Tendências
para o mercado varejista e indústria de produtos de consumo
Dois relatórios prevêem a extinção dos
varejistas de médio porte, além de um profundo reposicionamento
da indústria de produtos de consumo até 2010.
Dois relatórios apresentados pela IBM Business Consulting
Services (BCS) neste mês de dezembro prevêem a extinção
dos varejistas de médio porte, além de um profundo
reposicionamento da indústria de produtos de consumo até
2010. Devido a mudanças radicais nessas indústrias,
surgirá um “mundo de extremos”, onde os varejistas
deverão seguir o exemplo dos megavarejistas, que estão
entregando um valor “suficientemente bom” a preços
extremamente baixos, ou atuar em nichos de mercado exclusivos para
satisfazer necessidades muito específicas dos consumidores.
As empresas de produtos de consumo também deverão
optar entre oferecer preços excepcionais ou criar produtos
que gerem apego emocional aos consumidores.
Os varejistas latino-americanos vêm enfrentando um cenário
cada vez mais competitivo. O varejo, além de estar sendo
pressionado pelo aumento do custo tributário e de tarifas,
sofre também com a diminuição da renda da população
nos últimos anos. O período de 1994 a 1999 foi de
euforia para o setor, devido a elevação do poder aquisitivo
dos consumidores. No entanto, a partir de 2000, houve uma redução
real na renda da população, além do surgimento
de novas fontes de gasto, como telefone celular, TV a cabo e DVD.
“Dessa maneira, o principal desafio do setor é adotar
soluções de curto prazo que o torne competitivo em
um cenário claro de aumento de custos e redução
do poder aquisitivo dos consumidores,” afirma Alejandro Padron,
sócio da IBM Business Consulting Services e líder
do Setor de Varejo para a América Latina.
O mercado varejista chileno já é 100% aberto e encontra-se
em um estágio de maturidade similar ao dos EUA e Europa.
Já o varejo brasileiro vem passando por um processo de competição
acirrada, devendo atingir o nível norte-americano em um prazo
de 2 a 3 anos.
A competição global e a saturação de
alguns mercados estão levando as indústrias de produtos
de consumo à consolidação e à transformação
de seus modelos de negócios. Na busca por posições
onde possa ser mais competitiva, essa indústria identificou
a Ásia e a América Latina como dois mercados emergentes,
com grande potencial de crescimento. “A instalação
de subsidiárias dessas empresas no Brasil é uma conseqüência
do movimento de consolidação das fábricas em
posições estratégicas, visando atender a novos
mercados potenciais, como o nosso,” afirma Martiniano Lopes,
sócio da IBM Business Consulting Services e líder
da Indústria de Produtos de Consumo para a América
Latina.
Adicionalmente ao fato do ambiente latino-americano não
se encontrar no elevado patamar de maturidade e competitividade
dos mercados americano e europeu, o PIB (Produto Interno Bruto)
dos países da região vem aumentando. Esses fatores
representam grande oportunidade para as empresas locais ou instaladas
na região, que já conhecem muito bem as peculiaridades
do mercado latino-americano.
As tendências-chave identificadas nos relatórios “The
Retail Divide: Leadership in a World of Extremes” e “Consumer
Products 2010: Executing to Lead in a World of Extremes” incluem:
Conceito de consumidor médio dá lugar à
micro-segmentação: Como resultado de transformações
das características demográficas, das atitudes e dos
padrões de consumo, os segmentos de consumidores estão
se fragmentando em micro-segmentos. Desaparece assim o conceito
de consumidor médio, insistir no atendimento das necessidades
desse público afastará ainda mais a empresa de seus
consumidores.
Consumidores buscam maior privacidade: Os consumidores,
que dispõe de pouco tempo, buscam ter maior controle de suas
interações com as empresas. Com o apoio das novas
tecnologias e regulamentações, eles se protegerão
ativamente das táticas de marketing tradicionais. Somente
as companhias que oferecerem um valor diferenciado e relevante conseguirão
chegar até os consumidores.
Acesso à informação proporciona transparência:
Os consumidores terão acesso inigualável à
informação, virtualmente a todo momento, lugar e como
eles o desejarem. Os varejistas e as empresas de produtos de consumo
devem fazer propostas de valor e oferecer experiências de
compra que criem fidelidade, inclusive em um ambiente de total transparência.
Megavarejistas ultrapassam fronteiras: Os principais
varejistas globais estão expandindo rapidamente através
de geografias, canais e categorias de produto / serviço,
eliminando a segmentação e devorando participação
de mercado. Os aspirantes a megavarejistas deverão descobrir
como manter o crescimento em níveis cada vez maiores de escala
e complexidade. Entretanto, seus concorrentes devem diferenciar-se
para poder sobreviver. As marcas de produtos de consumo também
devem encontrar novas formas para continuar relevantes para os consumidores
e varejistas; caso contrário, correm o risco de desaparecerem
do mercado.
Formação de redes de valor flexíveis:
A concorrência já não será um jogo “solo”.
As companhias líderes de ambos setores estão transformando
suas empresas em redes de valor flexíveis, baseadas na forte
integração e colaboração com seus parceiros
de negócios. “Trata-se de um novo modelo no qual cada
um tem uma função específica e todos são
sócios; assim criam-se empresas virtuais focadas em entregar
valor aos clientes. – explica Martiniano Lopes – Os
concorrentes enfrentarão uma pressão cada vez maior
para alcançar a capacidade de resposta e agilidade destes
modelos de negócios conectados e interdependentes.”
Os relatórios indicam passos muito específicos que
os varejistas e as empresas de produtos de consumo deverão
dar para sobreviver ou ganhar participação de mercado
neste novo ambiente.
Imperativos para o varejo:
- Desenhar uma proposta de marca diferenciada e excessivamente
focada, que permita o estreito alinhamento do “DNA”
de sua organização com as necessidades dos consumidores
e exclusiva proposta de venda.
- Explorar novas ferramentas, técnicas e fontes de dados
para obter um profundo conhecimento dos consumidores e entender
os verdadeiros fatores que compõe seu comportamento, de modo
a acelerar a implementação de novas estratégias
de mercado, produtos e conceitos.
- Otimizar as atividades principais através de uma inteligência
de negócios sistêmica, para que as pessoas trabalhem
de forma mais inteligente e não mais árdua. Para consegui-lo,
é preciso melhorar a performance em funções
críticas tais como merchandising, preços, previsão
de vendas e operações de loja, ampliando as abordagens
tradicionais com técnicas analíticas avançadas.
- Trabalhar as limitações internas que são
hoje um freio, a fim de realinhar a organização de
modo a torná-la realmente orientada ao cliente, tanto na
estratégia quanto na execução.
Imperativos para as companhias de produtos de consumo:
- Oferecer inovação baseada na percepção
do consumidor, com maior rapidez, acelerando o processo de desenvolvimento
e lançamento de novos produtos.
- Desenvolver um serviço superior como diferenciador-chave.
As importantes redes varejistas esperarão de seus fornecedores
maior investimento em suas empresas. As empresas de produtos de
consumo que desejam alcançar o status de fornecedor preferencial
deverão desenvolver as capacidades organizacionais necessárias
para mudar o enfoque de imposição de produtos à
parcerias e prestação de serviços.
- Construir cadeias logísticas adequadas às necesidades
dinâmicas do varejo. As redes logísticas deverão
adaptar-se a produtos, canais e varejistas específicos, para
maximizar a capacidade de resposta às mudanças baseadas
nos desejos e padrões de compra dos consumidores.
- Descontinuar a melhora incremental em todas as áreas.
Ao invés disso, alavancar uma transformação
sistêmica, focando toda a empresa no que realmente importa
e abordando os componentes-chave do modelo operacional onde a mudança
é fundamental. Quem ficar atrasado nesse processo de transformação
terá maiores dificuldades para se recuperar.