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PENSANDO A RELIGIÃO

"A OFERTA E A ENTREGA"

Texto enviado pelo amigo Mário Eugênio Nogueira


Quando não sentimos mais motivação religiosa , quando nossas orações “caem no vazio”, e a fé dá sinais de haver desaparecido, perplexos, admitimos que fracassamos espiritualmente...

O que estaria acontecendo conosco? Nossas mãos encontram-se vazias e nos sentindo fracos, nada temos para ofertar ao Criador.

Alguém disse , a esse propósito, que a verdadeira experiência de Deus passa pela nossa fraqueza e pelos nossos fracassos.

Felizmente que é assim... Podemos estar passando por um processo !

Embora nos sintamos áridos, sem qualquer vontade para a oração e não tenhamos nada para ofertar, não devemos nos afligir, pois, em contra-partida temos muito para entregar: a entrega do nosso coração em frangalhos, ou aquilo que restou dele. Foram-se, - (e não sabemos para onde) - as verdades que admitíamos fossem conquistas nossas, fruto de nossos esforços par chegar mais perto de Deus. Foram-se os nossos bons propósitos, desapareceram, deixando uma forte sensação de fracasso. Não somos mais, capazes de sustentar aquilo que julgávamos possuir. Sentimo-nos como se estivéssemos no ponto zero, no início de nossa caminhada, convencidos de que nesses anos todos não chegamos a lugar algum.

Nesse estado de prostração – devemos nos convencer que os favores de Deus, nunca devem ser encarados como recompensas pelos nossos esforços, mas, como dom – (um presente) e respostas à nossa própria fraqueza...

Esse estado de prostração , pelo qual podemos estar passando, nos convida a aceitarmos que as graças de Deus, continua agindo em nós e está nos conduzindo à virtude da humildade, ao conhecimento e à aceitação profundas de que não somos nada e assim, a partir dai, permitir que Ele continue trabalhando em nós, conduzindo e nos oferecendo – agora sim! – uma noção mais profunda da verdadeira humildade, o que permite que Ele reorganize-nos, purificando todas as nossas intenções, conduzindo-nos para um crescimento espiritual mais autêntico..

Agora e a partir desse ponto, Deus vai agir, mais livre e intensamente em nosso íntimos e, sem a nossa interferência, sem os entraves de nossas preferências, sem os vícios que cometíamos.

Reconhecidamente, devemos nos abandonar total e integralmente à graça divina, e como crianças - deixar-nos ficar em Seus braços. Quando essa realidade que estamos descrevendo, penetrar o nosso coração, não resta outra saída senão entregarmo-nos a Ele. Assim, todos os muros que havíamos levantado entre nós e Sua graça caem e seremos restaurados, de maneira generosa.

Não nos resta outra coisa senão abrir as mãos e prostrados, capitularmos diante de Deus, entregando-LHE nossa fraqueza, nossos pecados e nossas trapalhadas.
Você já percebeu como os santos, - (os emocionalmente sadios e espiritualmente crescidos) lamentavam-se e choravam seus pecados ? Mas que pecados são esses para provocar tanto arrependimento e choradeira?

E, por mais que nos esforçássemos não conseguíamos identificar quais são esses pecados...

Agora, todavia, fica mais claro que não são propriamente “pecados”, mas, no fundo uma consciência profunda, intensa, que lhes sobrevêm como fruto da virtude da humildade, quando constatam a infinita estatura do Criador e a insignificância da natureza humana criada por Ele. Ficam assombrados, ficam estarrecidos, ficam pasmos, temendo e tremendo por essa constatação, fruto da virtude da humildade que Deus infunde em suas almas, libertando-as de uma série e enganos.

E ao se sentirem assim, - e porque não há para onde correr – impressionam-se vivamente com suas descobertas e, batendo no peito, admitem não estar correspondendo , como criaturas de Deus, à sua vocação para o amor.

Descobriram que toda vez que o coração humano estiver ocupado por coisas ou situações para compensar carências – ( ocupado pelo egoísmo ) a pessoa não vai ter espaço e condições para um melhor crescimento espiritual. Esses amigos de Deus, há certa altura de suas experiências, perceberam isso e deixaram se levar por esse sentimento tão profundo.

A constatação dessa realidade, por outro lado, dá-lhes segurança e aumenta-lhes a confiança no amor divino. Deus provê a esses corações muitas graças e consolações, não permitindo que essas almas, assim tocadas, entrem em pânico, mas que, compreendam que gozam do amor de Deus e agora, mais livres podem se dedicar a Ele e ao próximo, amando e sendo amadas...

Como é oportuno, nesse instante, repassar o Salmo 23, que dá uma idéia muito significativa da realidade da presença de Deus nessas almas:

”O Senhor é meu Pastor, nada me falta.
2 Em verdes pastagens me faz repousar,
conduz-me até às fontes tranqüilas
3 e reanima minha vida,
guia-me pelas sendas da justiça
por causa de seu nome.
4 Ainda que eu ande por um vale tenebroso,
não temo mal algum, porque tu estás comigo;
teu bordão e teu cajado me confortam.
5 Diante de mim preparas a mesa,
bem à vista dos meus inimigos;
tu me unges com óleo a cabeça,
e minha taça transborda.
6 Sim, prosperidade e graça me seguem,
todos os dias de minha vida;
habitarei na casa do Senhor ,
por longos dias”

Quanto amor da parte do Criador. Quanta segurança! Quanta certeza e quanta libertação, pois pela virtude da humildade e com impulso novo, importa e vai importar sempre a maneira como passo a interpretar minhas experiências e como reajo a elas. A alma experimenta infinito e se abre pra o perdão, mesmo sabendo-se fraca e cheia de imperfeições, inclinada ao pecado , (às trapalhadas compensatórias):

a) - Posso interpretar meu pecado como um fracasso e reagir com as auto-incriminações. Isto, então, irá espiritualmente puxar-me para baixo e impelir-me à resignação;
b) - Posso também diminuir a importância dos meus pecados e com isso a minha vida espiritual se tornará aburguesada;
c) - E posso reprimir o pecado e com isso me transformo em um fariseu.

A virtude da humildade à qual Deus vai nos introduzindo, através de um longo processo, nos convida a vermos no pecado , uma oportunidade para nos lançarmos totalmente em Suas mãos . Isto, evidentemente, não quer dizer que devamos pecar conscientemente. Devemos lutar (entregar-se) para ser transformados por Deus. Porém, mesmo assim, sempre de novo haveremos de cair em pecado. Se fizermos as pazes com a nossa condição humana, se reconhecermos nossa incapacidade para alcançar a perfeição por esforço próprio, prescindindo do auxílio divino, então precisamente esta queda será a oportunidade para uma entrega total a Deus.

No pecado, Deus arranca todas as máscaras de nossa face , de nossa mentirosa santidade. Assim, caem por terra os conceitos, a pose, e os muros que havíamos construído, em torno de nós, nesse tempo todo.

Dessa forma, nus e despidos poderemos nos apresentar ao Criador para que nos cure, permitindo que o Seu amor nos levante novamente.

“Quando sou fraco, então é que sou forte” – afirma o Apóstolo Paulo. Esse é o paradoxo do caminho espiritual

O fracasso, em forma de oferta, nos ajuda a perceber que dependemos inteiramente da graça de Deus, sendo esse o caminho correto , se desejarmos nos fazermos melhores.

O Espírito – disse alguém – só pode nos transformar “quando destrói, quando quebra a rebeldia de nosso espírito. Ele precisa derrubar muros e fortalecer castelos"

A graça da “entrega humilde” parece atingir mais profundamente o nosso ser, curando-o, do que as “ofertas” que muitas vezes e de maneira pretensiosa ousamos manifestar.

Mario Eugenio Nogueira
nogueiramario@terra.com.br



QUE DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!

Oh! meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno,
levai as almas todas para o céu e socorrei principalmente
as que mais precisarem!

Graças e louvores se dê a todo momento:
ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento!

Mensagem:
"O Senhor é meu pastor, nada me faltará!"
"O bem mais precioso que temos é o dia de hoje!    Este é o dia que nos fez o Senhor Deus!  Regozijemo-nos e alegremo-nos nele!".

( Salmos )

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