* por Tom Coelho
* Tom Coelho, com formação em Economia
pela FEA/USP, Publicidade pela ESPM/SP, especialização
em Marketing pela MMS/SP e em Qualidade de Vida no Trabalho pela FIA-FEA/USP,
é empresário, consultor, professor universitário,
escritor e palestrante. Diretor da Infinity Consulting e Diretor Estadual
do NJE/Ciesp. Contatos através do e-mail
atendimento@tomcoelho.com.br.
Visite:
http://www.tomcoelho.com.br.
Convite
para uma breve reflexão sobre o relacionamento entre pais e filhos.
Laços de Ternura
“É na educação dos filhos
que se revelam as virtudes dos pais.”
(Coelho Neto)
Eles já gritaram com você e te colocaram
de castigo. E lhe proibiram telefonemas, som e computador.
Também já brigaram com você para
tomar banho, arrumar o quarto e fazer as tarefas escolares. Já
lhe fizeram comer ervilhas, quiabo e jiló, quando você
preferia batatas fritas, refrigerante e bolo de chocolate.
Já desligaram a televisão no último
capítulo do filme, o videogame quando o recorde estava para ser
batido e fizeram você voltar da festa mais cedo, bem quando aquele
beijo estava por acontecer...
Eles também já opinaram sobre seu presente
e seu futuro, questionando algumas de suas amizades, desdenhando de
seus namoros e sugerindo opções de carreira para sua vida
profissional.
E por conta de tudo isso você já lhes
respondeu em alto e bom tom de voz. Talvez até já os tenha
ferido com xingamentos e gestos obscenos.
Você já bateu com a porta na cara deles,
já fez greve de fome e de silêncio, já prometeu
fugir de casa, depois sair de casa e depois sair da vida deles.
Já lhes disse não querer e não
precisar de opinião, pois você sabe o que deseja e faz.
Já os chamou de caretas, ultrapassados, antiquados, atrasados,
fracos.
E por inúmeras vezes proferiu a frase: “Vocês
não me entendem mesmo!”.
Daí um dia você desperta e percebe que
bom sono e boa alimentação fizeram de você uma pessoa
mais saudável. Que disciplina e estudo contribuíram com
seu desenvolvimento. E que alguns de seus amigos não eram tão
amigos assim...
Descobre que idealismo demanda muito esforço
e ação para se tornar realidade. E que a experiência
é como uma lanterna que desfere um facho de luz que, vindo de
trás, ilumina o caminho que se tem adiante.
Neste dia, você descobre que amadureceu. E começa
a entender que eles não eram caretas, mas comedidos; antiquados,
mas experientes; fracos, mas precavidos.
E começa a enxergar que eles já pegaram
você no colo quando chorou. E que já lhe estenderam a mão
para atravessar a rua para ir à escola – ou para subir
as escadas após o porre de uma noite infeliz.
Percebe que não lhe faltaram roupas para acalentar
o frio, ervilhas e também batatas fritas para lhe saciar a fome,
medicamentos para lhe proporcionar a cura, livros e cadernos para lhe
promover o conhecimento. E carinho, afeto e afago para lhe nutrir de
virtudes, moldar-lhe o caráter, ungir-lhe de compaixão.
Talvez você se dê por conta disso tudo
no dia em que for deixar de conviver sob o mesmo teto, seja em função
de estudos, de uma oportunidade profissional ou simplesmente porque
vai casar-se.
Talvez você nunca se dê por conta disso
tudo...
Mas espero apenas que você possa refletir a este
respeito. E que possa fazê-lo enquanto ainda houver tempo para
ao menos agradecer a eles, pessoalmente. A eles, seus pais.