Caro Dermeval:
Neste domingo refletiremos sobre o Bom Pastor,
diante disso resolvi enviar-lhe esta minha reflexão
fazendo uma análise, não do Bom Pastor mas sim
do comportamento e características naturais das ovelhas
que Ele tem sob o Seu pastoreio.
Espero que ela possa ajudar você a
entender melhor as parábolas do Mestre e as Suas intenções
ao fazer analogias e comparações para nos ensinar
claramente a Lei de Deus.
Tenha um bom e abençoado domingo.
Kater Filho
NÓS, AS OVELHAS DE JESUS:
O BOM PASTOR
Muitos de nós, cristãos, acreditamos
que quando Jesus se identificou como o Bom Pastor e, por analogia,
a nós, seres humanos, como as Suas ovelhinhas, Ele
estava nos tecendo um elogio, pois a ovelha é um animalzinho
tão dócil, tão fofinho, tão inofensivo,
tão puro, tão bonzinho...
Porém, para uma boa compreensão
da real intenção, ou percepção,
do Mestre, devemos procurar conhecer o comportamento, hábitos
e algumas características das ovelhas, como as que
descreverei, fundamentadas em um livro que li, há muitos
anos, escrito por um pastor evangélico que em sua vida
exerceu também a atividade de pastor de ovelhas.
Segundo
ele, as ovelhas por dificuldade de faro, são susceptíveis
a ingerir tudo o que encontram pela frente, não distinguindo
as ervas daninhas - que podem lhes fazer mal ou mesmo levá-las
a morte - da relva boa e saudável que lhes alimenta
e lhes faz bem. Se no pasto existirem flores ou sementes coloridas
de ervas venenosas que atraiam sua atenção,
as ovelhas vão comendo e se envenenando. Por isso a
necessidade permanente do pastor ir à frente, observando
as pastagens para evitar que elas comam e morram.
Ao compará-las conosco Jesus quis
nos ensinar que, como as ovelhas, nós também
vamos ingerindo, indistintamente, tudo aquilo que vemos pela
frente: ideologias, novidades, teorias, seitas, misticismos,
modismos que, muitas vezes, apresentando-se a nós com
um grande brilho, ou então com um colorido diferente
e inédito, nos atraem e nos envolvem, para depois nos
contaminarem lentamente até a nossa morte espiritual
e física. Entre elas identificamos as drogas, algumas
leituras, alguns hábitos modernos, etc.
Da mesma maneira este pastor nos conta que
as ovelhas, quando são atormentadas por aquelas pequeninas
moscas que, atraídas pelo cheiro do suor, tentam pousar
em suas caras, ficam tão desesperadas que começam
a bater com a cabeça nas árvores ou em pedras,
na vã tentativa de espantar estes insetos, chegando,
em alguns casos, a sofrer fraturas na cabeça e morrer.
Por isso o pastor tem o costume de ungir a cabeça delas
com óleo misturado com essências para repelir
estes irritantes insetos.
Nós também quando nos deixamos
envolver por pensamentos e tentações que teimam
em pousar ou permanecer em nossas mentes, nos atormentamos
e começamos a “bater as nossas cabeças”
teimosamente, tomando atitudes impensadas, agindo impulsivamente,
etc. Se Jesus, o Bom Pastor, não vier em nosso auxílio,
derramando o óleo do Espírito Santo sobre nós,
não conseguiremos, sozinhos, nos livrarmos destes pequenos
tormentos.
O mesmo pastor nos conta ainda sobre os conflitos
entre as ovelhas. Quando duas delas disputam a mesma coisa
começam a bater a cabeça uma contra a outra
até uma, ou ambas, se ferirem gravemente. É
necessária a presença constante do pastor a
vigiar as ovelhas briguentas e a apartá-las, antes
que se machuquem seriamente.
Nós, quando nos desentendemos com
um, ou mais, de nossos irmãos, ficamos trocando “farpas”,
revidando as agressões físicas ou verbais, nos
vingando assim, um do outro, incessantemente, sem nos perdoarmos.
Precisamos de Jesus o Bom Pastor para nos apartar e nos ensinar
a termos paciência com nossos irmãos, a nos perdoarmos
uns aos outros e a dividirmos irmanamente tudo o que temos:
dons espirituais e bens materiais.
Uma outra informação, que este
pastor nos dá, é sobre a tosquia das ovelhas.
A lã vai crescendo ao redor do corpo e com o acúmulo
de sujeira (já que as ovelhas não se limpam
como os felinos) agregada aos pêlos, elas ficam cada
vez mais pesadas. Se a lã se molhar elas ficam sujas
e encharcadas, daí o peso é tanto que elas caem
no chão e não conseguem mais se levantar com
suas próprias forças. Se o pastor não
acudi-las, ajudando-as a ficarem em pé novamente, as
ovelhas podem morrer ali sozinhas. Por isso a necessidade
da tosquia constante de sua lã, para a sua segurança
e sua proteção.
Nós, durante nossa caminhada nesta
vida, vamos acumulando “sujeiras” (pecados) que
se agregam a nós. Pecados que se juntando aos bens
materiais que vamos acumulando no decorrer de nossas vidas,
vão nos tornando cada vez mais pesados. Quando caímos,
pelo fardo de nossos pecados e de nosso apego às coisas
materiais, se o Bom Pastor não nos estender Sua mão,
oferecendo-nos o perdão e sugerindo a partilha de nossos
bens, morreremos prostrados e solitários, sob o peso
de nossas culpas e de nossa ganância.
Outro ensinamento é sobre aquela ovelhinha
que nas ilustrações antigas aparece nos ombros
do pastor, sendo por ele carregada para todos os lugares.
Nossa primeira impressão é que esta ovelha deva
ser a preferida do pastor, a ovelha mais dócil e mais
obediente, não é? Nada disso! Esta é
a ovelha fujona e teimosa, que não obedece ao Pastor
e sempre escapa do rebanho, colocando em risco a própria
vida, pois sozinha, longe do pastor e do grupo, ela fica vulnerável
ao lobo que pode atacá-la a qualquer instante.
O pastor zeloso, desistindo de educá-la,
quebra os ossos de uma de suas patinhas dianteiras, para que
ela não consiga mais fugir e, a partir daí,
carinhosamente, passa a carregá-la em seus ombros por
toda parte, cuidando dela e alimentando-a pacientemente, como
um Bom Pastor.
Quando, muitas vezes, sofremos uma “poda”
de Deus que nos impede de caminhar livremente como gostaríamos
de caminhar, isto pode ser um gesto de amor d’Ele nos
impedindo que, com o mau uso de nossa liberdade, possamos
ficar vulneráveis aos ataques dos muitos “lobos”
que pelas estradas da vida nos espreitam, aguardando o momento
certo para dar o bote.
Da próxima vez que ouvirmos de alguém,
ou lermos nos Evangelhos, que nós somos as ovelhas
do rebanho de Jesus, vamos ficar atentos para observarmos
que atitudes iremos tomar durante o Seu pastoreio em nossas
vidas.
Antonio Miguel Kater Filho
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