* por Tom Coelho
* Tom Coelho, com formação em Economia
pela FEA/USP, Publicidade pela ESPM/SP, especialização
em Marketing pela MMS/SP e em Qualidade de Vida no Trabalho pela FIA-FEA/USP,
é empresário, consultor, professor universitário,
escritor e palestrante. Diretor da Infinity Consulting e Diretor Estadual
do NJE/Ciesp. Contatos através do e-mail
atendimento@tomcoelho.com.br.
Visite:
http://www.tomcoelho.com.br.
A proposta
deste ensaio é levar você a compreender que uma marca não
nasce, mas sim é construída. E que uma marca pessoal é
conseqüência de um processo de diferenciação.
Marketing Pessoal – Construindo
sua Marca
(Parte 2)
“Não me preocupo tanto com o que sou na
opinião dos outros,
quanto o que sou na minha própria opinião;
gostaria de ser rico de mim mesmo e não por empréstimo.”
(Michel de Montaigne)
Terceiro Passo: a Visibilidade
Não adianta fazer a melhor coisa do mundo se
ninguém tomar conhecimento. É preciso comunicar e repercutir.
Para construir uma marca, você precisa ser visto.
a) Logomarca: assim como os produtos
são nomeados e apresentam uma marca que os identifica, desenvolva
um símbolo ou sinal gráfico capaz de remeter mnemonicamente
a você. Pode-se partir de uma grande expertise sua ou até
de seu apelido.
b) Cartão de visita: pouco
importa se você está trabalhando ou disponível no
mercado. Você precisa ter um cartão de visitas. E, além
de tê-lo, portá-lo, porque muitos esquecem seus cartões
na gaveta do escritório, no porta-luvas do carro ou no bolso
de outro blazer. Você pode ter um cartão corporativo e
outro pessoal, por exemplo, esquivando-se do risco de perder a própria
identidade, sendo chamado por “Fulano da empresa tal”. Mas
a regra mais importante neste quesito é sobre como utilizar o
cartão de visitas. Ofereça-o a seu interlocutor olhando-o
nos olhos e peça o cartão dele. Leia o conteúdo
do cartão, chame-o pelo nome para conferir maior proximidade
ao diálogo e auxiliar você na memorização.
Nunca dobre a ponta do cartão recebido. Concluído o diálogo,
faça anotações discretas no cartão recebido
que o ajudem a lembrar-se da pessoa posteriormente. E envie-lhe um e-mail
no dia seguinte externando seu prazer em tê-la conhecido. Mas,
por favor, evite tornar mecânico este processo, colocando prazer
e sentimento nesta singela ação de troca de cartões.
c) Website: para ser visto –
e achado – em tempos modernos, impossível dar as costas
para a internet. Por isso, é imprescindível manter um
site pessoal. Pode ser um blog, também, mas o site transmite
um conceito de maior perenidade, pois os blogs têm como característica
original o fato de serem formatados para funcionar como um diário
eletrônico. Registre um domínio www com o seu nome. O investimento
é ridículo. Basta pagar a anuidade da Fapesp, pouco superior
a dez dólares. Depois, vá elaborando seu site aos poucos,
incrementando seu conteúdo. Insira seu currículo, suas
experiências profissionais, artigos que tenha escrito, links para
outros portais. Enfim, faça de seu site um ambiente que possa
tornar-se um ponto de encontro, ou até uma comunidade.
d) E-mail: procure ter uma única
conta de e-mail. Com sinceridade, parece-me incompreensível como
algumas pessoas criam e-mails em todos os provedores gratuitos como
se aquilo fosse sinônimo de status. O gerenciamento de muitas
contas torna-se difícil e inócuo. E, o pior, você
dificulta a memorização de seu endereço pelos outros.
Assim, bastam duas contas, no máximo: uma de caráter pessoal
e outra corporativa. E aproveite para programar seu correio eletrônico
para inserir uma assinatura nas mensagens que enviar. Nada mais desagradável
do que receber um e-mail dentre as dezenas de mensagens que circulam
diariamente, a maioria delas meros spams, sem conseguir identificar
o destinatário.
e) Artigos: se você tem facilidade
em escrever promova este talento. Desenvolva artigos versando sobre
temas de seu conhecimento e relacionados à sua profissão.
E publique-os. Primeiro, na internet – são inúmeros
os portais que receberão com prazer sua contribuição.
Mais adiante, você poderá buscar a mídia impressa
– jornais e revistas – como veículos de divulgação
de suas idéias. Procure escrever artigos curtos, que facilitem
a leitura, e tenha muito cuidado com o idioma. Coesão e coerência
textuais, ortografia e acentuação corretas, é o
mínimo que os editores irão lhe solicitar – e seus
leitores também.
f) Eventos: a regra agora é
circular para ser visto. Participe de eventos os mais diversos. Coquetéis
de lançamento de livros, palestras e seminários, vernissages.
E leve consigo seu cartão de visitas.
Quarto Passo: a Ênfase
Uma marca, para ser lembrada, precisa ser repetida.
Por isso, você deve reunir um nome curto, associado a uma logomarca
e facilitar sua percepção para as pessoas.
A rigor, inexiste nome difícil, mas nome pouco
pronunciado. De qualquer forma, se você está no estágio
inicial de construção de sua marca, considere até
mesmo a possibilidade de atuar com um pseudônimo. E priorize nomes
formados por apenas duas palavras. Assim, “José Maria da
Silva” deverá optar por ser chamado de “José
Maria” ou “José da Silva”. Isso facilita a
memorização e a identidade visual. E tome cuidado com
homônimos!
Quinto Passo: a Divulgação
Hora de colocar o bloco na rua! Você deve virar
notícia – evidentemente não das páginas policiais.
Neste momento, a publicação de artigos e participação
em eventos, conforme relatados no estágio da visibilidade, são
instrumentos certeiros.
Este também é o momento de você
reforçar sua comunicação. Pessoas marcantes são,
por natureza, bons contadores de estórias. Não estamos
falando de estórias da carochinha, mas de vivências, experiências,
aprendizados.
Face ao exposto, considere com seriedade investir em
um curso de expressão verbal e corporal. Estudos indicam que
falar em público oferece mais medo às pessoas do que a
própria morte...
Por fim, coloque a palavra networking em seu vocabulário
e em sua agenda. Aumente sua rede de relacionamentos para além
dos limites de seu bairro e de seus domínios na empresa. Há
pessoas interessantes esperando por conhecer você seja numa fila
de cinema ou numa mesa de bar.
Sexto Passo: a Diferenciação
Seguindo todos os passos anteriores você ainda
correrá um risco: o de ser notado como somente mais um player,
mais uma marca dentre tantas disponíveis no mercado. Por isso,
você precisa se diferenciar. Praticar o que a teoria econômica
chama de concorrência monopolística. Desenvolver um estilo
próprio, fazer as coisas de forma diferente e, assim, tornar-se
único, exclusivo, admirado e presente no coração
e na mente das pessoas.
À luz deste conceito, observe como estamos o
tempo todo exercendo a concorrência monopolística em nossas
vidas. A começar pela vitória do espermatozóide
tenaz que, dotado de agilidade, velocidade e preparo, no ato da fecundação,
supera todos os demais concorrentes. Ao conquistar o par romântico,
também nos fizemos notar em meio aos demais pretendentes. A oportunidade
de emprego foi igualmente sancionada com êxito dentre outros postulantes
ao cargo.
“Tu não és ainda para mim senão
um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não
tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Não
passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas
se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás
para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...”.
O Pequeno Príncipe, de Exupéry, conhecia
muito de concorrência monopolística quando cunhou a famosa
expressão “tu te tornas eternamente responsável
por aquilo que cativas”. Por isso, abrir a porta do carro para
a garota adentrá-lo torna o cavalheiro admirado. Por isso, o
vendedor que procura descobrir a necessidade de seu cliente para depois
lhe apresentar uma solução é preferível
ao mero tirador de pedidos. Por isso, a empresa que identifica o desejo
mais subliminar de seus consumidores pode dar-se ao luxo de vender o
que produz ao invés de produzir o que se vende.
Mas, no jogo da diferenciação, que fique
claro uma coisa. Não é a diferenciação tecnológica
(baseada nas inovações), a qualitativa (sediada na adequação)
ou a mercadológica (ancorada na força e glamour das marcas)
que conferem perenidade às relações. O mundo está
comoditizado. A comunicação está massificada. A
única diferenciação sustentável ao longo
do tempo é aquela baseada em pessoas. No brilho do olhar, na
maciez da voz e no calor do toque, aspectos que máquina ou virtualidade
alguma será capaz de reproduzir ou substituir.
Link: PARTE 1