* por Gilberto Landim
* Gilberto Landim. Analista de sistemas. Formação:
FGV, PUC, UNESA, Xerox, Microsoft, Oracle entre outras. Autor de vários
trabalhos e do Projeto Venda$ Plu$, programa de treinamento apresentado
nas versões: Palestra, Seminário e Curso. Especialista
em vendas técnicas e varejo, ocupou posição de
gerência em vendas, marketing e informática. Atualmente
é Consultor de Treinamento da VENDA$ PLU$. Contatos através
do e-mail
vendasplus@gmail.com
ou pelo site
http://gilbertolandim.blogspot.com.br/.
Quem não lê, mal fala, mal ouve, mal vê.
(Malba Tahan)
Já nasci sendo condicionado a achar fantástico
o “Ovinho de Colombo”. Outro dia, meu amigo Bob, preocupado
comigo por estar às voltas com uma palestra de Varejo, disse:
Gilberto, o mercado atualmente está muito focado na “apologia
do óbvio”. Perfeito... pensei, alguém andou lendo
Nelson Rodrigues, dono das frases “óbvio e ululante”
e “por que me odeias tanto se nada fiz para te ajudar?”
Os americanos do norte, maiores “marketeiros”
do mundo, trouxeram Werner von Braun, da Alemanha para inovar. De cientista
e inventor da bomba V2, tornou-se autor do projeto que acabaria por
levar o homem à lua, alcançando a maior proeza do século
XX.
Quando você lê o livro “Lanterna
na Popa” do famoso economista Roberto Campos, torna-se conhecedor
de fatos reais acontecidos e presenciados por ele no cenário
internacional, no qual sempre esteve envolvido. Toma um banho de conhecimento,
útil à política e “networking”, com
direito a expandir pelo mundo dos negócios.
Tentar encontrar chifre em cabeça de cachorro,
usar tromba de elefante para fazer chafariz, ou querer bancar o defensor
do protocolo de Kioto, matando lagartixa com detergente biodegradável,
não aumentará em nadinha suas vendas.
Você pode até dizer: Ai, falou o Consultor.
Esse sabe! Perdoe-me, amigo! Sou igual a você, careço ardentemente
do aprendizado, de outras idéias. São elas as reais fomentadoras
da matéria que você por bondade e paciência, está
lendo.
O que se questiona, não é se a ação
que você está realizando, traz os resultados esperados
ou redunda em uma desventura tipo O Velho e o Mar. Conhece essa história?
Um escritor americano, Ernst Hemingway, morava em Cuba
ao editar um romance que versava sobre a vida de um pescador pertencente
à terceira idade, quando resolveu empregar toda a sua força
na busca de um grande peixe. Encontrando-o, fala emocionado com ele.
De grande dimensão, o bicho é rebocado pelo barco durante
o percurso da volta da abundante e memorável pesca. Nesse ínterim,
peixes de menores tamanhos decidem se alimentar do grandalhão,
retirando-lhe pedaços. Já estava pela metade, quando o
Velho começa a chamá-lo de meu meio peixe. A pesca é
encerrada com a chegada do ancião, puxando apenas a carcaça
do animal. Sua carne servira para alimentar outros.
O Brasil é um país ovíparo. A
utilização pode ser mais ou menos assim distribuída:
• Ovo de Galinha
Muitos pobres comem arroz e ovo. Ao conseguirem um salário um
pouco melhor, bradam em nome da dignidade: disco voador não entra
mais na minha casa, referindo-se ao nutritivo ovo da nossa humilde galinha.
• Ovo de Avestruz
Equivalente a duas dúzias do de galinha. Deve ser sensacional,
para alimentar time de futebol com os reservas e a comissão técnica.
Que tal, o “Fome Zero”?
• Ovo de Páscoa
Imprimindo uma grande força do marketing, é representado
pelo coelho, potencializando um aumento de consumo inacreditável
aos chocolates, que nesta época do ano, sofrem a metamorfose
de saírem de seus tabletes ou barras, para, no novo formato,
entrarem na mais rentável ovulação comercial.
• Ovo de Colombo
Citado por pessoas inteligentes, ao descobrirem respostas a indagações
antes sem perspectiva de solução. A panacéia.
• Ovo de Cabral
Valho-me da nossa vocação ovípara e apresento-lhe
um novo ovo. Suponha que Cabral tenha ido à Espanha para a palestra
de Colombo e no final tenha pedido o ovo de “souvenir”.
Em vez de embalsamar o ovo e transformá-lo em amuleto pensou:
onde será que esse cara falhou. Sabe de uma coisa, não
vou esquentar a cabeça mais. Farei uma média com o Rei,
descobrindo o caminho para a Índia. Se o vento esquecer de mim,
quem sabe não vou parar na Terra de Santa Cruz?
Quando Cristóvão Colombo colocou um
ovo em pé, na Espanha, no século XV, nosso almirante Pedro,
provavelmente pensou: não estou vendo nenhuma aplicabilidade
nesta história de por um ovo em pé. Ovo foi feito para
ficar deitado. Vou até o raio do lugar onde o Cris está
e pegar o ovo dele, deitar sob a Galinha Pinta, ela vai chocar, vou
levar suas filhas para o Brasil e realizar o maior Plano de Marketing
que se tem conhecimento, deixando a terra inteira rubefaciente (vermelhinha)
de inveja, ao descobrir que meu investimento transformou o país
no maior exportador de frango.
Um importante fabricante de sandálias, mandou
um gerente de vendas desbravar um mercado de um país africano.
Trinta dias depois este retornara ao Brasil dizendo que todas as pessoas
daquele país andavam descalças, não havendo demanda
para o excelente produto que representava.
-- Cabral, Dr. Cristiano está lhe chamando na
diretoria. O homem está com uma cara horrível. Acho que
a guilhotina vai te decepar, tu não estás vendendo nada
disse Colombo, o gerente que fracassara em sua incursão à
África.
-- Licença Dr? -- disse Cabral.
-- Entra e senta porque nosso assunto é muito
sério – ordenou Dr. Cristiano.
Estou completamente liquidado. Dancei uma verdadeira
raga. Por outro lado, não há necessidade de tanta honra
para mandar um fracassado como eu embora, consolou-se Cabral.
-- Cabral, eu perguntei ao seu chefe qual era o pior
vendedor da empresa e ele sem falar nada, trouxe o relatório
de vendas, que informa ser você o nome questionado – falou
Dr. Cristiano. E continuou:
-- Na “Rolança do Tempo”, como já
dizia Mário Lago, aprendi que uma maneira de ser justo com alguém
é antes de julgar sua capacidade e destruir suas esperanças,
dar-lhe a chance ainda que última, de conseguir ter sucesso.
-- Tome esta passagem. Seu avião sai amanhã.
Você vai vender muitas sandálias neste país. Vai
com Jesus. Boa viagem e bons negócios!
-- Dr. Cristiano, que bom que o Sr. veio até
Culuame. Durante as visitas que faremos esta semana, verá que
além do montão de negócios que fechei na primeira
quinzena, o Sr. terá que aumentar a produção da
fábrica e contratar mais gente para atender à imensurável
demanda desse simpático país.
-- Olhe, eu não vou ficar a semana aqui pois
confio no seu taco. Permanecerei um par de dias para conhecer alguns
clientes maiores, porque tenho muita coisa para fazer no Brasil. Você
se incomoda de morar aqui? Caso concorde, acaba de ser nomeado diretor
da empresa em Culuame. Pode montar toda a estrutura de vendas. Mês
que vem estarei aqui de novo – decretou Cristiano.
-- Outra coisa: como conseguiu realizar um volume de
vendas tão espetacular?
-- Dr. não sei como agradecer, sua ajuda, seu
gesto humano. Não vou lhe chamar de papai para não provocar
ciúmes no meu, mas é bom demais trabalhar sob sua orientação.
Quando vi o povo de Culuame, sem usar sandálias, visualizei uma
excelente OV – Oportunidade de Venda.
-- Outra coisa Dr. Cristiano. Qual vai ser a razão
social da firma aqui em Culuame?
-- Cristiano olhando feliz para o seu agora, melhor
vendedor, resolveu homenageá-lo respondendo:
-- Ovo de Cabral.