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Textos criados ou coletados por Dermeval P Neves.

TEMPOS LITÚRGICOS DA IGREJA

Segue-se uma breve explicação sobre os tempos litúrgicos da Igreja. Se você deseja maiores informações acesse o site: http://www.acidigital.com/fiestas/ e você encontrará referência de datas e períodos mais detalhados.

BREVE EXPLICAÇÃO DOS TEMPOS LITÚRGICOS DA IGREJA

Tempo do Advento:

Significa momento propício para a chegado de Jesus. Por isso, este tempo completa-se com as celebrações dos quatro Domingos que antecedem o Natal. Com este tempo iniciamos também o Ano Litúrgico, que não segue o mesmo ritmo do Ano civil. Advento, vem da palavra latina «advens», que quer dizer «aquele que vem». Jesus é o salvador da humanidade, preparemo-nos então para a chegada dessa visita muito especial que vem ao encontro de todos os homens para os redimir do pecado e da morte.

Leituras
a) nos domingos
As leituras do Evangelho têm um característica própria: referem-se à vinda do Senhor no fim dos tempos (primeiro domingo), a João Baptista (segundo e terceiro domingos), aos acontecimentos que preparam de perto o nascimento do Senhor (quarto domingo).

As leituras do Antigo Testamento são profecias acerca do Messias e do tempo messiânico, tomadas principalmente do livro de Isaías. As leituras do Apóstolo apresentam exortações e proclamações apropriadas às características deste tempo.

b) nos dias feriais
Apresentam-se duas séries de leituras, uma para se utilizar desde o início até 16 de Dezembro, a outra desde o dia 17 até ao dia 24. Na primeira parte do Advento, temos a leitura do Livro de Isaías distribuída segundo a ordem do Livro [...].

A partir da quinta-feira da segunda semana, começam as leituras do Evangelho que se referem a João Baptista [...].

Na ultima emana antes do Natal do Senhor, apresentam-se os acontecimentos que imediatamente preparam o nascimento do Senhor, tomados do Evangelho de São Mateus (cap. 1) e de São Lucas (cap. 1). Para a primeira leitura, foram seleccionados, tendo em conta o Evangelho do dia, textos de vários livros do Antigo Testamento, entre os quais se encontram alguns vaticínios messiânicos de grande importância. Missal Romano, Preliminares 93s.

Fala o Santo Padre - João Paulo II, Roma, 29 de Novembro de 1998
«Vamos com alegria ao encontro do Senhor»
1. (...) Ao vivermos o Advento, esperamos um evento que se situa na história e ao mesmo tempo a transcende. Como acontece em cada ano, ele verificar-se-á na Noite do Natal do Senhor. À manjedoura de Belém acorrerão os pastores; mais tarde virão os Magos do Oriente. Uns e outros simbolizam, num certo sentido, toda a família humana. A exortação que ecoa na hodierna liturgia: «Vamos com alegria ao encontro do Senhor» difunde-se em todos os países, em todos os continentes, entre todos os povos e nações. A voz da liturgia–ou seja, a voz da Igreja–ecoa em toda a parte e convida todos para o Grande Jubileu.(...)

2. Por isso, o refrão «Vamos com alegria ao encontro do Senhor» é tão apropriado. Nós podemos encontrar Deus, porque Ele veio ao nosso encontro. Fê-lo como o pai da parábola do filho pródigo digo (cf. Lc 15, 11-32), porque é rico em misericórdia, dives in misericordia, e deseja encontrar-nos, de onde quer que venhamos e aonde quer que o nosso caminho nos leve. «Deus vem ao nosso encontro, quer o tenhamos procurado, ignorado, ou até mesmo evitado. Ele é o primeiro a vir ao nosso encontro, com os braços abertos como um pai amoroso e misericordioso. Se Deus é o primeiro a vir ao nosso encontro, poderemos nós voltar-Lhe as costas? Mas não podemos ir sozinhos ao encontro do Pai. Devemos ser acompanhados por quantos pertencem à «família de Deus». (...)

3. No Evangelho de hoje ouvimos o convite do Senhor à «vigilância»: «Portanto, vigiai! Porque não sabeis em que dia virá o vosso Senhor». E imediatamente a seguir: «Por isso, também vós estai preparados. Porque o Filho do Homem virá na hora em que menos esperardes» (Mt 24, 42.44). Na Liturgia ouve-se muitas vezes a exortação a vigiar, sobretudo no período do Advento, tempo de preparação não só para o Natal, mas também para a definitiva e gloriosa vinda de Cristo no fim dos tempos. Por conseguinte, tem um significado tipicamente escatológico e convida o fiel a transcorrer todos os dias e cada momento na presença d' Aquele «que é, que era e que vem» (Ap 1, 4), ao qual pertence o futuro do mundo e do homem. Eis a esperança cristã! Sem esta perspectiva, a nossa existência reduzir-se-ia: a vivermos para a morte (...).

Tempo do Natal:

Tomar a sério Jesus Cristo
Cristo veio para salvar a humanidade. Eis um gesto pleno de amor, dum Deus que ama as suas criaturas! Bem se pode dizer: somos um povo que com Cristo caminha para o Pai.Na Carta Pastoral do Episcopado Português afirma-se que o desafio que nos é proposto é o de tomarmos a sério Jesus Cristo, de nos abandonarmos a Ele como crentes, de O seguirmos como discípulos. E logo adiante vemos como em Jesus Cristo o cristão chega à comunhão trinitária podendo aprofundar a relação salvífica com cada uma das pessoas divinas. Cristo é o caminho para a descoberta de Deus.

Por vezes encontram-se pessoas interessadas pela salvação da sua alma, mas não se interessam pela salvação dos outros. Deus no dom de Seu Filho feito homem dá-nos o exemplo de doação total à humanidade.

No Natal começa a obra redentora de Cristo. A redenção inicia-se quando Cristo pela Encarnação se une a cada homem... quando nasce em Belém e no mistério da noite brilha a luz celestial e se faz ouvir o som melodioso dos Anjos.

A genealogia de Jesus lida nesta missa de Vigília é um claro anúncio de que Deus caminha com o povo, com os homens do Seu tempo, e de todos os tempos no decurso da história... com os homens dos nossos dias. Jesus de facto caminha comigo e contigo, irmão. Nunca o esqueças!

Ao ouvir a resposta de Maria na Anunciação: «Faça-Se segundo tua palavra» (Lc 1, 38) ou a recomendação de Mãe de Jesus em Caná, no início da vida pública de seu Filho: «Fazei o que Ele vos disser» (Jo 2, 5), está proposto que a Palavra que se fez vida em Jesus, oriente a vida dos cristãos quando é ouvida, vivida, testemunhada, anunciada. Jesus dá-se à humanidade, Ele que é a Palavra e Maria compreendeu-o e por isso nos fala desta maneira. Jesus, dom do Pai, é a palavra que nos ensina a viver com testemunho e compromisso. Natal, compromisso de acção com a vida toda.

Dizer Natal pode ser simples expressão sem sentido se é visto apenas como conhecimento histórico sem qualquer influência na própria vida. Mas ganha outro valor se queremos imitar a resposta de Maria num gesto de obediência e identificação com o próprio Deus: faça-se; ou um compromisso de acção: fazei.

Muito mais é deixar Cristo orientar o nosso próprio caminho, deixar que Ele se faça caminho... vida da nossa própria vida. As palavras divinas, a Sagrada Escritura que precede e se sucede ao tempo de Jesus deve tornar-se fonte de vida para o homem actual como o foi para as gerações passadas, aquelas que esperavam a vinda do Messias e a geração dos primeiros cristãos. Contemplar Cristo, escutar as Suas palavras.

São as divinas escrituras que nos dão a sublime ciência de Jesus Cristo. A Escritura deve entrar no coração e no espírito de todos os cristãos. A leitura torna-se árida, quando não é acompanhada de oração, não ajuda ao diálogo entre Deus e o homem. Recordemos Santo Ambrósio: «falamos a Deus quando rezamos, a Deus escutamos quando lemos as Suas palavras». A vinda de Cristo ao mundo torna mais necessária a aproximação à Bíblia que no seu todo se lê, estuda e medita como fonte de vida espiritual.

Muitos cristãos estão hoje um pouco exaltados com o desejo de viver rapidamente os momentos de confraternização familiar, na perspectiva de encontrar alguém muito querido, o que é um sentimento nobre, mas de igual modo cada cristão deve experimentar a ânsia e o grande desejo de acolher Cristo como amigo e irmão no âmbito da vida espiritual.

De facto não se pode esquecer que é Cristo, nascido em Belém que vem dar sentido ao Natal cristão. Ele vem dar-nos novo alento para uma familiaridade cada vez mais íntima com Deus e com a Bíblia. Contemplando a Cristo fazêmo-lo na perspectiva do Pai que está nos céus, que O enviou, a Quem Ele retornou (Jo 16, 28).
In revista Celebração Litúrgica

Tempo Comum:

Este tempo não se reveste de qualquer celebração especial como os outros tempos litúrgicos. Porém, é um tempo muito importante para os cristãos, serve de modo especial para escutar a Palavra de Jesus, ver os seus milagres e ver como decorre a sua acção em favor do Reino de Deus. Numa palavra diremos que é fundamentalmente neste tempo que os cristãos são chamados a seguirem o mestre, à maneira das multidões que corriam atrás de Jesus para o escutarem e saborearem a sua doçura contagiante.

Neste tempo, todos são chamados a dar testemunho de Jesus com a sua vivência diária e concreta, para que se mostre de facto que o projecto da salvação continua na história através das atitudes, das palavras e dos gestos de todos aqueles que confessam a sua fé em Jesus cristo.

Fala o Santo Padre - João Paulo II, Roma, 17 de Janeiro de 1999
Jesus é o nosso Redentor!
1. «Eis o Cordeiro de Deus, Aquele que tira o pecado do mundo!» (Jo 1, 29). O testemunho de João Baptista continua a ecoar ainda hoje, à distância de quase dois mil anos dos acontecimentos narrados no Evangelho: o Precursor indica em Jesus de Nazaré o Messias esperado e convida-nos a todos a renovar e a aprofundar a nossa fé n'Ele.

2. Jesus é o nosso Redentor! A Sua missão salvífica, solenemente proclamada no momento do Baptismo no Jordão, culmina no mistério pascal, quando na cruz Ele, o verdadeiro Cordeiro imolado por nós, liberta e redime o homem, cada homem, do mal e da morte.

3. Na liturgia eucarística é reproposto o grande anúncio do Baptista. Antes da Comunhão, o Celebrante apresenta à adoração dos fiéis a Hóstia consagrada, dizendo: «Felizes os convidados para a Ceia do Senhor. Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo». Daqui a pouco também nós, ao participar no Banquete eucarístico, receberemos o verdadeiro Cordeiro pascal sacrificado para a salvação da humanidade inteira.(...)

4. Para realizar as empenhativas acções missionárias que o Senhor vos pede, é necessário estar conscientes da pessoal vocação à santidade de cada baptizado. O Apóstolo Paulo, no início da Carta aos Coríntios, recorda que, santificados em Jesus Cristo, somos «chamados a ser santos, juntamente com todos os que invocam em todo o lugar o nome de nosso Senhor» (1 Cor 1, 2). Somos chamados a viver o Evangelho com fidelidade total. Só assim compartilhamos deveras com as outras comunidades espalhadas pelo mundo a mesma fé em Cristo, os mesmos sacramentos e a universal vocação ao Amor.

S. Paulo dirige-se aos cristãos de Corinto com as seguintes palavras: «Graça e paz vos sejam dadas da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo» (1 Cor 1, 3). (...)

Tempo da Quaresma:

Eis o tempo de preparação para a Páscoa, o acontecimento central da fé cristã, da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus.

Opinião:
Hugo de Azevedo

Da terra surgimos, à terra voltaremos, e da terra ressurgiremos. A lembrança da nossa condição terrena é decisiva para nos entendermos. Não somos anjos nem simples bichos. Somos seres complexos, que nunca se compreenderão totalmente até se verem à luz divina.

Nascemos da terra, porque não somos apenas terra; somos homens. À terra desceremos, porque não somos puros espíritos, mas compostos de espírito e matéria. A ela pertencemos e pertenceremos sempre. A alma humana suspira por Deus e pela sua carne simultaneamente.Cristo, verdadeiro Homem, como todo o homem, gosta de ser o que é, e de permanecer Homem para todo o sempre, e connosco, pois sem os outros não seríamos verdadeiramente humanos. Quer-nos divina e humanamente conSigo. Deu a vida por nós, mas também por Ele mesmo, pela Sua própria felicidade humana, pois o Seu amor a torna inseparável da nossa. E por isso nos quer recuperar a todos em corpo e alma, para a eternidade.

A Igreja ensina-nos a rezar: «Conservai-me sempre fiel aos Vossos mandamentos e não permitais que eu me separe de Vós» (Oração para o sacerdote antes da Comunhão). Só a nós nos devemos temer. Quem O teme a Ele «não é perfeito na caridade» (2 Jo 4, 19). Só havemos de temer a nossa soberba. Só ela nos separa de Deus. Sendo humildes, contritos, nem os maiores pecados têm força para nos afastar definitivamente do Seu Amor. O inferno não se destina aos pecadores, mas aos soberbos. O céu não se destina aos perfeitos, mas aos humildes. Por um simples acto, sincero, de humildade, o ladrão conquistou a santidade. Por um simples acto de soberba — non serviam! — foram condenados os anjos rebeldes.Tão importante é a humildade sincera, que Nosso Senhor nos ofereceu o Sacramento da humildade e da sinceridade, o Sacramento da Penitência, da Reconciliação. Vamos por ele. Neste Ano Jubilar suscitemos em todos maior amor à Confissão frequente, regular, condição de alcançarmos repetidamente o dom da indulgência.

Já reparamos que o que a Santa Igreja espera com esse dom é que sejamos santos? E os verdadeiro santos não são os perfeitos, mas os que amam, e por isso não se cansam de pedir desculpa até pelo bem que fazem, tão pouco, tão desproporcionado ao amor de Deus! «Aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama» (Lc 7, 47). Quem ama pede muitas vezes perdão.O dom da indulgência plenária só é concedido a quem se dispõe sinceramente a afastar-se de qualquer ofensa a Deus, grande ou pequena. Nesse momento somos santos. Talvez daí a pouco fraquejemos... Pois voltemos à santidade imediatamente. Não mitifiquemos a perfeição cristã como um estado fixo de todas as virtudes, ou da caridade, em suma. Essa santidade só existe no Céu. Vamos de santidade em santidade, de amor em amor, no meio e apesar dos tropeços. Ser santo é levantar-se até Deus cada vez mais depressa. É o hábito de recomeçar.Lembra-te de que és pó e não desanimarás. Dizia Chesterton que os anjos rebeldes caíram por força da gravidade: tomaram-se tão a sério, tornaram-se tão «graves», que foram direitos ao abismo da perdição. Lembra-te de que és pó, e rir-te-ás da tua soberba; não terás dificuldade em reconhecer que és nada e menos que nada; e não estranharás que o pó te chame constantemente. Mas Deus chama-te ainda com mais força. Recomeça, e sempre que o fizeres, serás santo.

Tempo Pascal:
Semana Santa, Semana Maior ou Santa Semana?

Todos os anos, entre 15 de Março e 18 de Abril, tem início um período de sete dias que, no Calendário litúrgico cristão, se chama Semana Santa, ou também, em linguagem popular, Semana Maior ou Santa Semana. É a última da Quaresma, aquela que prepara a celebração da Páscoa, solenidade das solenidades cristãs, ou, para o dizer com mais precisão, aquela que introduz no "sagrado Tríduo da Paixão e Ressurreição do Senhor, ponto culminante de todo o ano litúrgico".

Porquê Semana Santa, Santa Semana ou Semana Maior? Porque durante esses sete dias têm lugar as celebrações litúrgicas dos acontecimentos que transmitiram grandeza e santidade à semana, e fizeram dela um tempo sacramental, o tempo novo da ressurreição de Jesus.

Esses acontecimentos históricos começaram pela entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, continuaram na sua última Ceia com os discípulos seguida da agonia e prisão no jardim das Oliveiras prosseguiram no seu interrogatório na sala do Sinédrio, enquanto Pedro, no pátio exterior, O negava por três vezes, prolongaram-se diante de Anás, Herodes e Pôncio Pilatos, atingiram o seu ponto culminante na cruz, tiveram um momento de repouso na sepultura e terminaram na ressurreição.

A liturgia desses dias torna agora presentes, em símbolos, esses fatos históricos. Vamos percorrê-la.

Domingo de Ramos
O mais característico deste domingo é a comemoração da entrada do Senhor em Jerusalém e a solene proclamação da Paixão.

A procissão dos Ramos teve a sua origem na liturgia de Jerusalém. As comunidades cristãs de todo o mundo receberam e apreciaram sempre muito esta procissão oriental, e através dela continuam ainda hoje a fase a sua profissão de fé na cruz e na morte de Cristo, afirmando que elas são, afinal, uma vitória, e que Jesus é o Senhor soberano da vida. Ela é também expressão da esperança cristã, porque os filhos da Igreja sabem que estão a caminho da Jerusalém do alto, cujas portas lhes foram abertas pelo Senhor Jesus Cristo no dia da sua Ascensão.

A proclamação do Evangelho da Paixão faz-se a partir do texto do "evangelista do ano", que, em 2000, é São Marcos. Esta leitura soleníssima, feita por três leitores, tem no seu centro a cruz de Cristo, para que ela domine toda a Semana Santa, toda a vida da Igreja, toda a vida do cristão. É preciso ter comungado da cruz para participar da vida do Redentor.

Quinta-feira Santa
Quinta-feira Santa é o último dia da Quaresma e, ao mesmo tempo, o princípio do Tríduo pascal. Para o povo cristão esta é, certamente, a quinta-feira mais importante do ano, por ser o dia em que Jesus, na Ceia de despedida antes da sua morte, instituiu a Eucaristia, realizou com a maior simplicidade o serviço humilde de lavar os pés aos seus apóstolos, e deles fez anunciadores da sua Palavra, celebrantes dos seus Sacramentos e mediadores da sua Salvação. A eucaristia contém todo o dinamismo da Páscoa. Cristo quis celebrá-la antes de ir para a cruz para que os seus fiéis nunca esquecessem que é a ela que eles devem ir buscar a força para O seguir, levando a sua própria cruz, com a mesma liberdade interior, ainda que regada com lágrimas, com que Ele próprio levou a sua.

Com a Missa da Ceia tem início o Tríduo pascal, pelo que, do ponto de vista litúrgico, esta Quinta-feira faz um todo com a Sexta-feira que se lhe segue, constituindo com ela o primeiro dia do Tríduo. E porque na Sexta-feira Santa não se celebra a Eucaristia, na Quinta-feira consagra-se o pão eucarístico para a comunhão dos dois dias.

Sexta-feira Santa
A Sexta-feira Santa é o primeiro dia do Tríduo pascal: "Falemos agora do sacratíssimo Tríduo do Senhor crucificado, sepultado e ressuscitado, no qual o primeiro dia simboliza a cruz, e os outros dois a sepultura e a ressurreição" (S. Agostinho)

A primeira forma de comemorar a paixão do Senhor foi o jejum pascal de dois dias. Hoje, só a Sexta-feira é dia de jejum, embora a Igreja sugira que, segundo as circunstâncias, ele se guarde também no Sábado Santo, até à Vigília pascal.

A última reforma fez da Sexta-feira Santa o que ela já fora em séculos passados: dia da mais impressionante leitura da Paixão, seguida da Oração universal, feita com solenidade excepcional, com a preocupação de não esquecer ninguém, porque a salvação realizada pelo sangue redentor deve atingir os confins da terra; em seguida apresenta-se a Santa Cruz à veneração da assembleia; depois vem a comunhão do Corpo de Cristo.

Mais do que as humilhações da Paixão, o que se põe em relevo nesta celebração é a glória da Cruz. Isso transparece muito bem nos hinos de aclamação: "Adoramos, Senhor, a vossa Cruz, louvamos e glorificamos a vossa ressurreição: pela árvore da Cruz veio a alegria ao mundo inteiro"; "Deus santo, Deus forte, Deus imortal, tende piedade de nós". Com efeito, a Sexta-feira Santa não é um dia de luto, mas um dia consagrado á contemplação e adoração da Cruz de Cristo, fonte da nossa salvação.

Sábado Santo
No Sábado Santo celebra-se apenas a Liturgia das Horas. Mais nada. Nem a Eucaristia, nem a Liturgia da Palavra. É o dia do grande silêncio, em memória de Cristo no túmulo. Mas nós sabemos que Ele já lá não está, pois dizemos no Símbolo dos Apóstolos: "Creio em Jesus Cristo, nosso Senhor... que desceu à mansão dos mortos; ressuscitou ao terceiro dia; subiu aos Céus", artigo da fé que exprime a grandeza da sua vitória. Nada nem ninguém fica de fora do seu gesto salvador. E da mansão dos mortos subiu ao Céu: "Aquele que desceu é precisamente o mesmo que subiu muito acima de todos os céus, a fim de encher o universo" (Ef 4,10). E assim termina a Semana Santa. A Vigília pascal já não lhe pertence.

O Tempo Pascal, começa, efectivamente, com a Vigília Pascal e vai até à celebração do Pentecostes (50 dias após o acontecimento da Páscoa).
A Páscoa, é uma festa da Alegria. Olhando para a Cruz, com a luz da fé, descobrimos um Deus fraco, humilde, pobre, entregue por Amor para tudo salvar; e apercebemo-nos que o caminho da Salvação é o da aceitação tranquila da vontade de Deus a respeito de cada um. O cenário onde Deus e o homem se encontram, continuará a ser o do mundo, dominado pelas forças vencidas do mal, mas terrivelmente opressoras.

Deus continua a ser ultrajado de todos os modos, e o homem vai-se arrastando sob as cruzes impiedosas do mal, com que o oprimem.

Mas, se a pessoa souber olhar para a Cruz de Cristo e caminhar com Ele nas sendas da vida, viverá na certeza de alcançar a meta da Salvação.  E a cruz da vida, iluminada pelo Espírito do Ressuscitado, será levada com paz e serenidade, até que, para cada um chegue a "hora" da consumação. 

Com Cristo, nem na vida nem na morte, a tristeza será a canção do homem. Com ele, todo o tempo e todas as coisas se transformarão no hino da Alegria dos filhos amados do Pai, peregrinos na história, apesar de ainda dominada pelo mal.

E as lágrimas da pessoa sofredora serão notas da gloriosa sinfonia do Amor que, iniciada no tempo, se prolongará na eternidade. Em todos os momentos e circunstâncias da vida, o cristão, contemplando a Cruz Gloriosa do Senhor, reza sempre imperturbável: Vitória! Aleluia!

A Semana Santa na vida de Igreja
A Igreja nasceu na Páscoa de Jesus Cristo.
Na cruz, o Senhor «entregou o seu Espírito» à Igreja nascente. Foi a primeira efusão do Espírito Santo. Na manhã de Páscoa, Cristo apareceu vivo e ressuscitado, os discípulos e as santas mulheres são as testemunhas da sua presença no mundo. A Páscoa torna-se o centro da vida e da fé dos cristãos. Cristo ressuscitou, Aleluia!

A missão da Igreja consiste em testemunhar a nova criação que Deus iniciou no mundo, ressuscitando Jesus Cristo. A Igreja vive e celebra a Páscoa como sacramento de Deus, ou seja, a Páscoa é o sinal e o instrumento da nossa salvação. Cada domingo os cristãos celebram com alegria a Páscoa do Senhor, entretanto a Igreja, desde o século II celebra com grande solenidade a Páscoa «o dia do Senhor» preparando-a com a Quaresma e Semana Santa.

Esta Semana, também conhecida por Semana Maior, é o tempo de retiro espiritual de toda a Igreja, que começa no domingo de Ramos e termina na quinta feira santa com a Missa Crismal. Na tarde deste dia, com a Missa da Ceia do Senhor, inicia-se o Tríduo Pascal que termina na noite de sábado com a Vigília pascal. Esta Vigília desdobra-se na alegria do domingo da Ressurreição e continua nos cinquenta dias até ao Pentecostes sagrado, sendo este tempo considerado como um único domingo.

As celebrações do Tríduo Pascal devem ser bem preparadas não podem ser improvisadas. Elas não são espectáculos para comover e chorar, nem reuniões catequéticas, nem comemorações do que ocorreu há dois mil anos. Cada celebração é um memorial do Senhor, actualiza permanentemente a Páscoa do Senhor nos sinais litúrgicos, a eficácia da redenção atinge-nos. O cristão por seu lado, compromete-se na construção do Reino de Deus.

O Tríduo Pascal

Desde o séc. IV, encontramos na Igreja, o Tríduo Pascal já bem organizado, embora só no séc. VII comece com a Ceia do Senhor na tarde de quinta feira santa. A comunidade cristã tem o direito e o dever de celebrar estes dias com a maior dignidade, pois eles são centrais na liturgia de todo o ano. Todos eles têm carácter comunitário.

O ministério da pregação não deve tornar as cerimónias demasiado longas, até porque a liturgia fala por si, mas a homilia é sempre útil à comunidade para ajudá-la a assimilar na sua vida os mistérios que se celebram.

Quinta feira santa – na manhã deste dia celebrava-se a reconciliação dos penitentes e terminava a Quaresma. Mais tarde, juntou-se a missa crismal, na qual o Bispo com o Presbitério consagram o santo crisma e os óleos para os catecúmenos e enfermos.

Na missa vespertina tem início o Tríduo e a celebração da Páscoa do Senhor. Nesta noite Jesus Cristo inaugurou a sua Páscoa, a da aliança nova, instituindo a Eucaristia e o sacerdócio e ordenando o mandato do amor.

Sexta-feira santa – Neste dia não se celebra a Missa, a liturgia vespertina celebra a morte do Senhor. A cruz é adorada. Para além do sofrimento e da morte, ela é ao mesmo tempo vitoriosa e resplandecente. A liturgia é muito expressiva e cheia de grande dignidade: liturgia da Palavra com a leitura da paixão segundo o evangelista São João que esteve junto à cruz com Maria, mãe de Jesus; oração universal; adoração da cruz; comunhão e despedida em silêncio.

As procissões, vias-sacras e sermões, tão do gosto popular, devem ser actos que não perdem de vista o mistério pascal. Não é litúrgico centrar-se apenas no aspecto da morte, nem também celebrar só a ressurreição esquecendo a passagem pela morte. A adoração da Cruz é o primeiro ato do mistério pascal. A cor litúrgica é o vermelho, a cor dos mártires, e não o roxo próprio da Quaresma.

Jesus Cristo, como Sumo Sacerdote, entrega-se voluntariamente à morte pela salvação da humanidade. É o primeiro mártir.

A Vigília Pascal - Desde o séc. III que a festa da ressurreição foi precedida de uma vigília durante toda a noite. Pouco a pouco esta celebração foi enriquecida, pois, segundo S. Agostinho, bispo do séc. V, ela é a «Mãe de todas as vigílias». Após a bênção do fogo novo acende-se o círio Pascal, símbolo de Cristo ressuscitado e da nova vida que brota da Páscoa que culmina com o pregão pascal do Exulta. Segue-se a liturgia da Palavra na qual se proclama a história da salvação, com o cântico do Aleluia a preceder o evangelho da Ressurreição.

A liturgia batismal, com batismos e renovação das promessas do batismo, é o sinal do renascimento em Cristo e da nossa incorporação no Senhor e na Igreja. A liturgia da Palavra proclama a salvação, os sacramentos do batismo, crisma e eucaristia realizam a salvação.

A liturgia eucarística é o cume de toda a celebração da noite pascal. É o centro de todo o ano, mais importante que o Natal é a quinta feira santa. Com o batismo o catecúmeno emerge com Cristo na sua Páscoa; com o crisma recebe o Espírito Santo que dá a vida e santifica; com a Eucaristia participa no corpo e sangue de Cristo, como memorial da sua morte e ressurreição. Eis a nova Páscoa. Cristo ressuscitado vence a morte e dá-nos a sua vida. A liturgia canta: «Ó morte, serei a tua morte; inferno, serei a tua ruína». A vida é mais forte. O amor supera e vence a morte.

Este é o dia que o Senhor fez, nele tem fundamento a nossa fé, alimenta a nossa esperança, fortifica o nosso amor.



QUE DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!

Oh! meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno,
levai as almas todas para o céu e socorrei principalmente
as que mais precisarem!

Graças e louvores se dê a todo momento:
ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento!

Mensagem:
"O Senhor é meu pastor, nada me faltará!"
"O bem mais precioso que temos é o dia de hoje!    Este é o dia que nos fez o Senhor Deus!  Regozijemo-nos e alegremo-nos nele!".

( Salmos )

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