrar, vós os impedistes (Lc 11,   52). Os rabinos aplicavam a explicação da lei no sentido de declarar algo   permitido ou proibido (Jo 21, 13-18). Agora serão Jesus e seus discípulos os que   terão autoridade para representar o verdadeiro ensino. Mais: nesse caso o   paralelo com as chaves indica que se trata de um verdadeiro poder e não de uma   licença de ensino. É o poder que Mateus dá a comunidade na pessoa dos discípulos   que têm de declarar quem é culpado de uma transgressão ou pecado, que justifica   sua expulsão como membro da comum convivência. Na jurisprudência judaica da   época, as chaves significam a faculdade que tinham os juízes de mandar para a   prisão ou deixar livre um acusado. Poucos anos mais tarde, Rabi Neconia   terminava seus sermões pedindo a Javé que não deixasse atado o que ele tinha   desatado, nem desatado o que ele tinha atado; que não purificasse o que ele   declarava impuro, nem tornasse impuro o que ele dissera ser puro. Em Mt 18, 18   este poder de excomungar um obstinado é dado, em termos gerais, à igreja,   considerada como corpo jurídico, o que aqui é concedido em termos particulares a   Pedro, o supremo pastor que deve governá-la em nome e com o amor de Jesus   distribuído aos irmãos com dedicação (Jo 21,15-17 e 1 Pd 5,2). COMENTÁRIOS: O texto é tão claro que os ortodoxos gregos    afirmam que, em suas dioceses, os bispos que confessam a verdadeira fé se   integram em Pedro como sucessores e dele herdam o primado. Os evangélicos   reconhecem a posição e a função privilegiada de Pedro nas origens da Igreja, mas   não admitem sucessor e restringem os poderes à pessoa de Pedro. Os católicos   fundamentam sua interpretação no versículo 18: A igreja é imortal, e seu   fundamento deve perdurar sempre. Assim como ortodoxos e evangélicos admitem   bispos presbíteros e diáconos, como sucessores dos primitivos homônimos, por que   unicamente o princípio de unidade deve estar ausente, se é sobre essa rocha que   foi fundada a Igreja? Com razão comentava um colega meu no sacerdócio: Nós,   católicos, temos a certeza e o orgulho de sermos a única Igreja cristã,   edificada sobre fundamento rochoso,  sobre Pedro (ver Mt 7,24). Daí que séculos   mais tarde os latinos, com outro primado diferente de Pedro, afirmassem Ubi Petrus ibi Ecclesia Onde está Pedro aí   está a Igreja. No caso de não levarmos o livre arbítrio da interpretação das   escrituras ao extremo tão radical, que rejeitemos  toda outra autoridade que não   seja a acrata da interpretação individual, não se entende por que se admitem   sucessores dos apóstolos como são os bispos, rejeitando os sucessores de Pedro,   cuja base escriturística é pelo menos tão evidente como a dos bispos, já que em   Pedro está fundada a Igreja. Pistas: 1) Deixemos a primeira pergunta – quem dizem os   homens que sou eu?- Porque como está o mundo talvez a reposta muçulmana [um   profeta anterior a Maomé] seja a mais próxima daquela dada pelos discípulos em   Cesareia de Filipe. Vamos, pois, responder à segunda pergunta: E vós? Hoje não é   suficiente a resposta de Pedro: O Messias, o esperado de Israel. A nossa deveria   ser: O filho de Deus encarnado, que se entregou e morreu por mim (Gl 2, 20). Por   isso, vivemos a vida presente pela fé no Filho de Deus. 2) Na verdade, essa imagem de Cristo que todos nós levamos dentro, desde o   batismo, está, ou destroçada, ou escurecida. Como poderemos ser apóstolos se não   sentimos sua presença dentro de nós? Como vender um produto do qual não estamos   nós, os vendedores, convencidos? 3) A resposta de Jesus dada a Simão indica que a nossa resposta, admitindo   seu senhorio total como Messias e como Filho de Deus, é também um dom do céu e   que ela merece um makarismo especial. Não seremos os chefes, como Pedro, mas a   Igreja estará fundada em nós e nas nossas famílias. 4) Além de Cristo, como figura central, temos Pedro, como figura destacada,   por duas razões: por sua fé em Jesus e por sua lista de serviços como chefe da   comunidade. A revelação de confessar Jesus como Messias Filho de Deus, é um dom   do Pai e isso serve para todos nós. A chefia da comunidade eclesial é própria   dele e continua em seus sucessores através dos séculos. A eles pertence o poder   das chaves, jurídico e doutrinal, como o entende a Igreja católica. Não foi dado   este poder aos outros discípulos e, portanto, devemos distingui-lo do poder   evangelizador e de governo dado ao resto dos apóstolos. 
 EXCURSUS:  NORMAS DA INTERPRETAÇÃO EVANGÉLICA - A interpretação deve ser fácil, tirada do que é o evangelho: boa  nova. -  Os evangelhos são uma condescendência, um beneplácito, uma gratuidade, um amor  misericordioso de Deus para com os homens. Presença amorosa e gratuita de Deus  na vida humana. -  Jesus é a face do Deus misericordioso que busca o pecador, que o acolhe e que  não se importa com a moralidade ou com a ética humana, mas quer mostrar sua  condescendência e beneplácito, como os anjos cantavam e os pastores ouviram no  dia de natal: é o Deus da eudokias,  dos homens a quem ele quer bem e quer salvar, porque os ama.
 Interpretação  errada do evangelho: - Um chamado à ética e à moral em que se pede ao homem mais que uma  predisposição, uma série de qualidades para poder ser amado por Deus.- Só os bons se salvam. Como se Deus não pudesse salvar a quem quiser (Fará  destas pedras filhos de Abraão).
 Consequências: -  O evangelho é um apelo para que o homem descubra a face misericordiosa de Deus  [=Cristo] e se entregue de um modo confiante e total nos braços do Pai como  filho que é amado.- O olhar com a lente da ética, transforma o homem num escravo ou  jornaleiro:aquele age pelo temor, este pelo prêmio.
 - O olhar com a lente da misericórdia, transforma o homem num filho que atua  pelo amor.
 - O pai ama o filho independentemente deste se mostrar bom ou mau. Só porque ele  é seu filho e deve amá-lo e cuidar dele.
 -  Só através desta ótica ou lente é que encontraremos nos evangelhos a mensagem do  Pai  e com ela a alegria da boa nova e a esperança de um feliz encontro  definitivo. Porque sabemos que estamos na mira de um Pai que nos ama de modo  infinito por cima de qualquer fragilidade humana.
 
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              23.06.201912º Domingo do Tempo Comum 
                — ANO C
 ( VERDE, GLÓRIA, CREIO – IV SEMANA DO SALTÉRIO )
 __ "E vós, quem dizeis que eu sou?" __
 Ambientação:  Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs! INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Reunidos à mesa do Eterno Pai, celebramos a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo. Conhecemos tal mistério mediante testemunho dos Apóstolos e, associando-nos a eles, seguimos compreendendo Jesus de modo progressivo. A liturgia de hoje O aponta como autêntico Messias. Sem desejar fama e poder, escolheu ser fiel ao Pai, tornando-se servo de todos até a morte. INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, Deus nos concede uma grande graça: a de estarmos reunidos neste dia a Ele dedicado para celebrarmos juntos o memorial da morte e ressurreição do seu Filho Jesus. Nele e por Ele fomos salvos e libertos! Nele e por Ele queremos fazer de nossa vida uma oferta agradável ao Pai. Queremos seguir os passos de Jesus, aceitando o caminho da cruz que leva à ressurreição. INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Cristo tem uma identidade pessoal que salva e revela; e uma missão a cumprir. Para revelar sua identidade e cumprir sua missão, para salvar a verdade de sua vida, está ele disposto a tudo, até a perder a vida física. A decisão "incondicional" e absoluta de ser ele mesmo e cumprir a sua missão a "qualquer preço" é o ato supremo de fidelidade (obediência) a Deus. Sintamos em nossos corações a alegria da Ressurreição e entoemos alegres cânticos ao Senhor! 
 
               (coloque o cursor sobre os textos em azul abaixo para ler o trecho da Bíblia) 
 PRIMEIRA LEITURA (Zacarias 12,10-11;13,1):   - "Naquele dia jorrará uma fonte para a casa de Deus e para os habitantes de Jerusalém, que apagará os seus pecados e suas impurezas." SALMO RESPONSORIAL (Sl 62/63):    - "A minha alma tem sede de vós, como a terra sedenta, ó meu Deus! " SEGUNDA LEITURA (Gálatas 3,26-29):    - "Todos vós que fostes batizados em Cristo, vos revestistes de Cristo." EVANGELHO (Lucas 9,18-24):   - "Quem dizem que eu sou?" 
 
 Homilia do Diácono José da Cruz — 12º Domingo do Tempo Comum — ANO C Que Jesus é o nosso? A quem seguimos realmente? Parece  estranho que naquela altura da caminhada, Jesus dirija a seus discípulos uma  pergunta tão provocante “Quem sou eu para vocês?”... Tem-se a impressão de que,  até ele ficou meio receoso de ir direto ao assunto, e primeiro perguntou a  eles, quem o povo dizia que era ele, e quando o coitado do Pedro deu aquela  resposta no “capricho”, Jesus parece ter sido “duro” dando um solene “cala  boca”, exigindo que ele não contasse a ninguém, parece que queria guardar  segredo sobre a sua pessoa e missão, Que problema havia, na resposta de Pedro? Quando vamos à celebração da Palavra  ou da santa Missa, quando recebemos algum sacramento, quando vivemos o nosso  dia a dia, rezando em alguns momentos, trabalhando ou estudando, dirigindo no  transito, conectados a internet, assistindo TV, em um estádio de futebol, em  uma chácara ou na piscina, na praia ou no campo, nos desafios do trabalho pastoral  ou no exercício de um ministério, será que a nossa conduta é coerente com  aquilo que pensamos de Jesus? Jesus não está preocupado com a sua  imagem, ou conceito ou o discurso que se faz dele, mas quer saber qual a  importância dele em nossa vida, nas decisões do dia a dia, em certas atitudes  que somos obrigados a tomar, na vida em família, na comunidade, no trabalho ou  na escola, quando estamos alegres ou tristes, quando estamos atarefados e com  mil preocupações á cabeça, ou quando estamos tranquilos e em paz, quando  estamos endividados ou quando pagamos todas as nossas contas, é aí que  precisamos definir quem é ele em nossa vida, o que ele representa, ou a  diferença que faz, crer ou não crer, viver a Fé ou ignorá-la, assumir ou não  assumir o Batismo, ser igreja ou não ser de nada... Ir sempre, vestir a camisa,  ou ir de vez em quando e manter um pé atrás, sempre desconfiados com essa  Igreja de Cristo, conduzida por homens. Note-se que a indagação é feita ao  grupo e que podemos interpretar assim: qual é o Jesus de nossas comunidades e  paróquias? Pois é aí que somos Igreja. O discurso que se faz sobre Jesus é  sempre muito bonito, certos pregadores conseguem arrancar lágrimas dos seus  ouvintes. Mas... e depois... .o que muda ou o que fica? Na verdade, nesse 12º  Domingo do tempo comum, estamos diante de dois modelos distintos, o Jesus da  Pós Modernidade, que é um Jesus bem light, liberal, bem açucarado, sem muitas  exigências, um Jesus que “pega leve” e vai minimizando ou relativizando a Lei  do Senhor e os valores do evangelho, o caráter doutrinário em questões  polêmicas como: pena de morte, aborto, do adultério e todas essas coisas que  nos incomodam. Um Jesus bem aprumado, olhos azuis, loiro, dois metros de  altura, de um Jesus que pede uma conversão, que não precisa ser tão radical. Um  Jesus que vira e mexe, faz algum milagre, chamando unicamente para si, a  responsabilidade de fazer as mudanças acontecerem, se a coisa não anda e está  emperrada, chama Jesus e está resolvido. Esse Jesus da Pós Modernidade faz um  sucesso tremendo, lota templos, estoura a audiência, agrega multidões e acima  de tudo, ajuda a encher os cofres dos espertalhões da Fé, que juram serem os  emissários de Deus, podendo garantir ainda nesta vida, um cantinho no céu para  os que forem fiéis seguidores desse “Jesus” idealizado pela Pós-modernidade. O Jesus que se apresenta diante dos  discípulos e diante de todos nós, neste evangelho do 12º Domingo do Tempo  Comum, não é um Jesus de muito sucesso. Principalmente por que fala em  sofrimento, padecimento, rejeição e morte, uma catástrofe para a Pós  Modernidade, quem vai querer seguir um Jesus assim? Nós mesmos, que somos  cristãos de “carteirinha”, quantas vezes, diante de um sofrimento iminente, não  rezamos, pedindo para que Deus afaste de nós tal dissabor... Não é mesmo?  Sofrimento e pós-modernidade, são palavras que não combinam. E no final do evangelho, o que já era  ruim, ficou ainda pior: “Se alguém quer vir após mim, renegue-se a si mesmo,  tome a sua cruz de cada dia e siga-me, pois quem quiser salvar a sua vida, vai  perdê-la, mas quem sacrificar a sua vida, por causa de mim, irá salva-la”. Com  um discurso assim, as Igrejas irão esvaziar-se, e Jesus vai ficar falando  sozinho, porque renúncia e desapego, também não combinam de forma alguma, com a  pós-modernidade, que nos ensina a sempre ganhar, nunca perder! Será que não existe aí uma  alternativa? Um modo mais brando de se viver a Fé e frequentar a comunidade,  sem que haja necessidade de encarar uma “cruz” no meio do caminho? Infelizmente  nas palavras de Jesus não há atenuantes, ou aceitamos viver esses ensinamentos,  ou então desistimos, tiramos o time de campo, enquanto ainda é tempo, mesmo  porque, o Reino é uma proposta... “Se alguém quiser...”. Ninguém precisa casar na igreja,  batizar-se, fazer catequese, ser confirmado na Fé, confessar-se, receber a  Eucaristia, receber o Sacramento da Ordem, ou a unção que nos fortalece na  enfermidade, enfim, ninguém é obrigado a crer no Senhor Jesus e ser discípulo,  e nem por isso Deus irá deixar de amar, aquele que assim agir. Trata-se de uma  proposta, para quem quiser desinstalar o sistema em sua vida, contaminado pelo  hacker do pecado, e reiniciar o processo, agora configurado com o homem novo  Jesus Cristo, o primogênito de toda criatura. Uma proposta revolucionária para  homens e mulheres ousados, dispostos a transformar o mundo com o seu  testemunho, porque tem forças suficientes na graça de Deus, mastigando os  “freios” da pós-modernidade, libertando-se do cabresto e trilhando um caminho  novo, fazendo uma história nova, exatamente nas pegadas de Jesus de Nazaré,  Aquele que vai á frente das comunidades, mostrando a plenitude que aguarda  todos os que vivem pela Fé, sem medo de Ser Feliz, passando pela “morte” que  leva á Vida. Deixo para as comunidades  cristãs, essa pergunta que sempre me faço: Que Jesus é o nosso? Será que  podemos anunciá-lo com toda firmeza e convicção, ou como Pedro, ouviremos dele  um solene “cala a boca?” (12º Domingo do Tempo Comum – Lc 9, 18-24) José da Cruz é Diácono da Paróquia Nossa
              Senhora Consolata – Votorantim – SP
 E-mail  jotacruz3051@gmail.com
 
 Homilia do Padre Françoá Costa  —12º Domingo do Tempo Comum — ANO C Seleção ruinosa!Há palavras da Sagrada Escritura que são muito agradáveis ao ouvido: “O   Senhor é o meu pastor, nada me faltará” (Sal 22), “Vinde a mim, vós   todos os que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei” (Mt   11,28), “Tudo posso naquele que me conforta” (Fl 4,13), “Tu, que   habitas sob a proteção do Altíssimo, que moras à sombra do Onipotente (…)” (Sal 90). Outras, ao contrário, são menos agradáveis: “Não podeis   servir a Deus e à riqueza” (Mt 6,24), “Afasta-te de mim, Satanás,   porque teus sentimentos não são os de Deus, mas os dos homens” (Mc 8,33), “vai, vende tudo o que tens e dá-os aos pobres, e terás um tesouro no céu.   Depois, vem e segue-me” (Mc 10,21). Poderíamos continuar fazendo uma lista,   mas já é suficiente. Talvez, uma dessas palavras incômodas do Evangelho é a de   hoje: renúncia. Jesus pede como exigência para segui-lo o renegar-se a   si mesmo, tomar a cruz de cada dia, perder (doando) a vida pelo Reino (cfr. Lc   9,23-24). Essa tendência de selecionar o que mais gostamos na Bíblia, deixando de lado   o que nos incomoda, poderia aplicar-se à doutrina da Igreja, expressão fiel do   Evangelho. Pode-se até aceitar que Deus é uno e trino, que Jesus Cristo é   Salvador, que Maria é Mãe de Deus e sempre Virgem; mas a dificuldade se mostra   quando se fala da doutrina da Igreja sobre o respeito à vida desde a sua   concepção natural até o seu término natural, da doutrina católica sobre a   castidade, ou ainda, da obrigatoriedade de participar da Missa todos os domingos   e dias santos. Como é importante aceitar toda a doutrina cristã e influenciar na   sociedade, desde o cargo profissional que se ocupa, para que haja um ambiente   mais humano e cristão nesse mundo! Fazer uma seleção dentro da Sagrada Escritura e da Doutrina da Igreja não   está bem! Seguir a Cristo é uma decisão com muitas conseqüências e que conforma   toda a existência. Nós não podemos criar o nosso próprio código doutrinal e   ético e depois apresentá-lo como se fosse doutrina de Cristo e de sua Igreja.   Não! Ou se aceita ou não se aceita! Outra coisa bem diferente é dispor-se a caminhar com Cristo aceitando tudo o   que ele pede, mas, ao mesmo tempo, encontrar dificuldades à hora de realizar   essa doutrina na própria vida. Ter dificuldades, e até mesmo pecar, é a pura   realidade, dura realidade, do ser humano nesta terra. No entanto, se depois de   um pecado seja ele qual for, nos arrependemos de coração, procuramos fazer uma   boa confissão e um bom propósito de lutar para ser santos, para agradar o nosso   bom Deus, fiquemos tranqüilos. Isso não é hipocrisia, é simplesmente o   conhecimento de si mesmo unido à confiança no amor e no perdão de Deus. O que   não pode acontecer é que por não conseguirmos fazer as coisas bem, digamos que o   bem está mal e que o mal está bem. Há um ditado que diz que quem não vive como pensa, acaba pensando como   vive. Que Deus nos livre dessa ruptura nas nossas vidas. É preciso ser   coerentes! A partir do momento que decidimos seguir a Cristo, aceitemos tudo o que ele nos propõe. Digamos-lhe que é difícil e que cairemos se   ele não nos ajudar. Jesus nos entenderá. Não podemos seguir a Cristo mantendo as   nossas próprias idéias, quando essas são errôneas. Além do mais, Jesus Cristo   não é uma idéia, é uma Pessoa. Isso pode ser duro para escutar e para pregar no mundo atual, mas é preciso   acreditar que as pessoas desejam a verdade, o bem e a autêntica beleza. Jesus   Cristo não muda a sua doutrina! Quando Jesus falou da Eucaristia, os seus   ouvintes acharam que era uma doutrina muito dura e inadmissível. Qual foi a   resposta de Jesus? Não retirou nenhuma só letra daquilo que tinha dito (cfr. Jo   6,60-67). A Igreja não pode falsificar o Evangelho porque nós somos fracos e nem   sempre conseguimos vivê-lo, é o Evangelho quem tem que fortalecer-nos e   modificar-nos. Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa 
 Comentário Exegético — XII Domingo do Tempo Comum — ANO C(Extraído do site Presbíteros - Elaborado pelo Pe. Ignácio, dos padres escolápios)
 Epístola (Gl 3,26-29)INTRODUÇÃO: Ser filho de Abraão era a carta de entrada nas   promessas e, portanto, na felicidade de Deus como salvos e prediletos de Jahveh   (Mt 3, 9). Mas essa filiação era de carne e sangue (Jo 1, 13) da qual estavam   logicamente excluídos os outros povos. Mas Paulo recebe uma revelação do   mistério dos novos tempos (Rm 11, 25), por meio do qual Deus quis renovar todas   as coisas em Cristo; e, através do Espírito, criar um novo povo que no novo Adão   tem sua origem e filiação, por meio da ressurreição dos mortos nEle iniciada (1   Cor 15, 22). A FÉ: Porque todos sois filhos de Deus por meio da fé em   Cristo Jesus (26). Omnes enim filii Dei estis per fidem in Christo   Iesu. Paulo fala só da fé; mas, na realidade, Jesus, em Marcos, também   acrescenta o batismo: Quem crer e for batizado será salvo; porém, quem não   crer, será condenado (Mc 16, 16). Jesus na sua conversa com Nicodemos dirá: Em verdade, em verdade te digo que se  alguém não nascer de novo não pode   ver o Reino de Deus (Lc 3, 3). E explicará como pode ser esse nascimento:   da água e do Espírito (Jo 3, 5). Explicava um sacerdote a uma pergunta de como   era possível nascer de novo, dizendo: o primeiro nascimento é da carne e sangue,   pelo qual somos filhos de um homem e uma mulher. Porém nascemos como filhos de   Deus no batismo: na água, como peixes, somos imersos no Espírito de Deus que se   comunica; e assim nascemos como filhos de Deus, num nascimento espiritual que   também comunica seus dons ao nosso corpo por meio do qual somos destinados à   ressurreição do mesmo e a uma vida eterna, que compartiremos com a vida divina,   já iniciada em nós pelo batismo. Do ponto de vista divino, a nova vida é pura   graça, sem mérito nosso, mas de Cristo. Do ponto de vista de cada homem, tem   como base a fé, a crença em Jesus como Filho de Deus, que vai acompanhada de uma   sincera metanoia ou conversão quando adulto: Jesus iniciou sua   pregação dizendo: O reino de Deus está próximo, arrependei-vos e crede no   evangelho (Mc 1.15). Portanto, Paulo está certo quando afirma que por fé   nos tornamos filhos de Deus. REVESTIDOS DE CRISTO: Porque quando fostes batizados em   Cristo, fostes revestidos de Cristo (27). Quicumque enim in Christo   baptizati estis Christum induistis. Assim como o Verbo se revestiu da   humanidade, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homem,   reconhecido em figura humana (Fp 2, 7-8), no batismo o homem se reveste de   Cristo, como repete Paulo em Rm 13, 14, do novo homem, criado segundo Deus   em justiça [dikaoisynë] e santidade [osiotës] (Ef 4, 24). Dikaiosyne é a falta de pecado e osiotës é a sagração que torna uma coisa divina, por   apropriação da mesma para o culto de Deus. Mas esse revestimento tem, além da   ação divina purificadora e santificadora, uma sinergia humana, que Paulo declara   em Rm 13, 12 : revesti-vos da armadura da luz, que em 1 Ts 5, 8   explica: a couraça da fé e do amor, e o capacete da esperança. São as   três virtudes essenciais que recebem o nome de teologais.  IGUALDADE CRISTÃ: Não há judeu nem grego; não há escravo   nem livre; não há varão nem fêmea: pois todos vós sois um em Cristo Jesus (28). Non est Iudaeus neque Graecus non est servus neque liber non est   masculus neque femina omnes enim vos unum estis in Christo Iesu. Se somente   a fé é a que é a herdeira das promessas, toda distinção de um outro nascimento   ou de uma classe social é inútil. Judeu ou grego, tanto faz. Escravo ou livre, é   igual; varão ou mulher, não faz diferença. Todos podem ser filhos de Deus e   herdeiros das promessas, porque a todos a fé unifica em Cristo. Como membros   desse Cristo total, ou de seu pleroma [de seu ser completo ou pleno], nele   enxertados, temos o direito a sua herança fundamental: glorificação do espírito   e ressurreição do corpo para uma vida plena com Deus (Ef 1, 18). A PROMESSA: Pois se vós [sois] de Cristo, ora,   sois esperma de Abraão e segundo promessa, herdeiros (29). Si autem vos   Christi ergo Abrahae semen estis secundum promissionem heredes. Paulo é um   judeu convertido, que não renega de sua condição de filho de Abraão e que   acredita firmemente na palavra de Deus como garantia total. Se Jahveh fez uma   promessa ela cumprir-se-á em sua totalidade. Paulo o demonstra por meio de um   silogismo correto: Abraão foi considerado pai por causa de sua fé e não por   causa do sêmen material. Logo os filhos de Abraão o são também porque são dignos   dele pela fé que o justificou e que agora os justifica a eles. A fé que   antigamente era devida à palavra de Jahveh, agora tem sua razão de ser em Cristo   Jesus, como dirá este em Jo 8. 56: Abraão alegrou-se por ver o meu dia,   viu-o e regozijou-se. A herança não é qualquer uma, mas é a herança de Deus   que Paulo chama de herança dos consagrados na luz [essência divina] (Cl   1, 12). Desta herança temos dois componentes claros: só os agioi [os   que a Deus pertencem] a obterão e serão na luz [en tö föti] que é a   descrição da essência divina, como vemos em Lc 16, 8 onde chama esses escolhidos filhos da luz. Em Jo 1, 4 vemos como a vida se confunde com a luz que é   Cristo (Jo 8, 12). E assim conformes à imagem do seu Filho, para que este seja o   primogênito entre muitos irmãos. Se a fé nos une, como membros, ao corpo de   Cristo, a tribulação e a cruz, nos fazem co-herdeiros, se com ele sofremos para   sermos com ele glorificados (Rm 8, 17). De modo que viver e morrer para Paulo é   fazê-lo em Cristo (Gl 2, 20 e Fp 1, 21). Evangelho (Lc 9, 18-24)A CONFISSÃO DE PEDRO. PREDIÇÃO DA PAIXÃO LUGARES PARALELOS: Mt 16, 13-20 e Mc 8, 27-29. Este último   é, sem dúvida, a base do relato de Lucas um pouco mais elaborado que Marcos.   Também podemos tomar como base da liderança petrina o trecho de Jo 21, 13-18,   mas vamos explicar o que Lucas quer nos transmitir com suas palavras. E SUCEDEU QUE: E sucedeu que ao orar ele sozinho, os   discípulos estavam com ele e perguntou-lhes: Quem dizem as turbas que sou ? (18). Et factum est cum solus esset orans erant cum illo et discipuli   et interrogavit illos dicens quem me dicunt esse turbae. É uma maneira   típica de Lucas que a emprega em várias ocasiões para iniciar um novo período.   Ele encontrava-se orando à sós. A frase determina os acontecimentos, como a   revelação de Pedro de que era o Messias e a de Jesus de que esse Messias não era   um vencedor, mas um derrotado, como na continuação declara a seus discípulos.   Lucas, com isso, evita o local e circunstâncias como Cesareia de Filipe distante   40 km de Betsaida (dois dias de caminho desta última), que não era conhecida   pelos seus leitores, e a proximidade do templo de Augusto, de mármore branco   edificado sobre uma rocha que dominava a cidade e a fértil planície da qual era   capital a antiga Pâneas, porque perto da cidade existia  uma gruta dedicada   desde antigamente ao deus Pan ou Panion. Herodes, o Grande, havia construído o   templo e Filipe a cidade do seu nome como capital de sua tetrarquia. A   PERGUNTA: Era uma pergunta diretamente conectada com a oração de Jesus.   Era o momento em que ele tinha decidido subir a Jerusalém ( Mt 16, 21) e em que   os discípulos esperavam a restauração do Reino de modo político-militar. Jesus   pergunta sobre a opinião do povo. RESPOSTAS: Tendo, pois, respondido, disseram: João o   Batista. Outros, porém Elias; mas outros que um dos profetas antigos despertou (19). At illi responderunt et dixerunt Iohannem Baptistam alii autem   Heliam alii quia propheta unus de prioribus surrexit. As respostas dos   discípulos sobre as opiniões do povo coincidem com o pensar de Jesus como um   profeta. Na realidade, a reposta da multidão era a mesma que Lucas traz em 9,   7-8: João Batista, Elias ou um antigo profeta, todos redivivos. Também João (6,   14-21) nos oferece a mesma opinião, pois o povo exclama: Este é   verdadeiramente o profeta que deve vir ao mundo. Por que unicamente profeta   e este redivivo? Tentaremos responder, seguindo os diversos comentaristas. A) O Batista: A pregação de Jesus e seus   discípulos era a mesma: Arrependei-vos, o reino de Deus está próximo (Mt 3,2), e   oferecia o batismo que também Jesus e seus discípulos praticavam (Jo 3, 22-23;   26). Além disto, fisicamente Jesus parecia-se com João por serem ambos parentes   próximos (Lc 1, 36). Da morte de João por Herodes poucos sabiam por ser uma   espécie de segredo de Estado, e ter sido realizada, segundo Flávio Josefo, em   Maqueronte, território da Pereia na Transjordânia do lado leste do mar Morto. É   por isso que foi o próprio Herodes quem afirma ser Jesus o Batista redivivo. B) ELIAS: O povo afirmava que um novo profeta   viria antes do Messias; e como a tradição afirmava que esse profeta seria Elias,   pois este não tinha morrido, mas fora arrebatado ao céu no meio da tempestade em   um carro de fogo, acreditava-se que ele viesse; pois a Escritura dizia: Confortará muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus. E de João,   o Batista,  afirmará Lucas que  caminhará na sua frente com o espírito e o   poder de Elias a reconduzir o coração dos pais aos filhos e os rebeldes à   prudência dos justos [corretos] para preparar ao Senhor um povo bem   disposto (Lc 1, 16). Pela mesma razão, os enviados oficiais de Jerusalém   perguntam a João se ele era Elias, o que ele nega; ou o profeta, ao qual ele   responde: Não (Jo 1, 21). Segundo a tradição, Elias escreveu uma carta, depois   de ser arrebatado (2 Cr 21, 12), dirigida ao rei Jorão de Judá por sua conduta   idolátrica, já que tinha como esposa uma filha do ímpio rei Acab de Israel.   Supunha-se, pois, que Elias voltaria antes do dia do Senhor, o dia da vingança e   do castigo dos ímpios, dia da ira que está por vir (Jo 3, 7). Em   Malaquias 3, 1 lemos: Eu vos envio meu mensageiro. Ele aplainará o caminho   diante de mim ( ver Mc 1, 2 e Mt 11, 14). Por isso, numa data posterior ao   livro [após o ano 450 aC], identifica a este mensageiro ou anjo, com Elias   (seria no acrescentado capítulo 4, verso 5, que não está no canônico de   Malaquias). Na sua complicada alegoria animalística da História o livro apócrifo   de Henoc (século II aC), descreve a aparição de Elias, antes do juízo e da   aparição do grande cordeiro apocalíptico. Isto é importante visto que João, O   Batista, fala do Cordeiro de Deus (Jo 1, 29). Em Eclo 48,10   temos outra referência do século II aC : Tu que fostes designado nas   censuras para os tempos a vir , para aplacar a cólera antes que ela se   desencadeie, reconduzir o coração do pai para o   filho (Lc 1,17). C) O PROFETA: Vistos os milagres que Jesus operava, os contemporâneos de Jesus pensavam que se   não fosse Elias, que em vida realizou muitos e notáveis, devia ser um profeta   redivivo [aneste=despertado], pois a profecia tinha acabado e não era   necessária nos tempos messiânicos. Mateus e Marcos falam também de um dos   profetas, sem o qualificativo de despertado ou revivido, sem chamá-lo de antigo. Os judeus distinguiam entre antigos profetas Josué,   Juízes, Samuel, Reis e os últimos profetas, a começar por Isaías e terminar por   Malaquias. A que profeta se referem os discípulos como porta-voz da vox populi?   Talvez Samuel que já nos tempos de Saul se mostrou redivivo em 1 Sm 28, 12   diante da médium de Endor?. Ou talvez Moisés, pois a ele comparam a atuação de   Jesus, como vemos em João 5, 45-46 e 6,31-32. Na realidade os enviados oficiais   perguntam se João não era o Profeta (como conhecida personagem,   esperada nos tempos messiânicos) de Dt 18, 15-18.  Javé disse a Moisés:  um   profeta como tu suscitarei do meio de teus irmãos. Por isso em 1 Mc 4, 46 aguardavam a vinda de um profeta que se pronunciasse a respeito. Dos   essênios de Qumrã sabemos que esperavam um profeta em passagens referentes ao   triunfo escatológico sobre seus inimigos. Em At 3, 22 este profeta   semelhante a Moisés que deveria ser escutado em tudo era o próprio Jesus,   coisa que o povo admitiu após a multiplicação dos pães (6, 14) e na festa dos   Tabernáculos em Jerusalém (7, 40). Como uma nota antes de prosseguir, devemos   fazer um pequeno comentário a estes dois versículos de João: indicam uma posição   de ideias muito anteriores à data da redação final do evangelho. Dá para   refletir um pouco sobre posturas preconcebidas de uma datação tardia do mesmo.   Outro dos profetas que se esperavam na época era Jeremias, somente citado por   Marcos porque como vemos em 2 Mc 2, 4-7 temos Jeremias escondendo a arca e o   altar dos perfumes na montanha de Moisés para afirmar: este lugar ficará   desconhecido até que Deus tenha consumado a reunião de seu povo e lhe haja   manifestado a sua misericórdia. Como vemos a resposta dos   apóstolos era um reflexo da voz comum do povo. E VÓS: então lhes disse; quem me dizeis que sou?   Respondendo Pedro disse: O Cristo de (o) Deus (20). Dixit autem illis   vos autem quem me esse dicitis respondens Simon Petrus dixit Christum Dei. Agora a pergunta é dirigida aos apóstolos. Que ideia eles têm dele, o   mestre que durante longo tempo foi seu guia, com quem eles conviviam? Em qual   dessas categorias estava delineado seu Jesus? PEDRO: Ele toma a   palavra como porta-voz do colégio apostólico para responder: O Cristo o de   Deus. A frase em Lucas tem origem em Lc 2, 26 quando o velho Simeão é   levado pelo Espírito a ver o Cristo (do) Senhor [=Javé]. A frase pode ser melhor   traduzida em inglês: The Lord´Christ, pois em grego não tem artigo a palavra   Senhor. É uma tradução literal dos Targuns que falavam do Messias como o Messiah   [ungido] de Javé., pois em Isaías 4, 2 traduz: Naquele tempo o Messiah de   Javé será para gozo e glória. E em Is 28, 5 o Targum diz: Nesse tempo o   Messiah do Senhor, de todos os hóspedes será uma coroa de júbilo e um diadema de   louvor para o resto do povo. Podemos comparar estes dois comentários com Lc   2, 32 em que Simeão fala do menino Jesus como sendo a glória de teu povo Israel. O CRISTO DO DEUS: A palavra  Christós significa ungido, derivada do verbo Chrio ungir ou untar. Na   realidade é uma tradução literal do Messiah aramaico ou Massiah hebraico. Originariamente parece que era uma referência   ao Há Kohen Há Massiah [o sacerdote, o ungido] ou sumo   sacerdote  em cuja cabeça tinha sido derramado óleo, quando consagrado como   mestre espiritual da comunidade. Daí que o Messias era alguém investido por Deus   de uma responsabilidade especial. Nos tempos de Jesus existia a ideia de que um   descendente da casa de Davi seria o Messias que redimiria a humanidade, tradição   que provinha desde os tempos de Isaías ( cap 7). Essa tradição encarava o   Messias não como um ser divino, mas apenas como um homem, um grande chefe,   reformador social, que iniciaria uma era de paz perfeita. Atualmente a teologia   liberal judaica encara o Messias em sentido comunitário, como a própria    humanidade que, numa fase de sua futura evolução, chegará à idade messiânica  em   que uma ordem de paz social, justiça e liberdade será estabelecida. Para esta   nova era, a missão do povo judaico, atuando em seu conjunto como Messias, é de   vital importância, assumindo o papel da maior influência na educação moral da   humanidade, promovendo desta forma a consecução dessa nova ordem social que pode   assim ser chamada de Idade Messiânica. Mas pelo que   contemplamos na História atual,  nada mais oposto a essa visão; porque o atual   Israel é a fonte da violência que desestabiliza todo o Oriente Meio. Em tempos   de Jesus, esperava-se, porém, um personagem, um rei, descendente da casa de   Davi, para instaurar essa era messiânica. A RESPOSTA EM MARCOS E MATEUS: A resposta de Lucas tem um   precedente em Marcos: Tu és o Cristo (8, 29). Lucas acrescenta do Deus. O artigo determinado distingue o   único, o verdadeiro Deus, ou o vivente,  como veremos em Mateus,  para   distinguí-lo dos outros deuses, que não eram nem verdadeiros, nem tinham vida. A   resposta em Mateus é: Tu és o Cristo, o Filho do Deus, o vivente, sendo   que o vivente refere-se a Deus. A reposta original parece ser a de Marcos. Mas   Mateus introduz matizes importantes que explicam o significado de Cristo em   termos cristãos. Filho de Deus era o grito dos endemoninhados   (Mc 3, 12).Era um título messiânico correspondente ao de rei. Assim o   reconheciam os inimigos ao vê-lo na cruz (Mt 27, 40).Foi o reconhecimento dado   pelo centurião após a morte de Jesus (Mc 15, 39). A mesma ideia encerra o título   dado por Pedro em Jo 6, 69 Santo de Deus. A palavra Santo (ágios) significa consagrado. O santo atual seria o dikaios em grego que é traduzido por justo, aquele que cumpre   perfeitamente os preceitos e observâncias da lei (Lc  1, 6). Importante é que   Pedro introduz uma nova realidade na opinião do povo. De um profeta, ele passa a   ver em Jesus o Messias esperado. Claro que Pedro pensa num Messias   político-militar, vencedor dos inimigos de Israel e libertador de um povo que se   achava no momento submetido, como Zacarias canta no seu Magnificat, porque a   seu povo visitou e libertou e fez surgir um poderoso salvador na casa de Davi…de   conceder-nos que libertos do inimigo a Ele sirvamos sem temor em santidade e   justiça. Temos pois, uma resposta clara de Pedro que Jesus aceita no   sentido literal: Ele é o Messias, seja o título dado em forma de Ungido (Cristo), de Filho de Deus, ou de Consagrado de Deus.  O SILÊNCIO: Porém ele, tendo-os advertidos, ordenou que   não dissessem isso (21). at ille increpans illos praecepit ne cui   dicerent hoc. A atitude de Jesus perante a resposta de Pedro é uma ordem   cominatória e severa de guardar silêncio. São os três sinóticos que confirmam   esta proibição. O silêncio era necessário para não tomar como missão política o   que era uma missão transcendental de ordem religiosa. De libertação do pecado e   restituição da paz com Deus, em que o triunfo estava vinculado com a maior   derrota, e a vitória da vida na morte do triunfador. Por isso Jesus explica   claramente a sua missão como Messias, em seguida. O ANÚNCIO: Dizendo que é preciso que o Filho do Homem   padeça muito, seja reprovado pelos anciãos e chefes sacerdotais e escribas e   seja morto e ressurja no terceiro dia (22). Dicens quia oportet Filium   hominis multa pati et reprobari a senioribus et principibus sacerdotum et   scribis et occidi et tertia die resurgere. Pela primeira vez, das três   vezes, Jesus fala do futuro que lhe espera em Jerusalém. É um anúncio que   prepara os discípulos – embora de modo inútil – para acontecimentos futuros   desagradáveis, se bem que terminem numa morte aparente e numa ressurreição   triunfal. Desde então Ele será o Ressuscitado e não o Crucificado. Os detalhes   deste anúncio são importantes e merecem nossa consideração. É   NECESSÁRIO: O verbo Dei denota uma necessidade moral que depende em grande   parte de um mandato divino. Os três sinóticos usam a mesma palavra em grego e   são traduzidos ao latim pela mesma palavra, oportet. Jesus fala de uma   obrigação moral que para ele era uma necessidade para cumprir os planos divinos   e assim também ser exaltado como Senhor e Cristo (At 2, 36). FILHO DO   HOMEM: A frase Filho do Homem significa eu, ou melhor, a gente, e por apropriação de Dn 7, 13-14 o futuro rei,   cujo reino será eterno. A esta visão apela Jesus perante o Sinédrio em Mc 14,   53. Na realidade com essa frase Jesus indica a sua natureza humana dentro da    pessoa do Verbo, ou seja, o homem Jesus de Nazaré, tal e como o viam seus   contemporâneos. No lugar paralelo, Mateus fala ele e Marcos, a   quem segue Lucas mantém a mesma palavra Filho do Homem. O   SINÉDRIO: A reunião de Presbíteros, Chefes   sacerdotais [sumos sacerdotes no latim de Mc] e Gramáticos [escribas no latim de Mc e Lc], não deixa lugar a dúvidas. É o grande   Sinédrio de Jerusalém. É nas mãos deles que Jesus padecerá muito, será rejeitado   e será morto. Mas ao terceiro dia ressuscitará. Só temos uma citação no AT em Sl   118, 22: A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra   angular, palavras que Jesus cita em Mateus 21, 42. A CRUZ: Pois dizia a todos se alguém quer vir após mim,   negue-se a si mesmo, e tome a cruz de cada dia e me siga (23). Dicebat   autem ad omnes si quis vult post me venire abneget se ipsum et tollat crucem   suam cotidie et sequatur me. A palavra está precedida da negação a si   mesmo. A cruz está ligada não unicamente ao Cristo como fundamento de sua   vitória, mas a todo discípulo que deve carregá-la diariamente e não no fim da   vida. Qual é o significado destas palavras? A Negação era dizer não;  e   esse verbo arneisthai é usado para uma negação cristã que se assemelha   ao desprezo e oposição experimentados por Jesus no seu ministério. A palavra   implica a negação de toda classe de valores ou opções pessoais, não tanto de   condutas pecaminosas ou viciosas. É semelhante à conduta de Jesus que se   esvaziou a si mesmo e assumiu a condição de escravo…humilhou-se e foi   obediente (Fl 2, 7-8), indicando uma escravidão voluntária aos planos   divinos, que pressupõe uma renúncia total aos valores considerados na época,   fundamentais para uma vida qualitativamente digna e feliz, como a formavam a   comida, a bebida, o sexo, ou a riqueza, o apreço, o poder, a estima. Como afirma   Paulo não podemos ter como máxima o comamos e bebamos, pois amanhã   morreremos (1Cor,15, 32). É bom ler a passagem do apóstolo em que descreve   a vida de um verdadeiro mensageiro de Cristo em 2 Cor 6, 4-10. Concorda com a   visão de Jesus de quem é verdadeiro discípulo. Tomar a cruz cada   dia. Estas palavras só aparecem em Lucas e neste lugar, sendo que   alguns manuscritos omitem o cada dia. A palavra grega staurós significa poste e crucificar teria o sentido   inicial de empalar. Porém na época de Jesus a cruz significava pendurar no   madeiro [stipes] vertical, ao qual cruzava-se o patibulum [o   patíbulo ou madeiro horizontal] que era carregado pelo réu no decurso de uma   procissão em que o principal processado precedia o resto dos condenados. A este   cortejo se refere Jesus quando diz siga-me. A cruz é, pois, o modelo fundamental   em que a vida do discípulo deve pautar-se como guia e modelo de conduta. PERDER A VIDA: Pois quem quiser salvar sua vida,   perdê-la-á; mas quem perder sua vida por minha causa, esse a salvará (24). Qui enim voluerit animam suam salvam facere perdet illam nam qui perdiderit   animam suam propter me salvam faciet illam O psiché Grego que a   Vulgata traduz por anima [alma] na realidade significa o alento de vida   e a vida mesma. Salvar  ou perder a psiché seria morrer ou viver. Daí   que as traduções modernas traduzem por vida. O que Jesus apresentava como ideal   era praticamente uma morte virtual e por isso o Mestre termina dizendo que, à   semelhança dEle mesmo, a vida, aparentemente perdida, será definitivamente   recuperada pelos discípulos do Senhor. PISTAS:  São duas as questões que a meditação deste   evangelho suscitam:   1ª) Jesus também pergunta a cada um de nós sobre   o que Ele representa em nossa vida. Temos dado uma resposta afirmativa que   concorda com a de Pedro: Ele é o Cristo Senhor, como dirá Pedro em sua primeira   mensagem aos judeus.   2ª) Jesus indica clara e terminantemente qual é   a verdadeira disposição de quem quer ser seu discípulo. As duas perguntas   requerem uma resposta valente e decidida. O cardeal Dario Castrillón, prefeito   da Congregação do Clero escreve que o que se necessita para alcançar a   felicidade não é uma vida cômoda , mas um coração enamorado como o de   Cristo. E o amor é entrega, quanto mais absoluta, maior amor temos pela   pessoa amada. 
 EXCURSUS:  NORMAS DA INTERPRETAÇÃO EVANGÉLICA - A interpretação deve ser fácil, tirada do que é o evangelho: boa  nova. -  Os evangelhos são uma condescendência, um beneplácito, uma gratuidade, um amor  misericordioso de Deus para com os homens. Presença amorosa e gratuita de Deus  na vida humana. -  Jesus é a face do Deus misericordioso que busca o pecador, que o acolhe e que  não se importa com a moralidade ou com a ética humana, mas quer mostrar sua  condescendência e beneplácito, como os anjos cantavam e os pastores ouviram no  dia de natal: é o Deus da eudokias,  dos homens a quem ele quer bem e quer salvar, porque os ama.
 Interpretação  errada do evangelho: - Um chamado à ética e à moral em que se pede ao homem mais que uma  predisposição, uma série de qualidades para poder ser amado por Deus.- Só os bons se salvam. Como se Deus não pudesse salvar a quem quiser (Fará  destas pedras filhos de Abraão).
 Consequências: -  O evangelho é um apelo para que o homem descubra a face misericordiosa de Deus  [=Cristo] e se entregue de um modo confiante e total nos braços do Pai como  filho que é amado.- O olhar com a lente da ética, transforma o homem num escravo ou  jornaleiro:aquele age pelo temor, este pelo prêmio.
 - O olhar com a lente da misericórdia, transforma o homem num filho que atua  pelo amor.
 - O pai ama o filho independentemente deste se mostrar bom ou mau. Só porque ele  é seu filho e deve amá-lo e cuidar dele.
 -  Só através desta ótica ou lente é que encontraremos nos evangelhos a mensagem do  Pai  e com ela a alegria da boa nova e a esperança de um feliz encontro  definitivo. Porque sabemos que estamos na mira de um Pai que nos ama de modo  infinito por cima de qualquer fragilidade humana.
 
 
                    
                    
                     
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              QUE DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!  Oh! meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno,levai as almas todas para o céu e socorrei principalmente
 as que mais precisarem!
 Graças e louvores se dê a todo momento:ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento!
 
 
              
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                    Mensagem:"O Senhor é meu pastor, nada me faltará!"
 "O bem mais precioso que temos é o dia de hoje! Este é o dia que nos fez o Senhor Deus!  Regozijemo-nos e alegremo-nos nele!".
 ( Salmos ) |  |  |