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PENSANDO A RELIGIÃO

"E SE PAPAI NOEL EXISTISSE?"

Texto enviado pelo amigo Antonio Miguel Kater Filho


Querido Dermeval:

Você já imaginou se Papai Noel existisse de verdade?

Pois é, como faço todos os anos, no Natal e em outras festas cristãs, reflito sobre o sentido de tudo aquilo que nos envolve neste tempo, procurando aprender algo novo que possa me ajudar a ser um pouco mais cristão a cada ano por mim vivido. Neste Natal decidi refletir sobre a mística de Papai Noel, tirando algumas conclusões que gostaria de partilhar com você Dermeval, que faz parte de um grupo especial de amigos e amigas por quem tenho uma especial consideração.

Espero que o texto possa lhe ser útil e lhe ajude a iniciar o ano de 2008 com mais esperança em Deus e em cada criatura humana por Ele criada e muito amada.

Que você tenha um Santo e Feliz Natal e que esta santidade e felicidade se estendam por todo o ano de 2008!

Kater Filho


E SE PAPAI NOEL EXISTISSE?

Certamente, uma das fantasias mais excitantes que povoam nossa infância (ao menos no mundo ocidental) é a figura bondosa e enigmática do velho Noel. Lembro-me de minhas conjecturas tentando descobrir como é que ele dava conta de visitar todas as casas onde houvessem crianças que tinham sido boazinhas durante o ano, sem se esquecer de ninguém. Tudo no curto período da noite de Natal... Que proeza fantástica, deduzia eu, extasiado!

Ainda que alguns vejam nesta figura mítica de Noel algo prejudicial, eu defendo a tese de que esta inofensiva crença infantil é profícua para a formação de nossa consciência e nossa personalidade. Por ela aprendemos a administrar nossas emoções, refreando nossos impulsos negativos e, o mais importante: aprendemos a sonhar. Afinal sonhar é bom e construtivo na infância, nos ajudando em nossas ambições e realizações futuras, na vida adulta. Sonhar faz bem, sempre! Quem sonha mantém acesa suas esperanças!

Apesar de a história mostrar que a lenda de Noel se criou a partir de uma pessoa real que viveu na Grécia no século III - São Nicolau, arcebispo católico que nas noites de Natal, furtivamente jogava moedas de ouro pelas chaminés das casas de famílias pobres para que pudessem pagar suas dívidas - penso que a mística do bom velhinho sempre existiu no coração das criaturas. Afinal quem nunca desejou que o velho Noel existisse verdadeiramente?

A mística de Noel é mágica e envolvente, porque nos apresenta alguém sem preconceitos, verdadeiramente bom e justo, que presenteia a todos sem exceção: pobres e ricos. Afinal ganhar presentes é bom, e tão bom quanto isso é ver “materializado” os conceitos de alegria, pureza e amor em uma única criatura: sem defeitos e querida por todos! Ora isso é um sonho, um desejo interior! Algo almejado pela humanidade desde o início dos tempos...

Diria até que Noel é, em síntese, um simulacro de Deus que na simples e poética religiosidade popular (não, naturalmente na dos teólogos) é alguém de barba longa e cabelos brancos: paciente, generoso e misericordioso. Alguém a quem podemos recorrer sempre que estivermos em dificuldade e que nos responderá com presteza e amor, sem esperar algo em troca.

Recordo-me do refrão da música que há tempos os jovens cantarolavam e que dizia: Deus é dez! Sim, amigos e amigas, na síntese descomplicada do povo crente, Deus é alguém que podemos definir como legal, bondoso, sorridente, carinhoso e generoso, como Papai Noel o é para as crianças. Alguém sem defeitos e sem necessidade de correções. Alguém nota dez!

Agora, vamos imaginar se Papai Noel existisse? Inicialmente as crianças não se decepcionariam no Natal e veriam os seus sonhos realizados: a boneca, a bicicleta, a bola oficial, o carrinho elétrico e tantos outros brinquedos. Certamente, nos pedidos atuais, não faltariam: celulares, computadores, i pods e outras parafernálias digitais, mas, não importa... O que importa é que os sonhos das crianças seriam realizados e isso seria muito bom, não?

Depois poderíamos imaginar que os adultos também, de uma maneira mágica e excitante, realizassem os seus sonhos de consumo como: a casa própria, o carro zero e muitos outros desejos alimentados no coração de tantos filhos e filhas de Deus. Mas, alguém poderia objetar dizendo: - Ora isso seria apenas uma alienação consumista, sem sentido e sem esforço de todos.

Não! A regra da mística do Natal seria mantida, ou seja, os presentes seriam dados aos que verdadeiramente justificassem a visita do bom velhinho, àqueles que se comportassem direitinho no decorrer do ano. Bem, isso seria, no mínimo, um estímulo para todos se esforçarem para praticar o bem, a justiça e a caridade no dia a dia. O que certamente faria o mundo melhor!

Mas, poderíamos ampliar a ação do velho Noel aos que não aspiram presentes caros, mas que necessitam, por exemplo, de saúde porque estão doentes e não têm como se tratar; de trabalho porque estão desempregados, falidos e morando nas ruas; de um lar porque são órfãos ou foram abandonados por seus pais; de esperança porque não crêem em mais nada ou ainda de paz, por viverem envoltos e atormentados em seus problemas. Não seria bom se estas criaturas se sentissem atendidas, amadas e acolhidas?

Ah, se Noel existisse, muitas lágrimas não seriam derramadas porque muitos lares seriam preservados e muitas famílias não teriam se dissolvido, deixando um rastro de dor, medo e insegurança no coração dos filhos: crianças ou adolescentes. Isso porque a ação eficaz e bondosa do bom velhinho interviria de uma maneira objetiva nestas situações, resolvendo-as!

Lembro-me de um adolescente que atendi, em um retiro que preguei para jovens há anos, no início do mês de dezembro. Este jovem, profundamente emocionado com a experiência de Deus que teve naquele encontro, em prantos me disse: - Sabe qual o presente de Natal que mais me faria feliz neste ano? Que os meus pais separados voltassem a viver juntos, procurando suportar um ao outro, restaurando a nossa família e o nosso lar...

Se Papai Noel existisse, muitos abortos seriam evitados e com isso, muitas vidas ceifadas no ventre teriam a oportunidade de se manifestar, revelando à humanidade talentos como Einstein, Bach, João Paulo II, Madre Tereza de Calcutá, e tantas outras criaturas talentosas, cujos pais e mães passaram por dificuldades por ocasião de sua gestação, nascimento e infância. Que falta faz um Papai Noel de verdade em nossas vidas, você não acha?

Como seria bom se, de alguma maneira, pudéssemos dar vida ao velho Noel (como Gepetto o fez, por meio de uma fada, com o “seu filho” Pinóquio) permitindo assim que ele, de forma rápida e objetiva - como na entrega dos presentes em todas as casas do mundo, na Noite de Natal - resolvesse uma grande parte dos problemas que hoje afligem a nós e a toda a sociedade...

Mas, infelizmente, Gepetto, Pinóquio, Papai Noel, fadas e tantas outras fantásticas concepções humanas, fazem parte apenas do mundo da fantasia e, portanto, fora de nossa dura realidade. Porém, nos resta uma esperança, algo difícil de realizar, mas que, ainda assim, nos é possível sonhar: deixar-nos envolver pelo espírito de Papai Noel, assumindo cada um de nós o seu papel.

Na verdade, este “espírito de Papai Noel” a que me refiro nada mais é do que o verdadeiro espírito natalino materializado na figura do bom velhinho. Espírito que foi engolido gradualmente pela força da mídia que, por razões econômicas, propaga mais a figura de Noel do que a do menino Jesus.

Todavia, esta postura “noelina” que assumiríamos, não deveria se restringir ao período do Natal, mas durante o ano todo. Assim seria possível que muitas das dificuldades, que a maioria das pessoas enfrenta por toda a face da terra, fossem minimizadas ou, quem sabe até, eliminadas, estabelecendo entre nós um clima de paz, amor, justiça e direito, capaz de espalhar pelo mundo: alegria, segurança e felicidade que tanto necessitamos.

Ser Noel nos dias atuais, nada mais é do que viver o que Deus nos propõe desde o início dos tempos, ao criar o homem e a mulher e conceder a eles o livre arbítrio para conduzir as suas vidas com toda a liberdade. Porém, ciente de que esta liberdade - se mal utilizada - poderia se transformar em escravidão, Deus tomou uma providência, como lemos em sua Palavra:

“No princípio Deus criou o homem, e o entregou ao seu próprio juízo, deu-lhe ainda os mandamentos e os preceitos. Se quiseres guardar os mandamentos, e praticar sempre fielmente o que é agradável a Deus, eles te guardarão. Ele pôs diante de ti a água e o fogo, estende a mão para aquilo que desejares. A vida e a morte, o bem e o mal estão diante do homem; o que ele escolher isto lhe será dado.” Eclo 15, 14 – 18.

Ora, queridos amigos e amigas, ao nos estabelecer alguns limites pelos mandamentos e preceitos de Sua lei, Deus nada mais fez do que nos proteger das conseqüências do mau uso de nossa liberdade. Mau uso que provoca males, desgraças e injustiças ao redor do mundo que, por sua vez, geram medo, dor, insegurança, crimes, desvios enfim: que nos levam à morte.

Como nos fala a palavra acima, Deus colocou diante do homem e da mulher: a vida e a morte, o bem e o mal e complementou: o que eles escolherem isto lhes será dado. Pelo que vemos acontecendo pelo mundo com o clima, a natureza, os pequenos e indefesos e com os mais pobres, parece que a escolha tem recaído mais sobre a morte e do que sobre a vida.

Da mesma maneira tem acontecido com nossas mãos frente a: água e o fogo. Elas vivem queimadas ou, ao menos, sapecadas. Sapecadas pelo fogo e sujas pelos muitos pecados de corrupção, omissões, egoísmo, hedonismo, inveja, gula, entre tantos, que conscientemente cometemos sem nos preocuparmos muito com a vida eterna e as conseqüências destes nossos atos.

Agir como Papai Noel agiria seria optar pela vida, promovendo somente o bem neste mundo. Assim, a água viva do amor, de que nos fala Jesus, jorraria de nossos corações, aplacando a sede de muitos e, ao mesmo tempo, apagando os incêndios que o ódio, o egoísmo, a inveja, a ganância e tantos outros comportamentos contrários ao projeto de Deus, provocam, causando dor, tristeza, revolta e tantos danos irreversíveis nas criaturas humanas.

Neste Natal, pense nisso... Mais do que nos fantasiarmos de Papai Noel, vamos assumir o seu espírito de amor e bondade (que na verdade é o espírito natalino latente em nós e que provém de Deus), assimilando-o e adotando-o como postura nossa ao longo do ano de 2008. Assim provocaremos lágrimas, não de dor, mas de alegria e gratidão nas pessoas com as quais conviveremos no dia a dia, e também nas que porventura cruzarem os nossos caminhos.

Feliz Natal e que você no decorrer de todo o ano de 2008, como a fada, possa dar vida ao Papai Noel, espalhando pelo mundo: alegria, paz e amor!

Antonio Miguel Kater Filho



QUE DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!

Oh! meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno,
levai as almas todas para o céu e socorrei principalmente
as que mais precisarem!

Graças e louvores se dê a todo momento:
ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento!

Mensagem:
"O Senhor é meu pastor, nada me faltará!"
"O bem mais precioso que temos é o dia de hoje!    Este é o dia que nos fez o Senhor Deus!  Regozijemo-nos e alegremo-nos nele!".

( Salmos )

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