PROMETEMOS
Sexta-feira Santa - 15:00h
A
magnífica Catedral da cidade está completamente
lotada. Em absoluto silêncio, fiéis devotos e
consternados meditam profundamente sobre a paixão e
morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. O Sr. Bispo inicia solenemente
a celebração litúrgica.
João Carlos, sua amada esposa Clara,
seu filho José e Júlia, sua irmã querida
que veio de Fortaleza passar a Sagrada e Santa Semana com
os familiares, que não via há mais de três
anos, rezam juntos com muita fé e devoção.
Acompanham cada momento com o coração cheio
de humildade e emoção às lágrimas,
tão intensas e profundas as considerações
do digníssimo celebrante.
Dona Clara, entre lágrimas, se recorda:
- João Carlos, como você quer que eu trate bem
sua irmã se você me proibiu de comprar o bacalhau,
o vinho e todas as saborosas comidas que estamos acostumados
a ter na Sexta-Feira Santa? Nós vamos à igreja
em jejum como é nosso costume, mas eu nem pude preparar
uma refeição decente. Quando voltarmos até
cozinharmos tudo, estaremos famintos demais...
- Calma meu amor, preparei uma ótima
surpresa para nós. Você hoje não terá
que cozinhar, vamos jantar fora!
- Ah! Meu grande amor, obrigado! Eu te amo!
- e virando-se para os demais - Vamos gente, estamos atrasados!
17:30h - O Sr. Bispo encerra a cerimônia
e todos se retiram cabisbaixos, meditando sobre tudo que viram
e ouviram. Cristo morreu por nós, deu sua própria
vida por nossos pecados, nos salvou da morte eterna, deu-nos
a esperança da ressureição, nós
amamos a Jesus! Ainda parados em frente a imagem inerte do
corpo do Senhor Morto, numa espécie de confirmação
da promessa, ainda repetem juntos os trechos da principal
oração: "Senhor jesus Cristo nós
o aceitamos como nosso único Senhor e Salvador, e,
prometemos não pecar mais, prometemos ser fiéis
a seus ensinamentos, prometemos ajudar os pobres, prometemos...,
prometemos..., ...
18:00h - O lindo carro importado estaciona
em frente a um dos mais famosos restaurantes da cidade. A
família, já descontraída desembarca e
se dirige à porta de entrada. João Carlos é
abordado por uma criança suja e maltrapilha:
- ... moço, me dá dez centavos
prá completar o dinheiro do pão...
- Ora moleque, não vê que estou ocupado agora
e eu não tenho trocados... (...prometemos...???)
Já dentro do restaurante, confortavelmente
instalados, apreciando o melhor bacalhau, o melhor vinho,
no melhor restaurante da cidade, João Carlos olha através
da janela e vê aqueles olhinhos famintos e desejosos
apenas de um pedaço de pão...
- Garçom, poderia por favor fechar
aquela cortina?... (... prometemos...???)
VAMOS EVANGELIZAR COM O EXEMPLO DE
NOSSA VIDA!
Que Deus nos abençoe e nos
mantenha firmes na fé!
Dermeval Pereira Neves - 21/03/2005 |